Por Bruna Antenore e Natália de Mitri
Há quem diga que os anos de faculdade são os melhores para se construir lembranças e aprendizados a serem levados para o resto da vida. No entanto, para os norte-americanos Jack Underkofler, Jack Collins, Will Goodroad e Dylan Brenner, a Berklee College of Music proporcionou mais do que ensinamentos valiosos sobre teorias musicais, como também deu origem a uma amizade unida por uma paixão em comum pela música. O resultado não poderia ter sido outro. Foi no rock que o Dead Poet Society encontrou o seu propósito, e desde meados de 2015, vem chamando a atenção pelo carisma e a força de suas composições, influenciadas principalmente pelo alt/stoner rock, que arrasta multidões apaixonadas pelas energia de riffs de guitarra.
A banda de Los Angeles construiu sua identidade na música e conquistou notoriedade dentro e fora dos Estados Unidos logo em seus primeiros EPs, “Axiom” e “Dempsey“, mas levou cerca de seis anos até seu primeiro álbum de estúdio, “-!-” (‘Exclamation‘), ganhar vida. E a espera valeu a pena! O disco chegou com os dois pés na porta em março de 2021, reunindo 16 faixas que consolidam e aperfeiçoam tudo o que o quarteto construiu ao longo dos anos, com um “quê” clássico, quase western, que tornam suas canções inconfundíveis e ainda mais completas.
Hoje, o Dead Poet Society e se revela mais preparado do que nunca para ganhar os palcos de todo o mundo. Com a retomada dos shows e a pandemia de COVID-19 se tornando lentamente um passado distante, a banda está na estrada, realizando uma série de shows ao lado do Badflower pelos Estados Unidos. Entre uma apresentação e outra, a banda reservou um pouco do seu tempo de estrada – literalmente falando – para conversar com o ROCKNBOLD e falar um pouco sobre como tem sido a jornada de rockstars, além de dar detalhes sobre inspirações acerca de seu debut e a volta aos palcos. Confira:
ROCKNBOLD: Essa é a primeira vez que o Dead Poet Society conversa com um site brasileiro?
Jack (DPS): Sim, acredito que são os primeiros.
ROCKNBOLD: Por falar no Brasil, preciso comentar que vocês são bastante reconhecidos por aqui, principalmente nas comunidades de fãs de metalcore e stoner rock. Com isso em mente, como tem sido para vocês voltar ao palco e saber que com o novo álbum vocês estão tendo a oportunidade de alcançar novos públicos e até mesmo um público internacional?
Jack (DPS): É um pouco surreal. Nós estamos fazendo isso por tanto tempo que agora que as coisas estão realmente caminhando e é um pouco difícil sentir que é real o que estamos fazendo. Estamos nessa por tanto tempo que agora que as coisas estão acontecendo: estamos conquistando fãs, conhecendo pessoas novas… Não parece real até que saímos e realizamos uma turnê e tocamos nossas músicas e isso é o que estamos fazendo agora. Então está começando a parecer mais real e quando estivermos no Brasil, eventualmente, isso começará a se tornar real também.
ROCKNBOLD: O que mudou nesse meio tempo para o novo álbum sobre o Dead Poet Society como um grupo. Desde o som, as influências e o processo criativo. Acreditam que essa evolução criativa, artística e profissional tiveram um impacto na sonoridade do último projeto de alguma forma?
Jack (DPS): Nos últimos cinco anos apenas nos desenvolvemos como banda.
Dylan (DPS): E muitas coisas aconteceram ao longo dos anos que possivelmente nos transformaram e também a nossa música, além de mudar o que escutamos e esse é o acordo: nunca parar de mudar. Esse é nosso debut album, houve muitas músicas nos últimos anos, mas esse é o primeiro álbum que representa para o mundo o que a banda verdadeiramente é.
ROCKNBOLD: Nosso público é apaixonado por novas bandas de rock que tentam manter a chama do gênero acesa. Como vocês se descobriram artisticamente como músicos, como decidiram começar a banda e as influências no som?
Jack (DPS): Nós começamos anos atrás ainda na universidade (Berklee College of Music e Wentworth Institute of Technology). Acredito que nossas influências são as nossas bandas de rock favoritas como Muse, The Black Keys, Audioslave e muitas bandas de heavy clássico e artistas do gênero. Um pouco de tudo aquilo que escutávamos na faculdade, com certeza.
