Após o lançamento do “Todas as Cores” em 2019, os paulistas do Superbrava retornam com o belíssimo Ep “Natural”.
Beber de várias fontes e aflorar referências, é crucial para chegar na receita certa. Artistas fazem isso a todo momento, quebrando barreiras e paradigmas a cada lançamento. O Brasil é um país vasto e cheio de ritmos, seria estranho não termos bandas ou artistas, que fazem esses tipos de experimentos em suas carreiras. Esse é o caso da banda Superbrava, natural de São Vicente, litoral de São Paulo, vem fazendo um som com pitadas de emo, pop punk e hardcore melódico, e movimentando o underground paulista. Sacramentando a estreia do guitarrista Vinicius Frutuoso ao lado de Vicente Anacleto (vocal), Rodrigo Dido (guitarra), Nathan Motta (baixo) e Moisés Alencar (bateria), o quinteto chega com força total em 2021.
Emocionando e contando o cotidiano conhecido e desconhecido, a banda nos presenteia com o seu mais novo EP, intitulado Natural, o ROCKNBOLD bateu um papo com o guitarrista Rodrigo Dido sobre o trabalho, trajetória e influências. Chega mais!
Rocknbold – Pra gente começar, conta pro pessoal como o Superbrava começou?
Dido – Superbrava começou em meados de 2018, e num momento muito bom pra todos os envolvidos por conta da sintonia e amizade que tínhamos todos naquele momento. Na ocasião, todos os integrantes já tinham uma certa bagagem referente a trajetória dentro do underground, e somada essa experiência com a vontade de tocar juntos, decidimos compor algumas músicas, toca-las no quintal da casa do Moisés, até optarmos por grava-las pra valer e consequentemente transformar o projeto em uma banda de verdade.
O Ep é aberto pela faixa “Ininterrupto”, dançando entre guitarras ritmadas e oitavadas, com uma bateria cadenciada e o vocal forte característico da banda. Logo de cara já dá pra perceber a proposta do trampo novo, o que já deixa uma boa impressão nos primeiros dois minutos e cinquenta e três. Com coros e um solo na transição da música, é visível a mescla de referências que a banda carrega.
Rocknbold – O som do Superbrava é algo bem único, mesmo sendo possível observar algumas referências. Como vocês chegaram nesse som?
Dido – A energia do som da banda, apesar de cada um de nós termos os nossos gostos e particularidades musicais, é que encontramos um denominador comum pra essa banda e sua musicalidade como um todo. Tentamos sempre dentro do conceito apresentado inicialmente nos mantermos fiéis a essa física. De modo simplificado também posso dizer que existe uma grande sinergia entre todos nós, que acabamos conseguindo transformar em uma identidade musical própria e ao mesmo tempo soar como o que gostamos de ouvir.
Com uma pegada mais clean e soft, “Peso de Tudo” mostra a busca de dias melhores no seu, no meu, no nosso cotidiano. O peso que escolhas trazem foi a fonte da letra, que vem atrelada com um instrumental daqueles que elevam a alma. O dedilhado presente nas guitarras, alternando também com oitavadas, nos levam direto para o emo 2000.
Rocknbold – Com a chegada do novo EP, observamos um amadurecimento ainda maior do primeiro trabalho de 2019, o Todas as Cores. Você enxerga isso também?
Dido – É então, como dito acima, o passar dos anos nos ajudou a encontrar uma identidade musical mais sólida. O ‘Todas as Cores’ é um EP com músicas incríveis das quais amamos todas, mas ao mesmo tempo foi um EP criado de maneira totalmente despretensiosa e experimental. Naturalmente que com o passar dos tempos, a gente passou a se identificar mais com alguns sons do Todas as Cores a ponto de tentar seguir naquela direção. Aí entra bastante a veia emo, e das influências de algumas bandas dos anos 80/90, que acredito estarem novamente presente e evidenciadas nos sons do EP NATURAL.
“Natural” é a track que você ouve e logo assimila que o emo faz parte da vida desses caras. A métrica do som nos evidencia isso: guitarras ritmadas, bateria marcando o compasso, além de mini solos no decorrer dos riffs. A letra também gira em torno de experiências, muito bem sintetizadas em forma de fala e som. A track mais intensa do EP.
Rocknbold – O novo álbum fala bastante de experiências pessoais, sobre conhecidos e desconhecidos e sobre o cotidiano. Como é pra vocês expressarem isso por meio da música?
Dido – Acho que a melhor forma de expressarmos isso, é através de muita sensibilidade e principalmente empatia, uma vez que nem tudo é baseado em experiências pessoais nossas. A música é apenas o elo e a condição que a gente usa para expressar nosso humilde ponto de vista das coisas, o que pelo menos até hoje tem sido muito gratificante através do feedback que nós recebemos dos amigos e adeptos ao Superbrava.
A quarta faixa é aquela típica faixa para inspirar. Um pouco mais rápida e frenética, assim dizendo, ela é a quebra perfeita entre todas as outras. Distoando, mas mantendo o feeling, “Pílula” foi feita para dar o descanso da tristeza (brincadeira, amigos), das composições mais na linha do emo 90’s.
Rocknbold– Pra gente fechar, o que mais vai rolar com o Superbrava neste ano?
Dido – Nós temos alguns planos referentes a novos videoclipes, novas músicas, e até algumas apresentações que a gente tá verificando a possibilidade de viabilizar de forma ainda que remota. Entretanto, o que nós mais aguardamos de verdade, é que todos se mantenham seguros, protegendo seus familiares e amigos, que assim que possível estaremos todos vacinados e quem sabe até juntos e aglomerados curtindo a queda desse presidente genocida!
“Trilha” fecha o Ep ‘Natural’ de forma brilhante. Uma faixa um pouco mais densa, mas sem perder o brilho característico do Superbrava. Mantendo a linha do instrumental, atrelado a momentos de clareza com vocais mais calmos. Se vocês têm alguma dúvida que essa banda passeia entre inúmeras referências, ouçam o EP novamente. A vida agradece vocês pelo trampo! 10/10
Mais uma vez entregando um excelente trabalho, o Superbrava entra mais uma vez no radar músicas para embalar o seu dia a dia. Não conhece o som dos caras? Corre pras plataformas, e logo abaixo tem o EP novo pra vocês curtirem. Vida longa!