O rock and roll do novo século

Do indie e alternativo ao pop punk e metalcore, o início do século XXI foi responsável por dar uma nova abordagem ao rock: introduzindo o gênero a uma nova geração, bandas de diversas vertentes foram e são os carros-chefes da trilha sonora dos Millennials

Do indie e alternativo ao pop punk e metalcore, o início do século XXI foi responsável por dar uma nova abordagem ao rock: introduzindo o gênero a uma nova geração, bandas de diversas vertentes foram e são os carros-chefes da trilha sonora dos Millennials

Entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000, o pop era o grande protagonista do mainstream, levando muitos a acreditarem que o rock havia morrido após o certo abafamento do grunge (estilo marcado por bandas como Nirvana, Pearl Jam e Dinosaur Jr. e suas guitarras ruidosas).

Enquanto isso, nas garagens dos Estados Unidos e Inglaterra, novas bandas estavam surgindo para reacender essa chama supostamente apagada e trazendo novamente os riffs simples e os solos de guitarra. Buscando produzir música que rejeitava o padrão das grandes gravadoras focadas no pop e iniciar sua carreira de maneira autônoma, carregando consigo diversos estilos, subgêneros e referências. No entanto, vale ressaltar que apesar de carregarem o termo “independente”, algumas bandas desse cenário também faziam parte de grandes gravadoras. O “indie” e o “rock alternativo” ganharam força nos anos 2000 por terem abordagens diferentes para uma nova geração que estava nascendo na transição do século XX ao XXI.

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As séries de TV e trilhas sonoras de filme também ajudaram este subgênero a obter reconhecimento e trazer novas bandas aos ouvidos do público, principalmente séries adolescentes como “The O.C.”, que nos apresentou nomes como Modest Mouse e Phantom Planet. Radiohead chegou no auge com os lançamentos de Kid A (2000) e Amnesiac (2001), mas já estavam em sua escalada desde o final da década anterior com Ok Computer. Eles incorporavam elementos de jazz e música eletrônica de forma experimental, sem deixarem de inovar ao longo dos anos, já que In Rainbows teve o lançamento digital onde a pessoa pagava o quanto acreditava que o álbum valia.

Os Red Hot Chilli Peppers nos anos 2000 presentearam o rock com três álbuns que foram sucesso comercial e tiveram boa recepção de público e da crítica. Californication foi um marco para o rock alternativo e para a banda, já que trouxe John Frusciante novamente e apresentou temas variados nas letras. By The Way chegou ao segundo lugar na Billboard 200 e Stadium Arcadium, o primeiro disco duplo do grupo, ganhou e obteve maior destaque nas categorias Melhor Álbum de Rock, Melhor Produtor e Melhor Canção de Rock no Grammy de 2007. Esses três trabalhos com certeza fizeram parte da trilha sonora da vida de muitas pessoas, não somente os fãs.

É verdade, outras bandas obtiveram maior notoriedade nesta vertente nos anos 2000, como The Raconteurs, Kings Of Leon, Jet, Interpol e Yeah Yeah Yeahs, mas foi com o surgimento de alguns vários nomes conhecidos que a música alternativa dos anos 2000 se tornou mainstream de uma vez e caiu nas graças do público.

Entre essas várias podemos citar como principais exemplos Arctic Monkeys, The Killers, The White Stripes e, obviamente, The Strokes. Esse último é o responsável pelo retorno de bandas de fora do eixo clássico das sonoridades do rock às rádios e à televisão, com Is This It, de 2001. Com isso o rock voltava a disputar espaço no cenário e aos programas televisivos, principalmente na MTV. Tais bandas carregam fortes influências do grunge, mas também do Classic Rock, Blues Rock e até mesmo Britpop.

O Strokes surgiu no fim dos anos 90 trazendo elementos do rock alternativo misturados com um certo toque de blues, um dos gêneros que deu origem ao rock nos Estados Unidos. Suas músicas são marcadas por duas guitarras e a distorção na voz do vocalista Julian Casablancas, remetendo aos anos 60 e 70. Seu disco de estreia veio acompanhado de clipes que trouxeram o rock para a televisão novamente, principalmente o do hit “Last Nite”, com uma estética que remete aos programas de televisão das décadas citadas anteriormente.

O The Libertines também foi importante na transição da música alternativa dos anos 90 para os anos 2000. Criado em Londres em 1997, o grupo teve papel crucial no revival do pós-punk. Apesar de não ter chegado ao mainstream, eles tiveram alguns de seus primeiros singles e um álbum no topo das vendas britânicas. Seu segundo álbum foi eleito pela NME como melhor do ano.

