Com referências nacionais, criatividade e sentimentos aflorados, álbum de estreia de Duda Beat completa dois anos em 2020; trabalho sólido colocou artista pernambucana no mainstream do pop brasileiro
Considerado por muitos como um dos melhores álbuns nacionais de 2018, Sinto Muito de Duda Beat completou 2 anos no mês passado. Sendo um trabalho independente, o disco teve a produção de Tomás Tróia e reflete desilusões e conflitos vividos por qualquer um que já se apaixonou um dia.
Nele podemos observar os sentimentos transbordando através das composições da pernambucana que, ao longo do álbum, mostra a desconstrução de um passado fracassado e a busca por um novo amor, desenvolvendo também uma Eduarda Bittencourt muito mais empoderada ao fim de tudo o que ela enfrentou. Isso é retratado ao ouvinte com poesias honestas que contam suas próprias experiências, no início dele partimos de “eu vivia à flor da pele, nem percebia que das vezes que eu ria era vontade de chorar” para “eu não vou buscar a felicidade em mais ninguém porque cansei, meu amor, dessa procura por um nada que só está aqui na cabeça”.
A dor do amor é um elemento indispensável na arte de Duda Beat, em algumas entrevistas a cantora assume que vê nisso uma forte influência de seu signo. Como uma boa libriana, segundo ela, vive intensamente e se entrega por completo ao se apaixonar. Temos aqui uma mulher romântica que não se adapta aos relacionamentos fluidos atuais, isso fica claro na letra de “Todo Carinho” que diz “difícil de falar dessas relações, eu sou de outro tempo amor que é pra sempre e tanto sentimento guardado pra nós dois”.
Apesar de todo sofrimento, o álbum não é nada melancólico. Suas músicas fogem da clássica “sofrência” – que o brasileiro conhece bem, inclusive – e retrata tudo de uma forma vibrante e colorida, sem se prender a estilos específicos, passeando pelo brega, R&B, eletrônica, entre outros. O trabalho de Duda é claramente um pop acessível, que atinge diversos públicos e faz com que as pessoas se identifiquem com ele. A prova disso são os inúmeros tweets sobre o hit “Bixinho”, no qual a cantora afirma que “só mais uma vez não vai fazer diferença”.
Após a grande repercussão, ela se pronunciou sobre o assunto nos stories do Instagram. A verdade é que a letra trata de uma pessoa pela qual ela não estava apaixonada e por isso não faria diferença. O problema é que essa não era a realidade de todo mundo, né?
Duda, que iniciou sua carreira como backing vocal nos discos de Letrux e Castello Branco, logo atingiu o topo das paradas e conquistou seu espaço na música independente brasileira com seu primeiro álbum. O crescimento foi tão grande e rápido que a colocou no line up de grandes festivais espalhados pelo país como, por exemplo, Bananada (GO), MECA (MG) e até o Lollapalooza Brasil (SP).
Esse sucesso, definitivamente, não foi alcançado sozinho. Ao longo da carreira, a cantora fez diversas parcerias com outros artistas, desde a produção com o Tomás até as fotos do encarte e capas de singles produzidas por Vida Fodona (Raphael Narciso). Outro projeto que foi feito em conjunto é o próprio clipe de “Bixinho”, que resultou da sua união com a Obvious Agency. A pernambucana sempre busca se juntar a outros artistas independentes para trazer novas referências em seus trabalhos e também dar visibilidade para eles.
Desde o lançamento do álbum seus outros trabalhos foram singles, covers e colaborações com outros cantores. Uma de suas músicas mais famosas na plataforma Spotify é o hit “Chega”, lançado em maio de 2019 com Mateus Carrilho e Jaloo, que foi apresentada ao público pela primeira vez na última edição do festival Lollapalooza. Outra colaboração de grande destaque é a canção “Tangerina” que faz parte do Acústico MTV do Tiago Iorc.
Seu último lançamento foi dia 8 de maio, no qual ela se uniu a Afro B e Tropkillaz para o single “Vem Pro Meu Condo”.
Ainda não há uma data para o lançamento próximo álbum, mas acompanhando o perfil da cantora no Twitter podemos perceber que ele já está sendo, pelo menos, pensado.
Ouça “Sinto Muito”: