Poder de exteriorizar: Bonfire Season lança seu primeiro álbum

Com 8 faixas, muito peso e muitos questionamentos interiores, os paulistanos da banda Bonfire Season lançam seu primeiro álbum via Artico Music

Exteriorizar sentimentos e exorcizar demônios interiores, são alguns dos poderes que a música pode proporcionar tanto para quem compõe, como para quem ouve. É nesse sentido que percorre, desde 2017, o trio paulistano Bonfire Season formado por Luca Ribeiro (vocal), Ricardo Quattucci (guitarra/baixo) e Cleber Freitas (bateria). O trio que ganhou escopo e bagagem tocando em bandas expoente do cenário paulistano de música pesada, hoje lança via Artico Music, o seu primeiro full intitulado “When Words Cuts Deep Like A Knife”, onde, ao contrário do EP lançado em 2018, apresentam uma sonoridade mais densa e atmosférica, trabalhando temas que permeiam o cotidiano introspectivo, abordando temas como depressão, ansiedade, revolta e frustração.

O ROCKNBOLD teve acesso ao disco antes do seu lançamento, e bateu um papo com o vocalista Luca sobre a concepção do álbum, além de particularidades da banda e trajetória. Saca só!

Foto: Bonfire Season / Divulgação

Rocknbold – Pra gente começar, bora apresentar a Bonfire Season pra galera que ainda não conhece vocês, e contar como a banda começou.

Luca – Bom a Bonfire Season é uma banda de metal/hardcore de São Paulo, capital que  começou lá por meio de 2017, quando eu (Luca) me juntei com o Ricardo pra montar o projeto, na época estava sem banda, e chamei ele pra compor e gravar os sons comigo, pois já conhecia e admirava ele como guitarrista a um bom tempo, começamos a compor as 4 faixas do EP juntos, até que no começo de 2018 entramos em estúdio para grava-las, nisso chamamos o baixista e baterista da banda Sudakah, onde o Ricardo também toca, pra completar o time, essa mesma formação gravou o “When Words Cuts Deep Like A Knife”.

É possível observar nas duas primeiras faixas, a intensidade que o instrumental ganhou com essa nova proposta da banda. “1.000 Years of Pain” e a faixa que leva o título do álbum, “When Words Cuts Deep Like A Knife”, entregam o que a banda tem de mais precioso, que é a raiva transformada em notas musicais. Com as dobras de vocais e o peso extremo da bateria/guitarra, podemos ter uma noção do que o restante do álbum vai nos entregar.

Rocknbold – O primeiro trabalho de vocês é de 2018, um EP com 4 faixas. Hoje vocês liberam o primeiro trampo full, qual a diferença em todos os aspectos de um para o outro?

Luca – Acho que existe uma grande evolução em questão de composição por parte das letras e do instrumental, tudo foi mais bem trabalhado, de acordo com nossa maturidade musical, já em questão de qualidade de gravação/sonora nem tanto, acho que isso continua o mesmo, pois os dois trabalhos foram gravados no mesmo estúdio, o Dual Noise, pelo Rogerio Wecko que vem fazendo um trabalho muito bom nesse quesito.

“Empty Speech” traz um instrumental cadenciado e linhas bem tênues que fazem o pescoço acompanhar o ritmo do som. Apesar do tempo centrado da música, podemos obeservar tentativas de escapes com blast beats e pedais duplos perfeitamente encaixados, claro dando destaque para a linha de baixo que é um toque a mais na música. Já em “Enter The Void”, existe um mix de sensações ouvindo a track: é possível brincar de trash metal, com leves toque de death, sem sair da linha dos caras e, mais uma vez, a dobra de vocais é insana. Destaque também para a ambiência presente no meio da faixa.

Rocknbold – No “When Words Cut Deep Like A Knife”, vocês abordam diversos temas pessoais e pesados aos olhos da sociedade. Como foi chegar nesse segmento lírico?

Luca – Abordamos esses temas pois são algo que vivemos 24h por dia no nosso cotidiano, e desejávamos por meio da música, fazer um expurgo, e colocar tudo que sentíamos pra fora, todo tipo de frustração, dor, medo ou tristeza que se encontra nas nossas vidas.

“Geometry of Black” também caminha na linha do mix de sensações, e agora fica evidente que essa é a marca da Bonfire Season, causar múltiplas sensações no ouvinte. Com um instrumental um pouco menos agressivo que as demais, o refrão da música nos transporta para um ambiente de dúvida emocional, fazendo dos VS’s presentes nela, um piloto dessa viagem. Em “This Is An Omen” temos um início absurdo alá death metal noventista, abusando de pedais e transições que terminam de quebrar o tímpano do ouvinte, irretocável!

Rocknbold – Outro aspecto interessante é a continuidade dentro das obras audiovisuais da banda. Como vocês montam o storytelling?

Luca – Nossa ideia é contar uma história pelos clipes, vamos lançar a parte um agora, e mais pro final do ano, a parte dois, o primeiro clipe fala sobre a dor física, e o segundo leva mais pro lado de dor psicológica, nos inspiramos muito em obras audiovisuais conceituais que se conectam entre elas, sempre quisemos fazer algo nessa pegada, como por exemplo no trabalho audiovisual da banda inglesa Gallows, no álbum Grey Britain, onde todos os clipes se conectam, e formam uma história só.

Quem disse que música extrema também não tem abraço sonoro? “Sleep” é a famosa música descanso dentro do álbum, ainda sim quebrando paredes com o instrumental intenso e pesado. E pra fechar o trampo, a banda nos traz “Eyes”, track que começa com um trecho falado que já causa agonia, e é trocada pelo peso e quebra do instrumental da banda que, mais uma vez, mostra a força do metal extremo na personalidade do trio. Blast beats, guitarras ritmadas e o baixo groovando fechando o ciclo de peso das 8 faixas. Irreprochável, este é o adjetivo. 10/10

Rocknbold– Pra gente fechar, além do lançamento do disco, a Bonfire está preparando mais coisas pra 2021?

Luca – Estamos compondo material novo, mas sem data prevista de lançamento, como não podemos fazer shows por causa da situação atual do mundo estamos nos concentrando em produzir o máximo que der até tudo ser normalizado, temos um clipe pra ser lançado logo menos, da faixa que leva o nome do álbum, e estamos conversando sobre uma live, mas isso mais pro final do ano!

A Bonfire Season é uma das bandas que tem tudo para quebrar o circuito de bandas que viram com volta dos shows. Time de peso, instrumental trabalhado e um trampo de excelência pra já chegar com os dois pés no peito de quem der o play, ou colar na grade. Logo abaixo segue o novo álbum dos caras e viva a música extrema brasileira!

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