Por Ioná Corrêa
Right Through Me é o primeiro comeback da subunit DAY6 (Even of Day), dando sequência ao seu álbum debut The Book of Us: Gluon – Nothing Can Tear Us Apart. Enquanto no primeiro lançamento a banda procurou experimentar com um som mais eletrônico, dessa vez eles retornam com uma abordagem muito mais orgânica – mesmo que ainda tenham encontrado formas de manter não só a sua essência nas composições, mas também a mesma linha retrô que se fez presente no álbum anterior.
Na title “Right Through Me”, que compartilha o mesmo nome do álbum, a banda explora a tristeza de não se sentir mais querido em um relacionamento e o desespero de perceber que sua vida está saindo de controle. Em sua carreira, o DAY6 (Even of Day) construiu uma reputação de esconder letras tristes em melodias contrastantes, e isso se verifica mais uma vez nesta canção. Inspirada por elementos de jazz e por uma batida que lembra hip-hop dos anos 90, a mistura peculiar de gêneros resulta novamente em um som característico do DAY6 (Even of Day) que, de algum modo, é ao mesmo tempo semelhante o suficiente para sabermos que ainda se trata de DAY6, mas diferente o bastante para reconhecermos a singularidade da subunit.
Por mais que seja bastante diferente da title anterior, “Where The Sea Sleeps”, a canção ainda segue mais ou menos a mesma linha da sua antecessora em termos estilísticos. “Right Through Me” é provavelmente uma das apostas mais seguras do álbum, não tendo nada de muito experimental em sua composição, mas nem por isso deixa de ser agradável de se ouvir. O primeiro verso não é necessariamente especial por si só, mas a partir do primeiro refrão a música realmente se unifica e mostra-se uma ótima experiência para quem a ouve. Ela cumpre extremamente bem a função de seu lançamento, tendo sido descrita por Young K em entrevista para a NME como uma canção com a qual esperavam que o público pudesse se identificar – e isso é algo definitivamente conquistado pela mensagem da canção.
O álbum começa com “WE”, a canção mais parecida com o som que a banda explorou no álbum anterior. O instrumental, especialmente na introdução, é marcado por synths que parecem saídos de um filme de ficção científica dos anos 80. Com um tom que complementa especialmente a voz do vocalista Young K, o sentimento carregado pela melodia é inspirador e motivacional, unindo-se à letra que explora a ansiedade de não saber o que o futuro nos reserva.
Este é um tema que é particularmente relevante para o DAY6 e seus fãs no momento, já que passam por um momento de alguma incerteza. Com o contrato inicial de 7 anos do grupo chegando ao seu fim no próximo ano – o que significa que, para continuar suas atividades com a JYP Entertainment, o grupo terá de passar por algumas negociações e com Sungjin em serviço militar obrigatório é difícil determinar quando a banda poderá se apresentar com todos os seus 5 integrantes novamente. Mas se podemos retirar algo de “WE”, é uma mensagem de esperança, com os integrantes nos lembrando de que dias melhores sempre virão.
“WALK”, a terceira faixa, dá continuidade à temática motivacional que vimos no início do álbum. Por mais que seu som esteja fortemente baseado em synths e elementos eletrônicos, o baixo forte faz com que a sensação seja de um estilo que é mais puxado para o rock que o esperado. A frase “keep walking” é repetida diversas vezes ao longo da canção, reforçando a mensagem de que devemos seguir em frente, mesmo quando as coisas estão difíceis.
Enquanto WALK nos diz para continuarmos tentando mesmo que estejamos cansados, “all the things you wanted” vem logo em seguida para reconhecer que isso é de fato mais fácil de se falar do que realmente colocar em prática. Essa é a canção mais próxima de uma balada que o álbum oferece, fortemente baseada em elementos retrô que lembram uma música saída diretamente da trilha sonora de um filme dramático da década de 90. As harmonias que Young K e Wonpil apresentam no último terço dessa música são verdadeiramente impressionantes e com certeza levam a coroa como um dos momentos mais bonitos da melodia.
Em “from the ending of a tragedy”, chegamos ao ponto mais baixo em aspectos emocionais do álbum. Nela, a banda canta sobre a necessidade de fugir de uma situação trágica, que pode se aplicar, por exemplo, a um relacionamento que acaba mal. No entanto, acabam tentando sair desse cenário trágico mas falhando, então a sua falta de sucesso os levam a terem ódio de si mesmos. Explorando um instrumental bem mais baseado na guitarra elétrica e nos instrumentos por si só, essa faixa traz algo que é um tanto quanto surpreendente para o DAY6 (Even of Day), que até agora se apoiava bem mais em elementos eletrônicos. Essa é provavelmente a canção mais reminiscente do som tradicional do DAY6 que a subunit apresenta em sua discografia.
Nas últimas duas canções do álbum, o grupo aborda uma perspectiva bem mais otimista e feliz, tanto nas melodias quanto nas letras. “Home Alone” é uma música que, de uma maneira bem inusitada, parece saída de uma versão alternativa de Mamma Mia!. Com um instrumental acompanhado sempre de harmonias vocais que lembram um coral, o piano tem um lugar de alto destaque em quase todos os momentos da canção, que varia de melodia de forma bastante dinâmica e constante. Essa é uma música com uma forte mensagem de amor próprio, que contrasta bastante com a sua antecessora na tracklist do álbum, na qual os membros se convencem de que é possível, sim, serem felizes mesmo quando estão sozinhos. E, como um bônus para os MyDays, essa faixa conta com vocais extras e raros do baterista Dowoon.
O álbum se encerra com “LOVE PARADE“, que concretiza um acontecimento raríssimo na discografia do DAY6, para a felicidade dos fãs: o Right Through Me traz não só uma, mas duas músicas com os vocais claros de Dowoon. Essa é uma canção que convida os ouvintes a se juntarem ao grupo em uma marcha para expressarem seu amor infinitamente, em todas as suas diferentes formas. Com a batida repetida da bateria e um refrão que é claramente inspirado por bandas marciais, é difícil demais atribuir um só gênero musical à esta canção. É, no entanto, indiscutível o fato de que é uma canção extremamente interessante e um término extremamente positivo para um álbum que nos leva numa jornada emocional.
O Right Through Me é cheio de transições e mudanças graduais, tanto de humor quanto de estilo. O álbum começa com canções cada vez mais tristes até chegar ao seu final, onde mudamos abruptamente para uma energia calma e repleta de positividade. Ao mesmo tempo, de um ponto de vista estilístico, a primeira faixa é a mais semelhante ao primeiro álbum da subunit e, aos poucos, vamos deixando esse estilo de lado e chegando a um novo som completamente diferente ao fim da tracklist nova.
Mais uma vez, os integrantes do DAY6 mostram sua proeza em transmitir emoções e situações extremamente específicas, mas com as quais podemos sempre nos relacionar, em sua música. Mesmo que seu futuro imediato seja incerto, a maior mensagem que sai desse álbum é certamente uma de esperança e de união.
9/10
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DAY6
DAY6-
Qualidade5/5 AmazingAsd
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Layout5/5 Amazingabc