Yungblud – Carne Nova do Rock Grita Pelos Jovens

Yungblud: Um dos novos nomes do rock que está agitando a cena virá para o Lollapalooza! Reunimos o que você precisa saber sobre o cantor antes do festival!
Yungblud (Wikimedia Commons)

Dominic Richard Harrison era apenas um garoto britânico que passou por diversas experiências e decidiu transformá-las em arte. Logo, traçou em sua trajetória um novo modo para o antigo jeito de cativar os jovens… e obteve êxito.

Inicialmente, seu contato com a música veio logo na infância. Seu pai era dono de uma loja de violão e seu avô tocou algumas vezes com a banda de glam metal T-Rex. Além disso, sua avó era muito fã de Rod Stewart, foi apenas questão de tempo para o garoto procurar o que gostava de ouvir. Escutava os clássicos, como The Beatles, The Clash, Blondie, posteriormente Oasis, Eminem, My Chemical Romance e Arctic Monkeys.

Dom estudou teatro na London’s Art Education School, onde além de escrever suas próprias canções, também interpretava e tocava artistas que admirava, o que era seu bálsamo, já que sempre sentiu-se deslocado: seja pelo seu estilo, suas atitudes ou preferências. Ao mesmo tempo que estudava, ele chamou a atenção de um agente, que aconselhou Dom sobre suas letras com viés político e que dificilmente tocariam nas rádios. Após seguir esse conselho por aproximadamente seis meses, observou que não estava satisfeito e achou melhor deixar de lado o viés artístico que estava seguindo.

Início do que conhecemos

No ano de 2017 formulou o que seria o Yungblud em um apartamento no oeste de Londres. Sua mãe sempre o incentivou a experimentar coisas novas na moda, o encorajava para experimentar e sair com o que o fizesse bem. Ajudava-o também a se arrumar quando saia, deixando Dom á vontade para usar calça skinny, pintar as unhas e usar batom desde muito cedo. Desenvolveu nesse apartamento o visual que conhecemos hoje, desde as marcantes meias pink, até suas camisolas e saias; traçou como queria sua fanbase e o que seria prioridade para el finalmente ser o que era: autêntico e livre.

Posterior ao sentimento de frustração com o primeiro agente, Dominic encontrou um que realmente compreendeu sua essência e confiou em seu trabalho. Chamado inicialmente de “Young blood” em sua agência, logo, apropriou-se do apelido e fez dele seu nome artístico. O cantor era amigo das irmãs de Louis Tomlinson (um dos integrantes do One Direction), o que indiretamente ajudou na divulgação de seu trabalho, já que as mesmas frequentavam os shows de Dom. Logo, consequentemente, o público começou a aumentar, ocasionando uma saída veloz de Dominic da Inglaterra com o intuito de desbravar o continente europeu.

Música e outros projetos

“Yungblud” foi o título escolhido para seu primeiro EP e o trabalho que apresentou o artista para o mundo da música. Lançado em 19 de janeiro de 2018, chamou a atenção principalmente pela faixa “King Charles”, inicialmente. Seu primeiro projeto já demonstrava as críticas a sociedade e observações pessoais do cantor, também a variedade de influências que Dom tinha: o emo, rock, punk inglês e todos flertando com o hip hop.

Em “21st Century Liability”, Yungblud incorporou três músicas que estavam no primeiro EP. O álbum é quase um chamado para os jovens que não se encaixavam e não se viam representados: “Olá, mais alguém por aí está sentindo o que sinto? Vivendo em um furacão? Sentindo-se aprisionado? Não enxergando saídas?“.


Da mesma forma que os primeiros trabalhos da cantora Lorde conversavam com os desajustados de maneira mais melancólica, Yungblud também dialoga com parte do mesmo público mas de forma mais incisiva e abrangente, criando um convite à sociedade para um debate.

Posteriormente, em 2019, lançou o EP “the underrated youth” e, a partir dele, mais shows foram se esgotando, as casas de show ficaram maiores e seu público apenas crescendo. Ele conseguiu usar as redes sociais não somente para seus desabafos, mas também para conversar com os fãs, envolvendo-se nos diálogos sobre diversos temas, além de expor as próprias angústias semelhantes a de seus seguidores.

Relação com os fãs

O público do artista não o idolatra apenas pelos temas que o mesmo traz em sua música, mas também por conta da liberdade que Dom tem no visual. Assim como Harry Styles, as linhas entre o feminino e o masculino ficam embaçadas e, principalmente nos shows, observamos que seus fãs também não desejam ser rotulados, priorizando apenas a liberdade ao usarem quaisquer tipos de vestimenta. Seus admiradores geralmente estão à imagem e semelhança: meia pink, batom escuro, lápis preto borrado, algumas de blusas listradas e roupas em tons de cinza/preto. Por outro lado, o visual escuro e intimidador soa irônico perto do sentimentalismo empático e amoroso expressado em suas letras e atitudes, mesmo quase mascarados pelo instrumental forte e marcante.

Os temas abordados em seus trabalhos são um dos principais canais de identificação inicial: violência armada, pensamentos distorcidos, drogas, ansiedade, abuso, necessidade de aceitação, busca pelo diálogo, poder de decisão sobre a própria vida e aceitação das consequências que se pode sofrer. Seus fãs foram cativados como os ídolos de antigamente: no começo, amigos de seus admiradores mais árduos iam por curiosidade, depois seus fãs o divulgavam nas redes sociais e cada vez mais os vídeos de seus shows energéticos convidavam outros jovens a buscarem por suas músicas.

The Black Hearts Club é como Dominic apelidou seus fãs, uma verdadeira rede de apoio para todos os temas expostos anteriormente, o artista faz questão de encontrar com eles, sempre amigável e barulhento. O carinho também aparece nas cartas que escrevem para Dom, que ele sempre lê.

O Rebelde e sua missão

Yungblud começou apenas por conta do desejo de liberdade de Dominic em ser o que sempre quis, mas transformou-se em algo maior. Cada vez torna-se mais enfático sobre o coletivo, não apenas sobre o pessoal. O primeiro álbum mostrou que o artista presta atenção não só nos diálogos presentes na sociedade, mas também nos relatos que ouve, fazendo com que nem tudo seja somente sobre o artista, mas sim sobre a sociedade em que todos estão inseridos.

As roupas, estilo, atitudes e maquiagem nos mostra que o cantor já é um rockstar da nova geração que veio abrir a cabeça de quem é mais velho e incitar o diálogo através da transformação do gênero. Tem potencial para ser o ícone de uma geração que além dos problemas pessoais, vive em constante agonia sobre o futuro incerto.

O agitado Dominic possivelmente tocará em um palco secundário no festival Lollapalooza Brasil, como o palco Ônix, durante a tarde. Sua energia, alma e coração deixa em cada palavra seu anseio pela liberdade e aceitação. A apresentação conquistará novos fãs que escolherem visitar seu palco durante seu espetáculo (além de ser minha aposta para o Ônix Day). E aí, vamos?

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