O ROCKNBOLD quer saber: qual é o seu tipo de rock? Ao longo dos anos, este gênero tão polêmico, transgressor e contagiante ditou os rumos da música e, ao contrário do que muitos pensam, se manteve indiscutivelmente vivo e relevante até os dias de hoje. Se o grandíssimo mestre Supla está certo, o rock é uma atitude que caminha, e mais do que nunca, estamos em um momento fértil onde inspirações do passo, presente e futuro se unem para criar algo novo e autêntico dentro do gênero.
Pensando nisso, o ROCKNBOLD selecionou dez exemplos, entre cantores e bandas das mais diversas vertentes do rock, que estão dispostos a manter a chama do gênero viva e, independente do seu tipo de rock favorito, merecem sua atenção. Confira nosso sexto Must Listen! PS: Esta é uma lista para se ouvir no volume máximo.
“Queendom” de The Sleepy Haunts
“Queendom” é o primeiro e tocante primeiro álbum do ‘The Sleepy Haunts’, duo feminino norte-americano de Portland, que explora uma sonoridade que divaga entre o soft/alt rock de Cranberries, a atitude de Alanis Morisette, beabadoobee, flertando com um pouco do pop-punk que consagrou rockstars como Avril Lavigne no início dos anos 2000, além da boa dose de nostalgia do fim dos anos 90. O duo é composto pela vocalista e baixista Gillian McMahon e pela baterista Elizabeth Dupuis. Apesar das garotas ainda se dedicarem bastante aos estudos, em 2020 a banda teve a oportunidade de lançar seu primeiro single “Pissed Off”, que mais tarde se tornou parte do álbum de estreia. “Queendom”, que chegou às plataformas de streaming ainda durante a quarentena do último ano. Com ótimos vocais, letras intensas e instrumentais cheios de atitude, o álbum é composto de oito faixas que falam sobre sentimentos profundos, desejos, vida, romances e conflitos. Os instrumentais demonstram força conduzindo as canções em seus riffs e acordes, além de um perfeito contraste de intensidades.
O sentimento de nostalgia é bastante presente nas composições, característica a qual é motivo de orgulho e autenticidade: “O que nos torna únicos em relação a outros músicos é ser uma banda só de mulheres, escrevendo músicas que lembram os anos 90 e nossa idade, quando temos 19 e 17 anos”. Toda a atitude nas canções do The Sleepy Haunts se torna evidente logo nas faixas que abre o álbum, “good morning, san diego” e “i want to be maeve wiley“, que traz vocais e instrumentais agitados e cativantes, além de um ótimo solo de guitarra. “cast a spell” é um pouco mais obscura ao trazer analogias com bruxaria, porém igualmente irresistível e intensa em backing vocals, e tem uma das melhores letras de todo o álbum. “leave you behind” é, sem dúvidas, a música mais tocante e romântica do disco, onde Gillian coloca todo o sentimento em seus vocais. “Pissed Off” segue no mesmo ritmo contagiante, com um refrão intenso com potencial de fazer multidões cantar em coro com o duo de Portland. o álbum termina com a descontraída “i’ll be okay“, que encerra o trabalho despertando no ouvinte o famoso gostinho de “quero mais”.
The Sleepy Haunts prova que rock não tem idade, mostra todo o poder feminino e se revela um fortíssimo nome que no alt/indie rock, despertando no ouvinte o sentimento de ser parte de um conto de fadas moderno, jovem, e nostálgico que remete à clássicos do cinema. Além de exaltar todo o talento de Gillian e Elizabeth, ‘Queendom‘ explora um universo particular e cumpre um importante papel ao incentivar garotas das novas gerações no mundo da música, despertando a rockstar dentro de cada uma delas. Se ‘Queendom‘ fosse um conto de fadas moderno, Gillian e Elizabeth seriam as protagonistas que conquistam uma multidão ao final do filme. Na vida real, as rockstars de Portland têm potencial de sobra e buscam cativar o mundo com suas composições.