Além do Strokes, nos Estados Unidos surgia na cena underground de Ohio o The Black Keys, que trouxe em 2002 seu álbum de estreia The Big Come Up com uma certa pegada de blues, principalmente no single “Leavin’ Trunk”, entregando também referências de bandas que faziam sucesso 20 anos antes. A faixa “She Said, She Said” tem influência de um estilo mais grunge dos anos 90, com vozes arrastadas e guitarras mais pesadas. A dupla carregava ali a mais pura característica do rock que surgia naquele momento, gravando seu disco em um porão com uma fita cassete dos anos 80, muito distante do mainstream. Dan Auerbach e Patrick Carney mantiveram o porão como estúdio no segundo álbum, passando para uma fábrica abandonada no terceiro álbum no início de 2004. Thickfreakness e Rubber Factory alavancaram o sucesso da banda e suas músicas já faziam parte de comerciais e filmes, mas eles explodiram de vez na segunda metade da década e a partir de 2010.

A banda sempre foi comparada com o duo de Jack e Meg White, os The White Stripes pela sua formação com bateria e guitarra e ao grupo The Jimi Hendrix Experience, da década de 60, pelo estilo musical. Em 2013, eles chegaram a ganhar um Grammy de melhor álbum de rock com El Camino e de melhor performance de rock com “Lonely Boy”. Já os White Stripes estouraram na mídia com o excelente Elephants, de 2003, que entregou o hino “Seven Nation Army“. O sucesso da banda se manteve intacto nos discos seguintes, Get Behind Me Satan e Icky Thump. Por complicações e desavenças entre a dupla, eles encerraram suas atividades em 2011.

Voltando à cena de Nova Iorque na virada do século, surgia ali o grupo liderado pela norte americana nascida na Coreia do Sul, Karen O, o Yeah Yeah Yeahs. Aqui tratamos de um trio, composto por voz, guitarra e bateria, e suas músicas com referências retrôs e punk rock. Após dois EPs, eles lançaram seu primeiro álbum em 2003, Fever to Tell, que recebeu comentários positivos dos críticos. Há quem caracterize o grupo como parte do Art Rock, um gênero marcado pelo rock experimental e influências de movimentos vanguardistas, que já teve como protagonista o The Beach Boys nos anos 60 e Talking Heads em 1974. Um pouco mais tarde, a banda passou a contar com mais um guitarrista e tecladista em suas turnês. Seu último lançamento aconteceu em 2013.

Mais tarde, por volta de 2004, o Arctic Monkeys, formado em 2002, começava a fazer barulho em Sheffield (Inglaterra) com seu rock dançante, divertido e com temáticas adolescentes, inspirando outras bandas locais e fazendo com que seu som se espalhasse por outros países e atingisse outros continentes. Seu disco de estreia Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006) obteve um grande e rápido sucesso, recebendo notas altas em reviews e aparecendo até em listas de melhores do ano. Nesse momento o Indie Rock inglês marcava sua consolidação no mainstream com coesão e qualidade. Eles continuaram crescendo gradativamente com seus trabalhos posteriores, Favourite Worst Nightmare, Humbug e Suck It And See, mas alcançaram o maior êxito comercial da carreira em 2013, com o adorado AM.

Nesse mesmo período e no mesmo país surgia o grupo The Kooks, quando os integrantes ainda eram todos estudantes. A banda que iniciou como um projeto da escola, carrega influências dos anos 60 como The Beatles, The Rolling Stones e Bob Dylan. Seu primeiro álbum Inside In/Inside Out é um típico britpop, influenciado também por uma das primeiras bandas que apresentamos aqui, The Libertines. Já no trabalho seguinte os britânicos já se viam mais maduros e acrescentaram um pouco de hard rock, com referências à The Fratellis e o próprio Arctic Monkeys.

Com esse pequeno apanhado de bandas de indie rock formadas entre o final da década de 90 e o início dos anos 2000, percebemos que não surgiu um novo rock ou um novo gênero. Todos esses novos artistas se baseiam em bandas anteriores, fazendo referências tanto a trabalhos de 20 anos antes quanto à elas mesmas – como Alex Turner afirmou no último álbum do Arctic Monkeys, Tranquility Base Hotel & Casino, “I just wanted to be one of The Strokes”. A verdade é que, assim como no mundo da moda em que as tendências vão e voltam, o rock também tem um pouco disso. Desde o início dos anos 2000 até hoje, 20 anos depois, percebemos essas retomadas de estilos e referências daquilo que já foi feito antes, apenas aprimorando ao gosto pessoal e estética de cada banda ou artista.

