Quando paramos para pensar sobre grandes bandas dos anos 2000, sem sombra de dúvidas o Rise Against estará na mente de muitos, ainda mais por falarmos de um grupo que foi um dos “pesos pesados” do punk e que, até hoje, ainda consegue se manter relevante e com uma regularidade incrível nos trabalhos que apresenta ao público, não só pela agressividade do som, mas por se posicionar bastante por questões políticas, sociais e até sobre meio ambiente. É uma banda com um poder muito grande nestas causas.
Desde o primeiro trabalho, em 2001, o grupo de formado por Tim McIlrath, Joe Principe, Brandon Barnes e Zach Blair passou por mudanças em vários sentidos, seja nos integrantes ou na evolução do seu som, começando uma banda de hardcore punk e um som cru, mantendo sua essência, mas se adaptando ao que mercado musical demanda(va), principalmente nas rádios, apresentando algo mais melódico em alguns sentidos, o que foi importante para que eles alcançassem um público fiel e se tornassem uma das maiores bandas do mundo no gênero.
Durante essa caminhada, muitas coisas aconteceram. A maturidade foi aumentando, mas o mais importante a se destacar é que desde o início o Rise Against foi um marco na sua forma de praticar a música e manter, repetindo, uma regularidade absoluta em toda sua discografia. Normal ver um disco melhor que outro, mas em todos existe um nível alto de qualidade. Baseado nisso, o ROCKNBOLD decidiu rankear todos os oito discos da carreira deles, com uma análise rápida e músicas para cada um ter na sua playlist. Mas já deixamos a dica: não tem disco ruim.
8. The Unraveling (2001)
Completando 20 anos de sua estreia em 2021, “The Unraveling“, álbum de estreia do Rise Against, nos apresenta uma banda fazendo muito barulho logo de cara, com um som cru, rápido e pesado. Os críticos mesmo elogiaram bastante quando o disco foi lançado, muito pelo fato de que a banda serviu como uma forma de renascimento a cena hardcore-punk, pela agressividade e energia lá em cima.
Por que ele está em último na lista? Ele é um bom álbum, com alta regularidade, mas poderia ter sido melhor organizado nas questões das faixas. Querendo ou não, o Rise Against ainda era uma banda jovem e com muita coisa para aprender, mesmo com alto potencial, então algumas faixas eram quase que continuação da outra, ou seja, tem muitas músicas com minutagem de baixa, com menos de dois minutos, que, juntas, poderiam formar uma só. Mesmo assim, não deixa de ser um disco sólido e muita energia.
Faixas destaque: The Art of Losing, Sometimes Selling Out Is Giving e 1000 Good Intentions
7. The Black Market (2014)
Em “The Black Market“, a banda teve mais uma evolução interessante ao seu anterior. Por mais que permaneça com um som rápido e intenso, é claro que, ao mesmo tempo, existam mais melodias e arranjos “populares”, com refrãos bem cativantes, que deixam uma aura bem legal para quem escuta. Além disso, as letras de McIlrath sobre viver no mundo moderno são uma reflexão importante.
Como dito, é difícil rankear os discos do Rise Against, pois todos tem uma qualidade altíssima. “The Black Market” é um álbum até que único na discografia dos caras por tudo dito anteriormente. Porém, não é possível enxergar uma regularidade tão grande ‘durante as faixas. A questão é que, mesmo assim, ainda temos grandes faixas, como a espetacular “I Don’t Want To Be Here Anymore“, que, na opinião de quem escreve, é uma das melhores músicas de toda a discografia do cara, ou a enérgica “Awake Too Long“, uma clara narrativa até vintage do melhor Rise Against.
Faixas destaque: I Don’t Want To Be Here Anymore, Awake Too Long e The Great Die-Off
6. Wolves (2017)
Último trabalho da banda, “Wolves” é um álbum com muito apelo político-social e foi lançado logo após a caótica eleição norte-americana (2016), vencida por Donald Trump, o que acabou chamando ainda mais atenção pelas fortes palavras nas canções, que deixam na cabeça do ouvinte uma vontade de se levantar e lutar contra o sistema. Mas além disso, é um álbum muito bem trabalhado e que mantém o bom nível deixado no seu antecessor, “The Black Market”.
A verdade é que o oitavo trabalho dos caras é extremamente necessário e muito profundo em relação a qualidade dele. Ele é forte, intenso e te deixa, da primeira até a 11ª faixa, com os pulsos para cima e balançando a cabeça. A grande questão de “Wolves” é sua representatividade, exatamente por ser uma espécie de movimento por uma banda que sempre deixou claro seu posicionamento diante de um mundo cheio de injustiças.
Faixas destaque: Welcome to the Breakdown, Miracle e Parts Per Million
5. Revolutions Per Minute (2003)
Como segundo álbum da banda, era esperado uma evolução no som e impacto ainda maior nas letras… e o Rise Against acertou em cheio. Em “Revolutions Per Minute“, a banda abraçou ainda mais suas raízes punk, só que com mais gritos e agressividade que no disco de estreia. Além disso, as letras se mostraram mais consciente em relação a questões políticas, misturando isso a, repetindo, a maior quantidade emocional colocada nas letras, principalmente quando falamos na agressividade de McIlrath em várias faixas.