O álbum “Queendom” já está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
“Almost Prophetic Visions And Thoughts” do Of Shadows And Lights
O artista italiano Angelo Pitone, sob o pseudônimo de ‘Of The Shadows And Lights‘ explora as melhores influências do rock clássico e moderno em seu primeiro álbum de estúdio, “Almost Prophetic Visions And Thoughts“, produzio por si mesmo. A produção de 10 faixas é um prato cheio para quem busca a combinação perfeita entre riffs bem orquestrados, vocais de qualidade e letras impactantes. Apesar do barulho recente que vem fazendo, o artista deu início ao projeto em 2018. No ano seguinte, demonstrou um pouco de seu talento no single ‘Cold Shivers‘, e em seguida em seu primeiro EP, ‘Visions“, que traz 4 faixas bastante expressivas sobre o caminho musical lírico e intenso que desejava seguir. E quando o assunto é expressão, OSAL não esconde que possui as melhores referências, se espelhando no som de peso de bandas como Queen, Led Zeppelin, Muse, Nothing But Thieves e Foo Fighters. Por trás de “Almost Prophetic Visions And Thoughts” o artista apresenta a justaposição Yin e Yang da beleza e feiura da humanidade. De acordo com Angelo, o lema do OSAL é: “Ouça a escuridão para descobrir sua luz”.
O single “Awakening“, faixa que também abre o disco, já demostra todo o poder do artista em empregar instrumentais energéticos e vocais intrigantes, que em determinados momentos demonstram potência semelhante com os falsettos do frontman do Muse, Matt Bellamy. “Crossfire“, uma das canções divulgadas no EP Visions desacelera um pouco a produção sob uma sonoridade sombria e misteriosa, enquanto “Unaware Passanger” cria uma atmosfera um pouco mais descontraída com um amigável instrumental de diferentes intensidades entre violão e guitarras. “Universal Things” muda um pouco do rumo da produção ao explorar mais elementos pop eletrônico, que muda de rumo após a catarse de um refrão intenso, se mostrando uma canção de diversas fases e sentimentos distintos. O synthpop e synthrock tomam a conta em “10:1“, que novamente mostra bom potencial divagando entre diferentes elementos. “Am I Still Alive?” retoma os elementos do alt rock intenso e emotivo, novamente protagonizando os ótimos vocais de OSAL em meio ao instrumental intenso. O trabalho é encerrado com a tocante e reflexiva “A Mending Silence” e a esperançosa “Stuck Among These Stones“, que de certa forma renova as esperanças em meio ao mundo que vivemos, e, particularmente a talentosa geração de novos artistas que surge.
“Almost Prophetic Visions And Thoughts” se mostra uma excelente produção ao demonstrar não só a versatilidade e talento de Of Shadows And Lights em diferentes gêneros e elementos, como também em unir diferentes elementos e intensidades dentro de um disco e torná-lo diverso, em vez de desconexo. Apesar de algumas canções demonstrarem desconexão entre si, todas são unidas por riffs e vocais fortes do artista. Os vocais de OSAL, aliás, merece um destaque a parte por concentrar o protagonismo, fluidez e intensidade em todas as canções com harmonia e afinação invejável. O resultado é um trabalho extremamente coeso e intenso que demonstra todo o talento e versatilidade do artista, além demonstrar um novo caminho o qual o novo rock clássico deve seguir.
O álbum “Almost Prophetic Visions And Thoughts” já está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
“The Lowtones” de The Lowtones
Unindo algumas das melhores referências do alt rock, a banda britânica The Lowtones lança ao mundo seu álbum autointitulado, que passeia por dez faixas autênticas, porém fortemente influenciadas pelo new wave e post-punk. Formada por quatro amigos de Norwich, no Reino Unido, a banda surgiu ainda em um mundo pré-pandêmico, no início de 2020, quando lançaram os singles “The Trial” e “Full of Fire“. Em seguida veio o primeiro EP da banda, “Lights Out“. com cinco novas músicas inéditas e um som um um tanto quanto polido, em comparação com os dois singles de estreia. O aguardado primeiro disco da banda, “The Lowtones” chegou nas plataformas de streaming em março de 2021 e contou com a produção, mixagem e distribuição independente, sendo inteiramente produzido pela própria banda, composta por Oli ‘Mav’ Mavilio (vocal) Jack Abbott (guitarra) Tim Cary (baixo) George Abbott (bateria).
