Na década de 70 o rock recebeu várias facetas; gênero passou a ser subdividido ao englobar todo tipo de música e deu espaço para o surgimento de vertentes como hard rock/heavy metal, além do movimento cultural e social chamado punk
A primeira surpresa da década foi o fim da carreira musical de diversos artistas renomados. Por exemplo, o rock psicodélico que começou a ser referência para os jovens, viu no primeiro ano deste período dois de seus maiores ídolos morrerem: Janis Joplin e Jimi Hendrix. Outros exemplos dessa interrupção no estilo foram o fim dos Beatles e a saída de Syd Barrett do Pink Floyd ainda em 1968.
Com a saída de Barrett, o Pink Floyd começou a deixar para trás seu lado psicodélico e se voltou ao rock progressivo, que nada mais é do que uma sonoridade que mescla elementos da música clássica, do jazz e do que tornou o rock and roll americano em um fenômeno mundial. Geralmente apresentado em composições mais longas e extensas, a vertente começou a explorar instrumentos incomuns como órgãos, flautas, trompetes e até mesmo facilitações eletrônicas como os famosos synths. A maioria das letras deste subgênero falavam sobre histórias criadas por seus compositores e idealizadores, sendo reais ou fictícias, deixando em segundo plano as descrições não tão íntimas das relações amorosas do período anterior. Muitos grupos também começaram a tratar com mais seriedade assuntos políticos. O disco Atom Heart Mother possui como primeira faixa 24 minutos de música instrumental com uma orquestra acompanhando, por exemplo. Já o lançamento seguinte, Meddle, tem “Echoes” como seu lado b inteiro, que possui um ótimo trabalho de guitarra de David Gilmour e harmonias maravilhosas lideradas por Roger Waters. Álbuns como The Dark Side of the Moon, Wish You Were Here, Animals e The Wall seguem sendo muito relevantes, tanto nas melodias bem elaboradas quanto nas letras que se tornam a cada dia mais atuais. Outro grupo que marcou o gênero foi o Genesis. A banda britânica era liderada por Peter Gabriel e conseguiu combinar seu rock progressivo com folk. Além deles, o Yes também foi outra banda que se desvencilhou de suas origens psicodélicas. Com muitas trocas de membros no grupo, nomes como Rick Wakeman (teclados) e Steve Howe (guitarra) merecem ser admirados até hoje. No entanto, a banda que deu o pontapé inicial para o estilo foi o King Crimson. Misturando música clássica, jazz, sax e flautas, eles trilharam o caminho a ser percorrido pelos outros grupos.
Mesmo assim, quando falamos de rock nos anos 1970, uma banda deve ser a primeira que aparece na sua mente: Led Zeppelin. A mistura certeira de blues, folk e hard rock resultou em álbuns muito bem estruturados, onde todos os componentes da banda conseguem se destacar. Robert Plant foi e ainda é um excelente cantor alcançando notas arrasadoras, Jimmy Page usou de toda a sua base no blues para definir um estilo próprio, John Bonham foi um baterista excepcional e John Paul Jones era o baixista que ainda flertava com outros instrumentos quando necessário. Dessa forma, o grupo entrou na década já com dois grandes discos na bagagem e com o objetivo de expandir seu estilo.
O Led Zeppelin III é um disco que apresenta menos a pegada hard rock do grupo e vai mais para músicas acústicas. Já o trabalho seguinte é um pouco mais refinado que o anterior, mostrando uma mistura incrível de folk e blues rock. Em seus lançamentos posteriores, encontramos o ótimo trabalho de guitarra de Houses of the Holy, o retorno ao hard rock puro no Physical Graffiti e outros dois discos seguintes que mesmo não sendo tão relevantes, eram boas contribuições para o cenário musical da época. Ao pegarmos a discografia completa do quarteto, encontramos uma obra única para o seu tempo. Através de suas melodias e pegadas do blues, Zeppelin continua influenciando gerações.
