Por Beatriz Vaccari, Caroline Dias e Natalia De Mitri
Ao navegar pelas plataformas digitais e se deparar com Friday Pilots Club, é certo que a experiência será sem igual. Caleb Hiltunen e Drew Polovick são dois rapazes apaixonados por música que, ao mesmo tempo que entram numa era mergulhada em aparências e pressão das mídias digitais, não querem perder sua essência e apenas se divertir.
Esse pensamento vai muito além de um nome artístico com três palavras que dificilmente seriam combinadas em contextos comuns. Drew e Caleb procuram acima de tudo respeitar suas próprias convicções sem se encaixar em paradigmas, criando suas próprias regras e produzindo canções capazes de agradar fãs de todo tipo de gênero musical. A banda de Chicago se prepara para lançar o EP Friday Pilots Club nesta sexta-feira e, em fevereiro, juntou-se à equipe do ROCKNBOLD para bater um papo que acabou se estendendo por duas horas, mesclando assuntos relacionados à carreira, inspirações musicais, sonhos de turnê e até mesmo séries de televisão e comidas brasileiras.
A FPC chega numa era do mercado musical em que duos estão em alta, e mesmo que eles vendam a própria imagem como um duo composto por Caleb e Drew, não é bem assim que as coisas acontecem nos bastidores. Trabalham por trás da banda, ao todo, cinco pessoas, contando com os dois vocalistas.
“Nos apresentamos como uma dupla por uma razão. Em 2020 e 2021 estamos essa tendência acontecendo. Acho que as pessoas estão se importando cada vez menos com essa ideia tradicional de como uma banda se parece e também como um superstar se parece. Isso se tornou algo realmente lindo porque é algo assim, você não precisa ser esse tipo de pessoa super chamativa como Michael Jackson, David Bowie, Celine Dion. Você poderia ser uma criança em seu quarto que explode e se torna um superstar internacional”, revela Drew durante a entrevista. “Isso só fala sobre todo esse tópico maior de identidade dentro da música e dentro dessa indústria. Você pode ser qualquer pessoa e se tornar grande. Agora você pode ser uma banda de rock com apenas duas pessoas e ainda assim soar enorme.”
Sobre isso, Caleb complementa: “Vamos continuar [com essa imagem de duo] por enquanto. É como se você estivesse na banda e a seguisse, Jimmy e Eric e Sean também fazem parte dela. Mas, você sabe, no que diz respeito à imagem pública e tudo o mais, quando se trata de ir e tocar em programas é muito mais fácil para as pessoas decorarem apenas dois nomes ao invés de cinco.”
“Acho que o que faz a banda ser tão especial é que nós somos cinco indivíduos únicos com cinco personalidades únicas e isso funciona de alguma forma”, complementa Drew. “Sou infinitamente grato por eles porque sinto que eles também nos incentivam para sermos pessoas e músicos melhores também.”
“Pra ser sincero, se nós cinco fizéssemos tudo juntos, seríamos tão improdutivos”, finaliza Caleb, rindo. “Nós literalmente ficaríamos dando risada o tempo todo.”
Esse senso de humor e atmosfera leve que Drew e Caleb desenham para o público é justamente o que compõe um bate-papo com a banda e, consequentemente, seu processo criativo. Com o EP marcado para lançar nesta sexta-feira (7), os vocalistas dividem com o ROCKNBOLD expectativas e detalhes da composição, produção e lançamento das músicas, em especial os três singles que anteciparam o trabalho: Breaking My Bones, Look Better in Gold e I Don’t Care.
O EP homônimo
Sobre o novo trabalho, Drew e Caleb adiantam que cada faixa será bem diferente uma da outra, assim como os três singles que a antecederam. “Não apenas diferentes do que já temos, mas diferentes uma das outras. Duas das músicas são meio tristes, meio broken heart, mas há também a que Caleb mencionou”, adianta Drew, sobre a faixa Glad to Be Here, que o duo descreve como “o momento em que você alcançou um sucesso autêntico que pode levar consigo pelo resto da vida.”
“Em Glad to be Here eu me sinto bem porque é uma espécie de mensagem para ajudar as pessoas a suportarem os piores momentos. Eu sinto isso profundamente por quem segue esta banda e não apenas pelos meus irmãos, pelas integrantes, mas pelas pessoas que admiram a gente”, relata Caleb.
Além disso, há mais duas faixas inéditas: Cut Me Up e Change for You, esta última que será totalmente indicada para os fãs de pop punk. “É como um banger, me lembra pop punk”, detalha Drew.
“O que você realmente deve esperar: as músicas em si são tão boas, como se eu sentisse que realmente escolhemos uma coleção legal. E eu também acho que você descobrirá que todas essas canções têm algum tipo de significado mais profundo”, comenta. “Não apenas como se houvesse um significado específico, mas como eu espero que todos possam ouvi-los e encontrar seu próprio significado.”
Sobre a direção de arte do projeto, cada single levou uma capa simples para ser lançada, mas com um conceito por trás que depois misturava-se e completava-se na capa do EP, por exemplo, Look Better in Gold levou o mesmo fundo preto que as demais canções, mas seus detalhes e símbolos possuiam a cor amarela. Enquanto isso, I Don’t Care e Breaking My Bones tiveram as cores verde e rosa, respectivamente.
