Explodindo no mundo virtual, a dupla Laura Les e Dylan Brady vem conquistando inúmeros fãs e se tornando um dos projetos mais curiosos e impressionantes da música pop
O 100 gecs possui uma habilidade de misturar gêneros musicais única no cenário musical norte-americano, qualquer subgênero dentro do pop e do rock pode ser explorado pelos dois. Nos últimos anos, eles superaram os fóruns de música online para se tornarem virais no TikTok e já somam mais de dois milhões de ouvintes mensais no Spotify.
Les e Brady se conheceram na adolescência, especificamente em uma festa na cidade de St. Louis. Laura tinha interesse por música, sabendo tocar guitarra e Dylan já produzia algumas faixas para seus amigos. Assim, os dois decidiram montar uma banda punk que não funcionou, pois Laura teve que se mudar para Chicago. Para que a distância não virasse um problema, eles passaram a trocar e-mails com ideias de músicas. Com a ajuda da internet, a parceria deles foi mantida. A ideia de ficarem presos no punk acabou sendo superada quando perceberam a facilidade que demos de música eletrônica eram fáceis de serem produzidos no computador.
No ano de 2015, os dois passaram a lançar suas mixtapes no Soundcloud e rapidamente começaram a conquistar alguns ouvintes curiosos. Em 2018, Laura foi convidada a participar de um festival online no Minecraft e convidou Dylan para a ajudar nas músicas. Dentro do “Coalchella”, o 100 gecs fez sua primeira apresentação. O visual futurista e cheio de blocos agradou os dois, tanto que durante a quarentena, eles organizaram o próprio festival no jogo. Não chegou nem perto dos mais de dez milhões de espectadores que acompanharam o show de Travis Scott no Fortnite, mas na hora o Minecraft chegou a não aceitar novos jogadores, pois o sistema já estava sobrecarregado.
Hoje, poucos anos depois de se unirem, os dois foram convocados para serem a banda de abertura da última turnê do Brockhampton, lançaram seu álbum de estreia e um ano depois começaram a divulgar seu disco de remix. “1000 gecs and The Tree of Clues” conta com a participação de Charli XCX, Injury Reverse e Fall Out Boy, mostrando que artistas de diversos gêneros embarcaram na aventura musical da dupla. Entretanto, para muitos, o som deles é considerado uma piada, que só serve para virar meme e não para ser devidamente ouvida.
Claro, o trabalho deles possui um tom de humor. Seria inconsequente afirmar que uma dupla berrando frases como “Hey, you little piss baby, you think you’re so fucking cool?”, “Money got me feelin’ like a dentist” e “I’m addicted to Monster, money, and weed” não possua uma pitada de ironia. Ainda mais se pensarmos que as letras confusas são cantadas em cima de uma batida eletrônica e com um auto-tune na voz que parece ter sido retirado do Alvin e os Esquilos. Logo, em um primeiro contato com o som deles, é normal se perguntar o que diabos está acontecendo. Depois, o ouvinte passa a perceber que a música fica na cabeça e é impossível não ficar cantarolando as letras sem sentido. Quando você menos espera, já está ouvindo eles sem parar.
Superando o susto inicial, fica perceptível que, na verdade, o 100 gecs é formado por puros fanáticos por música que se propõem a produzir o que é empolgante para eles, independente de qual gênero for. Ouvir o “1000 gecs”, primeiro disco do grupo, é como observar uma dupla de cientistas malucos tentando fazer experiências com tudo o que a música proporciona. Dentro das dez faixas do disco, podemos perceber que a ideia dele não é agradar ao público, mas fazer com que os vinte três minutos de duração da obra sejam divertidos para Les e Brady.
O álbum de estreia deles realmente abre espaço para apreciação de todos os públicos possíveis. Por exemplo, o primeiro single, “Money Machine”, já é a dupla chutando a porta da sua casa com uma mistura de eletrônica com death metal. Essa é a faixa responsável por te questionar se você deve ou não continuar ouvindo 100 gecs. Ela não é fácil de digerir e muito menos de ser compreendida. Enquanto isso, “Stupid Horse” é uma das mais tranquilas da obra, ao mesmo tempo que a letra conta uma piada sobre cavalos. O instrumental numa pegada ska deixa tudo mais divertido, além da faixa possuir uma estrutura que lembra a música tema do desenho do Scooby-Doo.
Outros exemplos curiosos são “xXXi_wud_nvrstøp_ÜXXx” e “Ringtone”. Na primeira, eles usam a melodia de “Kiss Me Thru The Phone” de Soulja Boy para construir a música. Na versão remixada, ela ganhou uma pegada eurodance e contou com a participação do rapper estoniano Tommy Cash e da Hannah Diamond, uma das queridinhas vozes do PC Music. Já “Ringtone” surpreende por ser simples, em um momento em que o álbum deles já foi tomado por todos os estilos possíveis, é engraçado como o pop chiclete é um alívio para os ouvidos.
Resumindo, ouvir 100 gecs é uma aventura que muitas vezes você não sabe se vale a pena ou não. É confuso e contém muita informação ao mesmo tempo, mas também é alegre e te deixa eufórico. Nessa balança de emoções, vale lembrar que, no final, a música deles é uma representação do que há de mais criativo e livre do cenário atual.
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Abaixo, alguns dos memes da dupla que viralizaram:
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