Com um som despojado e cheio de atitude, a banda norte-americana Magic Finger apresenta ao mundo seu primeiro álbum de estúdio, “I Guess That’s It on Happy Endings”, unindo as melhores influências entre o alt rock, dream pop e indie em letras bastante expressivas e sinceras. A banda que começou entre amigos, despretensiosamente, dá um grande passo artístico após uma série de singles que vêm sendo lançados desde 2019, e hoje, buscam seu lugar ao sol, consolidando seu som no meio alternativo ou mainstream com um som jovem e cheio de energia.
Logo nas primeiras faixas do disco, “I Guess That’s It on Happy Endings” se revela uma divertida viagem entre desilusões amorosas, sentimentos intensos e aventuras que ficarão para sempre na lembrança dos jovens artistas, Harley Spring, Margaret Engel, Sean Moran e Colin McLevy, que constroem uma atmosfera bastante intensa e viva em cada uma de suas canções. Falando em atmosferas intensas e rock altrernativo, é interessante observar nas canções como o sentimento do rock alternativo que se consolidou no início dos anos 2000 se mantém vivo através dos riffs frenéticos e dançantes que o quarteto emprega em sua música com muita energia, quase como se o Magic Finger desejasse manter aquela chama acesa para as próximas gerações.
Entretanto, o som que a banda atinge neste trabalho de estúdio se revela extremamente autêntico, bem produzido e construído sem deixar de lado alguns elementos que entrega a banda como um produto de “garage rock”, entregue principalmente através dos vocais rasgados e nos solos de guitarra que flertam com o rock progressivo. Para mergulhar no som da banda, anote as faixas que merecem um destaque: “Something about the Moment”, que revela um som completo e complexo, “Water Sounds with Cars”, que estabelece uma atmosfera paradisíaca que quase faz os ouvintes sentirem a areia nos pés, e “Heartache in Verse”, onde o ritmo desacelera e os vocais femininos de Margaret brilham sobre um instrumental carismático e suave. “Stairs” também é uma balada carismática que vai prender sua atenção.
No fim das contas, a banda entrega um trabalho completo e bastante consistente ao longo das nove faixas que compõem o disco, trabalhando muito bem o sentimento de juventude atrelado ao rock alternativo, flertando também, vez ou outra com um pouquinho de psicodelia em seus acordes.
Olá, pessoal! Muito obrigada por conversar conosco e parabéns pelo excelente trabalho em “I Guess That’s It on Happy Endings”. Particularmente eu gostei muito das canções, da sonoridade leve e alternativa, e imagino que para atingir esse resultado vocês tiveram bastante referências deste tipo ao longo do seu crescimento, até se descobrirem artistas. Como foi esse ‘crescer’ até se descobrirem artistas e o que ouviram de música enquanto isso?
Para Margaret, muito de sua inspiração para fazer e ouvir música veio de sua mãe, que também é musicista e cantora. Margaret também é inspirada por artistas clássicos como Joni Mitchel. Sean foi e é inspirado por artistas como Foo Fighters, mas quando criança adorava álbuns como ‘Breakfast In America’ do Supertramp e The Outfields: Greatest Hits, dois discos que seu pai lhe deu. Colin é inspirado pelo ato indie Team Me. “Essa foi a primeira banda que ouvi e pensei ‘puta merda, a música pode fazer isso'”. Harley como musicista foi e é inspirado por artistas como The Beatles, mas foi apresentada pela primeira vez à ideia de compor e agitar a música ‘Flying Golem’ da banda Wand. Todos os membros cresceram ouvindo rock clássico, mas se divertiram em vários gêneros com o passar do tempo, mas esse caldeirão de escrita é o que se junta para construir o som geral do Magic Finger.
Eu vi que vocês divulgam músicas e singles desde 2019, tanto que há uma live de “Spodomene” de 2019, entre outros três ótimos singles de 2020 na voz de Margaret, que parecem ter sido produzidos de forma caseira. Em que momento vocês decidiram que o Magic Finger estava pronto para entrar no estúdio e fazer um álbum completo? E como vocês acreditam que isso pode inspirar novas jovens bandas a tirar suas lyrics do papel e fazer o mesmo?
O Magic Finger sempre foi planejado para acabar no estúdio, bastou um pouco mais de coesão dentro do grupo e prática para estar pronto para um desafio como aquele. “Nós só queríamos fazer o que uma banda faz” – Sean Moran. Para outros atos, se você quiser tempo de estúdio, aproveite. Com certeza nos deparamos com alguns problemas monetários, mas com algumas campanhas interessantes e algum trabalho conseguimos. Também um grande agradecimento ao nosso empresário Drew nessa frente, nos ajudando a conseguir o tempo de estúdio que precisávamos.
Muitas bandas com quem tenho conversado me revelam que tiveram um momento de grande epifania e descoberta artística durante o período da pandemia, compondo, escrevendo, repensando sons e formatos. Como vocês diriam que esse período de isolamento, longe dos palcos e longe de festas, mudou o Magic Finger e seu primeiro disco?
