Formada em 2009, a banda estadunidense The Pretty Reckless hoje composta por Ben Phillips, Mark Damon, Jamie Perkins e Taylor Momsen, essa que ficou conhecida internacionalmente nos por interpretar Cindy Lou Who em O Grinch e Jenny Humphrey no seriado Gossip Girl. Os norte-americanos tiveram seu ápice nos anos 2000 com seu single icônico Make Me Wanna Die que integrou o primeiro álbum de estúdio da banda, Light Me Up. Apesar de não alcançarem o mainstrem, a banda possui uma base de fãs fiéis e alcançou boas posições em alguns charts.
Em recentes entrevistas Taylor contou ter passado por um período marcado por uma forte depressão e abuso de substâncias tóxicas sendo fomentado pela morte de um de seus maiores ídolos Chris Cornell, ex-vocalista do Soundgarden e do produtor Kato Khandwala, amigo da cantora. Esse momento obscuro foi um dos motivos da banda ter demorado tanto para lançar um quarto álbum tendo em vista que todas as mortes afetaram a líder do grupo gerando uma grande desilusão em relação a vida e a música que também foi o que reergueu a cantora.
Na última sexta-feira (12), após 5 anos sem trabalhos inéditos a banda fez seu retorno triunfante com Death By Rock and Roll, seu quarto álbum de estúdio. O álbum conta com 12 faixas que sem perder sua essência a banda demonstra um grande amadurecimento desde as letras até as melodias que transitam do hard rock ao metal melódico com elementos notáveis do country.
É notável a influência da luta de Taylor já na capa do álbum, em entrevista à AltPress ela explicou o conceito da capa do disco. Ela aparece nua, pois é como chegamos ao mundo e como o deixaremos ele: sem nada. Com o rosto voltado onde possui uma luz dando a entender que a cantora deixou a escuridão e encontrou a sua “luz no fim do túnel” na música recuperando a confiança em si.
O álbum inicia por sua faixa título Death By Rock Roll, onde Taylor canta “Jenny has died of suicide” (Jenny morreu de suicídio) que pode ser visto como uma referência à sua participação em Gossip Girl e como ela deixou aquele momento no passado. Seguido por “Only Love Can Save Me Now” onde é possível perceber uma exteriorização do a cantora passou em seu momento de depressão, além de ser uma canção muito forte ela conta com a participação de Matt Cameron e Kim Thayil, membros do Soundgarden.
A terceira faixa “And So It Went” tem a participação de Tom Morello (guitarrista do Rage Against The Machine) e mixa momentos acelerados e melódicos. No fim a banda traz um coro de crianças, referência visível a “Another Brick On The Wall” do Pink Floyd e já utilizado pela banda em Heaven Knows, single presente em seu terceiro trabalho de estúdio. Outro single do álbum, “25” possui umadigna de uma cena de filme de suspense. O refrão é uma reviravolta na track onde Momsen canta “At twenty-five, and still alive / Much longer than expected for a man / At twenty-five, all hope has died” (Aos 25 e ainda viva / Muito além daquilo esperado para um homem / Aos 25 toda a esperança morreu) as palavras soam como um grito do interior da cantora sendo mais uma analogia ao período sombrio que passou.
Já no início de “In The Bones” é perceptível ser uma faixa uma pouco mais agressiva que as restantes com a bateria em evidência e ao lado dos ótimos riffs e vocais é um dos pontos altos do álbum, em contraste a próxima música, “Got So High” com uma pegada melódica junto à nítidas influências do primeiro álbum da banda, e mais uma vez, os pensamentos mais sombrios de Taylor vierem à tona. “Broomsticks” é um interlude que precede “Witches Burn”, um hard rock cheio de solos de guitarra mixado com elementos derivados do country.
Mais uma vez, a voz de Taylor vem poderosa em “Standing At The Wall”, a faixa contrasta a seu antecedente sendo mais calma e com a presença de violão e um refrão forte. A música soa como um desabafo abordando a solidão e os momentos em que perdemos a fé em nós mesmos e naquilo que queremos. Em seguida, “Turning Gold” chega trazendo fortes elementos do country junto a guitarras e bateria bem marcadas. A mensagem transmitida se torna mais positiva, como se a cantora tivesse enfim encontrado um propósito pra continuar. Ela canta: “The screams carry on through the night / But I know that somehow, it’ll be alright” (os gritos continuam durante a noite / mas eu sei que de alguma forma, vai ficar tudo bem).
“Rock And Roll Heaven” é visivelmente uma homenagem a Chris Cornell cuja morte impactou fortemente a líder do grupo, ela segue uma linha muito parecida da anterior e possui uma letra emocionante contando a história de quando Taylor se apaixonou pela música e torce para que Chris tenha encontrado a paz. O disco é finalizado por “Harley Darling” a música continua com elementos fortíssimo do country e a calmaria das suas antecessoras, a música fala sobre um amor que foi embora montado em moto Harley e fecha o álbum categoricamente.
Sem dúvidas, Death By Rock And Roll é o melhor trabalho produzido pela banda. A voz de Taylor Momsen soa mais poderosa do que nunca, despindo-se e colocando todo os seus sentimentos pra fora. É notável como uma canção se encaixa na outra. O álbum conta uma história, desde a desilusão da vocalista pela música e a vida em si até o momento em que encontra a luz e percebe que independente da situação, vai ficar tudo bem. Finalizado pela bela homenagem à Cornell e seguido por uma track mais leve sem grandes referências à depressão vivida pela líder do grupo. O disco é impecável do começo ao fim.
9/10