Entre as dez faixas do trabalho autointitulado, “Berate Me” abre o álbum com vocais rasgados e instrumental intenso que transporta o ouvinte para danceterias dos anos 80. “Funeral” contrasta com o otimismo da anterior e novamente surpreende pelos vocais e o discreto uso de sintetizadores para ambientar ainda mais a atmosfera saudosa. “Near Misses” tem uma das letras mais tocantes do álbum, intercalando vocais duplos durante o refrão. Com vocal profundo e instrumental intenso guiado por acordes de piano, “Spitfire” é uma surpresa experimental e audaciosa que demonstra a conexão do The Lowtones com a música psicodélica contemporânea, enquanto “The Memory” retoma à sonoridade intensa que consagrou o post-punk. “Villain” estabelece o sentimento de hino de fim de festa em uma boa posição dentre o álbum, sinalizando uma conclusão do trabalho com aquela sensação de que você curtiu ao máximo daquela experiência, enquanto “Let Go” repete um pouco desta atmosfera intensa e marcante. O álbum é concluído nos acordes fortes de “Glass World” que encerra o disco com tanta energia e carisma quanto ele se iniciou.
Fortemente inspirados pela sonoridade característica, agridoce e intensa de bandas como The Smiths, The Cure e Joy Division, tanto o álbum “The Lowtones” como o EP “Lights Out” se empenham em manter a chama e autenticidade do pós-punk vivo, cantando sobre romances, dramas e sentimentos intensos que fazem o coração querer rasgar. Apesar de se inspirarem em um gênero já consagrado, é fascinante a forma como o The Lowtones traz um ar moderno na sonoridade seu disco de estreia, unindo influências do passado sem tirar os olhos do futuro. A banda também se destaca pela sonoridade pouco repetitiva entre as faixas, que passeiam entre a sonoridade e um experimentalismo contemporâneo.
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“Conflict :: States” de Broken Links
O intenso e inventivo terceiro álbum da banda britânica Broken Links, “Conflict::States” chegou às plataformas de streaming há pouco tempo, mas já promete dar o que falar entre os fãs que têm apetite por uma sonoridade pesada e autêntica. A banda veterana na cena surgiu em 2008, formada por Mark Lawrence, Lewis Betteridge e Phil Boulter, e desde então se dedica à uma sonoridade original que une alt rock, hard rock e um pouco de grunge. Tudo isso sem deixar de flertar com um pouco de goth-electro e post-punk. Se sua sonoridade é pesada, suas influências não poderiam ser diferentes, e vão de Depeche Mode à Nine Inch Nails, Chemical Brothers e Massive Atack. Ao longo de sua carreira, o Broken Linkes lançou dois álbuns de estúdio, o “Disasters: Ways to Leave a Scene“, em 2012, “Divide / Restore” em 2015, além dos EPs que lhes fizeram conquistar uma base leal de fãs, além de shows pelo Reino Unido, Alemanha, Itália, entre outros países Europeus. Agora, em 2021, a banda ressurge com doze faixas inéditas em “Conflict::States”, um álbum produzido de forma independente durante a pandemia, e que aborda o atual estado de coisas do mundo. O Broken Links promete reconquistar os holofotes do rock com um disco furioso e crítico, que eterniza em canções e palavras o momento caótico que o mundo enfrenta.