Para uma época que o hard rock estava se consolidando e caindo no gosto do público – diferente da visão da crítica especializada da época -, outra banda inglesa também surgiu no cenário. Black Sabbath era o grupo mais pesado do gênero naquele período sendo os pioneiros do heavy metal, outro estilo do rock and roll que foi explorado por bandas britânicas. Este subgênero consiste em melodias guiadas por distorções e riffs massivos de guitarra que criam atmosferas mais sombrias durante as canções. O grupo de Ozzy Osbourne era expert em compor músicas que faziam o sangue dos ouvintes correr mais rápido. Antes deles, já tínhamos tido experiências parecidas do estilo com Hendrix, Cream e até os Beatles com a música “Helter Skelter”. Entretanto, eles foram os que iniciaram a consolidação do som pesado.
O legado da banda começa pelos seus riffs imediatamente reconhecíveis. Álbuns como Paranoid, Master of Reality e o debut homônimo foram bases fundamentais para a evolução do heavy metal e continuam sendo grandes referências até hoje. Os sucessos “Iron Man”, “Paranoid” e “Sweet Leaf” viraram hits unânimes. Depois vem a presença marcante de seu vocalista, uma das maiores figuras do rock, com direito a loucuras desumanas dentro e fora do palco como morder e arrancar cabeça de um morcego e cheirar uma fileira de insetos. Por último, a relevância deles também passa pelo conteúdo de suas canções: em um período de flower power, eles escreviam sobre guerras, paranoia e, claro, abuso de drogas.
Para fechar a Santíssima Trindade do hard rock, os também britânicos do Deep Purple tinham uma diferença em relação aos seus companheiros. Em 1972, eles quebraram o recorde de show mais alto da história, com direito a fãs perdendo a consciência no meio do show de tão exorbitantemente alto que estava a massa sonora do grupo. Brincadeiras à parte, o Purple também era reconhecido pelos riffs de guitarras famosos de Ritchie Blackmore, como em “Smoke on The Water” – considerado por muitos o melhor de toda a historia do rock – e um vocal bem marcante de Ian Gillan, mas o que esse grupo também tinha de especial era o trabalho impecável de Jon Lord no órgão/piano/teclado. O pianista foi o responsável por agregar elementos da música erudita nos trabalhos do grupo.
Dessa forma, eles conseguiram lançar sete discos na década, tendo como principais destaques Deep Purple in Rock e Machine Head. O primeiro foi a virada de jogo do grupo, já que antes eles eram mais uma banda de rock psicodélico tentando flertar com o rock progressivo nos seus três primeiros e não tão reconhecidos trabalhos, entretanto, “in Rock”, é vibrante, com um ritmo urgente. O novo som já é reconhecido na primeira faixa “Speed King” e continua por todo o álbum; o único alívio é “Child in Time” que ainda pega um pouco das referências antigas do grupo. Já Machine Head é uma experiência sensacional de hard rock e blues. Contando com inúmeros solos de todos os instrumentos, mostra como os cinco integrantes eram impecáveis em seus papéis dentro da banda.
Associado ao hard rock, no mesmo período, o arena rock começou a ganhar força. Com músicas grandiosas e com objetivo de serem cantadas como hinos, esses grupos criaram toda uma nova forma de se interagir com o público, buscando com que todos aproveitem cada minuto da apresentação. Os alemães do Scorpions já mostravam que o rock estrangeiro era uma força eminente, da mesma forma que o trio canadense Rush, que ainda tinha sonoridades progressivas mas que também era adepto do hard.
Em 1976, o Boston lançou seu disco de estreia com o grande hit “More Than a Feeling”. O curioso é que poucos sabiam que a banda, na verdade, só possuía um integrante, o multi-instrumentista Tom Scholz, que gravou todo o disco sozinho em seu estúdio. Ele só convidou mais uma pessoa para a produção, Brad Delp, que topou cantar as faixas escritas por Tom.
