Unshelved: Part I – Retorno para as origens ou um saudosismo passageiro de The Kooks?

Trazendo para o público músicas que foram anteriormente descartadas, The Kooks apresenta a primeira parte do seu novo projeto “Unshelved”.

Na ultima sexta-feira (10), o grupo britânico The Kooks se colocou novamente nas playlists de lançamentos das plataformas de streaming com a primeira parte do seu novo projeto chamado Unshelved, que, na verdade, não passa de uma coletânea de músicas descartadas de álbuns anteriores. Mas isso definitivamente não é algo negativo.

O último lançamento do quarteto intitulado de “Let’s Go Sunshine” soou como um trabalho voltado para apresentar uma nova identidade, mas ainda com seus traços marcantes, para aqueles que começavam a conhecer a banda naquele momento por meio de grandes playlists de Indie Rock geradas pelos algoritmos. Apesar disso, esse não aparenta ser o caminho seguido pela banda no novo EP.

Após quase dois anos, percebemos que o quarteto formado por Luke Pritchard, Hugh Harris, Pete Denton e Alexis Nuñez busca querer retornar para o som que tinham em seus dois primeiros discos, Inside In / Inside Out (2006) e Konk (2008), trazendo duas faixas produzidas por Tony Hoffer, que já havia colaborado no primeiro disco da banda, e três por Ian Dowling, que já trabalhou com bandas como Hot Chip e Catfish and The Bottleman.

Foto: Capa do EP “Unshelved: Part I”

O projeto se inicia de forma agitada e bem característica do grupo com a faixa “Oil”, apresentando riffs que parecem fazer parte do conjunto do primeiro álbum da banda, o que já causa uma boa primeira impressão. No entanto, após o primeiro refrão a música se torna cansativa e repetitiva, dando a sensação de que não caminha para o fim e você ficará preso na frase “I ain’t got no need for territory, with you” por um longo período. Nos três minutos de duração o ouvinte já precisa de um tempo para descansar seus ouvidos após toda a informação recebida ali.

E é seguindo para a segunda faixa que percebemos o quanto foi certeira a escolha da sequencia das músicas nesse momento, pois “Something To Say” é o exato descanso que precisávamos para dar sequência ao EP. O desenvolvimento dela ocorre de forma simples e orgânica, ficando mais agradável aos nossos ouvidos. A semelhança com os primeiros trabalhos é tão nítida e agradável, que qualquer um que conheça minimamente a banda saberia afirmar que é um som deles, tanto pela melodia quanto pela letra.

Agnostic” é uma faixa que se diferencia das demais puxando um pouco mais para um groove music, a voz do vocalista parece se sobressair em relação aos instrumentos, apesar de percebermos que os verdadeiros protagonistas ali são os riffs marcantes que se destacam mais apenas na segunda metade da música, tornando-a mais interessante após isso. Outro aspecto dela que chama atenção é a bateria, que possivelmente foi gravada pelo ex-baterista do grupo Paul Garred. Entre as cinco faixas do EP, acredito que essa é a que mais chama atenção – apesar de não ser a minha preferida.

Em “Bad Taste In My Mouth” a o grupo retorna para a sua receita clássica de músicas: um refrão fácil e marcante com adicional de uma melodia chiclete que agrada além dos fãs da banda. Aqui o conjunto da obra é simples: não chama a atenção, mas também não passa despercebida, parecendo mais um trabalho que facilmente poderia ser usado para a abertura de uma sitcom que os telespectadores não pulariam, pois acham a música cativante.

Esse EP é encerrado de forma triunfal com rock’n’roll enérgico de “Femme Fatale”, que é extremamente característica da banda, nos deixando com gostinho de quero mais e ansiosos para o que virá na segunda parte do projeto.

Foto: Divulgação/ The Kooks

Unshelved: Part I deu aos fãs antigos da banda tudo o que eles queiram, mas deixa a seguinte duvida: seria isso um retorno para o estilo que o grupo seguia em seus primeiros discos ou apenas um saudosismo causado por esse período de quarentena que os fez revirar aquilo que tinham guardado?

Os 17 minutos trazem boas memórias da antiga formação, principalmente por serem letras compostas com a participação de Max Rafferty (ex-baixista) e Paul Garred (ex-bateirista) que fizeram parte da banta até 2008 e 2009, respectivamente.

Com uma opinião pessoal, afirmo que é um projeto empolgante e que traz esperança para o futuro da banda, que aparentemente veio cometendo certos erros nos últimos três álbuns (o que é perceptível até pelas avaliações do Metacritic). Para quem já conhecia The Kooks, foi como um grande presente ouvir essas “novas” músicas, mas para quem ainda não teve o primeiro contato com o quarteto, essa é uma ótima forma deles se mostrarem novamente nas playlists de Indie Rock atuais e cativarem um novo público.

7/10

Músicas destaques do EP: Something To Say e Femme Fatale

Confira:

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