O pop nacional já conhece o nome de DAY há um tempo, mas foi em 2021 que o público teve a oportunidade de conhecê-la mais a fundo em seu primeiro álbum de estúdio, Bem-Vindo ao Clube. Não é equivocado dizer que o trabalho é um retrato de alma, corpo e coração da cantora, extrapolando seus limites e abrindo as cortinas de seu próprio espetáculo de emoções.
Trazendo uma narrativa que se estende para os clipes e direção de arte, DAY aproveitou o momento para resgatar o gênero que marcou sua adolescência e evolução pessoal. Partindo para o estilo intitulado “Pop Emo”, a cantora utilizou elementos da música emocore e pop punk, mas nunca deixando de soltar a mão de sua essência introduzida aos fãs desde seu primeiro trabalho, o EP Day, de 2018.
Bem-Vindo ao Clube propõe a reflexão universal de sentimentos que borbulham sem pedir licença em diferentes fases do crescimento emocional humano. Ao longo de 12 faixas, a cantora escancara sua própria jornada particular numa narrativa de impacto universal cheia de altos e baixos, amores e desamores, de começos e finais.
“É a coisa mais linda que eu já puis as mãos”, revela DAY durante um bate-papo exclusivo sobre o lançamento com o ROCKNBOLD. “Eu fui entendendo que a minha história é de todo mundo, todo mundo já passou por isso. Isso inclusive fez parte do meu aprendizado de lidar com as minhas frustrações: na medida em que eu fui produzindo, notei que todo mundo podia se identificar e fazer parte desse clube.”
“Foi fluido, quase natural”, reflete a cantora sobre as temáticas retratadas no trabalho, que vão desde pertencimento a amores não correspondidos e questionamentos sobre seu lugar no mundo. “É sobre e entender que tudo o que eu passei, todo mundo passa; mas nas suas realidades e vivências de jeitos diferentes.”
DAY chega inclusive a chamar o álbum de “terapêutico”, visto a intensidade e dedicação que o projeto exigiu. Com um quê altamente nostálgico, a cantora ainda relembra dessa fase da adolescência que revisitou no trabalho de ponta a ponta. “Às vezes, nas sessões, eu chorava de emoção de tanto que eu gostava de um arranjo porque realmente me carregava pro momento que eu quis viver disso [da música]”, conta. “Pra mim está sendo muito importante reviver isso na minha voz, eu tô me sentindo como se eu fosse a minha banda favorita.”
Além das influências nítidas de Avril Lavigne, Stand Atlantic e Paramore, o Bem-Vindo ao Clube contou com nomes do cenário emo na produção, como Pedro Dash e Dan Valbusa, ex-integrantes da CINE e em participações especiais, como Lucas Silveira, da Fresno, na faixa “Isso Não é Amor”.
“Acho ele [Lucas] um gênio”, comenta DAY sobre o feat com o músico. “É muito massa ter ele no trabalho. É como se fosse um selo de validação que faltava no disco.”
Versatilidade musical
Em Bem-Vindo ao Clube, DAY se encaixa num gênero que ela mesmo encontrou, o “Pop Emo”, que mistura um tom emotivo nas composições com um estilo que possui flexibilidade para explorar. “Acredito que cheguei nesse termo pra facilitar o entendimento das pessoas”, começa a artista. “Eu me identifico com o termo Pop Emo de um modo geral, e nesse caso do álbum é o conjunto de todos os elementos.”
Sobre a versatilidade musical já explorada em sua carreira tanto no pop mainstream quanto no rap, DAY revela que “não gosta de ter um lugar fixo ou ser colocada numa caixa”. “Gosto de me considerar uma artista pop talvez pelo pop ter várias misturas — me vejo com infinitas possibilidades e não tem porquê eu não testar cada uma delas quando sentir vontade.”
Ainda sobre o “pop emo”, DAY complementa: “Isso é o que tá batendo no meu coração agora, é o que o meu Eu tá pedindo pra fazer. Eu sou geminiana, preciso de mudanças pra continuar na ativa”, brinca.
O impacto do isolamento social
Talvez se o isolamento social não tivesse ocorrido, o primeiro álbum da carreira de DAY seguiria um rumo diferente. “A pandemia teve um impacto positivo, criativamente falando”, começa a cantora. “São vários sentimentos, e quando eu sinto muito e tenho várias coisas acontecendo dentro de mim isso é um gatilho pro meu processo criativo”, explica. No entanto, uma vez que Bem-Vindo ao Clube é um relato praticamente autobiográfico que vai de extremo a extremo com muita rapidez, o período não foi fluido para a cantora, e muito menos tranquilo. “Emocionalmente falando foi um momento de muitos altos e baixos”, revela. “A quarentena me mudou muito como artista porque eu também passei pela morte do meu pai e foi uma coisa que me transformou. Foi muito recente, e isso acabou dando uma nova óptica pro meu disco.”
Ouça Bem-Vindo ao Clube no Spotify: