Em 2016, a BlockBerry Creative deu início a um projeto bastante ousado para o lançamento do primeiro grupo da empresa. Durante um período de quase dois anos, cada integrante realizaria seu debut de forma solo e, ao final desse processo, o LOONA estaria formado com suas 12 integrantes. Além disso, um universo em torno das meninas e suas subunits seria formado, apresentando uma narrativa que os fãs acompanham até hoje.
Como resultado final, o LOONA se tornou um dos atos mais interessantes da quarta geração do k-pop, com uma discografia diversa e que não se resume em um único conceito. Em [&], cada faixa do mini-álbum apresenta uma faceta do girl group, mostrando que elas não possuem medo de se aventurar em territórios que ainda não haviam sido explorados em outros trabalhos.
Iniciando de forma misteriosa, “&” abre o EP. Esse estilo de música já é comum na discografia do grupo, que sempre começou seus mini-álbuns ambientalizando o ouvinte através de uma faixa instrumental. Intensa, “&” é uma união de EDM com elementos da música indiana. Como se tivesse saído da trilha sonora de um filme de ficção científica, logo de cara, o LOONA já prepara os ouvintes para os momentos grandiosos que virão na sequência.
A resposta para a tensão criada pela intro vem em “PTT (Paint The Town)”. Misturando texturas da música de Bollywood, dubstep e 808 bass, as doze integrantes passam a mensagem de que todos podemos pintar a cidade com as nossas próprias cores. A title mostra o LOONA se estabelecendo e se redefinindo após quebrar as regras de seu próprio universo, sem cair em tabus e construindo um mundo em que nenhuma garota é oprimida.
Seguindo a linha de girl groups como ITZY e EVERGLOW, “PTT” segue o conceito girl crush, que também já foi utilizado pelo próprio LOONA em “So What”. Mesmo em um estilo mais comercial, o que diferencia o single é sua produção distinta e o fato de que é possível sentir a essência das doze integrantes do grupo na faixa, com toda a entrega e dedicação das meninas.
No início, o ritmo da canção é construído por um tambor, gerando um clima de tensão que é acompanhado pela entrada de Jinsoul no pré-refrão. O refrão chega com um drop que funciona muito bem, fácil de conquistar e grudar na cabeça dos ouvintes. Outro ponto surpreendente da faixa é a dinâmica de rap entre Yves e Yeojin. Mesmo que rápido, o trecho deixa os fãs com vontade de ver mais interações da dupla em outros trabalhos do LOONA.
Algo que o girl group sabe muito bem fazer em seus singles é a ponte. Em “PTT” as responsáveis pela performance incrível de vocais nessa parte são Kim Lip, Heejin, Chuu e Haseul. Envolvente, o trecho dá o gás para conseguirmos chegar no final da música sem perder o interesse por ela.
Com versos como “O eclipse que já começou”, “Não precisamos do leste de Éden, pode ficar” e “Como um lobo para a Lua”, LOONA consegue colocar referências ao seu universo em uma obra totalmente voltada para o sucesso comercial. Assim, tanto ouvintes curiosos quanto Orbits que conhecem cada detalhe do Loonaverse conseguem se divertir ouvindo a faixa.
Depois de muita adrenalina apresentada na title track, LOONA nos leva para o outro lado de sua Lua com “WOW”. Sem desacelerar, a terceira faixa do [&] é explosiva, mas ao contrário da anterior, ela é refrescante. O funky pop divertido da canção mostra como o grupo não precisa ficar preso em apenas um conceito, mas consegue diversificar sua discografia e se aventurar em diferentes estilos musicais.
Em uma linha parecida, “Be Honest” é outro momento animado e gostoso de ouvir no EP. A canção apresenta um clima retrô e deixa os ouvintes com vontade de dirigir com os amigos pela orla da praia. Entre os destaques da faixa estão os vocais de Chuu e Yves, além do rap de Gowon e Olivia Hye. “Be Honest” é o encontro perfeito do melhor dos singles de verão do Red Velvet com o carisma do LOONA.
A partir da quinta faixa, entramos na segunda metade do mini-álbum. Desacelerando o ritmo, em “Dance On My Own”, as doze integrantes dão de presente aos seus fãs internacionais mais uma faixa cantada em inglês. Elas já haviam feito isso no EP anterior, quando “Voice” virou “Star” na versão em inglês. Entretanto, “Dance On My Own” é ainda mais focada no público ocidental, utilizando elementos do trap para cantar sobre amor-próprio. Com uma melodia encantadora, a música chama a atenção e possui todo o potencial para virar um hit fora da Coreia do Sul. Mesmo assim, a experiência de ouvi-la seria ainda melhor se sua duração fosse um pouco maior. Em menos de três minutos de duração, é difícil fazer com que todas as meninas do grupo brilhem.
“A Different Night” é mais uma demonstração da versatilidade do LOONA. Desde o debut solo de Hyunjin com “Around You”, passando por “Sonatine” com o LOONA ⅓ e “Fall Again” em [12:00], o girl group sempre se colocou disposto a lançar baladas excepcionais e potentes. Com destaque para o pré-refrão de Choerry e com todas as integrantes conseguindo transmitir emoção por meio dos arranjos vocais, “A Different Night” se encaixaria perfeitamente no OST do principal k-drama do ano. Finalizando o EP, “U R” é uma balada focada no R&B e no lo-fi. Serena, ela finaliza a obra de forma doce e agrada os fãs ao ter uma distribuição de linhas justa.
Individualmente, as sete faixas de [&] são impecáveis, com cada uma criando seu próprio universo sonoro. Porém, ao mesmo tempo que a singularidade delas encaixa bem com as doze integrantes, no geral, a linearidade do trabalho se perde. Em seu mais novo comeback, o LOONA mais uma vez mostrou que não possui dificuldades em se aventurar por diferentes estilos musicais que já foram ou não trabalhados por elas. Agora, fica a expectativa de um álbum completo do grupo, onde todas as faixas conversem entre si e que apresente todo o potencial das idols mais uma vez.