O álbum se inicia na faixa “The Day Called X“, que reflete o terrorismo em meio à uma sonoridade intensa que evolui para incríveis riffs no refrão. A energética combinação com os vocais é o suficiente para resumir a fúria que o álbum expressa. A menção honrosa fica por conta do incrível solo que conclui a música em meio à atmosfera fantasmagórica. O single “Replicas” usa instrumental mais dançante e eletrônico para fazer críticas à tendências em redes sociais, evoluindo para mais hard rock ao longo da faixa. Outro single, “Pioneer” desacelera o ritmo sem perder a intensidade de riffs, destacando os incríveis vocais de Mark. “Cold War” é uma das faixas mais inventivas do disco, se arriscando ao unir elementos de electro-pop e riffs pesados. Combinação que também é explorada em “Eras“, porém com uma atmosfera fantasmagórica e crescente onde os vocais ficam em segundo plano para que o instrumental possa brilhar. Elementos eletrônicos e carismáticos voltam a ser explorados em “Fatalism“, contrastando com a atmosfera sombria dos vocais que falam sobre morte e temores em situação inescapáveis. “Zealots” desacelera a intensidade em uma ótima faixa que une diferentes vocais para trazer reflexões de forma profunda. “Year XI” une referências do post-punk para criar uma faixa mista e autêntica que reflete sobre o entro entre o início vida e morte, até que o álbum conclui sua viagem pela modernidade em meio ao synthpop fantasmagórico de “Disconnect“.
O “Conflict::States“, sem dúvidas, cumpre o que promete ao entregar faixas monstruosas e intensas com fortes críticas a globalização, instrumentais energéticos, pesados, além de suavidade e harmonia de ótimos vocais que seguem na mesma intensidade e furiosa sem precisar apelar para “screamos“. Mais do que um álbum expressivo, Broken Links entrega caminhos e possibilidades criativas para o chamado ‘new rock‘, deixando uma trilha de autenticidade, catarse e atitude para as novas gerações. O resultado é um disco crítico, necessário e transgressor que convida o ouvinte a refletir a própria realidade e existência: “As pessoas estão vivendo em um mundo onde acham que têm escolhas. Não há escolhas. Estamos com muito tempo. Este álbum é uma declaração de consciência para todas as merdas que prendem a sociedade. Vira o pássaro, depois se afasta e continua vivendo a vida da melhor maneira possível“, comenta Mark.
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“Dark Days At The Grand” do Villanelle & The Northern Wonder
“Dark Days At The Grand” é o ótimo EP do duo independente de indie rock, Villanelle and The Northern Wonder, que explora em uma sonoridade descontraída, sombria e sensual em quatro faixas fantásticas que valem por um álbum de dez músicas ou mais. O duo surgiu em Manchester, na Inglaterra, e tem como inspiração gigantes do gênero como Father John Misty, Alex Turner e Josh Homme, com elementos da sonoridade dark americana e o inebriante fuzz rock dos anos 70. O duo formado pelos amigos Kieran Greville e Dan Shaw está disposta a entregar absolutamente tudo que um fã de música indie pode desejar para alcançar o público que merecem, e potencial para grandes multidões eles têm de sobra. Em 2019, Kieran lançou os singles “Saudade” (sim, em a palavra em português), “The Good, the Bad & Pedro’s” e “Unravell“, que já exploravam boas características do rock “desajeitado” e intenso, com influência nas composições e acordes do frontman do Arctic Monkey, Alex Turner.
Quando é dito que o Villanelle & The Northern Wonder está disposto a entregar tudo para os fãs de música indie, não é brincadeira. “Dark Days At The Grand” foi gravado e produzido por Dave e Oscar do Sunglasses for Jaws (que trabalhou com artistas como Miles Kane, Geowulf) em seu estúdio em Hackney Wick, e combina “exploração da fantasia, memória, vontade e sugestão, e a mão que cada um que joga no amor e na luxúria – não correspondida ou não. O EP une letras vívidas e cativantes e ganchos cativantes com vocais sombrios, envolvendo-os em uma paisagem sônica quente e pulsante“. As características que remetem a luxúria, aventura e incertezas já são trazidas à tona na primeira faixa do EP, “Clever Girl“, que explora um instrumental descontraído e muito bem elaborado de elementos distintos de ‘western/dark americana’ em meio à vocais desajeitados, porém incrivelmente bem afinados e cativantes. Mais uma vez, as influências de mestres do indie rock como Turner e Homme se torna bastante claras nos incríveis e despojados riffs. Estes elementos, que despertam no ouvinte sentimento de fazer parte de um filme de Quentin Tarantino, se estendem para a faixa seguinte, “Room 30“, que mantém toda a atmosfera misteriosa e sensual em meio à vocais um pouco mais fechados, intensos e decididos.