A gravadora ficou assustada ao descobrir que o disco era somente Tom e seus instrumentos em seu estúdio localizado em seu porão e ficaram ainda mais assustados quando perceberam que precisavam montar uma banda do zero para as apresentações ao vivo. Contudo, deu tudo certo. Eles começaram a fazer shows abrindo para grupos como Black Sabbath e com o sucesso do disco – ao total foram mais de 17 milhões de cópias vendidas – eles acabaram fazendo seu uma enorme turnê como headliners, com direito a até um Madison Square Garden lotado.
Em uma pegada ainda mais pesada que o Boston, existe o Heart. O grupo formado pelas irmãs Ann e Nancy Wilson empolgou multidões em várias arenas de suas turnês lotadas. Ao misturarem folk e heavy metal, elas ganharam o carinho do público que esperava ansiosamente cada lançamento da dupla desde Dreamboat Annie, o primeiro disco delas. O maior hit do grupo também é a música que mais destaca a qualidade de cada uma das irmãs, em “Barracuda”, o riff da guitarra da Nancy é contagiando, ambientando o ouvinte até chegar ao ápice, que é quando começa a voz da Ann. Muitas vezes comparadas a uma versão feminina do Led Zeppelin, elas continuam até hoje em turnê e divulgando novos trabalhos.
Para fechar as bandas que souberam animar seu público, não teria como não falar do Queen, liderado pelo talvez maior frontman que já existiu. Freddie Mercury era um condutor da plateia, que cantava todas as músicas a plenos pulmões e também reagia positivamente a cada movimento do cantor no palco. A música “We Will Rock You” foi pensada para ser uma interação da banda com seus fãs no show, todos batendo os pés e as mãos no ritmo da bateria. Além disso, “We Are The Champions” e “Love Of My Life” são até hoje entoadas por fãs de música no geral. E há como não falar sobre a magnífica e irretocável “Bohemian Rhapsody“, uma das maiores faixas da história do rock and roll que fechou a década de 70 com chave de ouro?
Além dos artistas que se encaixavam dentro de um gênero específico, os anos 1970 também foi a porta de entrada para aqueles que não se encaixavam em um único estilo. Eles foram tão marcantes que foram criando seu próprio caminho, influenciando várias gerações de fãs de rock. Entretanto, esse caminho nem sempre foi tranquilo, como foi o caso de Bruce Springsteen. Seus dois primeiros discos foram um fracasso de vendas, os shows não enchiam e a gravadora não sabia mais o que fazer com o músico. Em um último esforço, seu álbum que seria lançado em 1974 recebeu um orçamento enorme e, depois de quatorze meses no estúdio, “Born To Run” chegou ao público.
O disco mudou sua carreira, o fazendo ter seus primeiros grandes hits e o primeiro sucesso comercial. As músicas são puro rock & roll, ao mesmo tempo que são mais diversificadas que seus trabalhos antigos. O conteúdo das letras amadureceu, fugindo da obviedade de ser jovem e livre que o acompanhava previamente. Tanto que a faixa-título é descrita como uma música que trata da linha divisória entre adolescência e vida adulta.
David Bowie também não pode ser colocado em apenas uma caixinha da música. Os anos 1970 foram o período em que Bowie virou um superstar, o mesmo chegou a dizer que era a década era que nem ele, passando por várias crises e sempre ansiosa. Em “Hunky Dory” de 1971 ele reflete sobre esse período em que faltava uma liderança. Faixas como “Life On Mars? ” e “Changes” apresentam o músico pensando nesse mundo em ruínas e como as pessoas estavam procurando uma referência a seguir. No disco seguinte, a persona do Ziggy Stardust continuava semeando essa imagem de decadência dos tempos. A verdade é que Bowie (ou Ziggy, o chame como quiser) inovou também na teatralidade do estilo.
