A música com emoção, ritmos envolventes e batidas bem marcadas conquista diversos ouvintes desde os anos 50. O soul é um gênero que abrange muitos elementos musicais e pode se encaixar em outros muitos subgêneros, como o gospel, R&B e o jazz. O estilo que influenciou diretamente o tão amado rock, teve sua origem na comunidade afro-americana, e nunca deixou de existir demonstrando seu grande poder.
Hoje venho compartilhar 7 artistas que bebem dessa mesma fonte ao redor do mundo atualmente, incorporando sempre suas personalidades à influência desse ritmo forte e presente.
Luchi – Alien Girl
Luchi denomina seu estilo como uma mistura de soul, R&B, jazz, gospel e vintage pop. Ao escutar Alien Girl, o primeiro álbum da cantora, podemos claramente ver pitadas de todos esses estilos em sua obra como um todo.
A artista italiana, que hoje vive em Londres, cresceu em aulas de música, nas quais cantava sucessos de Aretha Franklin, Etta James e Nina Simone, fazendo com que ela aprendesse a usar sua voz de maneira surpreendente. Atualmente, ela pincela sua personalidade em suas canções originais e se inspira em suas grandes influências como Adele, Jorja Smith e Amy Winehouse.
Cappi arrasa ao trazer toques de modernidade às suas canções, os timbres são atuais enquanto as harmonias apresentam o toque vintage de jazz. Ela inicia o álbum com uma introdução instrumental, desembocando na primeira faixa cantada, “Nice And Quiet”, canção que exalta o ar “sexy”.
Algo a se observar é que o disco traz uma narrativa na qual todo final de canção se conecta à faixa seguinte. Bem como a mistura de sentimentos que abrangem o ser humano, a artista mostra essa montanha-russa de emoções ao tratar das mais diversas sensações, como a paixão, a solidão e o pertencimento, tornando a obra muito relacionável ao ouvinte.
Em “Care For You”, minha preferida da obra, temos um diálogo entre as vozes de Luchi e os riffs de guitarra, promovendo um ar de conversa que a cantora expressa através de suas letras. Na faixa “I want to be the wind again”, o tema dramático aparece durante as letras tristes da cantora com solos de guitarra que complementam perfeitamente a mágoa e angústia tratada. As harmonias de ambas trazem o lado rock do soul de um jeito contemporâneo.
Já nas canções “That’s My Life” e “Teenage Fantasy – Luchi’s Version” encontramos ritmos mais animados e dançantes, com toques de R&B. Luchi traz andamentos modernos com timbres típicos do vintage, tornando o álbum um mix muito único e traduzindo de maneira encantadora sua personalidade.
Você pode escutar o álbum completo aqui:
Radical West – One Year Later
A banda indie Radical West, combina groove com muito soul e pitadas de pop e rock em seu último álbum, “One Year Later“. O disco conta com baladas e músicas dançantes que agradam diversos gostos, mas sempre com base instrumental muito bem produzida e vocais que cativam o ouvinte.
One Year Later foi gravado no Wackerman Studios em Las Vegas e produzido por Robert Katz (Imagine Dragons, Madonna, Elton John, The Killers). O processo de produção foi muito importante para o resultado final esperado, já que eles queriam soar orgânico e criar um som que lembrasse uma banda e um ato solo ao mesmo tempo. Mostrar as habilidades únicas de cada membro foi prioridade também, algo que podemos de fato perceber de várias maneiras ao longo do álbum.
O grupo norte-americano apresenta um trabalho bem desenvolvido em 10 faixas, começando com a faixa título, “One Year Later”, onde já é apresentado vocais potentes com harmonia rica em timbres. Já as duas faixas subsequentes entregam uma vibe mais romântica de baladas que nos lembram muito do estilo do duo Silk Sonic.
Radical West não tem medo de experimentar, seja nos vocais em tons altíssimos como fazem de maneira excepcional em “Reaction” ou na mistura de timbres de guitarras como na pegada mais rock de “New Ordinary”. Na faixa “Shed Your Skin” escutamos melodias com muito soul e harmonia representando o indie pop/rock que o grupo demonstra com muita personalidade.
Um grande destaque é a última canção do álbum. Em “Wherever You Will Be” eles arriscam com andamento com toques de reggae e guitarras grooveadas, promovendo uma dinâmica incrível com bônus de teclas brilhantes e um solo de guitarra inesperado que adiciona o grande toque final ao disco.
Você pode escutar o álbum completo aqui:
Michele Thomas – The Assumption
A cantora e compositora norte-americana Michele Thomas apresenta em seu terceiro álbum, The Assumption, ritmos inovadores e envolventes. É possível perceber a formação no gospel que a artista teve ao apreciar sua obra, além de encontrar fortes influências de R&B, soul e neo-soul.
