Rae Radick: a nova aposta do country estadunidense

Influenciada por grandes nomes, jovem compositora embarca em jornada corajosa de autodescobrimento e referência do empoderamento feminino; em entrevista exclusiva, artista falou sobre seus novos projetos, representatividade e carreira independente na música

Descrita por ela mesma como “filha do amor de Shania Twain e Miranda Lambert com uma pitada da cidade de Nova York”, a jovem Rae Radick é uma multifacetada artista da Pensilvânia, residente atual na “Grande Maçã”. Compositora desde a adolescência, Rae tem como influência o som transcendental de nomes como Fleetwood Mac, Keith Urban, Kelly Clarkson e a canadense Shania Twain, abordando em suas letras diversas narrativas sobre relacionamento, crescimento, nostalgia e lutas à favor da liberdade de expressão e do equilíbrio feminino, em uma sonoridade que transita entre o equilíbrio do pop-rock e do country norte-americano.

Ela já participou de programas no Front Range Radio e no Q Star Radio, além de aparecer em vários artigos de blog como “Artista da Semana”. Ela se apresentou no College Mansion no Hilton Hotel em Atlantic City, Fox and Friends, Shea Stadium, Intrepid Museum, Queen Mary em San Diego, Brooklyn Bowl, The Bitter End, Rockwood Music Hall, Red Lion e Pete’s Candy, criando além de suas composições originais, temas diversos para longas-metragens.

Abaixo você pode conferir na íntegra o bate-papo que tivemos, mais o review do debut Rae Radick (2021).
Rae Radick - FUN MUSIC PRESENTS: Live with Jessie's Girl

ROCKNBOLD: Olá, Rae! Primeiramente, obrigado por aceitar nosso convite e nos conceder esta entrevista exclusiva, estamos muito felizes em conversar com você. Você poderia começar nos dizendo um pouco mais sobre sua história e como você se envolveu no mundo das artes e da indústria musical?

Rae Radick: Obrigada por me receber! Eu gostaria de ter um momento crucial que me colocou neste caminho de carreira, mas não tenho. A verdade é que tenho tocado desde que posso me lembrar e sou atraída pela música desde que comecei a andar. Eu sempre digo que a performance me escolheu.

Meus pais perceberam minha paixão pela música desde cedo e, quando fiz três anos, eles me matricularam em aulas de dança. Persegui a dança até a faculdade e desenvolvi outras habilidades ao longo do caminho. Quando eu estava na sexta série, ganhei o papel principal em uma peça teatral da escola, The Music Man, então meus pais me matricularam em aulas de canto. Aos quatorze, comecei a estudar violão e piano. Sempre escrevi canções pela casa, e na época em que era adolescente todas as aulas de música finalmente se reuniram e colaboraram para criar uma artista.
Consegui traduzir para o papel qual música estava em minha cabeça, o que me lançou em um novo território da perspectiva de compositora. Aos dezesseis anos lancei meu primeiro EP, Lovesick Teenager (2008). Naquela idade, eu não sabia ou não entendia como comercializar um EP, então ele ficou nas prateleiras das lojas dos meus pais, até que eu fui para a faculdade.

Eu me formei na DeSales University com bacharelado em Teatro Musical, enquanto me especializava em marketing. Lá, eu me apaixonei por um novo tipo de área: a atuação. Após a formatura, acabei me mudando para Nova York para buscar ser uma artista completa de todas as maneiras que pude, me tornando uma ameaça quíntupla: cantora, compositora, dançarina, atriz, e diretora.

ROCKNBOLD: Quando você começou a escrever suas próprias composições? O que te levou a fazer isso? Como foi o caminho para descobrir sua própria voz e sonoridade? Você se lembra de algum show e performance importante?

Rae Radick: Quando criança, eu sempre cantava e dançava pela casa e inventava canções sobre tudo o que via. Num Natal cantei uma música sobre um casaco vermelho que vi no cabide… Foi horrível, haha. Músicas e temas sempre encontraram seu caminho naturalmente na minha cabeça, então tento honrar esse presente e apenas anotá-los ou gravá-los quando eles aparecem.