Primeiro, fez o álbum sair com cerca de um ano de atraso, então tivemos tempo para refinar nosso trabalho e digerir o que significava lançar algo que nos representasse. Também nos forçou a nos tornarmos mais experientes e nos conectarmos a um público por meio de uma plataforma virtual em vez de pessoalmente.
Em suas canções vocês falam muito sobre o sentimento agridoce da transição entre a adolescência e a fase jovem adulta, bem como o fim da escola e os novos desafios que os acompanham nesta fase em direção a vida adulta, e eu acredito que são letras bastante honestas sobre o que vocês sentem. Tendo em vista que vocês atraem um público que se identifica com estes sentimentos, qual mensagem vocês gostariam de passar com sua arte?
Para Margaret, sua principal mensagem por meio de sua música e som é que “nunca é tão profundo” e que, embora as coisas possam ser assustadoras ou perturbadoras, tudo ficará bem no longo prazo, tudo ficará bem. Para Colin, “as mensagens são difíceis”, mas ele pretende contar histórias com música. As mensagens anexadas são derivadas da experiência de vida, mas no final, o aspecto mais importante é amar, amar seus amigos e família, e “amar Montana especificamente”. Sean, por meio de sua arte, almeja pintar um quadro que permita aos outros tirar o que querem ou precisam da música. Finalmente, para a Harley, o objetivo é tentar ajudar qualquer pessoa que precise de uma conexão que não consegue encontrar em nenhum outro lugar. A música é a linguagem comum do mundo e, por meio dela, qualquer significado pode ser transmitido.
Voltando a falar do álbum, fiquei pensando bastante sobre o nome “I Guess That’s It on Happy Endings” e em determinados momentos ele me parece feliz, como se quem está falando atingiu um final feliz, e em outros uma lamentação, como se não tivesse conquistado o que queria. Quem na banda surgiu com a ideia e qual a explicação conceitual por trás deste título? E como ele se relaciona com as canções?
O título do álbum é derivado de uma letra que Margaret escreveu em ‘Heartache in Verse’. A letra real da música é “Acho que é isso; final infeliz”, no entanto, Harley pensou que a letra era “Acho que é isso no final feliz”, então por meio de um mal-entendido fortuito, o álbum foi nomeado. Conceitualmente, o álbum foi intitulado de acordo com o fluxo das músicas e como o processo de crescimento ocorre durante a faculdade e como sofrimento e dor podem ocorrer, mas você sempre tem aqueles que você ama e ama por perto para mantê-lo seguro e buscá-lo de volta pra cima.
E ao longo da produção das canções, como funciona seu processo criativo como banda? Vocês se dividem entre compor as letras e os arranjos, ou costumam fazer isso de uma forma conjunta, onde todos participam e opinam?
Como grupo, escrevemos coletivamente. Normalmente, um membro do grupo terá um riff ou uma progressão de acordes escrita, e eles trarão isso para a banda e todos nós iremos construir a partir disso. Muitas vezes as letras são escritas durante ou durante esse processo para que se alinhem com os temas e ritmos da música, no entanto, temos algumas músicas que quebram esse molde, como ‘Stairs’ e ‘Spodomene’. Frequentemente, as letras se juntam rapidamente e geralmente são encabeçadas pelo membro do grupo que escreveu os acordes ou riff originais. É claro que quebramos esse molde também no grupo com ‘Heartache in Verse’. Nós também trocamos instrumentos, permitindo que cada membro da banda experimente de maneiras diferentes e únicas com seus instrumentos não dominantes.
Após o lançamento do álbum, eu imagino que vocês têm grandes planos para o futuro. Com a volta dos shows presenciais nos Estados Unidos, o que pretendem fazer para levar sua música para um público cada vez maior? Vocês têm sonhos específicos que desejam alcançar, como se apresentar em um grande festival?
Como somos uma banda que se formou antes da pandemia, estamos ansiosos para sair e começar a tocar nossa música para mostrar o que criamos. Idealmente, adoraríamos tocar em festivais e concertos, mas também sabemos que há muito trabalho para chegar lá. Margaret gostaria de acrescentar que deseja aprender a tocar o maior número de instrumentos possível, e todos na banda podem concordar.
Para terminar, gostaria de comentar que gosto muito da atenção especial que vocês colocam no lirismo das canções, mesmo muitas vezes sendo muito difícil transformar determinados sentimentos em palavras e transformar isso em algo belo. Vocês acreditam que a amizade que vocês têm ajuda a quebrar essa parte emocional e se abrir ao compor o que estão sentindo?
Através do poder da amizade, todos nós somos capazes de nos abrirmos uns aos outros totalmente para escrever músicas que transmitam emoções profundas, e porque somos todos bons amigos, somos capazes de escrever músicas que nos ajudam a superar nossas lutas, mas também destacam nossas conquistas . Estar tão perto nos permite estar abertos um com o outro musicalmente nos aspectos sonoros e líricos da escrita.