Billie Eilish entrega performance de peso em “Happier Than Ever: A Love Letter to LA”

Com direito a participações especiais e execução exímia, as canções do álbum “Happier Than Ever” ganham arranjos de orquestra que garantem uma sofisticação sublime ao álbum da cantora.
Billie Eilish


O documentário inicia com a animação de Billie Eilish nos levando em sua caminhada nos estúdios de gravação em Los Angeles, acompanhada da parte instrumental do violão de “Happier Than Ever”. O mais incrível nesse momento inicial é observar a qualidade com a qual a animação é inserida em cenários reais da cidade, como se tivéssemos de fato passando por todas as paisagens e praias paradisíacas de Malibu ao começar a escutar a faixa “Getting Older”.

Billie faz questão de nos dar as boas vindas em sua jornada, nos explicando que essa é a primeira vez em que o álbum é performado integralmente na ordem. A partir desse momento, chegamos ao memorável Hollywood Bowl e assistimos a incrível performance de Billie e FINNEAS acompanhados do baterista Andrew Marshall.

Algo a se destacar são todas as emoções que conseguimos sentir com os aspectos visuais. As cores, efeitos de luz e montagens ditam o sentimento das faixas que Billie tem o objetivo de nos transmitir. “Getting Older” conta com uma iluminação leve com tons de azul, com certeza nos fazendo experienciar as emoções associadas a essa matiz, já que essa cor está associada à tranquilidade, serenidade, harmonia e espiritualidade, mas também está ligada à frieza, monotonia e depressão, uma dualidade que podemos sentir não só no instrumental dessa canção mas também nas letras de Billie.


Na transição para “I Didn’t Change My Number” assistimos o primeiro contraste, o cenário fica vermelho, laranja e preto, nos transmitindo o poder que Billie expressa nessa música. Neste momento é como se estivéssemos a uma distância mínima de seu rosto em um plano fechado. Um detalhe a se ressaltar: a experiência desse concerto com certeza é o show que todo fã sonha em assistir! É possível observar cada detalhe do palco, expressões da cantora e performance de todos os envolvidos.

Ao final desta música temos a magnífica entrada da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, regida por Gustavo Dudamel, acompanhada de imagens panorâmicas da cidade durante a noite. Sem dúvida um dos pontos altos desse espetáculo, os arranjos da orquestra garantem uma sofisticação sublime ao álbum da cantora.

Algo a salientar é como a captação de som foi feita de maneira impecável, na qual é possível escutar todos os detalhes de todos os instrumentos adicionados às novas versões das músicas. Vale lembrar que Dudamel é maestro e violinista venezuelano, e atualmente é o maestro principal da Orquestra Sinfónica de Gotemburgo, Suécia, e diretor musical da Orquestra Filarmônica de Los Angeles.

Ao começar a canção “Billie Bossa Nova”, contamos com a participação especial de Romero Lubambo tocando de modo esplêndido o violão que acompanha os vocais delicados de Billie. O grande destaque, Romero é violonista brasileiro de Jazz, e sua participação adiciona a brasilidade necessária para essa faixa inspirada na nossa famosa Bossa Nova.

As performances intimistas são extremamente prazerosas não só aos ouvidos mas aos olhos. A captação dos takes da orquestra junto a iluminação serena garantem a ambientação elegante, ideal para o ritmo de Bossa Nova.

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Voltamos a encontrar a animação de Billie ao escutar os primeiros acordes de My Future, dessa vez no topo do Roosevelt Hotel, cenário super conhecido de LA. Novamente imagens de tirar o fôlego! As luzes azuis voltam a acompanhar Billie no palco do Hollywood Bowl, mas dessa vez com o toque especial da Filarmônica, trazendo um arranjo mais cheio à música, que anteriormente era, em massa, eletrônica. Encontramos o contraste de cor quando a bateria e FINNEAS se juntam à Orquestra de maneira extraordinária. O encaixe dos instrumentos é feito delicadamente, promovendo a impecabilidade.

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Voltamos à performance focada em Eilish na faixa “Oxytocin”, gravada desta vez com diferentes montagens, ângulos de close up e enquadramento contra-plongée nos dando a sensação de estar em uma balada sob efeito de entorpecentes com luzes piscantes. Billie sempre demonstrou importância às direções artísticas de suas performances, neste momento experienciamos um show de impacto, e claro, é imprescindível comentar a importância da direção de Robert Rodriguez e Patrick Osborne (vencedor de Oscar), enriquecida com a magnífica fotografia de Pablo Berron. O arranjo ao vivo dessa faixa, também anteriormente produzida de maneira eletrônica, ganha um peso ainda maior com a bateria acústica, trazendo um drop diferente, mas ao mesmo tempo bem apurado para a canção.