A faixa seguinte, “Oh God”, traz elementos um pouco mais dançantes despertados pelo groove do instrumental combinado ao fuzz da guitarra. Os vocais ainda se mantém fechados e falam sobre culpa e saudade, guiados pela intensidade e ritmo intenso da bateria somada à linha de baixo. “Horoscope Wytch” encerra o trabalho como um último gole de conhaque, destacando os vocais desajeitados e delirantes em meio ao instrumental experimental, hipnótico e levemente psicodélico. No fim das contas, “Dark Days At The Grand” se revela uma produção extremamente bem planejada e executada, envolta por uma aura misteriosa, vintage e sedutora que só o western/indie rock é capaz de criar. Além empregar muito bem seu talento e potencial, Villanelle & The Northern Wonder usa o EP para explorar seu experimentalismo e inventividade acerca da própria identidade, se mantendo fiel à proposta inicial de manter vivo o legado e a catarse do sensual rock setentista.
O EP “Conflict::States” já está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
“All Things Bloom • Part 1” de Revolt
“All Things Bloom • Part 1” é o mais novo EP da banda norueguesa Revolt, que explora uma crescente intensa, inquietante e furiosa em apenas 5 impactantes faixas que envolvem guitarras afiadas, baterias pesadas e elementos sinfônicos que contribuem para tornar o som ainda mais épico e expressivo. Apesar de bastante jovens, os cinco rapazes se empenham em dar continuidade à uma sonoridade clássica e pesada do hard alt rock que se popularizou entre os anos 90 e 2000, apresentando um som de extrema qualidade enquanto mantém a chama do gênero acessa para as futuras gerações. Seu primeiro EP, “Outdrop“, de 2017, já demonstrava a seriedade e empenho da banda em apenas quatro breve tracks com produção profissionalmente impecável não só na sonoridade pesada, mas também em canções leves com versos carismáticos. No ano seguinte, o primeiro álbum de estúdio, “The Beautiful Decay” chegou nas plataformas de streaming em 11 faixas que mesclam entre a sonoridade intensa e vocais descontraídos. Agora, em 2021, a banda parece mais confiante do que nunca, pronta criar uma catarse sonora, abusando de riffs pesados e elementos eletrônicos em “All Things Bloom • Part 1“.
Divulgado ainda em 2019, o single “Shatterhand” abre a produção deixando claro que a a mensagem e o objetivo do EP é bastante diferente e distinto do álbum “The Beautiful Decay”. A primeira track do single também demonstra bastante da evolução e autoconfiança da banda como músicos através de sua ousadia e versatilidade em transitar entre vocais vocais leves e riffs pesados. A também já divulgada “Kyoto” convida o ouvinte para uma viagem através de riffs habilidosos que evoluem com a canção, ao mesmo tempo que não roubam todo o protagonismo dos vocais que caminham na mesma intensidade do instrumental. Entretanto, a grande menção honras da faixa fica por conta do piano que faz ponte para um coro de vozes que incrementam o refrão e resultam numa canção épica. “Running from Demons” parece querer desacelerar o ritmo, mas não abre mão dos instrumentais fortes que envolvem os vocais suaves de Ulrik Bolsønes, que refletem sobre fugir e enfrentar os próprios demônios internos. O single “Giljotin” demonstra um pouco do quanto a banda está conectada ao grunge e riffs de heavy metal que se complementam e se destacam tanto quanto os vocais. “In The Air Tonight” conclui a canção investindo em instrumentais ainda intensos, porém, minimalistas quando comparado com a grandeza das quatro faixas anteriores, e letras mais carismáticas do que nunca. Haja fôlego para um EP como este!
Revolt é, definitivamente, uma banda de extrema grandeza que não cabe dentro de si e isso é colocado a prova na produção de altíssima qualidade de suas faixas, dignas de comparação com bandas gigantes que acumulam décadas de carreira. A catarse musical de apenas cinco faixas de “All Things Bloom • Part 1” demonstra que os cinco jovens noruegueses possuem talento e potencial de gigantes da música, que lotam estádio e fazem multidões cantar cada palavra de seus versos.
