The Linda Lindas: idade não é documento

banda the linda lindas

A integrante mais velha da banda de punk rock The Linda Lindas não tem nem 17 anos, mas o grupo já tem na conta participações em filmes da Netflix e a abertura de shows de grupos como Bikini Kill e The Dils. Em entrevista exclusiva para o ROCKNBOLD, a banda que viralizou nas redes sociais neste mês de maio conta desde o que fazem no tempo livre até o que ainda querem atingir.

No último mês, as quatro integrantes da banda “metade latina, metade asiática” foram surpreendidas com a reação do público à sua apresentação em uma biblioteca de Los Angeles. A apresentação fazia parte de um evento para o Mês do Patrimônio Asiático-americano e das Ilhas do Pacífico e a música em questão, “Racist, Sexist Boy”, foi escrita por Mila e Eloisa ainda no início da pandemia.

Mila, a baterista de apenas 10 anos e descendente de chineses, explica a inspiração para a música. “Um menino da minha sala me disse que o pai dele falou para que ficasse longe de pessoas chinesas. Depois de eu lhe contar que eu sou chinesa, ele se distanciou de mim”. Não demorou muito para que um vídeo da Biblioteca Pública de Los Angeles viralizasse e tivesse mais de quatro milhões de espectadores.

A banda, composta pelas irmãs Mila e Lucia, a prima Eloise e a amiga de infância Bela, não é estranha ao sucesso. Formado no verão norte-americano de 2018, o grupo logo chamou a atenção de nomes renomados do punk estadunidense. Em fevereiro de 2019, as garotas tiveram um pequeno hit com o cover de “Rebel Girl” do Bikini Kill e, em abril, tiveram a oportunidade de abrir o show do grupo formado em 1990, e uma de suas maiores influências.

Pouco antes disso, Mila, Lucia, Eloise e Bela cantaram com The Dils em seu primeiro show em quarenta anos, no Save Music, em Chinatown. “Eu nunca pensei que eu teria a chance de vê-los”, Eloise recorda. O grupo não só conseguiu vê-los ao vivo, como abriram o show e cantaram um dos sucessos da banda dos anos 70, “Class War”, com os membros.

THE CLAUDIA KISHI CLUB E MOXIE

Desde então, as portas se abriram para as garotas. Pouco depois dos shows de sucesso em Los Angeles, a banda recebeu o convite para gravar uma música original para The Claudia Kishi Club. O documentário da Netflix conta a importância da personagem nipo-americana de The Baby-Sitters Club e foi a primeira oportunidade do grupo para a gravação de uma música original. 

A parceria da banda com a Netflix continuou este ano, com a sua participação no filme Moxie. O filme, dirigido por Amy Poehler e baseado em um livro de 2015, segue a história da estudante Vivian enquanto ela revisita o feminismo dos anos 1990, e parecia o espaço perfeito para as garotas do punk rock. A própria Amy Poehler escolheu o grupo a dedo depois de assistir a banda abrir o show do Bikini Kill em 2019. “No início, a Netflix achou que talvez nós fossemos muito jovens, mas Kathleen Hanna [vocalista do Bikini Kill] insistiu que participássemos e disse que éramos a única banda que poderia fazer isso”, contam.

“MUITO JOVENS”

O pensamento de que talvez sejam “muito jovens”, não é novidade para as garotas que tinham entre os 8 e os 14 anos quando começaram a tocar juntas. No entanto, Bela, a mais velha do grupo, observa os comentários com otimismo, “eles esperam menos de nós porque somos crianças e aí são surpreendidos”. 

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Talvez seja esse mesmo “obstáculo” o maior diferencial da banda na criação de suas músicas. As faixas compostas pelas integrantes da banda, e disponíveis em seu primeiro EP de mesmo nome, demonstram o talento das jovens nos instrumentos e também na composição. “Missing You”, Eloise conta, começou como um projeto de reflexão sobre a pandemia para a escola e “Monica”, uma das mais tocadas no Spotify do grupo, é sobre a gata “muito doida” de Bela. “Eu pensei, ‘por que não escrever sobre isso? Ela é maluca!’” Bela resume.

Mila conta que todas as integrantes têm o costume de escrever músicas sozinhas. “Às vezes só temos uma letra, uma ideia ou uma progressão harmônica, e aí trazemos para a banda e partimos daí”, explica. 

O pai de Mila e Lucia, Carlos de la Garza, é ainda quem grava e produz todas as músicas da banda. Produtor musical, de la Garza tem um histórico de sucesso. Em 2015, recebeu o Grammy de “Melhor Música de Rock do Ano” por “Ain’t It Fun”, do Paramore – uma das grandes influências do The Linda Lindas.

“NEVER SAY NEVER”

Tocando com algumas de suas maiores inspirações, como o Bikini Kill e Alice Bag, e tendo o mesmo produtor de uma das mais reconhecidas bandas de rock dos anos 2000, o grupo ainda tem muito o que desejam conquistar. Perguntadas sobre com quem gostariam de colaborar, as integrantes entregam uma lista extensa e que varia de bandas como The Go-Go’s, a artistas como o designer Virgil Abloh e a mangaka japonesa Rumiko Takahashi, e marcas como LaCroix.

É grande a ambição do grupo, mas nada impossível para quem em tão pouco tempo chamou a atenção de tantos. No final de maio, com a viralização de “Racist, Sexist Boy”, o grupo assinou com a gravadora legendária de punk Epitaph Records. Enquanto escrevem mais músicas que esperam lançar ainda este ano, as jovens ainda encontram tempo para serem, bem, jovens. “Gosto de escrever musicais por diversão, às vezes com a Lucia”, Eloise conta, enquanto Bela fala sobre o gosto por desenhar roupas e fazer curta-metragens e Lucia fala sobre como ama dançar. “E todas gostamos de comer snacks”, Mila brinca. 

Sobre os fãs, as garotas contam que têm encontrado muito apoio na América Latina. “Temos muitos fãs jovens, que são latinos ou asiáticos e que dizem que são inspirados por nós”. Quanto aos planos para um futuro pós-pandemia, Bela diz: “a Cidade do México é a cidade que nos dá mais streams no Spotify e definitivamente queremos tocar lá um dia!”.

Até lá, é certo que as músicas do The Linda Lindas continuarão na nossa playlist.

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