O cenário do rock underground é muito vasto, principalmente nas grandes cidades pelo mundo, com destaque para as localizadas nos Estados Unidos. Dentre tantas bandas e artistas qualificados e, infelizmente, sem tanto “nome” como mereciam, existe um grupo que vem crescendo bastante no cenário e se destaca por ser composta por quatro brasileiros, mesmo que não produzindo músicas em português.
Bom, estamos falando da Urban Escape, banda formada em 2017, em Los Angeles, formada, repetindo, por quatro brasileiros: Eric Urban (vocalista e guitarrista), Rafael Picoli (guitarrista), Julio Mendoza (baixista) e Lucas Bidran (baterista), que “abraçam” o rock de uma maneira livre e versátil no modo alternativo, misturando grunge, indie-rock e pop também. Eles lançaram apenas um disco, o de estreia, intitulado “Open Sea”, em 2019, além de mais um singles este ano, chamado “Mary Lee”, que vem chamando muita atenção de não só pessoas da região de Los Angeles, mas também dos brasileiros.
Pensando nisso, o ROCKNBOLD, por intermédio de Gêra Lobo, preparou um bate-papo legal e descontraído com todos os integrantes da banda como forma de apresentá-los ainda melhor para o público que curte esse estilo de som, até porque falamos de uma banda formada apenas por brasileiros.
ROCKNBOLD – Como vocês, brasileiros, se juntaram para formar a banda e onde aconteceu? Todos moravam em Los Angeles? Se sim, desde quando moram nos Estados Unidos?
Eric – A gente já se conhecia há um tempo aqui em Los Angeles quando todos estudavam na Musicians Institute. Eu tinha umas ideias de músicas originais e decidi participar de uma competição de bandas da faculdade. Chamei os caras pra fazer parte do projeto pela afinidade musical e principalmente por causa da amizade. Acabamos ganhando a competição com direito a oito horas de gravação no estúdio da faculdade e dali saíram as primeiras gravações da banda.
ROCKNBOLD – Quais bandas são as inspirações de vocês?
Eric – Esse primeiro CD tem influência de Nirvana, Queens of the Stone Age, The Killers, Deftones, Kings of Leon – essas são algumas das bandas que inspiram o som da Urban. Mas cada um tenta incorporar seu gosto pessoal quando quando estamos juntos no estúdio.
ROCKNBOLD – Como foi o processo de produção do álbum de estreia de vocês, o “Open Sea”? E, caso possível, qual(is) suas faixas favoritas do disco?
Rafael – Normalmente o Eric chegava com as ideias inicias das músicas e eu produzia as demos junto com ele no computador. Depois disso, apresentávamos as ideias pro Júlio e Lucas para ter o toque de cada um no arranjo das músicas. Quanto as músicas favoritas, cada integrante tem a sua – Eric: #54, Rafael: Angel, Júlio: You vs Me, Lucas: Alone.
ROCKNBOLD – “Angel” é o grande sucesso de vocês, correto? Como vocês se sentiram com a avaliação tão positiva da música, principalmente para o público brasileiro?
Julio – Angel é um caso interessante porque foi a última música que ficou pronta, e a que foi feita mais rápida de todas. Mas mesmo assim a gente sempre soube que ia ser uma das principais músicas do disco e é muito legal ver a reação da galera, muitos comentários no Youtube, a gente meio que não esperava levando em consideração de que somos uma banda completamente nova. Nós como músicos brasileiros levantamos a nossa bandeira por aqui e é muito bom receber o apoio da galera do Brasil nessa jornada.
ROCKNBOLD – O cenário underground de Los Angeles vem crescendo bastante. Como vocês se sentem sendo parte disso?
Julio – Los Angeles é o berço do mercado da música e do entretenimento, muitos artistas saíram daqui ou passaram por aqui em algum momento de suas carreiras e isso torna o lugar muito especial, tem uma energia muito forte aqui que mexe com a criatividade das pessoas e tudo isso tem um impacto na hora de fazer a sua música. Com certeza é muito louco fazer parte disso.
ROCKNBOLD – Recentemente, vocês lançaram “Mary Lee”. Estão em produção de mais e mais material novo em 2020?
Eric – O lançamento do clipe de Mary Lee está nos planos para 2020. Estamos sempre criando músicas novas e planejando o próximo passo da banda. Temos mais projetos para serem feitos e lançados em 2020 depois que esse momento de quarentena terminar.
ROCKNBOLD – Quais as ambições de vocês pro futuro? Já estão preparando uma turnê?
Eric – Vamos continuar divulgando o “Open Sea” esse ano. Enquanto isso, focar em gravar as músicas que já estão prontas e continuar a escrever e compor mais para então começarmos a pré-produção do segundo álbum. Quando a situação do COVID-19 melhorar, vamos planejar uma turnê pelos EUA primeiro, e quem sabe uma turnê BR ano que vem…
ROCKNBOLD – Pode parecer cedo, mas vocês pretendem explorar outras vertentes do rock? “Sair da casinha”?
Lucas – Com certeza! Todos nós escutamos muitos estilos de música e isso com certeza acaba aparecendo na tocada de cada um! Sempre achamos uma brecha no arranjo das músicas para colocar algum elemento de outro estilo música como no ultimo refrão da música You vs Me nós brincávamos que era pra ser uma música de aula de ginástica dos anos 80 (risos), com elementos de música eletrônica/disco, como a bateria e o baixo bem característicos da época.
ROCKNBOLD – Como enxergam o rock atualmente? Acomodado, sem muita esperança, ou com muita coisa a entregar ainda?
Julio – O rock pode ter perdido um pouco a sensação de “perigoso” e atrativo porque o roqueiro vive muito de nostalgia, quem preenche essa lacuna muito bem hoje em dia e conversa com a galera mais jovem é o Rap e o Hip Hop, mas isso não diminui de forma alguma o gênero e ainda tem muitas bandas representando muito bem o estilo, inclusive uma lista imensa de bandas novas como o Highly Suspect, Badflower, Nothing But Thieves, Ego Kill Talent, Rival Sons e por ai vai só pra citar alguns exemplos. O mundo vai mudando e cada geração precisa da sua própria trilha sonora.
ROCKNBOLD – Pra finalizar: ao fim dessa quarentena, pretendem arranjar um tempinho pra voltar ao país de origem e fazer alguns shows?
Eric – Queremos muito tocar no Brasil! A gente sempre comenta em marcar uns shows por São Paulo e Rio de Janeiro. Fazer uma tour pelo Brasil é uma meta nossa. Não temos nada marcado ainda mas com certeza está nos nossos planos. Vai ser massa demais tocar pra um público brasileiro coisa que a gente nunca fez. É um sonho nosso como banda!
Como dito no início, a banda está no momento do seu primeiro disco, “Open Sea“, mas pretende seguir produzindo, ainda mais na situação atual que o mundo vive, de praticamente tudo parado pelo COVID-19. Mas a verdade é que os brasileiros tem um talento muito interessante e prometem seguir trabalhando e crescendo em todos os sentidos
Todos os trabalhos da banda estão nas plataformas de streaming. Além disso, sigam eles no Instagram.