Este álbum em especial é seu primeiro lançamento a apresentar canções originais, feitas pela artista. Além disso, o disco foi financiado com sucesso por uma manifestação de amor da comunidade, a partir da primeira campanha de financiamento coletivo de Michele.
Ao percorrer pelas 11 faixas de seu último trabalho, embarcamos em uma jornada instrumental que reflete o espírito de improvisação do jazz. Os vocais fortes da cantora expressam através das melodias, sentimentos muito relacionáveis, tal qual o amor, questões de conexões familiares, inseguranças pessoais e até relações raciais e de gênero.
As canções “Dark”, “Autumn Nocture” e “Can’t Find My Way Home” me conquistaram pelo arranjo com andamento mais lento e vocais mais dramáticos. Apesar do tema tratado nestas faixas ser mais triste, a harmonia traz toques de alto astral e alegria com timbres de instrumentos impecáveis, promovendo um equilíbrio perfeito.
Já em “Nobody Else But Me” podemos ver a potência que a artista representa ao tratar de liberdade e amor próprio. Algo lindo de se observar é toda a base harmônica dessa faixa, com base na improvisação característica do jazz, timbres que remetem à esse estilo “vintage”, refletindo muito bem a jornada que uma mulher percorre para encontrar sua felicidade e autoconfiança.
Um destaque são os espaços que os instrumentos possuem para brilhar em cada canção. Os solos entram de maneira independente em meio às melodias, mas garantindo um brilho bônus à cada faixa. Esses trechos complementam a voz de Michele, que também brilha ao fazer suas improvisações vocais, como na faixa “No More”.
Você pode escutar o álbum completo aqui:
Odelet – The Angels Album
Melodias ricas em soul é o que domina o The Angels Album da artista norte-americana Odelet. Seus vocais impactantes não mentem e podemos ver que a cantora foi banhada em jazz, algo condizente com sua infância, já que cresceu com influências de Motown, funk e soul, cantando em corais.
É muito claro que a artista estudou e adquiriu uma grande performance com sua voz. Os vocais são os grandes destaques de suas composições que se complementam perfeitamente com a base harmônica bem colocada em suas canções.
Os arranjos demonstram muita sofisticação com timbres recorrentes do jazz e soul, que realçam a voz de Odelet em todos os momentos. As levadas mais lentas são envolventes e não desanimam o ouvinte, já que são ricas em camadas e complexidade.
O álbum se mostra muito romântico e sexy, “Angels” e “Wait For You” são os grandes destaques com refrões cativantes e harmonia dançante, apesar de seguirem um formato que lembra muito as baladas de jazz.
Facilmente você escuta o álbum todo sem perceber o tempo passar. As músicas são leves e aconchegantes, enquanto o timbre da voz de Odelet é muito suave e cativante. As faixas combinam e se conectam, promovendo uma espécie de convite ao final de uma canção para a seguinte.
As letras das músicas são cantadas como diálogos, já que a sensação é de pergunta e resposta entre melodia e harmonia. A conversa se estende ao ouvinte quando ele escuta os questionamentos da artista e se permite sentir a experiência que a sonoridade oferece.
Em “All About” nos sentimos em uma performance ao vivo de jazz, com improvisações vocais e base harmônica muito bem executada. Outro destaque é a sétima faixa do disco, “Les Tendences”, Odelet canta lindamente em francês, trazendo ainda elegância ao seu trabalho.
Você pode escutar o álbum completo aqui:
Spaceface – Anemoia
Com influências de Tame Impala, Beck e MGMT, a banda norte-americana Spaceface traz um dreampop com muito groove! O que tem de soul nisso? Pitadas de harmonias e melodias, o álbum surfa entre soul rock e funk, apesar dos timbres modernos e contemporâneos.
O grupo tem como objetivo principal reconhecer a dor que se esconde nos cantos da visão das pessoas no dia a dia, proporcionando uma breve fuga para quem precisa ou deseja. A música entra como um remédio potente para sua mente.
Em “Happens all the time” temos uma canção dançante com riffs de guitarra bem marcados e vocais dreamy, porém, em meio a canção, encontramos mudanças de dinamismos típicos do soul, com batidas bem definidas e timbres delicados. Groove é o que não falta, marcados por guitarras ricas, não só neste momento, mas em faixas como “Rain Passing Through” e “Piña Collider”, minha preferida!
Os sintetizadores brilham em “Ludus Love” adicionando um sentimento nostálgico à narrativa do disco. Já em “Panoramic View” temos as batidas bem características trazendo soul com contemporaneidade, ao se juntar com os vocais suaves e outros efeitos sonoros que remetem ao universo digital.