Dylan (DPS): E muitas das novas músicas que escutamos são das bandas de rock que estão mais ou menos no mesmo movimento que a gente, como cleopatrick e nossa base de influências apenas vai crescendo. Além disso, escutamos muitas coisas diferentes. O que eu amo as vezes está longe do que eles gostam e acredito que nos ajuda. Ouvimos de rock a hip hop, ao pop e outros gêneros, então esse caldeirão de ideias auxilia em termos de trazer algo diferente.
ROCKNBOLD: As novas bandas do gênero estão ressignificando o que muitos acreditam estar velho e desatualizado, mas que ainda atrai o público jovem. Como vocês vêem essa cena e a nova geração de artistas que querem começar uma nova era? Qual é o futuro da rock e como o DPS está ajudando a escrevê-la?
Jack (DPS): Eu acredito que não se trata de manter algo vivo é sobre evoluí-lo, avançar. É por isso que fazermos o que fazemos e por isso que o rock de onde surgiu se tornou desatualizado. Nós e muitos fãs do gênero se cansaram das músicas soarem antigas e previsível, então estamos tentando mudar isso e torná-las algo emocionante novamente e não necessariamente trazê-lo de volta a moda antiga.
ROCKNBOLD: Esta cena é amigável e acolhedora? Vocês possuem um bom relacionamento de apoio mútuo entre as bandas?
Jack (DPS): Não tem muitas bandas fazendo isso (new rock), então ainda é um círculo pequeno. Estamos conhecendo alguns deles ao longo do caminho e nos aproximando para trabalharmos em turnês e é ainda uma pequena comunidade porque não são muitos que conhecem sobre esse movimento, mas estamos começando a emergir, as pessoas estão começando a reconhecer e isso é bem legal.
ROCKNBOLD: Com o recente retorno dos shows nos Estados Unidos, você tem uma agenda enorme de turnês mesmo em setembro, outubro e novembro. O que esse tempo de pandemia simbolizou para vocês como banda, se isso os tornou mais criativos e como é para vocês estar de volta à estrada fazendo música e levando esse trabalho para pessoas de todo o país?
Dylan (DPS): Foram longos dois anos que não fizemos nada, não somente os músicos, mas também para todo mundo e, claro, os fãs. Então só de pensar que a energia, não somente de quem está no palco, mas também de quem está indo nos ver está em outro patamar que talvez nunca tenhamos visto antes, se você já fez isso antes. Portanto, é apenas a emoção de poder fazer isso de novo, especialmente tanto tempo depois. Ainda bem que Badflower, nossos grandes amigos e também pessoas que nos espelhamos nos convidaram e estamos com eles na estrada por um mês e meio e poder fazer shows praticamente todos os dias a seis semanas, viajando o país todo e vendo o público tão animado quanto antes e ver que eles estão esperando por isso há tanto tempo. É difícil de descrever em palavras quão emocionante é. Sempre foi emocionante, mas quando voltamos depois de tanto tempo sem isso, acaba sendo outro nível de: então você o retira enquanto estiver sendo retirado, e é uma espécie de novo nível de “Oh, meu Deus, estamos fazendo isso”.
ROCKNBOLD: Embora fale muito sobre relacionamentos tóxicos e abuso de drogas, qual foi a ideia inicial para o conceito do álbum e a principal mensagem que queriam transmitir?
Jack (DPS): Não tínhamos necessariamente um objetivo ou tentamos abordar algo em particular. Apenas escrevemos sobre questões, tópicos e o que sentimos mais verdade e que simplesmente veio, entende? Não foi como se eu ou qualquer um de nós sentássemos e escrevêssemos com um objetivo já em mente, tentamos ser verdadeiros e honestos no processo.
ROCKNBOLD: Vocês acreditam que seja possível inovar, ser autêntico e sair da zona de conforto criando um som diferente do que vocês têm feito e ainda manter a base de fãs leais por trás do som?
Jack (DPS): Nossos fãs estão acostumados com essa inovação e, eu acredito que acharemos os fãs que vão gostar do nosso som particular. Continuaremos fazendo o que fazemos e as pessoas que caminharão com a gente nessa jornada que gostem do que fizemos anteriormente sempre podem ouvir nossas músicas antigas. Nós soaremos como Dead Poet Society, não importa o que e aconteça e é isso que eles precisam saber.
ROCKNBOLD: Vocês teriam algo para dizer aos fãs brasileiros?
Dylan (DPS): Obrigado, esperamos ver vocês em seu país mais cedo ou mais tarde!
Jack (DPS): Muito obrigado por ouvir nossa música e estaremos aí o mais rápido possível!