Reignwolf e a insanidade de um homem só

Reignwolf, nome artístico do canadense Jordan Cook, é um dos nomes mais promissores do modern rock. Com performances de palco arrasadoras e composições carregadas de riffs pesados, Reignwolf conquistou a atenção de grandes artistas como Black Sabbath
Reignwolf

São poucos artistas que conseguem manter um público fiel com apenas singles durante anos, mas aparentemente esse não é o caso de Reignwolf. Desde o lançamento do seu primeiro single até o primeiro álbum passaram-se seis anos. Nesse período, a banda fez um show solo no Lollapalooza Chicago, colaborou com Macklemore no álbum “Gemini” e abriu uma turnê para o Black Sabbath em 2014.

Natural de Saskatoon, no Canadá, Jordan Cook começou a carreira musical cedo. Em entrevista, ele conta que começou a brincar com uma guitarra aos dois anos de idade, aos seis já tinha uma banda com amigos da escola e aos quinze ele e sua banda de blues rock viajavam à Suíça para se apresentar no Montreux Jazz Festival ao lado de lendas da música como B.B. King. 

Com o rompimento da sua banda, Jordan mudou-se para Seattle em 2011 e segundo ele mesmo, foi nesse período que a sua persona nasceu. Acompanhado apenas de sua guitarra e um bumbo de bateria, o artista saía pela cidade se apresentando em bares e clubes. Até que em uma das apresentações lhe foi perguntado qual era seu nome artístico e ele apenas respondeu: “Reignwolf”. 

Dois anos depois, Jordan entrou em estúdio pela primeira vez para gravar um álbum sob o nome de Reignwolf. Tendo um álbum anterior gravado e lançado com seu nome de batismo, dessa vez ele contou com a ajuda do baterista Matt Chamberlain e ninguém menos que Ben Shepherd, baixista do Soundgarden. A tentativa de gravação não deu certo e os três saíram em turnê pelo Canadá. 

Em 2013, Cook lançou os primeiros singles sob o nome Reignwolf, a enérgica e crua “Are You Satisfied?”, que foi lançada no mesmo dia que ele se apresentou no Lollapalooza Chicago e “In The Dark”, que tem grandes influências de seu passado com o blues. Os vídeos das apresentações ao redor do mundo foram suficientes para serem anunciados como banda de abertura da turnê do Black Sabbath pela América do Norte em 2014. A tenacidade e entrega ao palco de Jordan Cooke fez com que o próprio Ozzy Osbourne o perguntasse no camarim de um show: “Eu estive assistindo os vídeos. É uma banda ou só um homem?”. Cooke não se prende a rótulos; ele já declarou que o Reignwolf é ambos. 

Em 2015, houve uma segunda tentativa de gravar um álbum após a banda ter assinado com a Stardog Records. Em meio às gravações, Jordan participou da série Roadies, do diretor Cameron Crowe – conhecido pelo aclamado Quase Famosos -, que tinha nomes como Machine Gun Kelly no elenco. Assim como a série que não deu certo e foi cancelada antes de ir para a sua segunda temporada, o álbum não deu certo e o contrato com a Stardog Records foi dissolvido. 

Já não é tão incomum vermos bandas formadas por um único integrante, no entanto a performance de Reignwolf nos palcos é o que faz da banda única e pode ser a explicação para a fidelidade – e paciência – dos fãs para os seis anos de espera até o lançamento de seu álbum de estreia. No intervalo das turnês, Cook uniu-se com o baixista David Rapaport e o baterista Joseph Braley e em março de 2019, “Hear Me Out” veio ao mundo. 

O álbum de 10 faixas é a síntese de tudo o que Jordan Cook fez nos últimos dez anos como Reignwolf. Mesmo depois de ser cobrado pelo Pearl Jam, o artista esperou o momento certo para gravar o álbum. A primeira faixa e lead single, “Black and Red”, é um estopim potente para o disco carregado de influências do passado de Jordan com o blues, passando pelo punk e até mesmo o hardcore. Além do baixo excelente de Rapaport e da bateria precisa de Braley, a grande estrela de Hear Me Out é a guitarra de Cook. Os riffs são brilhantes e faixas como “Wanna Don’t Wanna”, “Ritual” e “I Want You” são exemplos de que o talento exímio do frontman vai além da habilidade de levar o público ao delírio. 

Muitas vezes comparado com Jack White, Cook provou em inúmeras oportunidades que apesar de ambos os músicos serem brilhantes no que se propõem a fazer, compará-los é um equívoco. Em apresentações ao vivo, White deposita a maior parte de sua energia no instrumento que está tocando, enquanto Jordan se entrega totalmente à performance. Quando está no palco, é perceptível que o frontman está vivendo seu momento mais catártico: um expurgo de todas as dores que o afligem e que serve de combustível para guiá-lo a oferecer mais um show inesquecível para a platéia que não consegue tirar os olhos dele ou assimilar o que acontece no palco. 

Apesar de o Reignwolf nunca ter nos agraciado com um show no Brasil, mal podemos esperar para testemunhar essa catarse insana de Jordan Cook em terras tupiniquins.

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