Grammy Awards: Mulheres que ganharam “Melhor Álbum” ao longo dos anos

Grammy Mulheres - Taylor - capa

No mês de março em que comemoramos o Dia Internacional Das Mulheres, nada mais interessante do que contemplar as artistas que abriram as portas do Grammy Awards para outras mulheres da indústria caminharem com seus próprios pés. Neste compilado, na categoria “Melhor Álbum do Ano”.

O início da premiação e a década de 1960

Em 1959, a primeira mulher a ser indicada na categoria “Melhor Álbum do Ano” foi Ella Fitzgerald, com Ella Fitzgerald Sings The Irving Berlin Songbook. Naquela noite, quem levou o prêmio foi Henry Mancini por The Music from Peter Gunn, conhecido por diversas trilhas sonoras cinematográficas.

Na década de 1960, apenas dois álbuns vencedores da categoria foram de artistas mulheres. Em princípio, Judy Garland com o Judy at Carnegie Hall, em 1962. Esse álbum trouxe para Judy o título de primeira mulher a conseguir o Grammy na categoria de Melhor Álbum, além disso, a sua performance icônica entrou para a história como “a maior noite da história do show business”.
Posteriormente, em 1964, Barbra Streisand ganhou a categoria com seu primeiro álbum, The Barbra Streisand Album. As sessões de gravação foram intensas, durando de 23 a 25 de janeiro, mas mesmo assim apresentando um resultado final impecável. O projeto foi alinhado nos padrões Broadway, mas baseado no que Barbra interpretava em night clubs.

De 1970 a 1980

Após duas mulheres vencerem o Grammy na década anterior, nos anos 70 apenas uma conseguiu sozinha este feito. Tapestry garantiu para Carole King o prêmio de Melhor Álbum no décimo quarto Grammy em 1972. O segundo álbum de King fez 50 anos em fevereiro de 2021, mas segue atemporal, inspirando e sendo redescoberto por gerações de mulheres que se identificam com as letras. O principal ponto é a pessoalidade impressa na letra, até mesmo Barbra Streisand incluiu três músicas desse álbum no Barbra Joan Streisand (“Beautiful”, “Where You Lead” e “You’ve Got A Friend”).

Fleetwood Mac e seu segundo álbum Rumours ganhou em 1978. Por mais que sejam uma banda, a força feminina de Stevie Nicks (voz) e Christine McVie (teclado e voz) em seus relacionamentos com outros membros da banda (Lindsey Buckingham e John McVie, respectivamente) fizeram o álbum ter a grande notoriedade que teve, seja pelos rumores externos, seja pela qualidade musical.

Na década seguinte, apenas a parceria entre John e Yoko trouxe uma mulher ao palco ganhando Melhor Álbum por Double Fantasy, lançado poucos dias antes da morte de John. Inicialmente, a crítica especializada questionava alguns pontos e até hoje intriga os fãs, que conceberam teorias da conspiração. No mesmo ano, apenas Kim Carnes concorria com Mistaken Identity.

Ao longo da década muitas mulheres foram indicadas, como Donna Summer (1980), Barbra Streisand (1981 e 1987), Cindy Lauper (1985), Tina Turner (1985), Whitney Houston (1986 e 1988), Trio (1988, com Dolly Parton, Emmylou Harris e Linda Ronstadt) e Tracy Chapman (1989). Algumas venceram em outras categorias no mesmo ano, mas não levaram o gramofone de Melhor Álbum do Ano para casa.

Início dos anos 90

Os anos 90 foram uma década em que 6 mulheres ganharam o prêmio de Melhor Álbum no Grammy. A primeira foi em 1990, Bonnie Raitt em Nick Of Time, seu primeiro álbum na gravadora Capitol Records, após projetos mal sucedidos na Warner. Mesmo com menos investimento na divulgação, a mescla de blues rock, country e pop conquistou o Grammy de Melhor Álbum do Ano e está na lista de 1001 discos para ouvir antes de morrer. Natalie Cole (filha do Nat King Cole, indicado na mesma categoria em 1961) em 1992 ganhou o prêmio com Unforgettable… With Love, um risco que ela assumiu ao homenagear alguns clássicos de seu pai e mergulhar na sonoridade do jazz e pré-rock.