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Assim como essas mudanças ocorreram durante a história do rock, elas também ocorrem dentro de cada grupo. Percebemos isso com o próprio AM, que ao longo de sua carreira foi realizando mudanças até chegar em seu sexto trabalho de estúdio trocando o protagonismo da guitarra de Jamie Cook para o piano Vertegrand, focando em melodias e harmonias bem construídas.

Outros dois nomes importantíssimos para a explosão do indie e do alternativo nas paradas de sucesso, televisão, rádios e internet foram Muse e The Killers.

Muse garantiu os palcos nos festivais na Europa e na Austrália já com seu primeiro álbum de estúdio, Showbizz, de 1999, mas somente em Origin Of Symmetry e Absolution, lançados em 2001 e 2003, respectivamente, conseguiram maior destaque nas paradas com os singles “Plug In Baby“, “Time Is Running Out” e “Hysteria“, além de uma versão incrível de “Feeling Good”, da Nina Simone, carimbando também uma vaga para tocarem no Festival Glastonbury. Black Holes & Revelations (2006) chegou ao primeiro lugar nas paradas do Reino Unido e em nono na Billboard 200. O sucesso acompanhou a banda nos anos seguintes com The Resistance (2009) e The 2nd Law (2012), que foi sucesso de público e crítica, Drones (2014) que também obteve êxito comercial, mesmo vendendo menos cópias que os anteriores. Simulation Theory, de 2018, foi o último álbum do Muse da década e teve recepção mista do público.

Já os americanos do The Killers alcançaram o topo em 2004 com Hot Fuss, seu disco de estreia, muito por conta dos singles marcantes “Somebody Told Me” e “Mr. Brightside”, que já demonstravam muita influência de Talking Heads e bandas da new wave e do pós-punk no grupo. O sucesso os acompanhou em Sam’s Town com “When You Were Young” e permaneceu com Battle Born e Wonderful Wonderful.

A popularização adolescente do pop punk

Se a música alternativa e indie ganhava cada vez mais espaço no início dos anos 2000, outras vertentes do rock não podiam ficar pra trás. E foi assim que o Pop Punk, o metalcore e o emo ganharam espaço na mídia.

Apesar do próprio nome não ter nada de rock, seria injusto dizer que o pop punk não faz parte da história do gênero. Isso porque esse estilo que começou a aparecer em peso na década de 90 e chegou a marcar forte presença na mídia mainstream até 2009. Fusão do punk – utilizando suas texturas e ritmos rápidos – com o chamado “power pop”, de onde pega suas melodias estruturadas padronizadas e progressões em adição ao o rock popular mainstream, com refrões melódicos.

Até os anos 90, não existiam artistas que se denominavam pop punk. Há quem acredite, inclusive, que a primeira banda que produziu um som do gênero foram os Ramones na década de 70; outros nomes citados também são os grupos Generation X e Buzzcocks. 

Porém, apesar de hoje o som desses grupos soar muito mais pop punk do que punk em si, analisando a época em que fizeram sucesso, não seria justo chama-los de pop. Principalmente comparando com artistas que foram e eram referências do gênero como Michael Jackson e ‘N SYNC.

Portanto, vale afirmar que o pop punk na verdade pode ter nascido de outra banda que surgiu um pouquinho mais tarde, na década de 80, com o disco I don’t want to grow up: os Descendents. Os pioneiros do gênero inclusive já foram citados como uma das inspirações do Blink-182, numa entrevista concedida pela banda, em que Mark Hoppus conta sua experiência ao ouvir a faixa “Silly Girl“.

Hoppus chegou a descrever os Descendents como uma versão punk rock dos Beach Boys, além de comentar que ouvir a música acabou lhe dando uma outra visão sobre o que ele queria seguir, uma vez que as bandas punk rock que conhecia não lhe agradavam tanto. Segundo ele, os temas abordados pelo grupo nas músicas eram assuntos que ele queria ouvir e falar sobre: comida, garotas, ficar com os amigos, estar revoltado com os pais… temas muito familiares para o público do estilo.

Enquanto os maiores nomes punk compunham sobre outras temáticas, como política ou discussões sociais, os Descendents foram uma das primeiras bandas norte-americanas a escrever canções sobre garotas e problemas adolescentes, assunto que acabou se tornando praticamente uma marca registrada do pop punk. Em outras palavras, eles acabaram criando a figura do garoto de ensino médio que não era muito popular e enfrentava problemas e situações mundanas, como querer arranjar uma namorada, se sentir deslocado ou não concordar com suas supostas referências.