As músicas são cativantes de modo geral e as faixas se relacionam muito bem umas com as outras. Um destaque é a qualidade exímia de produção, a banda não tem medo de experimentar e abusa de camadas em suas composições, e o resultado é uma música equilibrada, bem harmônica e com muita personalidade.
“Millions & Memes” e a última faixa “Earth in Awe” foram outros grandes destaques, a primeira com muito pop e bateria rica em groove e a última regada de indie e dreampop! O grupo consegue entregar um trabalho impecável fazendo um mix de gêneros de maneira coerente, resultando em um álbum muito bem elaborado com composições fluorescentes.
Você pode escutar o álbum completo aqui:
IDN – Kaleidoscope
Outro artista que consegue misturar timbres e gêneros de um jeito maravilhoso é o Iden Mozafari, conhecido como IDN. O soul se encontra com pop, r&b, grunge e psicodelismo, resultando no que o artista chama de “soul fantasy”, resumindo muito bem o que o álbum Kaleidoscope transmite.
As composições são repletas de camadas e com vocais bem marcados. “Heather Grey” inicia a narrativa com bateria bem típica do soul e r&b, junto a timbres psicodélicos e melodia cativante. Os instrumentos brilham em momentos de solo, trazendo dinamismo à canção.
A produção é um grande destaque, já que foi feita pelo próprio artista, que além disso compôs, performou e mixou o trabalho. Iden já tinha lançado algumas faixas anteriormente como singles, mas o álbum conta com faixas inéditas também.
Em “Dolce e Pesante” o músico traz timbres mais fortes do eletrônico com sonoridades experimentais e harmonias únicas. Já em “Hyper Funk” temos um interlúdio de dubstep, com batida em andamento rápido, que nos leva à próxima faixa, “Fantasy” com uma atmosfera completamente diferente, promovendo um álbum muito energético.
Já na canção “I Just Wrote Our Love Song” o cantor combina suas melodias vocais com as camadas de melodia instrumental, misturando timbres suaves e outros mais fortes, trazendo também toques de psicodelismo.
Perto do final do disco, em “Tidal Waves / Slow” temos uma canção que foge completamente do mainstream, que junta melodias leves com sons de instrumentos mais pesados e batidas mais marcadas, promovendo uma sonoridade muito industrial com pinceladas de experimentalismo.
Na penúltima canção do álbum, “Videogames are Worse than Cocaine”, temos uma harmonia mais lenta e clean, com muito soul nas batidas e r&b nos timbres vocais. Chegamos a um ótimo grand finale em “Snake Charmer”, uma canção que flerta com o experimental, o industrial e o dub, tudo em uma só faixa. A criatividade é a base de tudo e IDN não tem medo de mostrar todas as possibilidades sonoras que ele consegue atingir.
Você pode escutar o álbum completo aqui:
Louise Cappi – Hope
Temos aquele soul repleto de jazz em Hope de Louise Cappi, cantora e compositora de Nova Orleans. É possível escutar as influências de grandes artistas que já residiram a cidade em seu álbum. Não é de se estranhar o belíssimo trabalho, já que Louise e sua banda, Soul Xpo, lotam a casa às sextas e sábados em sua residência semanal no Mahogany Jazz Hall, em Nova Orleans, além de ser uma artista regular na cena musical de Nova York.
Podemos descrever as canções como poderosas, explosivas, bem-humoradas e emocionantes, com toques de esperança e felicidade. Fica claro em “Happy Place”, com harmonias dançantes e letras animadas, que Louise quer promover a alegria com suas canções, e consegue!
A composição dos instrumentos é muito rica também, complementando lindamente as melodias de voz da artista, que possui vocais poderosos. Em “Hope”, faixa título do álbum, temos uma canção cheia de emoção, a melodia do baixo adiciona um brilho ainda maior à voz da cantora, que nos faz vibrar com sua letra.
Já em “Only You” temos o dinamismo sonoro rico do jazz, com compassos característicos do gênero, solos charmosos e letras que contam uma história pessoal, conquistando o ouvinte a se deixar levar pelo ritmo da narrativa.
Em “Matter Of Time” a artista conta outra história super envolvente, como uma conversa entre sua voz e a guitarra, em um groove muito típico do jazz que adiciona o clima aos sentimentos cantados, o mesmo ocorre em “She ‘s Too Tall For You”.
O álbum se encerra com faixa de ouro em “Beautiful Dreams”, canção que demonstra drama e um dinamismo rico em detalhes instrumentais. A produção promove um crescimento de sentimento ao longo da canção, mostrando a força da personagem na história.
O trabalho como um todo te convida a embarcar em um cenário complexo e com altos e baixos, refletindo muito bem a experiência humana, com toda a complexidade inerente.
Você pode escutar o álbum completo aqui:
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