WILLOW – lately i feel EVERYTHING é um álbum de muitas exclamações

Há uma onda surgindo na música mainstream que colide dois mundos totalmente diferentes: o do pop punk e o do pop. Embora ambos gêneros contem com a palavra “pop” é amador – e até injusto – considerá-los quase a mesma coisa. O pop punk, como já explicamos por aqui, é um movimento majoritariamente adolescente que surgiu como uma vertente do punk para dar voz a problemáticas mais joviais nas músicas. Uma vez que a maioria das bandas da década de 80 falavam sobre queimar pneus e destruir políticos, havia uma geração mais nova que ainda passava pelo primeiro coração partido ou pela primeira crise existencial — e dificilmente encontrava esses sentimentos traduzidos em músicas.

Resumidamente, não é equivocado afirmar que o pop punk é, sobretudo, um gênero pontual na vida de todo mundo; isso porque todos nós passamos pela fase de querer gritar as emoções pulmões afora ou internalizar todo e qualquer sentimento e permanecer em silêncio absoluto. Fases são fases, e o pop punk se adequa muito bem aos hormônios borbulhando em meio à extravagância de pensamentos quando somos adolescentes. E WILLOW sabe muito bem disso em lately i feel EVERYTHING.

Disposta a gritar (literalmente) suas emoções em 26 minutos, a cantora (popularmente conhecida como “a filha de Will Smith”) contou com a ajuda de ninguém menos que um dos maiores nomes do pop punk da década de 90 e início dos anos 2000: Travis Barker, este que vai ser eternamente conhecido como “o baterista do Blink-182“.

Numa onda repleta de artistas querendo inserir o pop punk no mainstream a qualquer custo (similar ao que aconteceu com bandas como Simple Plan, New Found Glory e o próprio Blink-182 nos anos 2000), WILLOW se junta a cantores como MGK e até mesmo Tyler Posey numa cena completamente nova. E pasme: todos eles unidos por um único nome: o de Travis Barker.

WILLOW lately i feel

Embora se aproxime muito mais do punk do que do pop ou do próprio pop punk em si, Willow não parece se incomodar muito para categorizações em lately i feel EVERYTHING. Em seu mais novo álbum, a cantora parece muito mais querer extravasar emoções guardadas há muito tempo do que de fato se encaixar num gênero específico — o que torna o trabalho de estúdio um grande acerto, por sinal.

O disco é acelerado, agitado, urgente e autobiográfico. Na segunda faixa, por exemplo, Willow passa trinta e seis segundos inteiros mandando alguém ir se foder — literalmente. lately i feel EVERYTHING ainda traz referências ao indie rock e a sua época R&B, como abordada em 2019 com seu disco WILLOW.

De uma forma geral, é um trabalho bem proveitoso. Diferente de muitas das parcerias de Travis Barker, a bateria é apenas um complemento das faixas do que as protagonistas das mesmas. As parcerias são bem selecionadas e agregam ao álbum sem tirar os holofotes da interpretação de Willow, que mostra justamente quem é a estrela dali.

lately i feel EVERYTHING é um bom álbum e traz tudo na medida certa, principalmente em duração. Willow aqui faz um excelente trabalho em trazer referências aos primeiros álbuns pop punk da história, que levavam poucas faixas e de pouca duração, focando apenas em externalizar as emoções e abusar das cordas vocais. Talvez sem saber, Willow presta homenagens a inclusive o álbum pioneiro do gênero da década de 80, I Don’t Want to Grow Up, da banda Descendents.

O disco é intenso e mostra não apenas a identidade de Willow como também a marca que ela quer deixar no mundo a partir de agora: liberta, decidida e sobretudo com histórias a contar — e que o mundo mal pode esperar para ouvi-las.

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