Do rap ao pop punk: a versatilidade de Machine Gun Kelly

Se você me perguntasse sobre Machine Gun Kelly cerca de três anos atrás, eu diria que nem saberia quem ele é! Porém, se se você me perguntasse sobre Machine Gun Kelly agora, eu diria que ele é um dos meus artistas favoritos. Para alguém que cresceu ouvindo Blink-182, Green Day e Avril Lavigne, a música hoje em dia, em especial no que se refere ao pop-punk ou rock alternativo, pode ser um pouco frustrante, principalmente quando se é alguém que alimenta-se constantemente de nostalgia.

Não sabemos se a indústria da música começou a entrar em uma zona de conforto com composições que se repetem, ou se o público em geral ficou mais preguiçoso. Talvez tenha sido até mesmo a popularização da internet, mas salvo algumas exceções, é inegável que o rock e suas vertentes começaram a perder força na música popular. O grunge começou e morreu nos anos 90, o hard rock não acontecia desde a alta do rock alternativo/emo, e única coisa que tínhamos no gênero não era mais o que dominava os charts.

Entretanto, é evidente que as pessoas estão ficando cada vez mais cansadas de coisas repetidas, saturadas, e das mesmas melodias e fórmulas da música pop. É perceptível que outras vibrações e vertentes novas estão ganhando força, assim como artistas inovadores como Billie Eilish, Blackbear e Lizzo que estão ascendendo muito artisticamente, ganhando mais espaço, além do surgimento de novos subgêneros criativos. Aparentemente a autora que vos escreve, não é a única a sentir nostalgia quando se trata de pop punk.

WTF is Colson Baker?

Se o rock não era mais tendência, por que alguém faria esse tipo de música, certo? Um exemplo gigantesco disso é o Post Malone: ama rock, é bom nisso – acho inclusive que deveria, em algum momento, lançar um álbum de rock -, mas ele é inteligente o suficiente para fazer música que está comercialmente em alta, e vimos que está funcionando muito bem para ele. Portanto, acredito que Colson Baker, o Machine Gun Kelly, pensava a mesma coisa quando se jogou no rap.

Em 2010, Machine Gun Kelly lançou seu primeiro single, Alice in Wonderland e seguiu neste caminho como rapper por alguns bons anos, embora já flertasse com alguns outros estilos, como no instrumental de “Wake + Bake“, “27“, “The Gunner“.

Agora, algo realmente mágico aconteceu em Hotel Diablo, seu quarto álbum de estúdio: Ainda podíamos sentir um pouco dos elementos do rap, mas a outra influência já não era tão pouco óbvia. A colaboração com com Yungblud em “I Think I Am OKAY“, além das músicas “Sex Drive” e “Waste Love“, tornavam o álbum um pouco mais experimental e ousado.

Ainda no Hotel Diablo, a música “Floor 13″ acabou gerando polêmica por falar sobre Eminem, o que desencadeou uma série de desavenças não apenas entre os rappers mas também entre seus fãs, com declarações afiadas por todos os lados, até chegar ao ponto de circular o boato de que depois de toda a confusão, a carreira de Colson estaria morta. Apesar do desentendimento, é interessante observar que Eminem foi uma de suas maiores influências artísticas, além de Guns N ’Roses e… Blink 182.

Blink 182

A partir de 2019, Machine Gun Kelly começou a trabalhar com Travis Barker, o baterista e co-fundador do Blink 182, que também foi responsável pela produção de Tickets To My Downfall, lançado em setembro de 2020. A “inspiração” na banda é óbvia e a sintonia de Travis e Machine Gun Kelly é surpreendente. O trabalho mostra que eles juntos são muito mais criativos, como no singleWhy Are You Here, junto com a mudança na marca pessoal e a estética, contribuíram para uma virada radical e bem sucedida para o pop punk.

Depois de inúmeros prêmios, posições bem colocadas nos charts e toda a atenção positiva que Tickets To My Downfall vem recebendo, talvez Machine Gun Kelly tenha percebido que o gênero pop punk funcionou melhor do que esperava. Talvez tudo tenha sido planejado, e Colson sempre quis trabalhar com rock, e agora que já ganhou sua fama como rapper, pode fazer o que quiser artisticamente. Ou talvez também, Tickets to My Downfall seja somente um álbum experimental. Nunca saberemos. De qualquer maneira, Machine Gun Kelly conquistou o posto de um dos queridinhos do ano e proporcionou muita nostalgia e música boa para os órfãos do rock alternativo em 2020.

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