Em 1974, Bowie se mudou para os Estados Unidos e se aventurou na música americana. O resultado foi Young Americans, um álbum de soul music inspirado na cena musical da Filadélfia na época. O disco é uma obra-prima, com a faixa-título discutindo problemas sociais enfrentados por jovens norte-americanos e com a alma da canção nos solos de jazz. Outra surpresa do álbum é “Fame”, escrita junto com John Lennon. A última parte da década ele passou em Berlim, onde compôs três discos inspirados por toda a cena musical alemã. Logo, David Bowie é o exemplo certo de como esses anos foram, uma constante mudança.
Outros nomes que colocaram o rock de arena no topo das paradas de sucesso neste período foram AC/DC e KISS.
A banda originada em Sydney, na Austrália, começou sua trajetória em 73 e foi formada pelos irmãos escoceses Angus e Malcolm Young. É verdade, eles alcançaram o auge do sucesso a partir da transição dos anos 70 aos 80 com o álbum de rock mais vendido da história, Back In Black, mas já na metade da era setentista eram mundialmente reconhecidos por conta do trabalho de estreia, High Voltage. Quatro anos depois, em 79, o grupo lançou Highway to Hell, sucesso absoluto. A canção, que deu nome ao disco, é um dos maiores hinos da história do rock até hoje. Muitos consideram os riffs de Angus na faixa os melhores do gênero. O grupo conquistou posteriormente uma legião inenarrável de fãs, inclusive na América do Sul.
Em contrapartida, o KISS, que também foi formado no mesmo ano que o AC/DC, se tornou uma das maiores bandas do mundo por motivos além da música. Maquiados, Gene Simmons, Paul Stanley, Ace Frehley e Peter Criss revolucionaram a forma de se performar ao vivo e tornaram um simples show de música em um espetáculo de arena inserindo em suas apresentações efeitos de luz, estrutura de palco e produção teatral. É verdade, eles só atingiram o sucesso após dois álbuns de estúdio (o debut homônimo e Hotter Than Hell), mas foi justamente no terceiro trabalho que a banda se superou. Dressed To Kill entregou ao público o hit “Rock And Roll Nite“, que falava sobre como os jovens da época gostariam apenas de viverem suas vidas e curtirem festas ao som de muito rock. A partir daí, eles nunca mais pararam: criticados por serem “apenas uma banda para se ver ao vivo”, lançaram em 1976 e 77, respectivamente, os discos ao vivo Alive! e Alive II, que obtiveram certificado de ouro nos Estados Unidos. Os lançamentos sucessores Destroyer (com os hits “Detroit Rock City“, “Shout It Out Loud” e “God of Thunder“), Rock And Roll Over e Love Gun tornaram o quarteto mundialmente conhecido.
O Kiss foi uma das primeiras bandas de rock a se apresentarem no Japão, logo depois de Deep Purple e algumas outras. Com o intuito de entregarem muito mais do que apenas músicas, eles se inspiraram em super-heróis e personagens do teatro asiático para criarem suas makes e roupas extravagantes, além dos saltos plataforma. Em cima do palco, o quarteto realmente soava como heróis modernos: Gene “cuspia fogo” e mostrava sua língua enorme ensanguentada – que virou um símbolo do rock and roll em todas as partes do mundo -, Frehley tocava até sua guitarra soltar fogos, rojões e fumaça, Stanley atravessava o público através de cordas que o faziam voar de um lado pro outro… um espetáculo completo. Eles fizeram muito sucesso até o início dos anos 80, quando começaram a ter que lidar com conflitos internos entre os integrantes. Mesmo assim, fizeram excelentes discos, revelaram suas identidades e continuam com uma base de fãs gigantesca por todo o planeta. O Kiss é, sem dúvida alguma, uma das marcas-produto mais rentáveis da música.