“É a ideia de que a cor brinca com um conceito”, começa Drew. “Estávamos prontos para fazer algo um pouco mais ousado e bombástico e ter cores brilhantes e marcantes na capa. E eu também acho que isso une essa Era do Friday Pilots Club. Vamos continuar a explorar o mundo da direção de arte dentro de nossa banda. Eu, eu realmente quero fazer algo super no próximo álbum que, tipo, transcenda tudo o que estamos fazendo agora.”
“[O EP] tem um significado em si mesmo, na medida em que você pode ouvir a música enquanto olha para a capa e os dois meios de arte vão influenciar a maneira como você vê o outro”, explica o músico e produtor.
Reconhecimento
Ainda que seja considerada uma banda pequena, Friday Pilots Club amplia cada vez mais sua presença no meio digital utilizando a rede social do momento: o TikTok. Além disso, Drew e Caleb ganharam ainda mais notoriedade ao integrarem a trilha sonora oficial da National Hockey League (NHL), o campeonato mais importante de hockey nos Estados Unidos.
“Queremos crescer, expandir para ser uma das maiores bandas do mundo. Achamos que temos muito o que dizer e coisas boas para falar”, comenta Drew quando questionado sobre perspectivas. “Ter pessoas assim do nosso lado nos ajudando, é realmente algo especial. É algo para sorrir todos os dias.”
“Estar em playlists que você admira é como uma sonho. É louco ver lugares em que nossa música se encaixa que nós nunca imaginamos que ela se encaixaria”, comenta sobre as playlists da trilha sonora da NHL e as demais do Spotify. “Nunca teríamos pensado que teríamos uma passagem para aquele mundo [dos esportes]. Esse tipo de coisa está nos levando a lugares e nos colocando em lugares que nunca teríamos imaginado, nos apresentando pessoas que nunca teríamos imaginado serem apresentadas ao nosso trabalho.”
Além disso, Drew e Caleb comentam sobre serem reproduzidos em outros países graças ao alcance global de plataformas de música digitais, como o Spotify e o Deezer. “É alucinante”, Caleb começa. “Eu me lembro da primeira vez que isso aconteceu, e foi uma pessoa da Finlândia. E eu estava simplesmente encantado. Eu pensei: ‘você não é a minha mãe e nem a minha namorada. Por que você está ouvindo essa música?’ [risos] É uma sensação mágica. Faz você sentir que existe um pouco mais.”
A presença no TikTok
“É terrível”, começa Drew, brincando. “Eu gosto de estar pronto toda vez que postamos um vídeo lá algum garoto de nove anos entrar e comentar algo do tipo ‘cala a boca, perdedor’, [risos]. É assustador porque é algo que nunca fizemos, é novo para nós. E eu acho que também é difícil às vezes porque eu sinto que Caleb e eu somos pessoas engraçadas, mas é muito difícil fazer isso quando é forçado.”
Sobre não ter um gênero musical definido
Embora presente em diversas playlists de música alternativa, a FPC nunca foi, de fato, pertencente a algum gênero musical. Drew e Caleb até brincam com a situação na biografia do Spotify, em que as únicas palavras que compõem a descrição da página de artista são: “rock band”, exatamente entre aspas.
“Eu vejo um propósito para eles [gêneros]. Acho que tudo na vida que queremos quantificar. Queremos gostar, queremos saber no que estamos nos metendo; mas eu acho que o lance dessa banda é que nós não somos baseados em um som”, explica Caleb, referindo-se a ideia de que o Friday Pilots Club é, na verdade, baseado numa ideia.
“Não importa com o que pareça estamos felizes por estar aqui”, complementa o músico. “É como se nós simplesmente gostássemos de pegar uma ideia e procurássemos uma forma de continuar a escrever sobre ela.”
“Fomos questionados tantas vezes que as pessoas da indústria, de que gênero somos. Então ficamos no alternativo que é apenas um rock?”, finaliza Caleb, fazendo uma expressão de dúvida e gesticulando uma interrogação. “Eu só sinto que essa banda pode ser definida pelo que ela decide falar e os personagens que ela decide abraçar. Algumas pessoas mantém um caráter, Billlie Eilish mantém um personagem repetidamente, mas com essa banda, isso muda toda vez.”
“Eu simplesmente amo essas merdas que soam ridiculamente loucas”, complementa Drew. “E eu quero continuar empurrando isso. E quem sabe? Quero dizer, a Friday Pilots Club será uma banda de metal em cinco anos, mas também é como se pudéssemos ser uma banda pop em cinco anos.”
“Eu nunca quero ser rotulado, classificado ou quantificado por nada além do que eu crio”, finaliza.
Friday Pilots Club, o EP, estará disponível em todas as plataformas digitais nesta sexta-feira, 7 de maio.
Acompanhe a banda nas redes sociais:
Twitter: @FridayPilots
Instagram: @FridayPilotsClub
Spotify: Friday Pilots Club