Se você viveu a One Direction Mania certamente conhece este nome. Niall Horan foi o segundo ex-integrante da boyband a lançar um disco solo (se desconsideramos Zayn, que saiu antes da “1D” encerrar as atividades). Após o sucesso da estreia com “Flicker”, o segundo álbum de estúdio do cantor, Heartbreak Weather, foi lançado na última sexta-feira, (13). A turnê já está anunciada, mas o trabalho acrescentará na performance e no espetáculo prometido por Niall?
Se no primeiro álbum o artista trouxe muito folk, pop e rock, com influências de bandas como Eagles, Fleetwood Mac e assemelhando-se sonoramente a John Mayer e Colbie Caillat (principalmente no primeiro projeto da cantora), entregando quase um trabalho levemente acústico com muitos elementos graduais e suaves, no sucessor o amadurecimento do artista é colocado em primeiro plano, enquanto vemos a busca real de Horan pela própria identidade.
Já sabíamos anteriormente que o álbum refletiria e traria um pouco da visão de Niall e seu término com a também cantora Hailee Steinfield. A princípio, quem lançou a música que trazia um lado do relacionamento foi Hailee com o single “Wrong Direction”. A letra extremamente emocional, acompanhada com o piano e violino, deixa um quê de melancolia profunda de algo que não terminou nada bem para a artista.
O Álbum
“Heartbreak Weather” é a primeira faixa e também é a que carrega o nome do álbum. Assim que ela começa, já percebemos que esse projeto provavelmente seria mais pop que Flicker. A introdução para a história de amor e término que ele nos contará através das canções traz uma vibe leve e divertida sobre o que já prevemos: o ciclo de se apaixonar e depois seguir em frente.
“Black and White” é uma faixa crescente, com batida marcante no refrão. Desde o início, conseguimos imaginar essa música sendo trilha sonora de casamentos (será que temos uma substituta para as baladas de Ed Sheeran)? Entretanto, “Dear Patience” inicia o processo de desaceleração do álbum, assim como “Bend The Rules”, ambas sendo mornas e pouco marcantes.
“Small Talk” traz o pop mais confiante de Niall. A música possui uma batida marcante no refrão, com a letra atrevida, como “Temporary Fix“, da boyband que direcionou os holofotes do mundo ao cantor. Provavelmente um dos momentos dançantes para a plateia que irá nos shows. Na sequência, “Nice To Meet Ya”, primeiro single lançado, traz elementos do pop rock dos anos 2000, flertando com uma versão mais moderna de “A Little Less Conversation” e b-sides do The Verve. Não apenas é uma das canções mais marcantes, mas também uma das mais memoráveis do álbum.
“Put a Little Love On Me” é mais um momento de desaceleração no álbum, mas dessa vez, a faixa tem seus momentos de brilho. A simplicidade da canção deixa o artista se priorizar, demonstrando verdadeiramente seu talento tanto na voz quanto na composição, além de exaltar o bom musicista que Niall é. O clipe também segue a linha simples e minimalista da música, além da bailarina se assemelhar fisicamente com a ex do cantor, Hailee.
“Arms Of A Stranger” é sobre algo que todos já passamos, a esperança de seguir em frente e finalmente superar. Em seguida, “Everywhere” possui atmosfera mais positiva, mesmo com o fantasma da pessoa o acompanhando. Versão pop do cantor que esperávamos, uma boa transição entre diferentes gêneros que o inspiram.
Logo após, “Cross My Mind” e “New Angel” ambas com um quê de pop dos anos 80, entretanto, numa versão contemporânea e que possivelmente seria essencial na playlist das pistas de patinação da época. Além de mostrarem as referências ecléticas de Horan e seu talento para músicas pop. “No Judgement” segue a mesma linha e foi escolhida como single, certamente alinhada sonoramente com o outro single, que dá nome ao disco.
“San Francisco” possui igualmente as referências dos anos 70, admite seus erros no relacionamento e nos leva para o desfecho em “Still”. Letra honesta e verdadeiramente emocionante, todos conseguem se identificar pois é quase a luz no fim do túnel para os ainda apaixonados por quem já se foi de nossas vidas. Assim como seu ex-companheiro de banda Harry Styles, Niall também afirma que tudo ficará bem, assim como no último disco de seu parceiro, “Fine Line” (clique aqui para ler nossa review).
O tempo para os apaixonados ainda é chuvoso, mas relacionamentos vem e vão. O presente é nosso, já que pelo menos teremos boas músicas para usarmos em nossos próprios momentos difíceis.
Um acertado passo rumo ao próprio auge
O álbum é menos confuso que a capa – que, de certa forma, lembra muito os pôsters de divulgação de Stranger Things, série da Netflix – e muito mais simples do que promete, principalmente na questão dos elementos que moldam o trabalho. Niall olha para frente, enxergando um futuro sem tempestade, deixando para trás as tormentas quem um dia pudera o incomodar. As músicas mais agitadas ditam o ritmo e não fazem o andamento do disco cair na monotonia, já que as músicas mais lentas e as baladas Niall performa muito bem (e mostrou esse lado anteriormente, em seu disco de streia). A surpresa das agitadas e enérgicas faixas está em como o cantor soube dosar o pop rock distanciando-se um pouco da mesmice, apropriando-se do gênero e o transformando em algo completamente confortável de se ouvir.
O destaque fica com “Nice To Meet Ya”, que nos dá uma direção de como poderá ser os próximos projetos musicais do cantor, com o britpop e o rock alternativo predominantemente presentes na faixa. A flutuação entre os gêneros funciona bem, pois Horan demonstra paixão neste novo trabalho por simplesmente possuir a liberdade criativa de produzir o que sempre quis. Niall entregou um álbum sólido, coeso e agradável sem tomar muitos riscos, dentro da sua zona de conforto, porém, surpreendentemente, cantor apresenta maior confiança em sua fanbase ao não aceitar criar apenas uma obra com intuito e prioridade comercial. Disco possui linhas perceptíveis no pop contemporâneo e segue a tendência de buscar referências nos anos 80 com leveza, incorporando o projeto de forma genuína.
Os ouvintes terão lapsos de felicidade ao ouvirem “Heartbreak Weather“, que apresenta uma boa voz e aveludada em ritmo dançante, porém algumas faixas não estão á altura do projeto num geral.
O segundo trabalho solo de Niall Horan é uma história linear sobre o amor e suas perdas, com diversos momentos mágicos e músicas dançantes numa atmosfera remetente a amores de verão, mas também com lapsos tristes e reflexivos nas baladas românticas sobre corações partidos. O show valerá a pena porque os vocais carregados de emoção de Niall guiam quem está ouvindo e transmite aquilo que o eu-lírico sentiu enquanto estava compondo, como se revisitasse as próprias experiências do passado durante as performances. Por ser um álbum bem mais pessoal que o primeiro, sentiremos seu coração e alma na experiência ao vivo, além, é claro, das músicas mais agitadas, que serão o ponto alto das apresentações.
A Nice To Meet Ya Tour terá show único no Brasil no dia 25 de novembro, no Espaço das Américas. Os ingressos ainda estão disponíveis e podem ser adquiridos AQUI. Niall será o terceiro ex-membro do One Direction que passará pelo país neste ano (além de Louis Tomlinson e Harry Styles).
7/10.
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