O caminho para descobrir meu próprio som, eu diria, está sempre se desenvolvendo. Eu acredito que ninguém pode ser colocado em uma caixa e é por isso que todas as minhas músicas soam diferentes. Então, quando eu descrevo meu som como country-pop-rock, é porque sou feita de diferentes influências e sentimentos que estão em constante progresso. Eu acredito que as pessoas hoje gostam de crossovers porque traz diferentes níveis e sons para uma música.

Não consigo me lembrar de nenhuma atuação específica que contribua para o desenvolvimento do meu próprio “som”, mas gostaria de creditar a atuação. Para ser um verdadeiro ator, você precisa se conhecer tão bem ao ponto que possa incorporar outro personagem. É nas aulas de atuação que encontrei meu verdadeiro eu: defeitos, sensibilidades, paixões e perspectivas.

ROCKNBOLD: Ouvindo suas músicas, os sons do country, americana e rock parecem ter uma influência muito profunda no seu trabalho. Você poderia citar algumas de suas maiores referências musicais? Além disso, também gostaríamos de saber quais são seus “guilty pleasures”!!!

Rae Radick: Eu poderia falar sem parar sobre os artistas que idolatro, mas vou ser breve. Eu tenho uma alma velha e gosto de artistas mais antigos, principalmente dos anos 70 e 80. Algumas das minhas influências musicais são Fleetwood Mac, James Taylor, Hall & Oates, David Bowie, Shania Twain, Miranda Lambert, Kacey Musgraves, The Doobie Brothers, Huey Lewis and the News, Harry Chapin e Dolly Parton, para citar alguns.
Hmm, alguns guilty pleasures podem incluir os Jonas Brothers e Justin Bieber. Quando eu preciso aliviar a tensão após um dia estressante, o trabalho da Enya é outra opção!

ROCKNBOLD: Seu álbum de estreia, autointitulado Rae Radick (2021), apresenta dois singles lançados anteriormente em 2020. Como foi o processo criativo por trás do álbum? Já que o mundo inteiro está enfrentando uma crise de saúde por causa do COVID-19, como esse período de quarentena afetou as apresentações públicas, as gravações de som e de vídeo?

Rae Radick: Quando gravei meu álbum em 2020, estava um pouco enferrujada, pois meu primeiro EP saiu em 2008, quando era adolescente. Trabalhei com uma equipe de produção incrível, a Ghidrah Music Productions sediada no Brooklyn, Nova York.

Sou muito particular com quem trabalho porque cada música, cada frase, cada palavra é um pedaço do meu coração. Portanto, estar perto de pessoas boas que são talentosas e ouvir o que eu quero foi uma bênção. Nesse processo de gravação, tivemos que fazer um hiato durante o inverno porque o surto de COVID-19 era muito novo e ninguém sabia como lidar com ele. Assim que chegou a primavera, concordamos em usar máscaras no estúdio de gravação (exceto na cabine de gravação) e foi assim que terminamos tudo. Tive que reescrever a estratégia e lançar músicas, single a single, porque não houve apresentações ao vivo durante 2020 e início de 2021. Agora posso apresentar meu EP ao vivo, o que tem sido maravilhoso, mas as apresentações ainda não são tão lucrativas quanto antes.

ROCKNBOLD: Seu álbum tem ótimas músicas. Quatro delas foram divulgadas como videoclipes oficiais em alta qualidade no seu canal do YouTube: “Sorry’s Not Good Enough”, “In A Memory” e as excelentes destinadas a serem sucessos “Circle Game” e “Keep’ em Guessing”.
Desde o conceito até estar na frente da câmera, é fácil para você trabalhar os aspectos visuais dos seus atos musicais?

Rae Radick: Por causa da minha experiência em atuação, foi fácil para mim passar de “musicista” à “atriz” e/ou “diretora”. Estou familiarizada com aspectos visuais, ângulos, ideias de tomadas, então foi fácil criar listas de tomadas e estar na sala de edição. Os dois primeiros videoclipes, “Keep’ Em Guessing” e “In A Memory”, foram dirigidos e produzidos por meu querido amigo Jaz Zepatos. Tenho orgulho de dizer que “Circle Game” foi minha estreia na direção e tenho dirigido todos os meus videoclipes desde então!

