Monollogo é o ápice de um Caio Weber purificado de reflexões e sentimentalismo

Em seu primeiro álbum solo da carreira, Caio Weber traz uma viagem sonora sobre diversas emoções das quais todos nós deveríamos refletir dentro de si, principalmente nos relacionamentos.

De antemão já é possível perceber logo de início na música “O Que Não Se Pode Explicar”, o sentimentalismo aflorado que Monollogo possui. Com uma pegada suave e doce de folk, a track vai contando em uma sinergia de letra e também do instrumental a descoberta de um amor sempre almejado mas inesperado. Através da cautela de um dedilhado suave de violão, e uma bateria leve e cadenciada, Caio Weber narra a suave sensação de “borboletas no estômago” dessa nova paixão despertada.

“Voluta Serenitá”, segunda faixa do álbum, é uma música do Caio de 2013/2014, que encaixou perfeitamente dentro da ideia de Monollogo. Nesta música é exposto uma maior abertura com a aceitação da paixão, abandonando de vez as suas inseguranças em prol da declaração dos sentimentos na busca da reciprocidade amorosa. Seguindo a linha de composições emotivas bem conhecida de Caio, “Voluta Serenitá” traz guitarras extremamente suaves com um violão folk no instrumental que representam a realização alcançada com tão sonhada serenidade desejada, e a liberdade de viver todo esse sentimentalismo em uma boa e leve companhia.

Já em “Primavera” é entregue uma canção não muito diferente da anterior, muitas vezes parecendo até a mesma. De positivo, temos uma letra extremamente meiga, amável e cheia de ternura, que relata o sentimento de segurança e felicidade, onde o medo de viver um amor já não é mais realidade. Em “Na Saudade Não Há Paz” nos é apresentado uma das primeiras viradas do álbum, com uma agradável dualidade de sensações. Com um ritmo extremamente dançante, leve e sereno, no maior estilo indie pop, a música carrega uma euforia e ao mesmo tempo te abastece com um imenso conforto. Excelente para aqueles que sofrem com amores à distância, seja ele de amigos, família, ou uma grande paixão.

Em “Não Vá” é onde conseguimos sentir a fase mais melancólica desse relacionamento, que entrega uma ótima “emo music”. Carregada de um instrumental dramático e obscuro, balança durante todos os minutos pela sensação de saudade, e a possibilidade de o sentimento tão intenso vivido, já não ser mais o mesmo. Do refrão até o final, “Não Vá” ecoa como um grito de desespero durante toda a música, e é o ponto de virada deste conto sonoro em Monollogo.

Por outro lado, na música “Tempestade”, é reverberado musicalmente um sentimento oposto ao que seu título relata. Em um dos poucos feats que Monollogo possui, Caio e o santista Yago Jacques da banda Atlante trazem uma canção linda, profunda mas extremamente melancólica, para falar do fim dessa história de amor que começou extremamente intensa. O contraponto, que deixa essa música perfeita, e com toda certeza, posicionada como uma das melhores do álbum Monollogo, é o instrumental criado em conjunto dessa história. Ao invés de produzirem um instrumental dramático para falar o quase fim desse sentimento, Caio e Yago compuseram um folk leve e suave, que transparece muito “o fim da tempestade” após reflexão e aceitação do fim dessa paixão.

Em “Mais Um Dia” somos apresentados a uma das músicas mais regulares do álbum Monollogo, onde Caio mostra total transparência do seu eu, declamando todos seus medos, inseguranças e anseios. Inegavelmente é como se fosse uma carta aberta a alguém, mas que não conseguiu falar ao “olho no olho”. Sem muito lirismo, a música entrega uma mensagem simples e direta através de um indie pop dramático e bem reflexivo. Já “Em Silêncio” é mostrado um enorme sentimentalismo vivo, em que o instrumental simples, com a voz ecoada de Caio se sobressaindo sobre qualquer outro instrumento,  traz o sentimento de solitude em conjunto dos pensamentos que ainda reverberam na mente sobre este amor.

Em seguida, somos apresentados a uma das melhores músicas de Monollogo, a emocional e acolhedora “Depois da Chuva” um feat de Caio com O Rubro. Com um instrumental abusando de dedilhados de folk, sintetizadores leves, e as vozes reconfortantes de Gabriel e Léo do duo O Rubro, ela carrega toda a tranquilidade sentimental de um coração sereno, depois de um período amoroso um pouco turbulento. A representação musical perfeita para a frase clichê de “Depois da tempestade, sempre virá a bonança”.

Por fim temos “Sereno”, que segue mais uma linha de sonoridade bastante folk do álbum, buscando sempre dar destaque as mensagens relatadas sobre memórias afetuosas dessa paixão. Sereno é a sensação é melancolia mas com uma visão positiva e esperançosa, é um coração sem amarras depois de tantas batidas, é fase de recuperação pós-veneno de um coração que sempre buscou um amor sereno.

Em “Monollogo” Caio Weber aponta para si todos os holofotes de um talento que já é muito conhecido no underground para os amantes da banda Cefa. Mas vai ainda mais além ao se expor completamente entregando um álbum inteiro de narrativas sentimentais, que em épocas atuais, falta para muitas pessoas. SE PERMITIR SENTIR MAIS!

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