Rosé e sua reflexão sobre a vida em “R”

Rosé

Em 2018, a YG Entertainment lançou “SOLO”, single da Jennie, integrante do BLACKPINK. Na época, a empresa prometeu que trabalhos individuais do restante do grupo seriam realizados. Após anos de espera, Rosé finalmente apresenta R, seu primeiro single-álbum solo. Com “On The Ground” e “Gone”, a cantora reflete sobre os caminhos traçados ao longo de sua carreira e se conecta ainda mais com seus fãs.

Antes do lançamento do MV de “On The Ground”, Rosé concedeu uma coletiva de imprensa global em que aumentou ainda mais as expectativas dos seus fãs para seu debut como solista. Com mais de 400 mil álbuns vendidos na pré-venda, a ansiedade por essa estreia era enorme e a integrante do BLACKPINK contou que queria colocar sua personalidade mais honesta no álbum, que para se preparar para ele, precisou olhar muito para trás. “Sou uma pessoa que cura através da música”, afirmou. Além disso, ela contou que após refletir sobre si mesma, percebeu que a música é muito importante para ela, pois a consola e sempre esteve do seu lado.

Pegando o gancho de sua relação com a música, ela ainda contou que optou por lançar o álbum em inglês. “Escrevi as canções em inglês porque achei que era a linguagem mais adequada para elas. Espero que elas consigam consolar os ouvintes também”. Em THE ALBUM, primeiro álbum do BLACKPINK, muitas músicas são cantadas quase que inteiramente em inglês, por exemplo, “Ice Cream” possui apenas trechos do rap da Lisa em coreano. Dessa forma, não é novidade a intenção de se aproximar mais dos fãs globais, mas é interessante pensarmos no quão Rosé quis se mostrar presente e tomar as decisões em seu lançamento solo.

O caminho de Roseanne Park

Nascida em Auckland, Nova Zelândia, a filha de imigrantes sul-coreanos se mudou para a Austrália ainda na infância. Quando criança, aprendeu a cantar e tocar violão, duas coisas que se tornaram suas paixões. Com o apoio de seu pai, aos 16 anos, ela participou de uma audição para a YG Entertainment e ficou em primeiro lugar entre mais de 700 concorrentes na seletiva australiana. Pouco tempo depois, abandonou a escola, deixou a casa de sua família e se mudou para Seul, se tornando trainee da agência.

Ela treinou na empresa durante quatro anos, esperando a grande chance de debutar. Em junho de 2016, aos 19 anos, foi anunciada como integrante do BLACKPINK e debutou com “Whistle”. Anos depois, é possível percebermos o impacto do BLACKPINK na música mundial. Elas realizaram sua estreia nos Estados Unidos no palco do Coachella, possuem músicas com mais de 400 milhões de streams no Spotify, bateram cinco recordes do Guinness e ano passado lançaram seu próprio documentário na Netflix. Quem ainda não tentou imitar a coreografia de “Kill This Love” ou “DDU-DU DDU-DU”?

On The Ground

Single principal de R, “On The Ground” é uma mistura interessante do lado mais pessoal de Rosé com elementos característicos do BLACKPINK. Nas músicas do grupo, ela normalmente é responsável por momentos mais dramáticos das canções, usando de sua voz bastante característica, a cantora ajuda a trazer momentos melódicos mais intensos no meio de raps agressivos de Lisa ou Jennie. Em seu single solo, essa característica da sua voz permanece, entretanto, também é possível percebermos um jeito mais falado de se cantar, quase que um rap. Desse modo, ela nos apresenta um pouco mais do que o tradicional em “On The Ground”.

Outro recurso interessante que foi utilizado, mas de maneira distinta do tradicional do BLACKPINK foi o drop eletrônico. Enquanto nas músicas do grupo, ou até em “SOLO” da Jennie, o refrão é marcado por uma batida eletrônica pesada que normalmente ajuda a viralizar a coreografia das meninas. Mesmo com elementos do EDM, “On The Ground” usa disso para demonstrar ainda mais a intenção de Rosé da música realmente a representar. No clipe, é o momento em que ela está dançando descontraída, da forma que quer, apenas curtindo o momento.

Para terminar análise da parte instrumental, um elemento característico do girlgroup que também aparece no single é a guitarra bastante melódica que acompanha o crescimento da canção até a introdução da batida eletrônica. O mesmo recurso é utilizado em “Whistle” e “Lovesick Girls”. Assim, é interessante analisarmos como que, mesmo possuindo coisas em comum com o trabalho de seu grupo, Rosé realmente conseguiu colocar sua marca em “On The Ground”.

Em relação a letra, para quem acompanhou a trajetória de Rosé, é muito bonito ouvir ela se abrindo sobre sua carreira. Da menina que saiu da casa dos pais aos 16 anos em busca de um grande sonho, é sentimental demais escutar ela cantando que mesmo após conquistar tudo, ela ainda se mantém com o pé no chão, que a realidade ainda importa. Refletindo sobre tudo o que ela teve de se esforçar para virar um idol e ícone mundial, Rosé canta “I worked my whole life just to get high / Just to realise that everything I need is on the ground”. Porém, se trouxermos o contexto para o mundo real, no final das contas, o que ela quer transmitir é que o que mais importa na vida é se manter fiel a sua essência e rodeado de pessoas que te apoiam. A aclamação e os elogios não devem ser mais importantes que as coisas ordinárias da vida.

Gone

A segunda faixa do álbum não foi uma surpresa tão grande perto do single. Esse fato se dá principalmente por ela já ter sido previamente apresentada no concerto virtual realizado pelo BLACKPINK em fevereiro de 2021. Diferente da outra metade do álbum, “Gone” é uma canção guiada por acordes de guitarra, sem nenhuma batida eletrônica. Apresentando uma performance vocal carregada de emoção, Rosé transforma uma música que poderia ficar entediante por causa de sua simplicidade em uma faixa belíssima, que faz um contraponto sonoro interessante com “On The Ground”.

Fugindo do instrumental tradicional do BLACKPINK, o tema central de “Gone” é recorrente na discografia do grupo. A ideia da menina que está com o coração partido, relatando o fim de um relacionamento e sua tentativa de seguir em frente. Rosé utiliza de um jogo de palavras em que compara o começo de um novo dia com a superação do término. Simples, suave e, o mais importante, bonita de se ouvir, “Gone” é daquelas faixas para se ouvir inúmeras vezes, sem parar. No final, o ouvinte quer entrar ainda mais no mundo da cantora e cantar junto com ela.

Em duas faixas, Rosé consegue mostrar sua grandiosidade como integrante de um dos maiores grupos da música atualmente, mas também se posicionar como um grande nome individual. Mesmo utilizando de elementos frequentes da carreira do BLACKPINK, em R, ela soube o momento exato de apresentar suas características pessoais, trazer o público mais perto e compartilhar com todos sua visão sobre a vida.

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