O EP “All Things Bloom • Part 1” já está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
“Simon Says Party” de Coffee House Anarchists
Se seu gosto musical pede por baladas intensas e festas indies divertidas para dançar a noite toda, talvez o álbum “Simon Says Party“, da banda Coffee House Anarchists seja exatamente a produção que falta na sua playlist! A banda indie inglesa lança seu sexto álbum de estúdio neste sábado, usando as melhores influências do indie rock, synthpop, eletrônica e até mesmo alguns elementos psicodélicos em oito faixas cativantes. Desde seu início, o trio composto por dois ingleses e um francês evoluiu de um grupo indie baseado na guitarra para um que encontrou maturidade em um som muito mais contemporâneo e completo, evoluindo conforme a necessidade musical e criativa do momento. De uma sonoridade um pouco mais tímida e básica em “Naivety and Other Shades of Youth“, de 2017, passando pelo inventivo e divertido “Fifteen Minutes of Fame“, de 2018, ao psicodélico “Ask a Flower Not to Bloom in Spring” de 2020, o Coffee House Anarchists se apresenta em 2021 com muito mais bagagem profissional, além de mais experiência e autoconfiança para reinventar seu som. A vontade de arrebentar em rádios e festivais com seu mais novo trabalho também é bastante evidente e só desperta mais o ânimo do ouvinte.
O álbum é iniciado pela singela e convidativa faixa “Two Minutes To Ten“, que é a melhor definição de um “esquenta” antes de botar para quebrar. A faixa seguinte, “Stella Fear” traz um groove digno de Nile Rodgers, unindo vocais suaves que passeiam com leveza conforme são guiados pelos instrumentais, beats e sample. Entretanto, sem dúvidas, o destaque fica por conta da ótima linha de baixo. Um dos singles do disco, “Free (Funny Skies)” é um dos grandes destaques do álbum ao escalar de um som tímido e acústico à uma balada intensa, daquelas que fazem multidões se mover conforme a sonoridade pede. A faixa seguinte, “Hit Me Up” convida o ouvinte para dançar em meio aos vocais energéticos que se misturam entre riffs de guitarra, criando uma atmosfera a qual impossibilita o ouvinte de ficar parado. A canção que dá nome ao álbum, “Simon Says Party” envolve o ouvinte em uma viagem psicodélica que se mistura de forma muito natural e instintiva com elementos da música eletrônica. A vibe futurista se estende para a faixa final, “Head Against the Glass” que se revela uma das faixas mais divertidas ao misturar beats eletrônicos e vocais sobrepostos de forma criativa, mexendo com a cabeça do ouvinte e o “devolvendo para a terra” após uma verdadeira viagem instrumental.
Talvez a parte mais cativante sobre o álbum “Simon Says Party“, como também de todo o trabalho do Coffee House Anarchists seja a sua capacidade e coragem para se reinventar musicalmente em cada álbum, apostando em novas ideias que tornam suas composições cada vez mais imersivas e criativas. Para fãs de indie e música psicodélica com aquele “pézinho” no rock, o sexto álbum de estúdio da banda é uma verdadeira experiência.
O álbum “Simon Says Party” já está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
“Go Easy on My Heart” de Electric High
O ano de 2021 também trouxe à tona o primeiro EP da banda norueguesa Electric High, “Go Easy On My Heart“, que promete agradar fãs que procuram uma sonoridade mais clássica, riffs afiados e atitude devassa em suas composições. Flertando com elementos do rock n roll clássico e alternativo, sem deixar o ritmo do blues de fora, o Electric High divulgou seus primeiros singles em 2020 e vêm chamando a atenção pela fidelidade sonora ao gênero, proporcionando ao ouvinte uma verdadeira experiência de viagem no tempo, sem tirar os olhos do futuro. Influenciados pelo legado de bandas clássicas como Wolfmother, Aerosmith e Black Sabbath, o Electric High é mais uma das bandas que se empenha em manter a chama do hard rock acessa e cumpre esta missão com autenticidade.