Quem também teve papel importante na eternização do hard rock como uma das maiores vertentes do rock and roll foi o Aerosmith. A banda, formada em 1970, só lançou o seu álbum de estreia homônimo três anos depois. Eles já possuíam certa fama nos Estados Unidos por terem feito shows na cena underground da época, mas assim que o grupo assinou com a Columbia Records, o reconhecimento da grande massa bateu na porta. O hino “Dream On” é considerado por muitos uma das grandes tracks do estilo até hoje. O disco sucessor não teve tanto sucesso como o primeiro, mas ainda assim foi recebido. Pouco tempo depois, em 75, eles lançaram Toys in the Attic que continha apenas os hits “Walk This Way” e “Sweet Emotion“. Com raízes no punk, no blues e no rock popular, eles se tornaram referência no gênero já neste período, mas ainda continuarem no auge de suas carreiras durante o período seguinte.
De 1950 a 1970 foram vinte anos de muitas mudanças. O rock and roll floresceu de forma ininterrupta. Americanos e britânicos se uniram na exploração de diversas influências e referências da história da música e criaram inúmeras vertentes ao gênero em um período curto de tempo, mas nem tudo sempre foi apenas sobre como a arte soa. Dizem que arte pode ser definida como a atividade humana de ordem estética ou comunicativa, e é aí que o rock and roll sempre ganhou dos outros gêneros musicais.
O fato é que, tendo muito a dizer, artistas enxergaram no rock a liberdade necessária para falarem sobre tudo aquilo que desejavam em períodos históricos da humanidade. Alguns, inclusive, iniciaram suas carreiras no início dos anos 60 e 70, mas só foram ouvidos algum tempo depois, principalmente quando reconhecidos por suas mensagens e composições. Um dos maiores exemplos deste acontecimento é o The Stooges, banda de Iggy Pop.
A juventude nunca mais foi a mesma após o fim da segunda guerra mundial, e isso se refletia em uma geração cada vez mais engajada politicamente na busca de uma contracultura que contestasse ideologias tradicionais, conservadoras e autoritárias. A partir da década de 50, essa nova geração vivia pelo sentimento iminente de revolução em um novo mundo. Ninguém sabia ao certo contra o quê lutar, uma vez que a guerra tinha acabado, mas acreditava-se que a vida deveria ser mais do que apenas trabalhar pelo intuito de construir uma família e alimentar os filhos. O sentimento de contracultura tradicionalista tomou força a partir de tensões sociais na década de 60, nos Estados Unidos, com a força do movimento negro e dos movimentos pelos direitos das mulheres somada a revolta contra intervenção militar americana no Vietnã. A nova geração americana sonhava com a tão prometida liberdade, não só social, como cultural e sexual, e sabia que a luta por ela tinha acabado de começar.
A rebelde agressividade do Punk
Se os anos eram rebeldes, a música não poderia ser diferente. No cenário underground novaiorquino, no famoso bar em Manhattan CBGB, na mesma década em que o hard rock se tornava absoluto nas paradas de sucesso, surge um movimento social e musical que, munido de ideais anarquistas, contestava o capitalismo, valores tradicionais e contrariava a crescente onda de grandes composições e solos do rock progressivo e hard rock. Suas letras eram carregadas de críticas políticas e sociais, abordando o uso de drogas e a sexualidade, conflitando e questionando a futilidade na existência de guerras, da obsessão ao poder dos governos, períodos de ditaduras e hipocrisia da sociedade como um todo.
O movimento punk poderia ser definido como um conjunto de ideias, expressões e elementos marcantes em todos os seus traços, principalmente em sua atitude visual agressiva: roupas escuras, jaquetas de couro, cortes de cabelo e penteados fora dos padrões e acessórios de metal. O visual chocante não falhava no intuito de intimidar – e até mesmo assustar – aqueles que não compartilhavam de suas ideias.