ROCKNBOLD: Todas as oito faixas incluídas no álbum trazem letras que expressam e representam um equilíbrio entre o empoderamento e as lutas de ser mulher em um mundo muito superficial e implacável. Na sua opinião, qual é a parte mais difícil de ser uma personalidade ativa, que pode se posicionar e representar um grande grupo de pessoas? Como isso afeta seu trabalho, sua carreira e você como pessoa?

Rae Radick: A luta de ser mulher em um mundo superficial e implacável é algo que provavelmente lutarei pelo resto da minha vida. Com cada música eu escrevo o que estou sentindo e a verdade crua. Viver essa verdade aos olhos do público é definitivamente assustador nesta “cultura de cancelamento”. Com cada tweet, comentário ou curtida, ele pode ser usado contra ou a seu favor. Portanto, tento ser muito específica com o que digo, defendo e represento, porque quero permanecer autêntica! Como pessoa, isso me força a lembrar o que é importante para mim, como quero mudar o mundo e o que posso controlar para influenciar as pessoas para melhor!

ROCKNBOLD: Os serviços de streaming já são a maior tendência e principal forma de consumir arte, representando uma grande participação no mercado. A Internet permite que pessoas em todo o mundo consumam o que quiserem sob demanda e também permite que os artistas compartilhem seus trabalhos de uma forma muito acessível (e mais barata). O que você acha dessas perspectivas e da forma como as pessoas ouvem música hoje em dia?

Rae Radick: Na verdade, adoro o fato de a Internet ter várias maneiras de as pessoas acessarem e ouvirem música! Com todos os aplicativos como Spotify, Apple Music, Pandora, Amazon Music, há infinitas maneiras de as pessoas sintonizarem e encontrarem sua música perfeita a qualquer momento; bem como descobrir novos artistas. No entanto, é terrível para os compositores terem lucro. Eu acredito que um artista médio ganha US$0,00331 por stream no Spotify, o que é horrível! Mas é uma questão de perspectiva na minha opinião… Prefiro que alguém ouça minhas músicas e seja inspirado por uma organização sem fins lucrativos, do que alguém que não ouça minhas músicas porque quero ser paga.

ROCKNBOLD: Gostaríamos também de saber o que você acha das mídias tradicionais, como cópias físicas de vinil, fitas cassete, CDs e DVDs, que representam um sentimento nostálgico entre uma geração mais velha de ouvintes que gostam desses produtos, atualmente se tornando uma espécie de hábito colecionável caro e “cult”.

Rae Radick: Como uma millennial, eu definitivamente amo um bom DVD, CD e vinil. Quando eu estava criando produtos, as pessoas me disseram: “Ninguém compra mais CDs… Não se preocupe!”. No entanto, já vendi muitos CDs e amo relatar isso! Eu acho que há mais pessoas por aí que estão dispostas a comprar CDs e vinis do que nós pensamos, e eu adoro isso!

ROCKNBOLD: Qual é o seu maior sonho como artista, compositor e intérprete?

Rae Radick: Como artista, quero ser uma estrela global, semelhante a Lady Gaga, Beyoncé ou Shania Twain. Eu quero ser uma representação do empoderamento feminino, autenticidade e quebrar barreiras entre a música country e tudo o que ela representa. Muitas pessoas vão me julgar quando digo que sou um artista country porque retrata um certo tipo de pessoa: religião, afiliação política, preferência racial, postura armada… E eu quero ser uma representação de que alguém pode ser um artista country sem essas crenças tradicionais.

Como compositora, quero ser lembrada como alguém crua, autêntica. Quando você ouve qualquer coisa da Stevie Nicks ou Kacey Musgraves, elas são assumidamente reais, sem remorsos. Elas escrevem de uma forma tão específica, mas em uma escala global. Elas têm um jeito de acertar você bem no coração ou no estômago. Eu quero estar na categoria delas.