Whitney Houston finalmente ganhou nessa categoria em 1994, apesar de ter sido indicada em 1986, em que perdeu para Phill Collins e em 1989, perdendo para o U2. Neste caso, venceu com o álbum da trilha sonora do filme “O Guarda-Costas”, que contém o clássico de sua carreira “I Will Always Love You”.

Segunda metade dos anos 90

Alanis Morissette conseguiu a indicação de Melhor Álbum do ano em 1996, apenas em seu terceiro álbum, Jagged Little Pill (que a maioria considera verdadeiramente o primeiro). O álbum captura o melhor do rock alternativo e do pós-grunge, sendo trilha sonora da vida de muitas mulheres nos anos 90. No ano seguinte, Celine Dion ganhou com Falling Into You. No álbum, está disponível o hit “All By Myself” e também uma versão de “(You Make Me Feel) Like A Natural Woman”, clássico de Carole King, do álbum que ganhou nessa categoria em 1972.

Em 1999, para encerrar essa década, Lauryn Hill levou o gramofone pelo “The Miseducation of Lauryn Hill”. A cantora já havia ganhado um Grammy em 1997 na categoria Melhor Álbum de Rap com o trio Fugees (parceria com Wyclef Jean e Pras Michel).
Nesse álbum de estreia da cantora foi importante na história da premiação pois foi a primeira mulher com tantas indicações e também levando tantos prêmios na mesma noite (indicada em 10, ganhou 5). O marco comercial desse álbum também se deu por trazer aos ouvidos a mistura de neo-soul e hip-hop de forma mais palatável, de forma que muitos artistas do pop mergulharam nessa sonoridade ao longo do início dos anos 2000.

Anos 2000

Ao passo que os anos 90 foram um maro positivo para as mulheres nessa categoria, os anos 2000 teve apenas uma vencedora. Ao mesmo tempo que houve essa diferença gritante, ocorreu um feito inédito em relação à mulheres que ganharam o prêmio de Melhor Álbum no Grammy. Em 2003, Norah Jones ganhou a categoria com Come Away With Me, álbum que também garantiu outros prêmios da noite para a cantora. Além disso, o single “Don’t Know Why” também ganhou outros dois prêmios e, por fim, foi considerada a “Best New Artist” também. Em síntese, o álbum lhe rendeu cinco gramofones dourados. Come Away With Me conquistou fãs por seu pop acústico e jazz bem construídos e apresentar melodias simples e elegantes.

Não somente em 2003, mas também em 2008, venceu na mesma categoria de Melhor Álbum do Ano, mas dessa vez como participante do álbum River: The Joni Letters, de Herbie Hancock.

Mulheres Grammy - Norah Jones

Década de 2010

Em contraste com a década anterior, os anos de 2010 à 2019 garantiram muitas indicações para artistas femininas porém, as ganhadoras praticamente se revezaram no feito. Em 2010, Taylor Swift ganhou com Fearless, concorrendo com outras duas artistas femininas: I Am Sasha Fierce, da Beyoncé e The Fame da Lady Gaga. O segundo álbum da cantora traz a mistura energética de country com pop que consagrou Taylor desde o início de sua carreira. Fearless foi indicado em oito categorias e ganhou quatro.

Semelhantemente, Adele em 2012 também ganhou na categoria com seu segundo álbum, 21. As letras geram identificação quase simultânea conforme Adele canta suas frustrações e sentimentos. Além disso, a sonoridade variada misturando elementos da música clássica com pop, R&B e soul conquista ouvintes de diferentes gêneros musicais. Posteriormente, o sucesso do álbum fez com que ela ganhasse as seis categorias em que estava indicada na edição 54º da premiação. Ela concorria com outras duas mulheres nessa categoria do Grammy: Rihanna com Loud e Lady Gaga com Born This Way.

