Deftones: um ranking do pior ao melhor álbum

9 álbuns lançados, mais de 30 anos de estrada e seu próprio festival: rankeamos a discografia do Deftones, uma das bandas mais interessantes em atividade

Figurando entre os nomes mais interessantes do metal alternativo, o Deftones construiu ao longo de mais de 30 anos de carreira uma discografia diversificada e interessante. A banda teve seu ponto de partida no nu metal, mas logo expandiu sua sonoridade e abriu o leque de opções, abrindo o caminho para um mundo de experimentações e possibilidades.

A banda composta atualmente por Chino Moreno, Stephen Carpenter, Abe Cunningham, Frank Delgado e Sergio Vega, continuam lançando trabalhos criativos e carregados de influências distintas. Classificar o som do Deftones é uma tarefa difícil, já que a banda não parece se encaixar em nenhum rótulo e nem faz questão de limitar sua música.

Com álbuns de sucesso e com grande impacto musical, como o brilhante White Pony (2000), passando por tragédias como a morte precoce do baixista Chi Cheng (que veio a falecer em 2013 após permanecer em coma por quase 5 anos em decorrência de um acidente de carro), o Deftones se destacou no cenário alternativo e segue sendo uma das bandas mais influentes da sua geração, sempre entregando trabalhos acima da média e com uma repercussão positiva na mídia.

O ROCKNBOLD fez um ranking da discografia da banda, pontuando o diferencial de cada trabalho e evidenciando os pontos positivos e negativos de suas obras.

9 – Saturday Night Wrist

Gravado em um período conturbado, onde as relações entre os integrantes da banda passava por momentos de tensão, Saturday Night Wrist soa arrastado e pouco criativo em sua maior parte. Pouco lembrado na discografia da banda, o álbum é o último com o saudoso baixista Chi Cheng, que viria a sofrer seu fatídico acidente de carro poucos anos depois. É o primeiro disco sem a produção de Terry Date, sendo produzido por Bob Ezrin, Shaun Lopez e pela própria banda.

Saturday Night Wrist não chega a ser ruim, mas está longe de se destacar entre as obras do Deftones. É um disco tenso, reflexo dos problemas internos da banda, principalmente do vocalista Chino Moreno, que enfrentava problemas com drogas, álcool e seu casamento. O álbum recebeu críticas positivas em seu lançamento, mas não envelheceu muito bem. Ainda assim, o disco guarda ótimas canções e mantém um bom nível de qualidade.

Highlights: Hole in the Earth, Beware e Rats!Rats!Rats!

8 – Gore

Lançado em 8 de abril de 2016, Gore é uma obra que evidencia uma das principais características do Deftones, que é colocar agressividade e delicadeza em harmonia. Gore dividiu a opinião dos fãs por ser um trabalho que exige uma audição dedicada (mais do que os trabalhos da banda costumam exigir). Chino Moreno citou Morrissey como uma de suas principais influências na composição do disco, o que justifica o destaque excessivo para seus vocais e as divergências musicais com o guitarrista Stephen Carpenter.

O álbum não é tão consistente como a maioria das obras da banda, ficando morno em alguns momentos. Porém, quando se destaca, Gore brilha e surpreende o ouvinte, mostrando boas ideias e composições que equilibram com perfeição peso e melodia. A capa do disco transmite com clareza a sonoridade que habita no álbum, onde a beleza das gaivotas voando e a palavra Gore (palavra que remete a conteúdos violentos e viscerais) se encontram em perfeita harmonia.

Highlights: Hearts/Wires, Phantom Bride e Prayers/Triangles

7 – Koi No Yokan

Sendo aclamado pela crítica em seu lançamento e estreando no décimo primeiro lugar da Billboard 200 dos EUA, Koi No Yokan é recheado de belas composições e se mostra um trabalho extremamente coeso. O álbum dá continuidade a sonoridade apresentada em seu antecessor, o excelente Diamond Eyes, inserindo novas camadas musicais e expandindo os caminhos da banda.

Um dos principais destaques de Koi No Yokan é o instrumental, que consegue explorar diferentes elementos além do metal alternativo, passando pelo post-rock, groove e dream-pop. O baixista Sergio Vega está mais confortável e suas contribuições são mais presentes no disco. Tudo é bem orgânico em Koi No Yokan, o que deixa as faixas bem cativantes e de fácil assimilação. É mais um acerto na discografia da banda.

Highlights: Swerve City, Poltergeist e Rosemary

6 – Adrenaline

O disco de estreia do Deftones é calcado no nu metal, gênero que estava pegando força na época e se destacando no metal. Mesmo o nu metal sendo o gênero predominante, o Deftones já mostrava que havia algo de diferente em seu som e se destacava entre as bandas da época. Adrenaline tem aquela urgência característica de primeiro lançamento, furioso e com boas doses de peso. Chino abusa de vocais rasgados e coloca personalidade nas faixas.

Adrenaline conversa bastante com a estética musical da época, mas já mostrava como o Deftones era criativo e fora da curva, agradando até mesmo quem não era familiarizado com aquele tipo de som. Apesar de soar diferente do que estava sendo feito na época, Adrenaline ainda não entrega todo o potencial do Deftones. A banda ainda estava se encontrando e em seu sucessor, o icônico Around The Fur, o grupo já pegaria rumos diferentes e começaria a se desligar do nu metal.

