“Are You Awake?” de QUO
É sempre interessante nos depararmos com um projeto com um som totalmente original e que você sente que o artista está pondo toda a sua energia naquilo. Esse é o caso de “Are You Awake?”, o primeiro EP de QUO, um novo nome do indie pop norte-americano. Por trás do projeto está Ben Roberts, que tocou todos os instrumentos do trabalho, gravou os vocais, produziu e mixou. Influenciado pelo pop eletrônico de Jkuch e todo o imaginário criativo do Tame Impala, as quatro faixas do EP circulam por um universo de gêneros musicais, fazendo com que a exploração sonora de QUO expresse muito bem sua visão e decisões sobre a vida.
A viagem musical começa logo na primeira faixa, “Song About Forgetting To Take My Meds and the Repercussions of Not Doing So” é uma ótima surpresa. Adentrando na realidade de QUO, a música que ao mesmo tempo que é lenta, vai se transformando e pegando seu próprio ritmo, conta sobre sua relação com adderall. A imersão é tamanha que em um determinado momento da canção, o artista usa como sample uma conversa dele com a secretária do consultório médico que ele frequenta.
Já em “Are You Awake?” e “Fuel for the Fire”, QUO nos apresenta canções mais tranquilas, com elementos interessantes do eletrônico, com batidas que agregam para a grandiosidade das faixas. Mesmo “Are You Awake?” partindo para uma construção simples da música, da guitarra acompanhando a voz, a inserção das batidas eletrônicas dá mais vida para a canção. No caso de “Fuel for the Fire”, QUO inicia a canção com seu teclado, em uma pegada bastante melancólica. No entanto, o ritmo acelera um pouco, com uma batida abrindo espaço para algo que até agora ele não tinha experimentado no EP, o trap. Finalizando, a última faixa é “I Don’t Wanna Do This to You”, que utiliza do indie pop e do bedroom pop para tornar o ambiente da música calmo e sereno.
Em suas quatro faixas, QUO apresenta o melhor de um artista disposto a explorar diversos estilos, sem medo de ser autêntico e vulnerável. “Meu novo EP reflete sobre alguns pontos específicos da minha vida, como amor, espiritualidade, medicamentos prescritos e drogas psicodélicas”.
O EP “Are You Awake?” está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
“What Happens To Friendships?” de Grids & Dots
Combinando várias influências do indie com as paisagens sonoras do shoegaze, Grids & Dots apresenta “What Happens To Friendships?”, EP de estreia da banda. Dentro das sete faixas, o grupo australiano mostra que não possui dificuldade em apresentar um som único e cheio de paixão. Do início ao fim, o EP consegue ser calmo e energético ao mesmo tempo, sem perder a mão na produção e tendo como resultado final um trabalho ótimo para se ouvir em dias tranquilos.
“Dishes and Days”, primeira faixa do trabalho, é a melhor combinação possível de Pixies com Slowdive. O instrumental é de aquecer o coração, com baixo, bateria e guitarra acompanhando as duas vozes e construindo o clima perfeito para se iniciar a obra. A expectativa aumenta ainda mais com “The Great Divide”, música que parece ter saído diretamente de uma fita cassete dos anos 1990. Ela inicia com uma brincadeira entre as vozes, chegando no clímax em que o vocal se perde dentro dos instrumentos, se complementando.
“City Skies” continua no ritmo acolhedor das duas primeiras faixas, porém o clima de nostalgia prevalece na canção, que cumpre com êxito o papel caloroso que “What Happens To Friendships?” nos mostra até o momento. Depois, a faixa-título é a primeira mostra de uma direção diferente do Grids & Dots. A voz feminina tem o destaque central e uma bateria desacelerada marca o ritmo da canção, além do baixo e guitarra construindo o ambiente para a cantora se sobressair.
Em “Suzy Says” e “Someone Mentioned Today”, a vibe serena permanece, porém com um adicional de melancolia que faz as duas canções se distanciarem bastante do que foi apresentado no início da obra. Para terminar a tracklist, “Hazey Jane” é a escolha perfeita. Utilizando dos melhores elementos das outras seis faixas, ela deixa o ouvinte com vontade de ouvir mais do grupo. Para quem é fã de Yo La Tengo, DIIV e Land of Talk, Grids & Dots é uma banda que não pode passar despercebida.
O EP “What Happens to Friendships?” está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
“My Hobbies Suck” de Worse In Person
Worse In Person é um quarteto de indie rock estadunidense que durante o último verão no hemisfério norte gravou o EP de estreia da banda. “My Hobbies Suck” reúne quatro faixas que exploram sonoridades diferentes do rock, mas que possuem a temática central em que o personagem retratado nas letras não se leva a sério e se encontra preso em situações inusitadas. Desde o Weezer com o “Blue Album” em 1994 até álbuns mais atuais como “Too” do FIDLAR, essa ideia do punk triste e descontraído ao mesmo tempo é atrativa para os ouvidos. Nessa pegada, “My Hobbies Suck” traça o caminho de suas influências e encontra seu próprio som.
