Quem são as mentes por trás das trilhas sonoras vencedoras do Oscar?

Na segunda parte do Especial Oscar 2022, vamos trazer à luz alguns dos nomes por trás das trilhas sonoras mais marcantes do cinema.
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Além das grandes premiações da indústria, como o Grammy e o Brit Awards, os apaixonados por música tem mais uma celebração muito aguardada anualmente: o Oscar. 

Embora o intuito inicial do prêmio seja celebrar produções cinematográficas, as categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original enchem os olhos dos espectadores do prêmio todos os anos. Continuando o Especial do Oscar 2022, o ROCKNBOLD traz uma lista de compositores notáveis e suas obras indicadas ao prêmio

Max Steiner (1888-1971)

Vencedor de três estatuetas em 1936 (por O Delator), 1943 (por A Estranha Passageira), e 1945 (por Desde que Partiste), Max Steiner foi um dos maiores indicados ao prêmio, com 18 nomeações e três vitórias. Além das obras já mencionadas, Steiner também compôs as trilhas dos clássicos King Kong (1933), Nasce Uma Estrela (1937), …E o Vento Levou (1939) e Casablanca (1942).

O compositor austríaco que foi um dos pioneiros do gênero no cinema, nasceu e cresceu cercado por música. Tendo toda a sua formação acadêmica em Viena, aos 14 anos ele escreveu sua primeira opereta – um gênero de teatro, uma peça musical curta – que ficou em cartaz por um ano. Pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial, Steiner aceitou o convite do então renomado produtor teatral Florenz Ziegfeld para ir aos Estados Unidos e conduzir as peças de Ziegfeld. Em 1929 ele se mudou para Los Angeles para ser Diretor Musical da RKO Studios, o que resultou nas indicações ao Oscar de King Kong e O Delator

Uma curiosidade interessante é que seu trabalho mais aclamado é E o Vento Levou, que embora tenha sido indicado ao Oscar, não venceu naquele ano. A partitura completa, com o auxílio de David Selznick, foi escrita em menos de três meses. Mesmo depois de 50 anos após sua morte, a obra de Steiner segue sendo reverenciada na indústria e servindo como inspiração para outros compositores ao longo das décadas. 

Miklós Rózsa (1907-1995)

O compositor húngaro era um prodígio. Logo na primeira infância, aos 5 anos, Rózsa já tocava violino e já lia partituras antes mesmo de ser alfabetizado. Em 1930 já era doutor em música e em 1940 mudou-se para Hollywood para compor trilhas sonoras de filmes. O próprio músico afirmava ter uma “vida dupla”: compositor de músicas de concerto versus compositor de trilhas sonoras. Independentemente da dicotomia em que o autor vivia, foram as trilhas sonoras que marcaram seu nome na eternidade. 

Embora tenha tido apenas três indicações ao Oscar e tenha ganho todas as três, foi seu trabalho no clássico Ben-Hur (1959) que lhe rendeu a última estatueta dourada. O épico foi um grande marco na sua carreira, não só pela premiação, como pelo nome que o compositor ganhou como o “pai dos épicos”. O trabalho de Miklós serviu de inspiração e entrada para outros artistas que serão citados adiante. 

Maurice Jarre (1924-2009)

Além dos três Oscars no currículo, o compositor francês foi também premiado com quatro Globos de Ouro, dois BAFTA e dois Grammys, além de ter uma estrela na famosa Calçada da Fama em Hollywood. Além de compor para o cinema e teatro, Jarre também compôs concertos, ballets e óperas. 

Sua carreira na indústria cinematográfica começou em 1961, quando Jarre acabou compondo a trilha sonora do agora clássico Lawrence da Arábia. O trabalho lhe rendeu sua primeira estatueta, seguida de Dr. Jivago em 1965 e Uma Passagem Para a Índia em 1984. O trabalho de Maurice era muito marcado pela evolução artística de seus trabalhos.
Tendo uma percussão pesada em Lawrence da Arábia e contando com instrumentos étnicos, em 1982 ele compôs uma trilha sonora inteiramente eletrônica, o que pode ter sido influência de seu filho, o DJ francês Jean Michel Jarre.