A década de 80 passou rápido com alguns grupos surgindo na mesma cena e inspirando o surgimento de bandas como Screenching Weasel e The Offspring. Também houve um movimento de gravadoras independentes que foi intitulado “DIY”, (sigla para faça você mesmo, em inglês), alguns nomes famosos são a Epitaph Records, Fat Wreck Chords e Lookout! Records; essa última sendo a responsável pelo lançamento dos primeiros discos do Green Day.

Embora haja uma enorme discussão sobre Green Day ser considerado pop punk ou não, a banda foi um nome importante para levar o estilo ao mainstream no início da década de 90, que foi quando deixaram a gravadora independente e assinaram com a Reprise Records, selo da Warner Music. O ano de 1994 ficou marcado pelo lançamento de Dookie, que trouxe grandes sucessos como “When I Come Around” e “Basket Case“; e também o disco Smash do The Offspring, lançado pela Epitaph Records. Ambos acabaram consagrando a década como uma das mais importantes na história do movimento.

A partir daí, o mundo se viu diante de diversos acontecimentos que abraçaram os grupos pop punk: a criação da Warped Tour e a popularização da Hot Topic em meados da década. Além disso, o mundo estava prestes a conhecer um dos maiores nomes do estilo: o Blink-182, que embora já tivesse lançado o disco Cheshire Cat em 95, acabou despontando apenas dois anos depois com Dude Ranch e a icônica faixa “Dammit“.

Em 1999, a banda lançou o clássico Enema of the State e garantiu seu lugar de uma das bandas mais influente do pop punk na história, abrindo espaço para outros grupos surgirem com a mesma proposta poucos anos depois: Sum 41, Jimmy Eat World, New Found Glory e Saves The Day.

A partir daí, os Estados Unidos estavam tomados de jovens artistas decididos a reunir os amigos, tocar e cantar sobre seus problemas e frustrações. Essas bandas acabaram originando uma nova onda dentro da essência pop punk e que posteriormente flertariam com a sonoridade emocore (o famoso Emo) como Fall Out Boy, All Time Low, My Chemical Romance, Taking Back Sunday, Good Charlotte e Avril Lavigne, que ganhou o apelido de “Pop Punk Queen”, além de abrir espaço para o Canadá no gênero, que logo acabou tendo que dividir o espaço com o Simple Plan em 2003. Além disso, a presença de Lavigne na música acabou inaugurando uma Era de bandas pop punk com vocalistas femininas, como Hey Monday, Tonight Alive e Paramore.

Essa essência no trabalho do Fall Out Boy começou a aparecer em Infinity On High, mas já obtinha relevância desde From Under The Corky Tree. Já o My Chemical Romance ficou em maior evidência no segundo álbum de estúdio da carreira, The Black Parade, enquanto o Paramore chamava a atenção para suas músicas em 2007 com Riot!, por conta de singles como “Misery Business”, “crushcrushcrsh” e “That’s What You Get”. O sucesso apenas cresceu após participarem da trilha sonora do filme “Crepúsculo” com a música “Decode”. Brand New Eyes, lançado em 2010, se tornou um clássico do grupo. Correndo por fora havia o Panic! At The Disco, que tornava sonoridades parecidas e influenciadas pelo pop punk, pelo emo e pelo hardcore de uma forma muito mais pop e teatral.

De muitas maneiras, o estilo pop punk, tanto por suas letras quanto por sua melodia, abriu as portas para a música emo emergir, o que aconteceu alguns anos depois. Com ele veio um subgênero do pop punk, que tem o mesmo estilo musical, mas com composições mais emotivas e exageradas, que poderiam facilmente flertar com o movimento literário ultrarromantismo.

Em 2009, o estilo viu-se perder força e voltar para a cena underground, o que fez surgir uma nova vertente dentro dele. De repente, artistas que surgiram no início dos anos 2000 ou até antes acabaram sendo categorizados de “Pop punk old school”, enquanto as bandas que surgiriam naquele momento trouxessem outra proposta, por mais que muito parecida. As composições ainda eram parecidas, assim como as melodias e presença dos instrumentos, porém com muito mais espaço para inovar o estilo agora que estava longe do mainstream. Bandas como Neck Deep, State Champs, Real Friends, ROAM, entre muitas outras, apareceram usando e abusando da presença de redes sociais para produzir músicas de maneira independente (assim como os pioneiros do gênero) e apresentar uma nova ideia do pop punk para o público.