Highlights: Minus Blindfold, 7 Words e Engine No. 9

5 – Deftones

Em seu álbum autointitulado, o Deftones surpreendeu os fãs com uma sonoridade que não conversava com o que tinha sido feito em White Pony. Deftones é um disco pesado e ríspido, diferente de tudo que a banda tinha feito até aquele momento. O peso não se limitava somente ao som, já que a atmosfera da obra também é densa, reflexo dos problemas internos que a banda enfrentava naquele período.

Introspectivo e intenso, Deftones é um trabalho de difícil digestão, porém, guarda ótimas músicas e conta com um alto nível de qualidade. Mesmo em um ambiente caótico e problemático, o Deftones conseguiu entregar um disco consistente e diferenciado, deixando sua discografia cada vez mais diversificada e interessante, sempre fugindo do óbvio. O álbum é um prato cheio para os amantes da música pesada, já que explora o lado visceral da banda, sempre incorporando elementos melódicos, algo que se tornou umas das principais características em seu som.

Highlights: Minerva, Battle-axe e Bloody Cape

4 – Diamond Eyes

O primeiro disco com Sergio Vega substituindo Chi Cheng foi um respiro esperançoso após a tragédia que envolveu o baixista original e o clima pesado presente nos trabalhos anteriores. Diamond Eyes é otimista e provavelmente a obra com as melodias mais belas no catálogo do Deftones. Sucesso de vendas e críticas, Diamond Eyes chegou ao top 10 da Billboard 200 nos Estados Unidos, provando que o Deftones estava mais vivo do que nunca.

Explorando com maestria seu lado melódico, a banda entrega belas canções e momentos de pura imersão. Diamond Eyes também soa sensual em alguns momentos, assim como reserva doses pontuais de peso e agressividade, tudo isso distribuído de forma harmônica, onde tudo faz sentido e nenhuma faixa fica dispersa na obra. Diamond Eyes é um dos trabalhos mais orgânicos do Deftones e de fácil assimilação, sendo uma bela porta de entrada para o universo amplo da banda.

Highlights: Diamond Eyes, You’ve Seen The Butcher e Beauty School

3 – Ohms

Após o lançamento do controverso Gore, a expectativa em torno do novo disco de inéditas do Deftones era alta. A banda voltou a trabalhar com o produtor Terry Date, responsável por clássicos da banda como White Pony e Around The Fur. O resultado foi um dos melhores álbuns na discografia do Deftones, sendo bem recebido pela crítica e considerado um dos melhores lançamentos de 2020, sendo eleito pela Metal Hammer como o disco do ano.

Ohms consegue navegar por toda a carreira do Deftones e pegar elementos de todas as fases, colocando tudo no contexto atual e deixando o som da banda ainda mais inovador. A personalidade do Deftones é algo marcante no álbum, com suas principais características afloradas, além da criatividade presente nas composições. O disco é maduro e reafirma o Deftones como um dos nomes mais interessantes do metal alternativo em atividade. Tem tudo para se tornar um clássico na carreira da banda.

Highlights: Ceremony, Pompeji e Ohms

2 – Around The Fur

O Deftones não só passou com maestria pelo desafio do segundo álbum como entregou um dos grandes trabalhos da época em Around The Fur. Se distanciando do nu metal praticado em seu disco de estreia, a banda abriu novos horizontes em sua sonoridade, pavimentando o caminho para o que viria a ser feito em trabalhos futuros. O peso nas músicas está diluído e o som está mais sofisticado em Around The Fur.

Abraçando influências de outros gêneros e criando uma identidade musical única, o Deftones já se colocava como uma das bandas mais promissoras da sua geração. Mesmo ainda sendo atrelada ao nu metal, sua sonoridade já olhava para o futuro, algo perceptível na maioria das faixas do álbum. Colocando peso e melodia de uma maneira complexa, porém funcional, o Deftones fez a cabeça dos ouvintes que buscavam algo visceral, diferente e envolvente. O álbum contém hits emblemáticos e obrigatórios em qualquer repertório da banda. Um clássico absoluto na carreira do Deftones.

Highlights: My Own Summer (Shove It), Be Quiet and Drive (Far Away) e Headup

01 – White Pony

Considerando a obra-prima do Deftones, White Pony não carrega esse título à toa. O álbum foi o maior sucesso comercial da banda, ficando em terceiro lugar na Billboard 200 e recebendo ótimas críticas nos principais veículos de comunicação. Chino Moreno começou a contribuir com composições de guitarra no álbum, aumentando ainda mais as possibilidades. O disco marca a entrada definitiva de Frank Delgado para o grupo, cuidando dos teclados e samplers. O trabalho ainda rendeu um   Grammy de melhor performance metal pela faixa Elite.

White Pony é o trabalho mais experimental da banda, flertando com vários gêneros musicais como shoegaze, dream-pop, post-rock, trip hop e metal alternativo. Toda essa mistura resultou em um álbum único e atemporal, esbanjando criatividade e proporcionando uma experiência diferenciada para o ouvinte. É um álbum cheio de camadas e nuances musicais, onde é possível descobrir novos detalhes a cada audição. Além de emplacar hits poderosos, White Pony conta com participações de peso como Maynard Keenan (Tool, A Perfect Circle), Scott Weiland (Stone Temple Pilots) e Rodleen Getsic. O álbum foi um dos grandes lançamentos dos anos 2000 e consolidou o Deftones como um dos grandes nomes do metal alternativo, além de se tornar uma obra extremamente influente.

Highlights: Digital Bath, Knife Prty e Passenger

Total
0
Shares
Related Posts