Além do seu trabalho reconhecido pela Academia, Maurice fez história na indústria. Com trilhas nos filmes Atração Fatal (1987), Sociedade dos Poetas Mortos (1989) e Ghost (1990), o compositor foi um dos nomes mais importantes na indústria. 

Ennio Morricone (1928-2020)

Nos aproximando um pouco mais da atualidade, Morricone foi um dos maiores compositores de todos os tempos. Parceiro de longa data do diretor Sergio Leone – Ennio compôs as trilhas sonoras de todos os filmes do cineasta -, o compositor trabalhou com inúmeros renomados diretores ao longo de sua carreira. Desde Federico Fellini até Quentin Tarantino, dezenas de cineastas escolheram Morricone para compor as trilhas sonoras de seus filmes.

Ennio nasceu e viveu em Roma sua vida toda, o que não foi um impeditivo para que ele caísse nas graças dos estúdios de Hollywood e ganhasse notoriedade na indústria norte-americana. Seu primeiro grande filme foi Por Um Punhado de Dólares (1964) e o uso de instrumentos pouco ortodoxos marcaram o gênero do western, sendo quase impossível não reconhecer a influência do compositor em filmes do gênero até hoje. 

O compositor escreveu cerca de 400 trilhas sonoras, entre elas Os Intocáveis (1987) de Brian De Palma e Cinema Paradiso (1988) de Giuseppe Tornatore. Morricone foi indicado ao Oscar seis vezes, tendo uma única – e tardia –  vitória em 2016 com o filme Os Oito Odiados, de Quentin Tarantino, e um Oscar honorário pelo conjunto da obra, recebido em 2007. 

John Williams

Quando pensamos em trilha sonora, é difícil não ter o nome de John Williams na mente. A obra de Williams atravessa gerações e transcende a bolha da cultura pop; é impossível desassociar o trabalho magistral do compositor dos filmes que marcaram sua obra.

Com uma das carreiras mais longas da indústria cinematográfica e sendo a segunda pessoa com mais indicações da história do Oscar – 51 indicações -, Williams é considerado o compositor mais premiado da história, com 5 estatuetas douradas na sua coleção de 189 prêmios.

Vencendo o Oscar em 1971, 1976, 1978, 1983 e 1994 com Um Violinista no Telhado, Tubarão, Star Wars, E.T. e A Lista de Schindler, respectivamente, Williams marcou a indústria com as trilhas sonoras marcantes de Indiana Jones, os três primeiros filmes da saga Harry Potter e é claro, Star Wars. É muito provável que você saiba a icônica Marcha Imperial de cabeça, mesmo que não tenha assistido aos filmes. 

Alan Menken

Alan Menken, assim como John Williams, estabeleceu sua carreira na indústria cinematográfica compondo trilhas sonoras marcantes em uma parceria de longa data com a Walt Disney Animation Studios. Vencedor de 8 Oscars, Menken é a pessoa viva com o maior número de prêmios na atualidade. 

Vencendo o seu primeiro prêmio em 1990 com A Pequena Sereia, Alan levou a estatueta para casa quando concorreu com os filmes A Bela e a Fera, Aladdin e Pocahontas. É importante lembrar que as categorias do Oscar mudavam com frequência ao longo dos anos, o que possibilitou que ele ganhasse vários prêmios no mesmo ano, e Menken também venceu categorias de Melhor Canção Original. 

Além das estatuetas douradas do Oscar, Menken também recebeu sete Globos de Ouro, 12 Grammys e um Tony Awards, o que faz com que o compositor entre no seleto grupo de artistas que venceram os quatro principais prêmios do cenário artístico na América do Norte.

Alan Silvestri

Silvestri é o único nome da lista que ainda não venceu o Oscar. Tendo uma carreira sólida que começou em 1969, tendo o primeiro grande sucesso com o primeiro filme da trilogia De Volta Para o Futuro (1985). Assinando composições de outras obras como O Guarda Costas (1992), Forrest Gump (1994) – que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar-, Náufrago (2001) e O Expresso Polar (2004), que lhe rendeu sua segunda indicação, o nome de Silvestri é uma constante quando se trata de grandes produções.

