Duda Beat amadurece sentimentos em “Te Amo Lá Fora”

Mostrando seu amadurecimento emocional e artístico, Duda Beat lança o álbum “Te Amo Lá Fora” com muita referências a si e à brasilidade.
Há exatos três anos do lançamento de seu primeiro trabalho, Duda Beat lança Te Amo Lá Fora, entregando novamente narrativas acerca das decepções amorosas mas trazendo os aprendizados da jornada vivida em Sinto Muito

O novo disco de Duda Beat é “ideal para quem já mergulhou nas águas profundas da paixão e também para quem se banha no rio sereno do amor”, segundo o teaser liberado para os fãs que realizaram a pre-save. Amando, sofrendo, chorando e superando, a cantora entrega mais uma vez um trabalho coeso e completo, envolto por profundos sentimentos que todo mundo quê um dia se apaixonou já pôde sentir na própria pele. 

A parceria com a conterrânea Cila do Coco abre o álbum mostrando que, mais uma vez, a pernambucana mergulha em referências brasileiras para criar suas composições e arranjos. Remetendo a regionalidade da dança do coco e a origem da cantora, “Tu e Eu” tem uma melodia dançante e marcante, para iniciar em grande estilo, e já entrega uma personagem muito mais fortalecida: a que antes nunca havia sido tão humilhada por alguém, agora enfrenta a situação de se ver trocada por um outro alguém enquanto, de fato, chora e dança.

O disco segue com o primeiro single dessa era sombria da cantora, “Meu Pisêro”. Com o clipe inspirado em filmes de terror como “O Bebê de Rosemary” (1968) e “Poltergeist” (1982), Duda rompe com a estética colorida, algo perceptível principalmente pelo trabalho do seu stylist, Leandro Porto, que agora traz modelos mais justos e a predominância do preto, entregando uma estética oitentista (que já vimos muito em 2020) de uma forma sensual e dramática. No vídeo, Duda é assombrada por um amor que acabou de forma inexplicada, mas entende que ninguém é obrigado a “amar assim”, como ela mesma diz. Sendo uma grande amante dos ritmos e elementos da cultura nacional – principalmente nordestinos -, para garantir essa presença e influência no álbum a cantora iniciou o trabalho dessa canção pelos arranjos, homenageando o “piseiro”, ritmo originado no Nordeste. 

Por quase 4 minutos apreciamos um pop universal em “Mais Ninguém”, mas logo depois temos o retorno da grande mistura que é Duda Beat. Ao lado de Trevo, “Nem Um Pouquinho” deixa claro que a cantora bebeu de fonte similares de novos artistas brasileiros, como Pabllo Vittar e Mateus Carrilho, para trazer o que hoje é chamado de “sofrência” dançante que grita por uma festa de carnaval. O que chama atenção aqui é que mesmo conhecendo o “tipo”, ela se deixa levar numa relação apenas para satisfazer a solidão de ambos os lados. Tão blindada após Sinto Muito, ela afirma que foi feita de piada e esnobada, mas isso não dá em nada. Essa é certamente uma das mais fortes do álbum e com grande potencial para ser um próximo single (fica a dica, Duda!!).

Seguindo a fórmula do debut, quanto mais o ouvinte se aproxima da segunda metade as músicas agitadas vão se misturando com baladas românticas e “Melô de Ilusão” exemplifica bem este fato. Possivelmente a faixa mais “vulnerável” do trabalho, Duda se mostra aberta a entrar em um romance sem certeza e pede para não se perder de si mesma, se assemelhando à menina que não percebia a vontade de chorar no sucesso “Bédi Beat”. 

A força e superação de Duda Beat vêm muito de suas melodias e arranjos. Claramente envolvida em um jogo de amor, na música “Game” ela traz um dos versos mais fortes do álbum: “me perguntei por que o amor não conquista o amor / me perguntei por que o desprezo conquista o amor”, mas tudo acompanhado de batidas fortes que se assemelham levemente ao rap, que não demonstram essa fragilidade. Apesar de não estar satisfeita com esse game, a cantora mantém a pose. 

Seguindo a sua mistura de elementos, a pernambucana começa a trazer referências do reggae nas próximas duas músicas e em uma delas fica a prova de quem nem todo amor é um fracasso. Dedicada para seu namorado Tomás Tróia, com quem trabalha e pretende se casar após a pandemia, “Decisão de Te Amar” é uma declaração e reflexo dos mais de três anos de namoro do casal. A música também faz referência à “Pro Mundo Ouvir”, do primeiro álbum, no verso “que ao meu lado era o seu lugar”. 

O álbum se encerra com certa dualidade entre as duas últimas faixas. Da melancolia de “Meu Coração” seguimos para um cenário de boate com a dançante e agitada “Tocar Você”, que parece mais uma resposta para todos aqueles que se questionaram se mais uma vez realmente não fariam diferença. Com batidas eletrônicas e efeitos na voz, a cantora afirma que não pode mais tocar e beijar seu amado, um aprendizado desses três anos entre o hit “Bixinho” e o lançamento do novo disco.

Esse encerramento agitado surge como uma esperança de dias melhores após a pandemia. Mesmo não tratando sobre isso em seu trabalho, Eduarda Bittencourt afirmou que foi afetada pelo isolamento social e viveu dias muito pesados, assim como a maioria dos brasileiros, durante a produção do disco. 

Te Amo Lá Fora mostra bem a evolução de Duda Beat, seja em suas relações amorosas ou em seus trabalhos artísticos. As colaborações com outros artistas se tornaram mais frequentes, principalmente durante esse intervalo entre seus dois discos de estúdio, quando lançou canções ao lado de Tiago Iorc, Nando Reis, Jaloo e Gaby Amarantos, por exemplo. Esta é, definitivamente, uma realização para a artista que sempre buscou envolver outras áreas em seus projetos, como na parceria com a Obvious Agency e com o fotógrafo Vida Fodona

Duda Beat possui e merece destaque, mais uma vez, ao saber inovar na estética, ao mesmo tempo que consegue manter suas raízes entorno da brasilidade em um álbum que fala sobre amores que mudaram: agora os sentimentos soam distante e parecem ser encontrados lá fora. 


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