Segunda metade de 2010

Em 2016, Taylor Swift foi a primeira das mulheres que concorreram anteriormente a ganhar duas vezes Melhor Álbum do Ano com seus próprios álbuns no Grammy. O trabalho que garantiu esse feito para a artista foi seu quinto álbum, 1989. As baladas de pop e synthpop mostraram o amadurecimento da cantora em relação ao seu trabalho e sonoridade. Toda a complexidade de sentimentos se transformam em uma deliciosa aventura musical pelos novos caminhos que Taylor abre para si. Até hoje esse movimento ousado de mudança no gênero musical de seu trabalho é bem elogiado e sempre relembrado, principalmente por torná-la também a primeira artista a conquistar os gramofones em diferentes gêneros: country e pop.

O bastão foi passado para Adele no ano seguinte, na 59ª cerimônia do Grammy. Assim como Taylor, Adele também conquistou duas vezes o Melhor Álbum do Ano, tornando-se a segunda artista feminina a conseguir esse feito. O álbum 25 é o sucessor de 21 e a melancolia seguiu presente nesse projeto também, mas dessa vez alternando em faixas sonoramente mais alegres, mesmo com as letras densas e reflexivas. Adele levou os cinco prêmios ao qual foi indicada, Beyoncé era a única artista feminina que concorria junto com ela em Melhor Álbum do Ano.

Em 2019, Kacey Musgraves concorria com Cardi B, H.E.R., Brandi Carlile e Janelle Monáe, mas ganhou com Golden Hour. Nesse álbum, a cantora mescla o folk, country alternativo e country pop, com uma mistura de velocidades interessante entre uma canção e outra. As letras possuem o toque sentimental com extrema delicadeza, ao mesmo tempo que desperta uma catarse de emoções, ajuda o ouvinte a se libertar de suas angústias e receios.

2020 – A década em construção

Billie Eilish inicia a década trazendo esperança para as mulheres na indústria musical, principalmente no Grammy. Ao ser indicada em 6 categorias, saiu com cinco em seus braços. O feito quase iguala a cantora com Norah Jones, mas ela ainda tem a vantagem de ter sido a mais nova que conseguiu indicação nas quatro principais categorias conhecidas como Big Four: Gravação do Ano, Álbum do Ano, Canção do Ano e Artista Revelação. O álbum When We All Fall Asleep, Where Do We Go? chamou a atenção de pessoas com diferentes idades. O darkpop apresentado ao longo do álbum todo traz as agonias que temos ao crescer, mas que muitas vezes nos acompanham ao longo da vida. A batida eletrônica nos convida a dançar, mesmo com as letras mais improváveis.

A 63ª edição do Grammy acontecerá dia 14 de março e nessa categoria temos Chilombo, terceiro álbum da Jhené Aiko, mais voltado aos gêneros R&B e soul. Em seu terceiro álbum, temos HAIM com Women in Music Pt. III, mesclando o soft rock com o indie pop, mistura que já conhecemos das três irmãs. Future Nostalgia é o segundo álbum de Dua Lipa e mostrou ainda mais o potencial da cantora, principalmente na indústria pop pela união entre disco pop e dance pop inspirado nos anos 80, que virou sinônimo de tendência nos álbuns pop lançados em 2020.

Por último, mas não menos importante, Taylor Swift com Folklore, álbum que demonstrou a sensibilidade da cantora ao lançar o tipo de música que as pessoas precisavam escutar, de acordo com o misto de sentimentos que a pandemia global nos fez sentir. A sonoridade principal é o indie folk, mas o destaque vai para as letras extremamente sensíveis e o tom melancólico em que Taylor decidiu guiar folklore.

Será que nesse ano teremos mais uma mulher ganhando o Grammy de Melhor Álbum do Ano? Siga o Twitter do ROCKNBOLD para conferir o melhor da premiação com a gente!

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