Stevie Nicks: A Força Feminina Transformadora em 2020

Stevie Nicks talvez não seja tão conhecida para as novas gerações, mas com certeza “Dreams” mudou essa característica. Confira o breve resumo o ano de 2020 para Stevie.
FILE – This March 29, 2019 file photo shows Stevie Nicks performing at the Rock & Roll Hall of Fame induction ceremony in New York. The Who, Lizzo and Foo Fighters will join Stevie Nicks, Lionel Richie, Lenny Kravitz, The Avett Brothers and Elvis Costello at the 2020 New Orleans Jazz and Heritage Festival. (Photo by Evan Agostini/Invision/AP, File)
Stevie Nicks é um dos grandes nomes da indústria musical até hoje — seja com Fleetwood Mac ou em sua carreira solo. A cantora continua relevante mesmo com seus 72 anos e alcançando grandes feitos em sua carreira.

Fleetwood Mac e Stevie Nicks conquistam novos fãs todos os anos e de diferentes faixas etárias e isso tornou-se ainda mais palpável em 2020, um ano em que conseguimos ver quão notável e atual as músicas e mensagens continuam sendo. Anteriormente, em 2019, a cantora confirmou sua importância ao conseguir pela segunda vez estar no Rock and Roll Hall of Fame. Ela já era membro por conta do Fleetwood Mac, mas ao ser nomeada duas vezes, juntou-se a apenas outros 22 homens a conseguir este feito. Em seu discurso, contou sobre a inquietação ao lançar seu primeiro álbum solo e que em 2020 mais mulheres chegassem no Hall of Fame.

Em 2020, sua força feminina, independência e carreira voltou a ser pauta pelos diversos projetos, lançados principalmente na segunda metade do ano. Desde novo single (com quase 10 anos de lacuna entre um e outro), virais em redes sociais e um álbum dos anos 70 voltando a ser pauta de diversas discussões, não tem como negar que se teve uma mulher que conquistou mais holofotes neste ano atípico, foi Stevie Nicks.

A relevância de Rumours em 2020

Rumours foi um sucesso no ano de seu lançamento. Em 1977 chegou a debutar em sétimo lugar e somente na semana de 22 de janeiro chegou ao número um, sendo o primeiro álbum de Fleetwood Mac a chegar no topo das paradas do Reino Unido. O álbum também está no Top 20 mais vendidos de todos os tempos e passou impressionantes 493 semanas no “Official Albuns Chart”. O álbum também ganhou o “Álbum do Ano” no Grammy e, por mais que seja o segundo com Lindsey Buckingham e Stevie Nicks, este era o décimo primeiro álbum do Fleetwood Mac.

Segue em sua relevância por suas canções marcantes e grandes hits que atravessam gerações como “Dreams” (falaremos mais sobre ele a seguir), “Go Your Own Way” e “Don’t Stop”. Todavia, o sucesso do álbum não está somente no talento extraordinário do soft rock da banda, mas também nas histórias por trás do projeto. Até hoje ele causa debate, desperta curiosidade e, como resultado, encontramos vídeos produzidos comentando sobre seus dramas e sua importância.

Algo que pode ter auxiliado é a comparação da mídia com o Fine Line, do cantor Harry Styles. O álbum do cantor já foi comparado com o de Fleetwood Mac pela Stevie e, em algumas entrevistas, disse que desperta experiências que ela já viveu de forma a trazer de volta memórias que ela gosta e que não gosta.

Surpreendentemente, por mais que as canções sejam relevantes e possuem sentimentos inerentes ao ser humano, outro fator ajudou a trazer Rumours de volta aos holofotes.

“Dreams” e o Tik Tok

Mesmo após 43 anos da estreia, o segundo single de Rumours conquistou o mundo novamente. Quem diria que um suco de cranberry e uma longboard reviveriam o single e ele viraria novamente um hit? Na era do TikTok e consumo rápido de conteúdo, tudo é possível. O vídeo de Nathan Apodaca até o fechamento da matéria teve mais de 11 milhões de curtidas e 136 mil comentários e foi postado em 25 de setembro.

Na época em que foi lançado, ficou em primeiro lugar nos Estados Unidos, mas em vigésimo quarto no Reino Unido. Por conta do viral, entre 25 e 27 de setembro, a música alcançou mais de 127% de crescimento no Spotify e chegou ao 24º na parada diária do Spotify Estados Unidos em 27 de setembro, também chegou a 21º posição no Hot 100 da Billboard Somente números não demonstram toda a grandiosidade de um simples vídeo: no dia 26 do mês, a conta da banda repostou o vídeo, que tem mais de meio milhão de curtidas, Mick Fleetwood fez seu remake, assim como a própria Stevie Nicks, mas substituindo a long pelo patins, sem abandonar a garrafa de ocean spray, que ficou próxima ao piano.