Em conclusão, é compreensível que os fãs das vertentes mais clássicas do rock se recusem a considerar o pop punk como um de seus subgêneros, porém, não dá para negar que sua existência acabou surgindo graças ao estilo celebrado na última segunda-feira (13). Agora, se o rock morreu, isso fica para outro texto…

A agressiva e intensa abordagem do Metalcore

Misture a irreverencia do punk, a agressividade do hardcore e uma pitadinha de heavy metal. Essa foi a receita utilizada pela galera na metade dos anos 90, início dos anos 2000, para fortificar o que desde lá, conhecemos como metalcore. Ao contrário do Professor Utônio, que pensou ter dado errado seu experimento, essa mistura colhe frutos até os dias de hoje, de um subgênero que deu as caras com vergonha, mas que, aos poucos, ganhou o mundo e espaço nos principais festivais de música pesada como o Wacken Open Air, por exemplo.

Trazendo do punk até o que conhecemos do metalcore, existiram algumas ondas que moldaram o subgênero da forma como ele é conhecido, ouvido, pensado e tocado nos dias atuais. Isso se deve pela necessidade de se experimentar dentro do rock, mais especificamente do metal, onde pincelar algo aqui e ali, pode sim, vir a cair muito bem se bem executado. Foi esse o caso: guitarras melódicas provenientes do heavy metal; breakdowns dançantes, fruto do hardcore, e aquele descontentamento típico do punk oitentista. Se a intenção era criar um gênero que movimentasse milhões de pessoas pelo mundo e girasse um mercado que respira após tantas mudanças, cara, deu mais do que certo.

Entretanto, nem tudo eram flores. O metalcore ganhou fama e popularidade mesmo, como mencionei, no final da década de 90, início dos anos 2000, quando se popularizou o que conhecemos até hoje como metalcore melódico. Foi assim que bandas como Shadows Fall, Killswitch Engage, Trivium, All That Remains, Atreyu, Bleeding Through e Unearth, consideradas as percussoras do movimento, entraram para a grande mídia, esbugalhando os olhos de contratantes e festivais de grande porte.

Tratando do estilo um pouco mais comercialmente, o início da década foi fundamental para o amadurecimento e a consolidação do subgênero no mercado. Foi nessa época que gravadoras que mantinham artistas de metalcore como seus principais atrativos, gerando receita e movimentando a cena do subgênero. Exemplos de empresas/gravadoras que nasceram por conta da crescente do metalcore foram a Century Media e a Metal Blade Records, que hoje encabeçam grandes nomes do gênero, e de outros que vieram a nascer derivadas, como o deathcore, uma mistura do death metal com o próprio metalcore.

Essa constante mudança é refletida nessa abundancia de subgêneros que vão se criando, justamente pela experimentação de artistas e ideias, tornando o gênero mais abrangente e confortável. Dessa forma, o metalcore, além do melódico, também tem o que se conhece como metalcore progressivo, que junta o gênero em questão com o metal progressivo, dando um pequeno mergulho no djent, estilo que também se derivou dessas misturas. Se antes o que predominava eram os berros e os breakdowns, nessa vertente é possível encontrar guitarras mais complexas, pedais com quebras absurdas de tempo e claro, como todo gênero que da um mergulho em mares progressistas, músicas com durações inimagináveis (essa é pra vocês, fãs de Dream Theater).

Atualmente, o estilo respira a todos os pulmões, com bandas oriundas de todas as partes do planeta como Austrália (Polaris, The Amity Affliction, In Hearts Wake, Parkway Drive), Inglaterra (Bury Tomorrow, Architects, While She Sleeps, Oceans Ate Alaska), Estados Unidos (August Burns Red, As I Lay Dying, Killswitch Engage, Trivium, Underoath) e até aqui do Brasil (John Wayne, Aurora Rules, Sea Smile, Depois da Tempestade). Claro que essa pequena amostra não se resume em um todo, existem inúmeros outros nomes que circulam pelo cenário e fazem parte dessa constante crescente que o metalcore tem pelo mundo, acreditem.

O subgênero surgiu na transição dos séculos, ganhou peso nos anos 2000 e se consolida a cada dia que passa, mas ao entrar em ação, mesclando gêneros que já estavam consolidados, o metalcore pôde unir ainda mais público para o rock mundial e dar um gás mais “atual” pro que estava sendo apresentado no mercado. Ame ou o odeie, o metalcore tem seu lugarzinho de paz no hall da história do rock, e vai permanecer ali por um longo tempo ainda. Além dos já mencionados, nomes como Avenged Sevenfold e Bullet For My Valentine também ajudaram a colocar o estilo em evidência no mainstream, dando um longo e belo respiro à duração do rock and roll atual.

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