A faixa título é rápida e simples, a bateria agressiva implementa o ritmo para toda a música, que possui uma performance vocal que se esforça para que sua mensagem seja devidamente ouvida perto do instrumental sujo. Seguida por “Mouth Breather”, o estilo se transforma, mais calma e com destaque para uma bela linha de baixo. Além disso, na segunda mensagem da canção, o vocal e os instrumentos se fundem para dar uma virada na canção, a tornando ainda mais encantadora. É como se tivesse saído diretamente do álbum “Teens of Denial” do Car Seat Headrest.
É interessante pensar em como as quatro faixas se complementam. Muito do cenário autodepreciativo da canção “My Hobbies Suck” retorna em “The Freeze”, última faixa do EP do Worse In Person. Ela é contagiante como a faixa título, deixando o ouvinte com vontade de cantar e bater a cabeça junto com a música. Enquanto isso, o quadro descolorido de “Mouth Breather” volta em “Go Slow”, com a bateria e o baixo criando a base melancólica.
O EP de estreia do Worse In Person é um ótimo exemplo de como ter influências bastante consolidadas pode ajudar na execução de um bom som.
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“What We Gonna Do?” de Ecota
Ecota é um novo rosto do indie britânico. Nascida na Lituânia, Valerija Michailova começou sua trajetória como artista solo em março de 2020 e no dia 16 de abril lançou seu primeiro EP. “What We Gonna Do?” possui quatro faixas que expressam os sentimentos, dificuldades e pensamentos que Ecota experienciou enquanto produzia o álbum.
O indie pop emotivo com um instrumental levemente animado encantou os jovens em 2020. Ano passado, nomes como Girl In Red e Clairo viram seu sucesso aumentar quando suas músicas viralizaram no aplicativo. Com a mesma pegada, Ecota explora seu lado mais pessoal em seu primeiro EP. Logo na faixa-título que inicia a obra, podemos perceber o tema central: a relação de Ecota com seus parceiros e pessoas ao seu redor. Em “What We Gonna Do?”, a guitarra doce se mistura com a bateria forte e a voz encorpada da artista, fazendo com que ela seja uma ótima escolha de faixa inicial. No mesmo estilo da música anterior, porém um pouco mais carregada de emoção, “Sunset” tem uma presença mais marcante do sintetizador, que cria o ambiente para a voz da artista.
Passando da metade do EP, é interessante observarmos como Ecota se preocupa que sua mensagem seja devidamente entendida, com as músicas girando em torno de três minutos de duração. “Right Now” é um bom exemplo de como cada canção possui um início, meio e fim bem marcados, a música inicia com o sintetizador e a guitarra na intro e mais uma vez a entrada da bateria e voz é junta, quase que uma marca registrada da artista. No refrão, sua voz se mistura com a guitarra, fugindo um pouco do ritmo da bateria. No final, ela abre espaço para o instrumental se destacar. Da mesma forma é estruturada “Forget You”, última música do EP. Assim, é interessante pensarmos em como Ecota deixa seu toque em cada detalhe de “What We Gonna Do?”.
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“STRANGER TO MYSELF” de Peyton Marie
Diretamente do Iowa, Estados Unidos, Peyton Marie lança “STRANGER TO MYSELF”, seu primeiro EP solo. Aos 18 anos, a artista já possui experiência no mundo da música, tendo tido uma banda durante cinco anos. No entanto, agora segue uma nova trajetória, no caminho arriscado de fazer um lançamento solo. Com três faixas, seu EP de estreia mescla diferentes formatos da música pop e destaca o potencial e a força que é a voz de Peyton Marie.
“Stranger To Myself” inicia quase como uma balada, durante o primeiro minuto da canção sua voz e o piano tomam o destaque da faixa. Porém, com a chegada do refrão, a música passa por uma transformação, se tornando um pop bem produzido e que se renova a cada “oooh” entoado por ela. Com uma letra bastante pessoal, Peyton escreve sobre ansiedade e depressão. “Ser adolescente nestes tempos é muito estressante e acho que sofrer de saúde mental é um efeito colateral disso”, conta a artista.
Com um estilo vintage, “Blue Valentine” é a música que mais destaca a voz de Peyton. Clara de se ouvir e apreciar, a canção não passa despercebida devido sua qualidade vocal. O instrumental não é inovador, mas é executado perfeitamente, principalmente, se lembrarmos que a artista que gravou em casa todos os instrumentos. Finalizando o EP, “Liar Liar” é um dark-pop que podemos pegar a influência de Billie Eilish, conseguindo misturar bem os diferentes elementos da produção. É interessante como a voz de Peyton consegue facilmente transitar de ser mais falada para o cantado e “Liar Liar” mostra bastante esse lado da artista.