O feito mais recente do viral foi que “Dreams” chegou a entrar na lista da Rolling Stone melhores músicas de 2020, uma demonstração que os virais podem sim dar uma segunda vida para músicas antigas que não deixaram de ser boas, apenas foram deixadas de lado pela maioria nos novos tempos.

O ano dos singles e colaborações

“Show Them The Way” foi o primeiro novo single em aproximadamente dez anos, lançado em 9 de outubro com Dave Grohl na bateria, a gravação da parceria aconteceu remotamente. A canção veio em 2008 através de um sonho de Stevie, que entendeu sua importância e significado. A parceria, entretanto, não foi exatamente planejada. Stevie já conhecia Dave, ela participou do seu documentário Sound City e tem a colaboração “You Can’t Fix This” na trilha sonora. Apesar disso, no caso de “Show them The Way”, ela aconteceu por conta do produtor Greg Kurstin. Ele trabalhou recentemente com o Foo Fighters e ao enviar a música para Dave, ele questionou se poderia tocar a bateria. Nós já sabemos qual foi sua resposta.

Por fim, o clipe foi dirigido por Cameron Crowe (escritor e diretor de Almost Famous). Este trabalho traz um tema bem atual sobre democracia, já que nesse sonho, a cantora via figuras políticas. A escolha de lançar apenas agora foi pelo momento oportuno antes das eleições americanas. Além disso, a música teve a sua renda revertida para o MusiCares (assistência para músicos em necessidade — em 2018 o Fleetwood Mac foi a “Pessoa do Ano” da instituição).

Stevie sempre reforça a importância das mulheres conseguirem seu espaço no mundo da música sem necessariamente depender de um homem. Entre parcerias com novas artistas (por exemplo, co-escrevendo “Beautiful People Beautiful Problems”, para Lana Del Rey), a musa também esteve em uma banda com duas vocais e escritoras femininas, o próprio Fleetwood Mac. Aparentemente, podemos dizer que ela impulsionou uma mulher no mundo da música em 2020, já que gravou uma versão remix de “Midnight Sky” com Miley Cyrus. “Edge Of Midnight” mistura a música de Miley com “Edge of Seventeen”, clássico da carreira solo de Nicks e foi um dos primeiros singles do álbum, lançado em 6 de novembro. O álbum Plastic Hearts de Miley flerta com o rock dos anos 80 e 90, com outras participações de artistas consagrados do gênero nessas décadas.

24 Karat Gold:

24 Karat Gold foi a turnê do seu álbum gravado em 2014, mas que só se transformou em apresentação em 2016 e contou com 67 shows. O projeto foi gravado em 2016 e 2017 e reúne gravações de dois shows em Pittsburgh de sua turnê. Ele ficou disponível em alguns cinemas entre 21 e 25 de outubro e o álbum da apresentação foi lançado dia 30 do mesmo mês. Extremamente preocupada com a COVID e com medo de adquirir o vírus, a cantora foi em um jato particular para Chicago. O trabalho de edição durou um mês até terminarem o filme. Esse projeto conta com os grandes clássicos de Stevie, além de faixas inéditas, explicações e histórias entre uma música e outra.

Este foi um dos modos de aproximar seus fãs nesses tempos estranhos. Acima de tudo, a turnê foi a que Stevie Nicks declarou que foi sua favorita. Provavelmente pela particularidade do material que o álbum de 2014 trouxe, já que apresentava gravações inéditas e demos gravadas no período de 1960 a 1987, juntamente com algumas de meados dos anos 90. Provavelmente um dos melhores shows que podemos assistir em 2020.

Dezembro veio e este foi seu último feito

O Wall Street Journal informou que Nicks vendeu os direitos autorais, nome e semelhança por  US$ 100 milhões, com isso, a Primary Wave Music detém 80% nos direitos. A venda pode ter atingido esse valor principalmente pela valorização de “Dreams”, além de outros hits de sua carreira como “Rhiannon”, “Landslide” e “Edge of Seventeen” (que ganhou uma versão remix com Miley Cyrus).

Tudo o que a cantora alcançou, mesmo com sua idade mais avançada, somente prova que o talento pode ser algo que perpetue ao longo da vida de um artista. A musa conseguiu transformar suas tempestades interiores em algo extremamente poético. As músicas que fornece ao público vem do mais profundo de seu ser, principalmente suas dores e feridas. O ano de 2020 mostrou ser uma celebração artística e inusitada de sua vida e trajetória como mulher independente que inspira outras mulheres ao redor do mundo e atravessa gerações com todas as suas vivências.

Como uma deusa, ao demonstrar seu lado vulnerável, mostra-se tão humana quanto nós. Como uma feiticeira, nos faz acreditar em nossa própria magia. E como mulher, ensina a viver todas as dificuldades e enfrentar os obstáculos que a vida apresenta.

https://rocknbold.com/2019/12/harry-styles-esta-grandioso-em-fine-line-album-mais-vulneravel-e-libertador-da-carreira/
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