‘RPM’, além de tudo isso, foi muito impactante. Muitos críticos, que elogiaram o trabalho, falaram que o gênero do hardcore melódico ainda não estava estabelecido no mercado e este álbum foi responsável para influenciar e trazer autenticidade. E não é para menos, pois falamos de um trabalho muito redondo, que permanecia cru, mas com uma produção melhor. Pode-se dizer que é um “The Unraveling” consertando pontualmente algumas lacunas do próprio.
Faixas destaque: Dead Ringer, Halfway There e Blood-Red, White & Blue
4. Siren Song Of The Counter-Culture
A partir daqui a parada fica mais séria de rankear. Na quarta colocação, temos um disco que foi o início de uma mudança de chave mais perceptível do Rise Against. Após mudarem de gravadora, a banda se encontrou num caminho importante para seu crescimento. Foi em “Siren Song Of The Counter-Culture” que eles começaram a expandir mais seu som ao público no geral, mesmo seguindo a linha pesada em muitas faixas.
Porém, a maturidade deles falou mais alto, vendo que precisavam adaptar um pouco seu som e sair da “mesmice”. Por isso, percebe-se músicas com menos gritaria, refrãos mais preparados e “pop”, além utilização de violão, algo não visto nos dois primeiros trabalhos, mas que dá suas caras no hit “Swing Life Away“, por exemplo. Foi neste álbum que a banda observou o caminho de equilibrar alguns pontos do seu álbum e deixar o produto um pouco mais “polido” e sólido. Um marco importante para a banda.
Faixas destaque: State Of The Union, Give It All e Swing Life Away
3. Endgame (2011)
Totalmente consolidados como uma grande gigantesca, o Rise Against não diminuiu o passo e entregou um álbum marcante em todos os sentidos. “Endgame” marcou a chegada de um trabalho redondo em todas as facetas possíveis. Por mais que a gritaria não esteja tão presente como nos primeiros discos, a verdade é que a banda encontrou uma zona onde se sente totalmente confortável, seguro e consciente do que quer passar.
As letras são as mais incríveis e variadas possíveis. Eles continuam criticando o sistema, mas mostram força contra desastres naturais, como em “Help Is On The Way“, e também na questão do suicídio, bem claro em “Make It Stop (September Children)“. McIlrath estava claramente inspirado e entregou palavras que batem na cabeça de qualquer um que escuta o disco. Tecnicamente, eles mantiveram a essência, mas claramente se adaptaram mais, com mais cuidado nos backing vocals, arranjos e riffs que claramente podem tocar na rádio. Amadurecimento.
Faixas destaque: Help Is On The Way, Make It Stop (Semptember Children) e Satellite
2. The Sufferer & The Witness (2006)
Queriam polêmica? Pois vamos de polêmica! É até difícil colocar um disco desse calibre aqui, mas foi necessário. “The Sufferer & The Witness” é, sem dúvidas, um dos grandes álbuns dos anos 2000. A virada de chave do Rise Against entre uma banda apenas “conhecida” para o mainstream foi aqui. Tudo nesse trabalho funciona perfeitamente. O amadurecimento por completo da banda se deu aqui, com eles se tornando uma força gigantesca no rádio.
Até ali, as letras foram as mais profundas e importantes possíveis. Musicalmente, é indiscutível a mudança de patamar em relação aos outros discos. Todos os integrantes estão perfeitos coletivamente e a construção do disco é excelente, tanto que entregaram, para muitos, um dos dois maiores sucessos da banda em “Prayer Of The Refugee“, que reflete sobre a questão dos imigrantes/minorias. Tim McIlrath se entregaram ao máximo para produzir um álbum histórico e importante para muitas bandas que viriam.
Faixas destaque: Ready to Fall, Prayer of the Refugge e Injection
1. Appeal To Reason (2008)
E na primeira colocação, para a surpresa de muitos, ficamos com o espetacular, fantástico e absurdo “Appeal To Reason“. Podemos dizer que o “The Sufferer & The Witness” foi o maior e mais importante disco da banda, mas, em qualidade, o sucessor dele merece esse pódio. Lembram da força no rádio? Então, o Rise Against conseguiu se tornar um sucesso ainda maior no mundo por conta desse trabalho, com singles fortíssimos, como “Re-Education (Through Labor)” e o hit mundial “Savior“.
Vale lembrar que esse trabalho marca a entrada do guitarrista Zach Blair na vaga de Chris Chasse. Isso foi um problema? Não. Por mais que não tenha músicas tão pesadas/hardcore e vá mais no caminho das músicas “comerciais”, o grupo acerta em cheio em tudo que tenta. As composições são encaixadas, cheias de energia e faz com que o ouvinte cante com todas suas forças. Existem muitas faixas de deixar arrepiado, além das letras terem evoluído e ganhado mais forças na voz de McIlrath aqui que no seu antecessor. Outro disco que marcou época e merece o primeiro lugar.
Faixas destaque: Long Forgotten Sons, From Heads Unworthy e Collapse (Post-Amerika)