O EP já é aberto pelos riffs fortes e vocais puxados da track que dá nome ao título, “Go Easy On My Heart“, que demonstra uma incrível dinâmica entre os riffs e a voz do vocalista, PV Staf. A faixa seguinte, “Harder To Justify” é um dos primeiros singles divulgados pela banda, em 2020, e desacelera o ritmo sem deixar de envolver os mesmos elementos cativantes ao unir vocais coletivos intensos e riffs. O solo de guitarra, além de bastante destacado na track, é praticamente uma obra à parte, além de extremamente bem construído e executado. Ao contrário das demais faixas, “Waiting With A Gun” tem uma construção baseada principalmente pela bateria e o contraste com os vocais, que atravessam a faixa em direção do ápice no refrão, até evoluir para um solo de guitarra progressivo e explosivo que carrega consigo toda energia e atitude que a banda transborda. “Sexy One” é uma balada energética que devolve as rédeas do ritmo aos riffs de guitarra, mas todo o destaque da canção fica por conta dos vocais d-d-dançantes e envolventes. O EP é concluído pela também já divulgada “Sleeping With The Enemy“, que traz vocais apaixonados e levemente desacelerados. A influência do funk, groove e blues se faz bem mais presente nesta faixa, principalmente pela linha de baixo que parece conduzir os rumos pelos quais a faixa segue, até o carismático solo que deixa um gosto de “quero mais” ao terminar o trabalho. Felizmente, a banda já divulgou um novo single, a carismático “Trembling Bones” que envolve quase todo o seu ritmo em vocais e percussão, deixando os riffs em segundo plano.
É sempre difícil construir uma carreira e obra em cima de um gênero já bastante consagrado sem cair na “mesmice” e soar repetitivo como um cover, mas isso não se aplica nem um pouco ao Electric High. A banda desbrava as estradas do rock clássico intensivamente com uma boa dose de autenticidade em suas composições e construções sonoras. Dos instrumentais complexos aos vocais cheios de atitude, o quinteto norueguês demonstra autoconfiança e habilidade dos verdadeiros rockstars que são e estão prontos para cair na estrada, levando a chama e todo sentimento de catarse do bom e velho rock n roll consigo.
O EP “Go Easy On My Heart” já está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
“Otherworldly” de She Made Me Do It
“Otherworldly” é o sexto EP do duo inglês She Made Me Do It, formado por Shaheena Dax e Will Crewdson, e que explora em suas composições todo o sentimento intenso do post-punk pesado ao pop eletrônico, construindo uma sonoridade extremamente cativante e autêntica entre o techno e o rock. Seu primeiro EP, Garbo’s Pool foi lançado em 2014, trazendo cinco faixas que exploravam a sonoridade autêntica energética de riffs de guitarra muito bem envoltos e à samples eletrônicos e vocais afiados. Em 2016, o What’s Going Down EP dava continuidade à essa atmosfera retrofuturística em três faixas, que pareciam apontar um caminho intenso para o futuro do rock eletrônico, que é principalmente apontado no álbum The Frantic Legion. O EP Drenched, de 2019 apostava em riffs mais crus, pesados e sólidos em quatro faixas sem tanto apelo à sonoridade eletrônica, bem como Scorched, que em 2020 se demonstrou ainda mais energético e pesado.
Após anos de evolução sonora, o She Made Me Do It está de volta e buscando novos rumos para expressar toda a sua atitude entre o rock e música eletrônica. A faixa que dá nome ao EP, “Otherworldly“, traz uma sonoridade desacelerada e densa em comparação com seus últimos dois EPs, mas ainda enfatiza o lado pesado do alt rock e post-punk que a banda decidiu trilhar. A faixa seguinte, “Confessional Day” traz os vocais de Shaheena Dax mais carismáticos, estridentes e cheios de atitude do que nunca, acrescentando protagonismo e uma boa dose de girl power em meio aos riffs energéticos. “Nowhere Land” também flerta com elementos do punk e groove entre vocais melódicos e riffs carismáticos, evoluindo para um dos solos mais completos e experimentais do EP. “Undeniable” constrói uma levemente misteriosa e dançante onde os vocais de Shaheena encontram sintetizadores no refrão e elementos da sonoridade electropop. Outro grande destaque fica por conta de mais um intenso solo de guitarra com sutis toques de grunge e heavy metal. “Never Sleep” é outra faixa que retoma os elementos de sintetizadores tomam conta tanto quanto os instrumentos de corda, proporcionando maior destaque e protagonismo aos vocais. O trabalho termina na incrível e eclética “Endgame“, que mais uma vez coloca todo o talento vocal de Shaheena sob os holofotes e termina o EP como uma promessa de que o duo estará de volta, ainda mais fortes e confiantes em um piscar de olhos.
