“Muita coisa aconteceu”, começa Deco Martins num bate-papo exclusivo ao ROCKNBOLD na última quinta-feira, dia de lançamento do terceiro álbum da Hotelo, Início, Meio e Fim. Apesar de não se referir necessariamente à carreira da banda como um todo, a fala do vocalista pode resumir muito bem o crescimento e amadurecimento do grupo desde seu surgimento em 2013, que até 2020 atuava de maneira independente.
Dando vigor à ideia de que o terceiro álbum é o momento em que a vida de um artista muda e consolida sua carreira, a Hotelo lança em Início, Meio e Fim seu melhor trabalho até então. Apoiado em conceitos, estética e um planejamento longo e de muito cuidado, o lançamento foi separado em três EPs de quatro faixas cada para simbolizar a fase de um relacionamento — com não só as músicas se conectando entre si, mas também a arte da capa assinada por Tauanna Maia que complementa toda a narrativa proposta.
O álbum não seria possível se não fosse pelo financiamento coletivo arrecadado durante sua produção, além de todo o apoio de fãs, amigos e familiares da banda. O trabalho, pensado nos mínimos detalhes, chamou a atenção da gravadora Sony, com a qual a banda celebrou a contratação em novembro de 2020 e enfim deu início à série de lançamentos de EPs.
“Lançamos em 2018 o Mapa Astral e a galera pirou na ideia de ter uma música pra cada signo, o que fez a gente curtir ter um conceito, estética…”, comenta Deco, durante a entrevista. “Tínhamos muitas músicas de amor, os integrantes da banda também estavam passando por um período diferente de relacionamentos, a gente mora junto, tem muita conversa, muitos conselhos e isso casou muito bem pro que a gente queria e resultou nisso.”
“Tudo é conectado: a música, o visual, as composições”, complementa o baixista Conrado Banks referindo-se ao conceito 360 proposto também na arte de capa de cada um dos EPs que no final das contas se encaixam para o álbum. “A capa do Início é de dia só com a montanha-russa, já dando a impressão de que vai começar uma aventura; a do Meio é um pôr do sol, com o coração para dizer que [o casal] já está vivendo altas emoções; e o Fim é um casal olhando tudo isso e admirando tudo o que eles passaram.”
Além disso, o trabalho distribuído ao longo de meses também contou com quatro singles: um para cada EP e o final para celebrar o lançamento do álbum Início, Meio e Fim. Os clipes também foram minimamente pensados: Conto as Horas, Maior Que Nós (essa que leva a participação especial do cantor Vitor Kley), Eu Não Preciso de Ninguém e Coladin, este último encerrando a montanha-russa de emoções do trabalho.
“A gente usou um casal de jovens em Maior Que Nós e seria legal usar um casal na melhor idade em Coladin para mostrar que não existe idade pro amor”, revela o guitarrista Julio Cezar Pettermann, comentando sobre a participação especial dos Vovôs TikTokers na mídia. “Esse clipe não poderia ter ficado melhor, ele traz muita verdade, traz cores, um clima ensolarado, a gente ficou feliz com o resultado.”
Som maduro
Início, Meio e Fim marca um período importante na Hotelo: a parceria com a Sony Music e o seu trabalho mais maduro até agora. Isso é visto nitidamente por cada integrante da banda sem hesitar: Deco (vocais), Conrado (baixo), Julio (guitarra) e Tito (guitarra).
“Quando a gente está falando de um tema como o que a gente quis propor, é necessário ter profundidade tanto na composição quanto na parte de arranjo”, explica Conrado durante o bate-papo. “Acho que a gente trouxe isso no momento em que ela ter que acontecer. Tudo foi muito bem pensado com muito cuidado: decidir os timbres, a ordem das músicas, se tudo isso ia fazer sentido. A gente aprendeu muito e todo o conjunto de coisas que fez esse álbum ser possível foi bem maduro.”
2020: um ano de aprendizado
Os paulistas também deram seu toque cômico e descontraído ao período de quarentena. Aderindo à campanha #FicaEmCasa, a banda lançou logo em março uma série de três músicas sobre o isolamento, Há 10 dias em casa, mas vai passar, a homenagem para os profissionais de saúde Obrigado por cuidar de nós e Fica em casa, que foi disponibilizada nas plataformas digitais.
“Foi um ano que serviu pra gente se aprofundar nas nossas conexões como amigos e empresários, com a nossa casa, com as nossas ideias, composições…”, comentou Deco. “Somos muito gratos apesar de toda a dureza.”
“Tivemos que usar da melhor forma o espaço que a gente tinha, e isso deu certo”, complementou Conrado.
Fãs de palcos, a Hotelo não hesita em revelar os desejos para um período pós-vacina. “A gente quer rodar o Brasil e possivelmente sair do país. Além de ver a galera e abraçar todo mundo”, conta Julio.
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