Epica mantém a consistência que os trouxe até aqui em Omega

Após cinco anos sem nenhum álbum, Epica está de volta em Omega provando o motivo de serem um dos grupos mais consistentes dentro do metal.

Após sete discos de estúdios, Epica está de volta com seu oitavo, Omega, lançado dia 26 de fevereiro. Criado em 2002, o grupo ganhou espaço devido a consistência de qualidade e grande variedade musical dentro da discografia, fazendo deles um dos mais influentes dentro desse subgênero. Omega marca o maior intervalo entre álbuns da banda, atingindo cinco anos.

Nos dois lançamentos anteriores, The Quantum Enigma e The Holographic Principle, o sexteto explorou as temáticas de noção da realidade e avanço tecnológico na sociedade que nos separa por meio do virtual, respectivamente. Em Omega, o grupo aborda a música com um olhar mais introspectivo, lidando com o conceito de vida e morte por meio de questões como ansiedade, complexidade de relacionamentos e depressão.

O disco abre com a intro “Alpha – Anteludium”, que traz consigo elementos de folk enquanto conduz o ouvinte reproduzindo a melodia central da próxima faixa, “Abyss Of Time – Countdown to Singularity”, primeiro single do álbum, que, apesar da energia e ânimo promovidos aqui com todos os elementos pelos quais são conhecidos, soa como uma zona de conforto, sem grandes riscos e não apresentando novas ideias.

“The Skeleton Key”, uma das melhores do disco, mantém uma atmosfera soturna enquanto alterna o protagonismo vocal entre os guturais de Mark Jensen e canto de Simone, produzindo uma dicotomia que engrandece a música. Ao final, um coral infantil faz sua aparição e carrega a música para seu último refrão de forma magistral.

Em “Seal of Solomon” e “Code of Life”, melodias orientais ganham destaque, destoando das outras faixas e trazendo uma grata surpresa no decorrer de cada faixa. Enquanto a primeira é mais centrada na agressividade e no peso, a segunda toma mais tempo para se apresentar por completo elaborando uma atmosfera até explodir por completo em um dos melhores refrões do álbum.

“Gaia” e “Freedom – The Wolves Within” trazem a mesma sensação da segunda faixa, apresentando ideias já estabelecidas que já foram realizadas de forma mais impactante em outros lançamentos. Dessa forma, a ausência de novos rumos musicais fazem com que as faixas sejam mais arrastadas.

Epica - Omega
Imagem: Capa do álbum Omega

Então, o grupo conclui a primeira metade do disco e inicia a segunda com a ambiciosa e multifacetada “Kingdom Of Heaven, Part III – The Adediluvian Universe”, que fecha a trilogia iniciada em Design Your Universe, de 2009. É a faixa mais progressiva do disco, utilizando todos os trezes minutos para pular de um gênero musical ao outro de forma coesa. Aqui, cada músico tem um momento para brilhar. Uma faixa longa que nunca aparenta ter a duração que tem, já que constantemente subverte a expectativa de quem ouve o mantendo entretido e curioso com o que está por vir.

Após a faixa mais longa e grandiosa, somos apresentados à mais discreta e íntima do disco em “Rivers”, onde toda jornada musical fica por conta de Simone, que eleva a simples “balada” a um tom angelical com seu vocal, enquanto o lirismo traz a ideia de nadar contra a maré. Apesar de ser uma das mais discretas e simples, é uma das mais poderosas dentre todas.

“Twilight Reverie – The Hypnagogic State” funciona de forma semelhante à “The Skeleton Key”, mas sem o mesmo brilho, tendo o mesmo sentimento que faixas da primeira metade, onde a exploração musical se limitou ao terreno já conhecido. Além disso, a faixa conta com a participação de Vicky Psarakis, do The Agonist, que faz uma aparição discreta, e, no final das contas, não justifica a presença.

Além da monstruosa de 13 minutos, o disco possui mais duas grandiosas que destoam na duração das restantes do álbum, com seus sete minutos, sendo elas “Synergize – Manic Manifest”, que apresenta o maior nível de agressividade de todo Omega, dando poucos momentos de descanso para o ouvinte e “Omega – Sovereign of the Sun Spheres”, que traz um instrumental à lá Meshuggah e conclui-se com uma série de camadas dos corais se sobrepondo para elevar o clímax do encerramento.

Em seu oitavo disco, Epica confirma, mais uma vez, o motivo de serem um dos grupos mais interessantes do metal atualmente. Apesar de alguns momentos soarem como uma zona de conforto com pouca exploração novos territórios e ideias que já foram mais bem executadas em outros lançamentos. Omega é uma ótima adição à discografia do grupo, sendo exatamente o que você espera deles com peso, corais gloriosos, sinfonias de cair o queixo, melodias que engrandecem o cenário, performances vocais poderosas, mas, ao mesmo tempo que essa é uma das virtudes aqui, é justamente o que impede o álbum de explodir a cabeça do ouvinte e ser muito mais grandioso.

7/10

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