Ao final de “Oxytocin” escutamos o espetáculo do Coral Infantil de Los Angeles na faixa “Goldwing”, dessa vez gravado na luz do dia e acompanhado pela Filarmônica. O fato curioso é que este coral é o mesmo no qual Billie cresceu cantando, e a melodia cantada pelo coral nessa música é a que ela costumava cantar com sua turma, trazendo um momento de fechamento de círculo a sua carreira.

Após o encerramento dessa canção inicia-se o baixo marcado de “Lost Cause” tocado por FINNEAS. O groove e batidas marcantes não nos deixam ficar parados, e as danças suaves de Billie Eilish ligadas ao som são um bônus, nos promovendo uma sessão esplêndida de R&B!

Billie faz uma linda dedicatória à sua cidade com uma performance tocante de “Halley’s Comet”, oferecendo um momento emocionante com a adição das cordas da Orquestra no arranjo e imagens fictícias do cometa cruzando o céu de LA, cenas também gravadas a luz do dia.

Vivenciamos a arte audiovisual durante o testemunho da artista em “Not My Responsibility”. O impacto é evidente, as cores vermelha e preta desenham a silhueta de Eilish e nos dão arrepios, causando um período de reflexão sobre suas palavras honestas e desconcertantes. “Overheated” chega como a continuação deste testemunho, com apresentações marcantes do baterista e do irmão de Billie. Neste momento assistimos cenas de 360 graus, sendo possível a visão de todos os ângulos do palco.

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Depois dessa faixa, acompanhamos a animação de Billie em uma caminhada no cemitério, trazendo o clima mórbido e sombrio, mas ao mesmo tempo tranquilizante e com um certo conforto na performance de “Everybody Dies“, complementada pela Orquestra que traz refinamento à canção.

A partir do encerramento desta música temos mais imagens lindas de LA ao escutarmos os acordes iniciais de “Your Power”, apresentada de maneira intimista apenas com FINNEAS no violão e Billie Eilish sentada ao seu lado cantando. Neste momento temos aquela performance acústica que sempre esperamos em apresentações ao vivo, feita com uma qualidade surpreendente já que a captação e mixagem da música é realizada impecavelmente.

Encontramos uma transição de faixa com Billie animada enfrentando paparazzis, trazendo exatamente o que a música “NDA” diz, como se Billie estivesse afrontando todos aqueles que à atormentaram anteriormente. A performance ao vivo desta música também é uma surpresa boa, já que o autotune é usado de maneira artística na voz da cantora, causando um impacto positivo. O momento de transição entre “NDA” e “Therefore I Am” é feito de maneira extraordinária com a volta da Orquestra Filarmônica, promovendo um ar de performance digna de um espetáculo de drama e impacto. O arranjo ganha um novo peso, nos transmitindo um clima de impacto!

“Happier Than Ever” inicia-se com o clássico violão de FINNEAS e Billie cantando sentada no meio do palco iluminada com cores neutras. O contraste nos choca ao começar o momento de peso da canção, com as guitarras e bateria. Neste ponto assistimos o ápice da explosão que sentimos sempre que escutamos o intenso desabafo que Billie canta nesta faixa. As cores, iluminação, efeitos visuais e todo o espetáculo fornecem o grande estouro que é essa música. Billie realmente demonstra sua libertação nessa parte, com certeza nos transmitindo seu sentimento de livramento do que te prendia no passado! Conseguimos compartilhar dessa sua emoção ao assistirmos o grande show que é proporcionado nesta canção.

Única ressalva a se fazer foi a escolha de omitir as expressões impróprias com o objetivo de adequar as canções à faixa etária desejada para a plataforma Disney+, o que promove momentos anti climáticos, especialmente na faixa título do álbum, “Happier Than Ever”, na qual as palavras colaboram com a atmosfera explosiva da canção.

Com certeza essa performance nos transmite uma sensação de encerramento de show, sendo a grande atração da noite. Mas após “Happier Than Ever” temos a performance intimista de “Male Fantasy”, que podemos chamar de parte dos créditos do espetáculo, já que o clima tranquilo desta canção, após a explosão da música anterior, nos promove a atmosfera de encerramento.

A qualidade sonora e visual faz com que esse trabalho como um todo seja uma verdadeira obra de arte, nos dando a oportunidade de assistir um show com tudo que sempre sonhamos em assistir, trazendo riqueza de detalhes, toques de sofisticação constituídos pelo nível dos arranjos e o bom gosto de todos que colaboraram nessa produção excelente. O espectador assiste com vontade de fazer parte dessa experiência ao vivo, já que o desejo de testemunhar uma performance dessa distinção pessoalmente é o que nos domina.

Um detalhe a se ressaltar: a experiência desse concerto com certeza é o show que todo fã sonha em assistir!

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