CLEOPATRICK não dá a mínima para o que você acha que o rock deve ser

Porque estão prestes a mudar isso
Photo: soundbitesmedia.co
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Muito se fala sobre o rock estar morto, mas pouco se fala sobre novas bandas dispostas a manter sua chama acessa. E olha que bandas candidatas a levar este legado a diante é o que não falta no cenário. Nos últimos anos, vimos ascensão de bandas como Royal Blood, Greta Van Fleet, The Fever 333, The Strunts, Nothing But Thieves e Highly Suspect. Cada uma delas trazendo uma diferente proposta, formato, perspectiva e definição do que é “fazer rock”. Diferente delas, o cleopatrick não dá a mínima para o que você pensa que o rock deve ser, ou como uma banda de rock deve parecer.

A primeira vista, você deve imaginar que estes dois moleques de Cobourg, uma pequena cidade do Canadá, devem ser um duo indie. Entretanto, por trás destes rostos joviais e — quase — inocentes se esconde uma voz poderosa, sons originais e muita, mas muita ambição e vontade de mostrar para o que veio. Luke Gruntz (vocal e guitarra) e Ian Fraser (bateria) se conhecem desde o jardim de infância. Cresceram ouvindo bandas como AC/DC, Black Sabbath e começaram a fazer música aos oito anos de idade. O cleopatrick — sim, com “c” minúsculo — surgiu no fim do ensino médio e em pouco tempo chamou a atenção com seu som tão honesto, legítimo e, ao mesmo tempo, tão tradicional. As ambições da banda que conquistou mais de 56 mil fãs com apenas dois EPs no Spotify vão muito além da simples fama e glória, grandes festivais e turnês ao redor do mundo. O duo quer mudar o você conhece sobre o rock n roll. Só isso.

Luke e Ian nunca esconderam suas principais influências, que inclui os já citados Highly Suspect, Catfish and the Bottlemen e Arctic Monkeys, mas nem por isso seu som deixa de soar original. Ao ouvir pela primeira vez, o vocal de Luke lembram bastante o de Caleb Followill, do Kings of Leon: poderoso, rouco e energético. Os riffs de guitarra tem um “quê” de Queens of The Stone Age, mas apesar da mistura de tantos elementos e influências, o duo entrega um produto único, e o som continua incomparável.

ROCKNBOLD, orgulhosamente, teve a oportunidade de bater um papo com Luke Gruntz sobre o que pode vir a ser o futuro do cleopatrick. Futuro este que não é tão difícil de prever, tendo em vista que para o potencial da banda, conquistar o mundo ainda parece pouco.

“Foda-se o que você você acha que o rock é, porque estamos prestes a mudar isso”

CLEOPATRICK

Então… Vocês, Luke e Ian, começaram o cleopatrick alguns anos atrás, em 2016, com o EP ‘14’. Naquele tempo vocês imaginaram o que o cleopatrick se tornaria? A banda, ou o futuro, se tornou o que vocês imaginavam?

Luke: Nós não imaginávamos nada louco demais. Sonhamos com pessoas vindo para nossos shows, cantando nossas músicas, mas, honestamente, nunca até este ponto. Isso se tornou muito mais do que imaginamos.

Vocês tem sido bastante elogiados para um jovem duo fazendo um rock original. Vocês também tem mais de 600 mil ouvintes mensais no Spotify, então podemos dizer que estão chamando cada vez mais atenção. Como é esta sensação? Vocês acreditam que estão carregando o futuro do rock?

Luke: Nós estamos tão honrados por ter tantas pessoas nos ouvindo e nos apoiando no que estamos tentando fazer. Estamos trabalhando muito duro para injetar honestidade e consideração no rock.

Ainda sobre chamar cada vez mais atenção, quais são suas ambições para o futuro? Quero dizer, o que o mundo pode esperar do cleopatrick daqui pra frente e como vocês desejam que o mundo os veja?

Luke: Nós iremos lançar nosso álbum de estreia em breve. Estamos quase terminando de escreve-lo. Nós queremos mostrar para as pessoas que o som de guitarras pode ser pesado e divertido, além de significativo e jovem.

Vocês tem esse slogan “foda-se o rock” e “foda-se o que você acha que o rock é”. O que o rock é para vocês? E o que vocês querem torná-lo?