Para fãs de pop mainstream, mas que gostariam de embarcar de cabeça no bedroom pop, “STRANGER TO MYSELF” é uma ótima para suas playlists favoritas e também para surpreender seus amigos com uma nova indicação musical.
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“Blue” de Joe & The Anchor
A escolha de transitar do indie rock para a música pop pode ser arriscada algumas vezes. Nos últimos anos, vimos o The 1975 tomar esse caminho com maestria e agora também Joe & The Ancor traçam uma trajetória parecida com seu novo EP “Blue”. A banda sueca é formada por quatro amigos de infância, que cresceram e amadureceram juntos, tanto na vida quanto musicalmente. Dentro das seis faixas, JATA não sente dificuldade em entregar qualidade com seu pop animado e bem produzido.
“So Bad” é uma surpresa logo na primeira ouvida. É muito interessante como os quatro integrantes conseguem misturar vários elementos no instrumental e eles não parecerem perdidos. Começando calma e animando no refrão, a música possui a fórmula certa para o sucesso, sem perder a originalidade. “Wait on Me” e “Walk Away” não são muito distintas da primeira faixa, porém reforçam a qualidade vocal do líder da banda. Além disso, o refrão imediatamente das duas imediatamente fica na sua cabeça, repetindo infinitamente o “wait on, wait on me” e o “if we walk away, way, way, yeah”.
Nesse ponto do EP, é esperado que eles tomem um outro caminho após três canções com estruturas similares. Sem decepcionar, Joe & The Anchor capta essa mensagem e “Get the Vibe” é um pop com pegada eletrônica que cria um ambiente totalmente novo para “Blue”. “Lou Lou” é uma balada melancólica liderada pelo piano e que vai crescendo com o decorrer da música, similar ao formato de composição que Sam Smith utiliza para seus grandes hits.
Finalizando, a faixa-título é a mais distinta de todo o EP. Iniciando quase que de forma enigmática, o instrumental cria um cenário nublado, com a voz quase falada do vocalista nos liderando para entrar de cabeça na faixa. Em um trabalho em que a maioria das músicas está voltada para o consumo fácil do pop mainstream, é interessante ver Joe & The Anchor explorar sons tão diferentes nessa última faixa de “Blue”.
“Blue” é um trabalho que poderia facilmente se perder em seu pop mainstream. No entanto, Joe & The Anchor consegue colocar seu toque pessoal em todas as faixas, fazendo elas se distinguirem do restante que ouvimos nas grandes rádios.
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“Batchild Begins” de Elvis Batchild
Elvis Batchild começou a partir do encontro de cinco desconhecidos que se uniram pelo amor ao rock da década de 1970. Desde então, eles saíram do anonimato para fazer sucesso na cena musical de Seattle. Agora, lançam “Batchild Begins”, primeiro EP do grupo. Trazendo o hard rock para os anos 2020, as quatro faixas do trabalho nos levam a uma viagem no tempo, mas sem se perder em apenas reproduzir suas influências.
“Can’t Go Out (Can’t Stay Home)” começa despretensiosa, as guitarras criando o ambiente para a execução da música. No entanto, com a entrada da bateria, baixo e voz, a canção começa a ganhar corpo. Quando o ouvinte imagina que ela irá permanecer nesse estilo, ocorre uma virada no som, transformando “Can’t Go Out (Can’t Stay Home)” em um hino para ser entoado alto. Empolgante, a faixa aumenta a expectativa para o restante do EP. Na letra que relata momentos da quarentena, podemos perceber a forma genuína de escrever que Rein Laik- vocalista e multi-instrumentista da banda- possui.
“Bad Dream” já embarca numa jornada mais intimista, com os vocais ficando mais de lado para dar destaque aos instrumentos. Com solos de guitarra, linhas de baixo interessantes e uma bateria bem marcada, a faixa se torna interessante de se apreciar. Voltando ao ritmo mais animado, “Uninvited” é mais uma faixa carregada pelo hard rock, entretanto, a banda insere na segunda parte da canção uma linha quase de rap, dando uma diferenciada interessante para o som do EP.
Finalizando “Batchild Begins”, Elvis Batchild nos mostra a tranquila “Oswego”. Mais distante das outras músicas, ela traz uma serenidade após a energia contagiante das outras canções. Em quatro faixas, Elvis Batchild não tem medo de explorar suas influências de maneira maestral e com toques pessoais que transformam “Batchild Begins” um ótimo EP para os fãs de rock da década de 1970.
O EP “Batchild Begins” está disponível no Spotify e em nossa playlist de descobertas da plataforma Musosoup! Não deixe de ouvir!
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