O She Made Me Do It é um verdadeiro exemplo de uma banda “caixinha de surpresas”, uma vez que seus trabalhos unem dois gêneros distintos e um som energético, pesado e ao mesmo tempo dançante e carismático, fazendo com que um trabalho nunca se pareça com o outro. Shaheena Dax e Will Crewdson se empenham fortemente para construir uma sonoridade autêntica, que usa a inspiração no passado do hard e post-punk para construir um legado para o futuro. Os vocais marcantes de Shaheena dão ao trabalho do duo um toque bastante único, digno de mulheres da história do rock que provam que os vocais femininos são capazes de ser tão emblemáticos e cheios de atitude quanto vocais masculinos
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“Pyrite and Steel” de Gentry Blue
Aos fãs do clássico rock que desejam adotar novos talentos em sua playlist, o quarteto inglês Gentry Blue apresenta seu EP de estreia, “Pyrite and Steel“, de cinco faixas, que promete ser apenas o primeiro de muitos trabalhos. Passeando entre o rock alternativo e hard rock psicodélico com uma sonoridade extremamente bem elaborada em seus arranjos, a banda se descreve como uma fascinante mistura de grunge dos anos 90 e do rock psicodélico dos anos 70. O quarteto também admite a grande influência de Janis Joplin com os incentivos do rock progressivo de Rush e Kansas, unindo melodias cativantes e intensas aos intermináveis riffs que conquistaram aquela década.
Riffs groovados que contrastam com um harmonioso arranjo de violino abrem o EP com a faixa “Cutthroat“, revelando toda a irreverência vintage que a banda busca trazer novamente para a música moderna. Jo Jeffries, nos vocais, apresenta todo o seu incrível talento e potencial que se destaca em meio do instrumental complexo, bem como o alucinante solo de guitarra progressivo que contempla a canção. A faixa seguinte é primeiro single do Gentry Blue, “What Lies on the Other Side“, divulgado em 2020, que reflete e questiona sobre a existência em letras bem elaboradas e carismáticas que contrastam com a intensidade de riffs. “Origins (Of Your Heartbreak)” mantém o alto nível de composição e instrumentais intensos, ainda explorando muito das influências setentistas. “Familiar Ghosts” é uma das faixas que melhor expõe toda a influência e devoção fiel ao rock progressivo, tanto em seu crescente como no duplo solo de guitarra insano que cria uma ponte dentro da canção de forma energética. O trabalho é concluído com extrema energia e empenho em “Downfall“, que demonstra toda a criatividade e versatilidade da banda.
Gentry Blue é um claro exemplo de uma nova geração disposta em manter a chama do rock and roll clássico vivo, e que executa essa missão com muito respeito, talento e potencial de verdadeiros rockstars, prontos para lotar festivais e alucinar o público com seus habilidosos solos de guitarra. A banda une bastante autenticidade em se inspirar no passado clássico do gênero, sem tirar os olhos do futuro, adaptando a sonoridade para as problemáticas e letras contemporâneas e atuais. A dedicação que o Gentry Blue coloca em seus instrumentais bem elaborados são uma verdadeiras catarse musical que conecta o passado e presente, demonstrando grande potencial, confiança e versatilidade: “Uma vez que você está na zona de “Pyrite and Steel”, é difícil escapar das batidas hipnotizantes e entrelaçamento criativo de letra e melodia. Quando você ouve isso, você apenas conhece Gentry Blue está indo para algum lugar: para os estágios galácticos da infâmia do rock and roll“.
O álbum “Pyrite and Steel” já está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!