A partir de 2011, com o lançamento de Capitão América: O Primeiro Vingador, Silvestri foi responsável pelas composições de alguns dos maiores sucessos comerciais da Marvel Studios, entre eles: Os Vingadores (2012), Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019). 

Hans Zimmer

Quando se fala de trilhas sonoras modernas de grandes blockbusters é difícil não pensar em Hans Zimmer. O compositor alemão é considerado o segundo mais premiado da história, atrás apenas de John Williams. Com 11 nomeações ao Oscar e apenas uma vitória – O Rei Leão, de 1995 -, Zimmer tem uma coleção de 146 prêmios em sua casa. 

Começando a carreira no cinema em 1984 e tendo no currículo composições nos filmes Conduzindo Miss Daisy, Thelma & Louise, Gladiador e a icônica trilha sonora da franquia Piratas do Caribe, o trabalho de Zimmer, assim como o de Williams, está intrínseco na cultura pop. 

Parceiro de longa data de Christopher Nolan, o compositor foi o responsável pela trilha sonora da aclamada trilogia do Cavaleiro das Trevas, assim como em Interstellar e Dunkirk. Pelo bom trabalho desenvolvido com Nolan, Zimmer se tornou um nome frequente quando se trata da trilha sonora das adaptações da DC Comics, como Liga da Justiça e Mulher Maravilha

Hans Zimmer está concorrendo ao Oscar em 2022 com Duna, de Denis Villeneuve. 

Michael Giacchino

Com uma trajetória um pouco menos clássica do que os outros compositores citados anteriormente, Giacchino começou sua carreira na televisão. Grande amigo do produtor e diretor J.J. Abrams, seu grande trabalho na TV foi a série Lost (2004-2010), um dos primeiros fenômenos televisivos da década de 2000. Com o sucesso em Lost e em outras parcerias com Abrams, as portas do cinema se abriram para o compositor.

Com a vitória do Oscar 2010 com a animação Up: Altas Aventuras e a nomeação anterior por Ratatouille (2007), a parceria de Giacchino com a Disney se estendeu por décadas: ele é responsável pela trilha sonora de outros longas do estúdio, como Divertidamente (2015), Zootopia (2016), Doutor Estranho (2016) e a trilogia do Homem-Aranha estrelada por Tom Holland. 

Além da parceria com a Disney e consequentemente com a  Marvel Studios, Michael é amigo de longa data de Matt Reeves, o que garantiu ao compositor a responsabilidade de compor a trilha sonora do mais novo – e aguardado – filme do Batman, estrelado por Robert Pattinson no papel principal.

Trazendo mais um ponto que diferencia Giacchino dos outros compositores da lista, ele também tem um longo envolvimento com a indústria de jogos, tendo composto a trilha de jogos como Call of Duty e Medal of Honor

Hildur Guðnadóttir

A única mulher da lista pode ser um nome novo ou até mesmo estranho para o leitor, que possivelmente já tem familiaridade com os nomes anteriores, no entanto, a islandesa não só desbancou gigantes da categoria – como John Williams, Alexandre Desplat e Randy Newman – quando venceu o Oscar de 2020 com Coringa, como tem fortalecido muito seu nome dentro da indústria que ainda é extremamente excludente quando se trata de mulheres. 

Sendo apenas a 4ª mulher a vencer a categoria em 92 anos de existência da premiação, a vitória de Hildur não só é um marco na história do Oscar, como a abertura de um precedente para que outras mulheres façam o mesmo. Antes de Hildur, o último prêmio concedido a uma mulher foi em 1997, para Anne Dudley. 

Além da primorosa trilha sonora de Coringa, a compositora tem um outra grande obra no seu currículo: a série Chernobyl, de 2019, transmitida pela HBO. O trabalho rendeu a Hildur um Emmy e um BAFTA, além do que seria conquistado no ano seguinte com Coringa

Embora a atuação da islandesa na indústria seja recente comparada à dos outros compositores citados nessa lista, é essencial que novas vozes sejam ouvidas pela Academia, principalmente mulheres. Não tenho dúvidas que ainda iremos ouvir muito falar, ou melhor, ouvir a música de Hildur Guðnadóttir em produções nos próximos anos. 

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