Não há dúvidas de que Taylor Swift e Dua Lipa foram um dos nomes da música mais citados no último ano. E não é à toa que foram vencedoras de grandes categorias no Grammy 2021, a de álbum do ano e melhor álbum pop, respectivamente. No entanto, suas influências não ficaram só no mundo da música, mas extrapolaram barreiras e seus trabalhos respingaram diretamente nas tendências da moda de 2020 e 2021.
Com seu álbum carregado de um pop saudosista e dançante, Dua Lipa trouxe as décadas de 70, 80 e 90 para as paradas de 2020 e o visual dos anos 2000 para as redes sociais (já que não foi possível desfilar nas ruas com os looks devido à pandemia). Cercada de strass, miçangas, peças com amarrações e cintura baixa trazendo um visual algumas vezes sexy e algumas vezes infantilizado, a britânica ditou as tendências que chamaram atenção até nos desfiles de grandes marcas na última edição da Paris Fashion Week.
Durante a divulgação do Future Nostalgia, a cantora logo mudou seu visual para mechas descoloridas na franja e passou de looks com a predominância do preto na era anterior para versões mais claras e vivas em tecidos brilhantes como cetim. Um momento marcante nessa transição foi a sua aparição no tapete vermelho do Grammy 2020, no qual a cantora usou um conjunto de Alexander Wang inspirado no modelo de slip dress, que teve suas primeiras aparições no início do século XX e dominou nos anos 90, com um efeito perolado.
Desde então passamos a observar uma tendência na “moda tiktoker”: as mechas descoloridas. O novo estilo de cabelo se uniu ao “feel-good fashion”, que encheu os armários de cores de cores e formas lúdicas, sendo um possível escapismo para os tempos sombrios em casa resultantes da pandemia de COVID-19. Essa tendência da moda e do design está presente no clipe do single “Hallucinate” da cantora, em que a personagem de animação alucina e é transportada de um ambiente preto e branco para um universo colorido, com muitos personagens fictícios e formas orgânicas. Essa estética foi mantida pela cantora em vários de seus lyric videos dos demais hits do álbum, misturando muitas cores, formas e estampas.
Essa estética foi se misturando às demais tendências trazidas por Dua Lipa em seus demais clipes, se mostrando presente no look “at home” do clipe de “Break My Heart” e no conjunto usado pelo rapper DaBaby no clipe de “Levitating”, que também carregam um tanto do comfy tão falado em tempos de home office.
Conversando diretamente com o conceito do álbum, vestidos brilhosos, curtos e com fendas marcaram presença nos clipes e performances da cantora durante a era Future Nostalgia e obviamente também dominaram os guarda-roupas dos mais entusiastas das tendências da moda. Essa influência da cantora esteve presente não só no Big Brother Brasil 20, marcada pela Manu Gavassi, mas também na edição de 2021 nos looks de Camila de Lucas, Viih Tube, Juliette e Pocah, que apostaram em conjuntos monocromáticos e vestidos curtos de cetim que dominaram as fotos no Instagram, carregando elementos sexys que marcaram os desfiles das marcas Tom Ford e Valentino.
A última grande aparição de Dua Lipa foi no Grammy 2021, com sua grande performance memorável dos maiores hits do álbum vencedor na categoria Melhor Álbum Pop e grandes looks desde o tapete vermelho até o after party. A cantora chegou ao tapete vermelho usando um Versace cheio de brilhos e transparências (e inspirado em roupas usadas anteriormente por Mariah Carey e Cher) e manteve essa estética com brilhos, borboletas e muita sensualidade em uma versão mais curta para o after party. Já na apresentação, Dua apostou em um look oversized que logo depois se transformou em um conjunto de top e hot pants, trazendo mais duas tendências que vimos logo depois nas passarelas virtuais da Louis Vuitton e Balenciaga, por exemplo.
Apesar de todo o glamour e sensualidade marcados pela nostalgia de Dua Lipa, uma vertente contrária também surgiu na música e na moda. Atendendo a necessidade de conforto das pessoas trabalhando em casa, Taylor Swift entendeu que não era momento para lançar músicas dançantes e animadas, assim como a Acne Studios, nas passarelas, entendeu que precisávamos de roupas arrumadas e confortáveis.
A era Lover foi interrompida pela pandemia, mas deu espaço para que a cantora se aventurasse na carreira folk, ou melhor, Folklore, que é o nome de um dos seus álbuns lançados no período de quarentena.
Sem nenhum anúncio prévio, diferente da Dua Lipa que preparou todo o terreno para lançar o álbum, a norte-americana lançou um álbum voltado para a simplicidade, que muitos adotaram em seu estilo (seja por vontade própria ou por não ter forças para se produzir de forma grandiosa durante uma pandemia), e a calmaria proporcionada pelo indie-folk explorado pela artista. A era introspectiva e calma foge do que a cantora vinha apresentando em seus últimos álbuns mais voltados para o pop, como no disco Lover em que os clipes eram coloridos, brilhantes e chamativos.
Com um photoshoot promocional carregado de roupas com tecidos pesados e quentes, Taylor antecipou para julho de 2020 o que veríamos nas passarelas da Valentino e A.L.C. na coleção de outono de 2021. As grandes modelagens de casacos e a lã como tecido principal marcaram presença na era da cantora e na moda.
Como nada é por acaso, pouco tempo depois do lançamento de Folklore e evermore, uma nova tendência estourou nas redes sociais e vitrines de lojas: o cardigan. Não é só na música de Taylor Swift que o nome fez sucesso, a peça de roupa que antes era vista como básica e clássica vêm ganhando cada vez mais espaço nos armários e em diferentes formas: explorando novas modelagens, comprimentos, cores e saindo do sem graça para um confortável com muito estilo.
Essa não é a primeira vez, e nem a última, em que moda e música conversam diretamente entre si. Seja com artistas ditando tendências ou marcas servindo de inspiração para músicas, como observamos muito no desfile de comemoração dos 100 anos da Gucci, o #GucciAria, que teve como trilha sonora hits como “Gucci Gang” do rapper Lil Pump.