Luke: Rock é qualquer pessoa sendo honesta sobre algo. É o que costumava ser pelo menos — e está muito longe disso, na minha opinião. “Foda-se o rock” é uma piada, na verdade. Eu quero que as pessoas ouçam nossa música, entrem em nosso Instagram, leiam esse slogan e pensem “Wow, sobre o que eles estão falando?”. Eu quero que as pessoas questionem o que o rock é de verdade… Porque há muita besteira por aí que distorceu esta palavra.

Vocês também tem uma relação muito próxima com seus amigos, Sanjay e Jake, e isto é abordado em seu single mais recente, ‘Sanjake’. Como é seu processo criativo para escrever uma música? E como foi para ‘Sanjake’?

Luke: Escrevemos ela como uma canção de amor para Sanjay e Jake. Eles tem sido nossos maiores apoiadores e melhores amigos desde MUITO antes do EP ‘the boys’ e queríamos que a música memorizasse isto. Escrevemos esta música antes de show que tocamos em casa, e os surpreendemos com ela. Este foi um momento louco. Decidimos lançá-la muitos meses depois. Depois de tocá-la na estrada por alguns meses.

Qual a parte mais difícil de ser uma banda de rock independente em 2019?

Luke: Decidir onde comer antes dos shows.

Sobre seu processo criativo, inspirações e músicas. O que vocês acreditam que mudou entre o EP ‘14’ e o EP ‘the boys’? E o que vocês sente que mudará no próximo álbum?

Luke: Nosso processo é realmente esporádico. Com os dois EPs nós escrevemos as músicas no palco, na verdade. Ajustando e construindo em cima disso show após show. Com este disco que estamos escrevendo, nós sabemos que as pessoas irão ouvi-lo. E por isso estamos trabalhando muito para criar estas músicas para nossos amigos e ouvintes. Todas essas músicas novas começaram com um violão no meu quarto. Eu as mandei para o Ian, e então nós tocamos no meu porão. Nós as separamos, encontramos momentos especiais para construí-las. Nós só fazemos a merda que gostamos.

Vocês disseram anteriormente que o Highly Suspect é uma de suas maiores inspirações. Quais outras bandas vocês apreciam como inspiração?

Luke: Ready The Prince. Dubé. The districts. Show me the body. Drake. Julia Jacklin. Alex Turner.

Foda-se uma banda de cinco pessoas, você claramente só precisa de duas ou três para fazer o trabalho

Ainda falando sobre influências e inspirações, vocês cresceram ouvindo AC/DC e outras bandas de heavy metal. Como vocês descreveriam o som do cleopatrick? Que tipo de rock é o cleopatrick? Metal? Grunge? Alternativo?

Luke: Esta é uma pergunta selvagem. Eu nunca pensei nisso, para ser sincero. Eu acho que somos uma banda de “novo rock”. Algo que ainda não está totalmente definido ainda. Há um punhado de bandas na cena atual que estão surgindo juntas, e todas nós temos esta coisa que nenhuma das bandas antigas tem. É tipo new school. Eu não sei como chamar isto. Outra pessoa pode definir o conceito, eu apenas vou trabalhar nas músicas.

Qual a parte mais difícil de ser um duo? Quero dizer, vocês estão fazendo um som bastante completo mesmo sendo dois caras, mas isso os impede de fazer mais do que vocês querem fazer um dia?

Luke: Não é difícil para nós. Isso na verdade dirige nossa criatividade. Nos limitar é o que nos dá nosso auge. Mas não seremos um duo para sempre. Eu convidei o Tom Holland para tocar baixo para nós, só estou esperando a resposta dele.

Ainda falando sobre duos, há muitos deles surgindo recentemente no cenário. Vocês acreditam que essa tendência está mudando o que uma banda de rock se parece e o que uma banda de rock deve ser?

Luke: Sim, há várias, com certeza. Eu acho que as pessoas estão se divertindo desafiando um pouco as “regras”. Foda-se uma banda de cinco pessoas, você claramente só precisa de duas ou três para fazer o trabalho.

Sobre a fama, vocês estão prontos para a possibilidade de fazer turnês pelo mundo a fora, ter milhares de fãs e toda esta coisa de rockstar? Quais são seus pensamentos sobre isso?

Luke: Amamos sair em turnê, e amamos encontrar todas as pessoas as quais nossa música ressoa. Nós definitivamente não somos rockstars e nunca seremos. Nós apenas queremos tocar em clubes medianos pelo resto de nossas vidas. Mas eu acho que se esta merda estourar para nós, eu gostaria de passar um pouco mais de tempo em limousines do que em nossa van de família.

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