Como artista, quero ser reconhecida por ser multitalentosa e um exemplo de que o trabalho árduo compensa. Quando você está no palco, você é a versão mais elevada de si mesmo. Quero usar essa plataforma para incentivar as pessoas a encontrarem isso dentro de si.

ROCKNBOLD: Eu verifiquei seu perfil de artista no Spotify e percebi que dois em cada cinco dos seus maiores públicos são do Brasil. Existe alguma possibilidade de fazer uma turnê latino-americana em breve? O que devemos esperar para o futuro?

Rae Radick: O Brasil tem sido incrível em seu apoio e seguidores! Após as restrições do COVID-19, eu definitivamente toparia uma turnê latina. Eu teria que fazer minha pesquisa sobre onde posso me apresentar, mas parece muito divertido!

Para meus planos futuros, realmente depende da sociedade e das variantes do COVID-19. Os shows ao vivo estavam indo muito bem no verão, e agora eles estão fechados ou têm uma limitação de número restrita. Eu definitivamente lançarei mais músicas, porque isso é algo que pode ser feito a qualquer momento. Eu realmente gostaria de fazer uma turnê e apresentar meu álbum o mais rápido possível, então estarei lutando por isso em 2022. Enquanto isso, também vou me concentrar em construir uma base maior de seguidores através das redes sociais.

ROCKNBOLD: Rae, obrigado mais uma vez pelo seu tempo e por fazer esta entrevista exclusiva para nós, foi um prazer falar com você. Sinta-se à vontade para dizer o que quiser; este espaço é seu!

Rae Radick: Adorei a profundidade das perguntas!

Eu gostaria de falar com os leitores e fãs por um momento:

Este mundo pode ser opressor. Dizendo a você o que fazer, como viver, o que é socialmente aceitável, o que acreditar, vestir, etc. Seja você. Aproveite o tempo para descobrir quem VOCÊ é, o que te faz feliz e não sucumba às regras da sociedade se isso te deixa desconfortável. Lembre-se de que os filtros não são reais e o número de seguidores não é igual ao seu valor. Encontre sua tribo de pessoas que o elevam e expandem sua mente. Não se preocupe com os sucessos e fracassos das outras pessoas. Destaque suas diferenças porque você é único e especial. Xoxo

Rae Radick, ao vivo.
Rae Radick, o álbum

O álbum de Rae, lançado neste ano, possui 8 faixas profundas. Ótimas composições, com mixagem e masterização refinadas, abordando uma sonoridade polida e emblemática. O gênero country predomina, enquanto flerta com o pop-rock e o blues, ditando o ritmo de faixas como “The Soldier And The Bombshell”, “Circle Game” e “In A Memory” (com uma guitarra a la John Mayer), enquanto “Sorry’s Not Good Enough” e “Supreme Sixteen” têm uma atmosfera meio Taylor Swift porém mais madura, com um solo bem rock ‘n’ roll.

As baladas “Who You’re Meant To Be” e “Miss The Most” recordam sonoridades da primeira década de 2000 (lembrando um pouco até “Beautiful”, hit da Christina Aguilera lançado em 2002), com uma leve guitarra com drive ao fundo, enquanto o piano toma à frente das faixas. “Keep’ em Guessing” atesta a influência de Shania Twain, remetendo também a Sheryl Crow, e se mostra como uma das composições mais memoráveis do trabalho, com refrões e melodias pegajosos.

O destaque mais emblemático, por sua vez, se dá pela profundidade das letras que variam entre relacionamentos abusivos, corações partidos, depressão, vida por trás das redes sociais e dos padrões impostos pela sociedade, entre outros temas importantes e ácidos. Rae se sente confortável em ser referência para mulheres ao redor do planeta, enquanto entrega uma arte honesta e bem feita! Uma artista para mantermos em nosso radar e acompanharmos ansiosamente cada lançamento! Fique ligado nos links e siga a artista nas redes sociais:

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Você pode ouvir o álbum Rae Radick pelo Spotify, clicando no player abaixo:

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