O ROCKNBOLD separou alguns artistas, fora do eixo mais “popular” do rock, que deveriam ter mais reconhecimento do grande público
Existe uma quantidade incontável de grandes bandas de rock pelo mundo, sejam as mais antigas até algumas das queridinhas do que muitos chamam de “novo rock”. Porém, é indiscutível que a maior concentração dos grupos mais populares fica no eixo Estados Unidos-Reino Unido, que desde a ascensão do rock nos anos 50/60, principalmente, dominam o gênero.
Os britânicos do Queen, Led Zeppelin e The Beatles, ou os norte-americanos do The Doors, Van Halen e Kiss, são, até hoje, marcos do rock, com seu estilo autêntico e que influenciou tantas bandas. Essas bandas influenciaram tantos outros grandes grupos que marcaram época, no mesmo país, que chega a ser injusto falar apenas alguns.
Mas não é apenas neste eixo que ficam concentradas coisas espetaculares. Pensando nisso, o ROCKNBOLD separou 8 bandas da nova geração, fora dos Estados Unidos e Reino Unido, que merecem ainda mais atenção e reconhecimento pelos trabalhos consistentes que vem apresentando nos últimos anos, sejam em apenas singles soltos, EPs ou álbuns.
Normandie (Suécia)
Começamos a lista com o Normandie, banda de rock alternativo, com vertentes de post-hardcore, da Suécia, que vem crescendo bastante no cenário com influências claras em bandas como Bring Me The Horizon e Papa Roach. Com três álbuns lançados, a banda liderada pelo talentosíssimo Philip Strand tem conquistado cada vez mais apreço da cena, pela excelente mistura de riffs marcantes, bateria acelerada, além dos ótimos refrãos melódicos. Seu último disco, Dark & Beautiful Secrets, lançado no começo de 2021, teve uma grande aceitação.
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Indicações de música: “White Flag”, “Hostage” e “Thrown In The Gutter”
Maneskin (Itália)
Extravagantes em todos os sentidos da palavra, quem também aparece na lista são os italianos do Maneskin, um dos queridinhos do rock atualmente. Vice-campeão do X Factor em 2016, eles assinaram com a Sony Music e só decolaram, gravando primeiro um álbum com alguns covers, dentre eles o sucesso “Beggin“. Depois, dois discos com faixas completamente inéditas, misturando inglês e italiano de uma maneira autêntica e elegante.
O grande estouro da banda liderada pelo sensacional Damiano David veio em 2021, com o lançamento do elogiadíssimo disco Teatro d’ira – Vol. I, além de ter vencido o EuroVision, competição de música mais popular da Europa, quando representaram a Itália. A mescla de boa utilização das redes sociais e o talento gigantesco do quarteto mostram que é questão de tempo para que não saiam de vez na cabeça.
Indicações de música: “Zitti E Buoni”, “I Wanna Be Your Slave” e “New Song”
Inhaler (Irlanda)
Entusiastas do indie rock dançante, com utilização de sintetizadores e puro alto astral, os irlandeses do Inhaler são mais uma promessa europeia. Liderados por Elijah Hewson, filho de Bono Vox, vocalista do U2, os irlandeses se espelham em bandas como Catfish and the Bottlemen e The Wombats para encontrar um som redondo, com baixo presente e riffs perfeitos para fazer qualquer um dançar.
A banda lançou seu primeiro disco de estúdio no meio de 2021. It Won’t Always Be Like This chegou e foi recebido de maneira positiva entre os grandes meios de comunicação artística. Muito além de ter o fator Hewson filho de Bono Vox, o Inhaler chama atenção desde os primeiros singles/EPs divulgados de maneira mais crua. Com altíssimo potencial, os garotos de Dublin prometem fazer muita gente dançar.
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Indicações de músicas: “It Won’t Always Be Like This”, “My Honest Face” e “When It Breaks”
The Blue Stones (Canadá)
“Alunos” de bandas como The Black Keys e The White Stripes, os canadenses do The Blue Stones surgiram mesmo ao mundo da melhor maneira possível: internet. Com EPs independentes e mixagens “amadoras” no Youtube, a dupla formada por Tarek Jafar e Justin Tessier começou a chamar atenção com seu som de garagem, blues, mas, ao mesmo tempo, melódico, com refrãos cativantes, lá em 2015.
Três anos depois, em 2018, finalmente o primeiro lançamento, com o álbum Black Holes, que chamou atenção de primeira, por todo o potencial. Em 2021, Hidden Gems apareceu ao mundo, com faixas completamente inéditas e produzidas do zero, diferente do primeiro disco, que já tinham faixas pré-produzidas anos anteriores. Eles se destacam por um som totalmente acessível e pela conexão que passam.
Indicações de músicas: “Be My Fire”, “Black Holes (Solid Ground)” e “One by One”
Deaf Radio (Grécia)
Retornando a Europa, aterrissamos na Grécia. Bebendo da fonte do Queens of the Stone Age, o Deaf Radio é aquela banda que, se pegarmos seus perfis nas principais plataformas de streamings, não terá muitas reproduções, mas, sim, muita música. Com foco no hard rock e rock alternativo, os gregos tem dois discos lançados, com destaque para o último, Modern Panic, que se destaca pelos riffs poderosos e agressividade no vocal.
Indicações de músicas: “Astypalea”, “Death Club” e “Backseats”
King Gizzard & the Lizard Wizard (Austrália)
Por mais que seja uma banda que lançou seu primeiro disco em quase dez anos, os australianos do King Gizzard & the Lizard Wizard ganharam maior popularidade nos últimos anos. E pode-se dizer que eles são a banda que mais produzem no mundo. São incríveis 18 discos lançados desde 2012, sendo dois só em 2021 (até o momento). Não dá para saber se virão mais ou não, pela imprevisibilidade da banda.
O mais curioso, e espetacular, da banda é sua versatilidade. Mesmo tratada como uma banda focada no rock psicodélico, sendo até destacada como “aluna” dos compatriotas do Tame Impala, o King Gizzard não se apega apenas a um gênero, muito pelo contrário, tanto que praticamente todos os discos são diferentes. Rock de garagem, psicodélico, ácido, progressivo, hard rock e até heavy metal fazem parte do catálogo dos caras. É para todo gosto.
Indicações de músicas: “Open Water”, “Planet B” e “Mars for the Rich”
Black Days (Brasil)
Para fechar a lista, nada melhor que remar rumo ao nosso país tupiniquim. Misturando rock alternativo e vertentes do post-hardcore, com elementos eletrônicos bem introduzidos, que lembram o Bring Me The Horizon e a nova fase do Architects, mas com seu toque de personalidade, o Black Days é um orgulho do cenário underground, dando um respiro gigante no seu gênero.
Com um disco lançado, mas vários singles e EPs na conta, a banda brasileira tenta explorar o máximo possível e lançar a lugares que poucos grupos no país tem coragem. Buscam descobrir seus limites, mas, até o momento, não encontraram, exatamente pela forma como mistura elementos que, no cenário nacional, não é visto com tanta frequência no mainstream.
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Indicações de música: “Antídoto”, “Efeito do Silêncio” e “Amigo Oculto”