Participar do BBB pode ser um ótimo negócio para aumentar números no Spotify – até mesmo dos mais rejeitados
A 21ª edição do Big Brother Brasil ainda está longe de acabar, mas seus participantes já têm colhido resultados da alta exposição proporcionada pelo programa – em especial, os profissionais da música: Projota, Karol Conká, Fiuk, Pocah e Rodolffo, da dupla com Israel.
Em menos de duas semanas entre o anúncio dos participantes em janeiro até o fim do mês, quase todos já haviam registrado aumento no número de streams no Spotify. Fiuk foi o que recebeu a maior taxa de crescimento, com um aumento de 107% na média diária de reproduções, seguido de Projota com 43%, Karol Conká com 18% (a gente já volta para ela) e Israel & Rodolffo com 10%.
A única que não teve um crescimento significativo nesse período foi Pocah – muito provavelmente porque a voz por trás de hits como “Não sou obrigada” e “Quer mais?” já tinha números muito mais expressivos que os demais. Por outro lado, Fiuk era o que tinha menos ouvintes, o que ajuda a explicar tamanho avanço.
Os cinco artistas representam metade do grupo de celebridades que toparam participar do BBB em 2021, número que não surpreende considerando o sucesso da edição anterior. Com shows, festivais e festas cancelados e grande parte do público isolada em casa por causa da pandemia, o reality se tornou uma vitrine atraente de divulgação para profissionais que tradicionalmente dependem de palcos e aparições públicas para promover seu trabalho.
Em 2020, quando famosos começaram a participar do programa, as três cantoras que entraram na casa mais vigiada do Brasil registraram um crescimento impressionante em seus números. Entre a data de anúncio dos participantes até a semana da final, Gabi Martins foi a que obteve o maior aumento, com um pulo de 1.374% no número de ouvintes diários, seguida por Lane & Mara (antiga dupla da então anônima Flayslane) com 976% e Manu Gavassi com 376%.
Manu, aliás, que apresentou uma estratégia de marketing invejável durante sua passagem pelo BBB, teve sua faixa “Planos Impossíveis”, de 2010, alçada à lista de 50 Mais do Spotify logo no início do programa, além de aproveitar o confinamento para soltar a então inédita “áudio de desculpas”, cujo clipe já havia angariado quase 1,5 milhão de visualizações dois dias depois da estreia.
Alguns participantes tentaram reproduzir a tática em 2021. Logo nos primeiros dias de programa, Israel & Rodolffo lançaram Aqui e Agora, Vol.1, primeira parte de um álbum ao vivo da dupla. “Batom de Cereja”, carro-chefe do trabalho, ainda está entre as 30 mais tocadas do Top 200 do Spotify e também na lista de 50 Virais da plataforma, que registra as faixas que estão crescendo mais rapidamente.
No dia 24 de fevereiro, Fiuk lançou “Amor da Minha Vida”, faixa pop suave que, pouco mais de 24 horas depois da estreia, tinha “apenas” cerca de 257 mil visualizações no YouTube. O timing pode ter atrapalhado: o lançamento veio justamente no dia seguinte à eliminação histórica de uma das participantes mais marcantes do programa – Karol Conká.
O “kaso” Conká
Depois de uma série de atitudes questionáveis recebidas com grande desaprovação pelo público, a rapper curitibana Karol Conká acabou eliminada com a maior taxa de rejeição na história do BBB (99,17%). Ainda na casa, a sister teve contratos cancelados por conta da repercussão de seu comportamento no reality, inclusive de shows que ela faria nos festivais Rock The Mountain e Rec-Beat. Ao contrário de favoritos anônimos como Sarah e Juliette, que hoje acumulam milhões de seguidores no Instagram, os números nas redes de Karol acabaram, na verdade, encolhendo. No auge das polêmicas, a Forbes estimou que ela poderia perder até R$ 5 milhões com a crise de imagem. Mas e sua música?
Karol parece ser um típico exemplo do clichê “Falem bem ou falem mal, mas falem de mim”. Ela também tinha um single inédito que seria lançado durante o confinamento, mas cuja estreia acabou suspensa depois das polêmicas. Mas apesar da imagem manchada por acontecimentos no BBB, a artista continuou crescendo em número de ouvintes mensais no Spotify, com um aumento de 14,3% desde o anúncio de sua participação até a tarde da data de eliminação.
Menos de 24 horas depois de deixar o programa, esse número já havia subido de 697.770 para 703.049 ouvintes. Nesse mesmo período, a rapper já havia, inclusive, recuperado o número de seguidores perdidos no Instagram, voltando à casa de 1,5 milhão de usuários.
Apesar de menos expressivo, algo parecido aconteceu durante a 12ª edição de A Fazenda, exibida no último trimestre de 2020. Em dois meses de programa, os funkeiros pop Mirella e Biel, alguns dos participantes mais polêmicos da edição, cresceram 15% e 53% no número de ouvintes mensais no Spotify, respectivamente. No mesmo intervalo, a campeã Jojo Todynho cresceu 22% na plataforma, enquanto o sertanejo Mariano (Munhoz & Mariano) cresceu 10,47% e Tays Reis, dona do hit “Paredão Metralhadora”, teve um aumento de 1.635% (saindo de um patamar significativamente mais baixo do que os demais).
Quem está do lado de fora também ganha
Os participantes não são os únicos que se beneficiam da exposição do reality. Em 2020, as dancinhas de Manu Gavassi ajudaram a impulsionar “Don’t Start Now” de Dua Lipa, que não apenas ficou entre as mais tocadas do Spotify Brasil na época, como também foi por um tempo a única música internacional entre as Top 10 da plataforma no país. Alguns dos maiores picos de reprodução da faixa coincidiram com festas do BBB em que os participantes faziam a coreografia do “tamborzinho”. Na reta final, Dua Lipa fez até mesmo uma participação especial por vídeo.
Além de “Planos Impossíveis”, Manu também viu o “efeito BBB” em 2021: a música “Eu Dou Risada”, de 2013, que muitos fãs acreditam ser uma referência ao fim do relacionamento da cantora com Fiuk, entrou no Top 5 do iTunes logo na primeira semana de programa.
Mas o maior impulso do BBB 21 nas paradas musicais veio, na verdade, de uma “anônima”: “Deus me proteja”, faixa de 2008 do paraibano Chico César, chegou ao topo do ranking de virais do Spotify Brasil depois da sister e conterrânea Juliette escolher a música para sua “playlist do emparedado”, outra novidade desta edição. Uma versão ao vivo da canção, gravada em 2018, também entrou na parada.
Muito ainda pode se desenrolar até a final do BBB 21, que só deve acontecer em maio. Até lá, outras faixas favoritas dos brothers podem acabar impulsionadas nos charts. Mas uma coisa parece certa: enquanto eles estiverem lá dentro, eles só têm a ganhar.