Na música, o punk era agitado, sujo, rápido e objetivo, tanto em sua sonoridade intensa e agressiva, quanto em suas ideias subversivas, que pregavam uma revolução através do fim de poderes políticos. O movimento também se opunha às ideias dos hippies e seu famoso slogan “paz e amor”, uma vez que defendia a individualidade, independência e expressão de sentimentos negativos que a sociedade era forçada a engolir pelo bem do sistema social. Gritos, guitarras pesadas, solos sujos, curtos e intensos eram apensar algumas das características mais atrativas da música punk.
Nesta cena americana surgiram muitas bandas undergrounds como o The Stooges, em 1967, a pioneira do estilo na história da música. Além deles, com o passar dos anos apareceram mais alguns nomes como New York Dolls, MC5, Velvet Underground, The Dictators e The Monks, mas foi com Ramones, The Runaways e Bad Religion que o punk se tornou um estilo de vida para muitos durante os anos 70 e 80. Entretanto, o movimento tinha crescido apenas na Costa Leste. Foi então que a banda punk pioneira do Reino Unido chegou em território americano.
Naquela época, o punk inglês ascendia sua própria cena adepta dos mesmos valores, porém de forma completamente independente, em Londres. Os Sex Pistols foram os grandes responsáveis por emergir o estilo na nublada Inglaterra. Por lá, o movimento era ainda mais influenciado pela situação política. Canções como “Anarchy In The UK” e “God Save The Queen” foram a trilha sonora da rebelde geração, que munia o sentimento de revolta contra a desigualdade social e econômica, e, de certa forma, mantinha o movimento unido, tornando o punk popular entre as classes menos favorecidas. Nomes como Dead Kennedys e Black Flag foram diretamente influenciados pela banda que tinha o memorável Sid Vicious como guitarrista. A revolta cultural causada pelo punk é gigantesca. Ao fazerem turnês fora da capital inglesa, os Pistols começaram a acrescentar nos gostos pessoais e perspectivas dos jovens do país, incluindo os músicos do The Clash.
O grupo possuía as mesmas ideias que a banda de Vicious e até tinham sonoridades parecidas com os SP em alguns momentos, mas eles também eram adeptos da mistura de outros gêneros, incluindo aqueles que estavam ganhando espaço, como o reggae e o rap. Com elementos do surf rock, do soul e do glam, eles se tornaram referências deste subgênero na segunda metade da década de 70, alcançando o auge em 1979 com o excepcional London Calling. Eles chegaram no mainstream da indústria no início dos anos 80 com Combat Rock, que continha o sucesso “Should I Stay Or Should I Go?” e o hit dançante “Rock The Casbah“.
A expressão da geração e sua revolta contra o sistema capitalista teve reflexos em outras áreas das artes populares, como na moda, na literatura e cinema. Era irônico que o discurso e ideais anticapitalistas do movimento tivessem se tornado mercadoria como produto midiático, mas a sua popularização artística e comercial deu forças às suas ideias e alimentou a fome de justiça social daqueles que se identificavam com o punk como forma de contracultura. A partir disso, artistas das mais diversas áreas, como músicos, estilistas, escritores e artistas plásticos puderam ascender socialmente e economicamente com seu trabalho através da popularidade do punk.
A década de 70 foi a mais importante da história do rock and roll. Abrindo portas para o hard rock e o heavy metal dominarem o mundo mas sem menosprezar as novas vertentes, o público do gênero começou a moldar os próprios gostos em relação a arte. Seja nos aspectos sociais ou apenas no que era agradável de ouvir, o pensamento crítico de parte da geração começou a ser levado com seriedade em todo o planeta. Por mais sombrios e superficialmente tranquilos que aqueles dez anos possam ter sido, absolutamente ninguém estava preparado para as drásticas mudanças que o mundo iria viver no que estava por vir: a extravagância e o groove dos anos 80. O ROCKNBOLD te conta mais no próximo post amanhã, quinta-feira, (16), em todas as nossas redes sociais e site!