Rankear discos nunca é uma missão fácil de ser executada. E quando a missão é relacionada a uma das bandas mais autênticas da história, com um som tão único, tudo fica ainda mais difícil. Para muitos, o Gorillaz foi um marco na história da indústria, não só por entregar uma sonoridade totalmente diferente de tudo, misturando praticamente todos os gêneros existentes no mundo, mas também pela forma como se promoveu e criou seu conteúdo, embasado na criação de personagens animados, com histórias empolgantes e divertidas de se acompanhar, além da música seguir o storytelling.
Surgindo no final dos anos 90 e início dos anos 2000, a banda virtual liderada por Damon Albarn, líder do Blur, fez sucesso imediato, exatamente por sua forma de contar histórias por meio de clipes com personagens animados, o que era algo bem novo para a época, com essa versatilidade no som. A banda é formada, virtualmente, por 2-D (vocalista), Murdoc (baixo), Noodle (guitarra/violão) e Russell (bateria). E a mente por trás dessa genialidade animada se chama Jamie Hewlett, que é um dos criadores do Gorillaz, junto de Albarn, seu amigo de longa data.
Durante estes mais de 20 anos de banda, com hiatos por conta de projetos paralelos, Damon Albarn descobriu muitos sons diferentes para inserir no Gorillaz, até porque ele sempre foi um músico com gosto por experimentações. A banda nunca seguiu só uma linha exatamente por isso. Pensando nisso, o ROCKNBOLD decidiu fazer um ranking do pior ao melhor álbum do grupo, mas sempre ressaltando a grandíssima qualidade de todos os projetos envolvidos.
7. The Fall (2010)
Quarto disco de estúdio da banda, lançado em dezembro de 2010, The Fall nos apresenta a obra mais experimental possível do Gorillaz. Mesmo escolhido por Albarn como o disco mais subestimado da banda, o trabalho aqui é a prova viva de que experimentar nunca foi e nunca será um problema para os caras. A sua produção em si confirma isso, já que o álbum foi feito durante a turnê do Plastic Beach usando um IPad e alguns instrumentos adicionais. Foi algo bastante cru, inclusive.
Outra coisa interessante é que, diferente da maioria dos outros trabalhos, este disco tem pouquíssimas participações de outros artistas, até por ser algo bem focado no instrumental, já que algumas faixas não tem vocal algum. Não é um álbum fácil de agradar muitas pessoas, mas os detalhes são bem feitos, com mistura de eletrônica, trip hop e lo-fi. Também não foi um disco de tanto apelo midiático, até porque foi lançado no mesmo ano de outro disco da banda, que teve bastante sucesso. Mesmo assim, ele merece mais reconhecimento.
Faixas destaque: Revolving Doors, The Snake In Dallas e Detroit
6. The Now Now (2018)
Penúltimo álbum lançado pela banda, The Now Now nos apresenta uma história bem mais animadas que as anteriores, mas com viagens alucinantes em mundos nada convencionais. Mesmo estando na penúltima colocação da lista, o sexto disco de estúdio do Gorillaz é, talvez, o mais dançante e alto astral da discografia, focando seu estilo no funk, disco, new-wave e pop psicodélico, com faixas de altíssimo entretenimento e que te deixam dançando. Isso fica claro não só no ritmo das faixas, mas como nos clipes.
Além de ter sido o disco que a banda produziu mais rapidamente, também é o trabalho com menor tempo de duração, com um pouco menos de 41 minutos. É um disco bem minimalista e com letras de bastante energia e otimismo. A sensação que fica aqui é a alegria e grande momento da banda na preparação do álbum, pois o foco acabou não sendo tanto assuntos mais “sérios”, e sim o alto astral na forma como tudo foi colocado na mesa. É aquele trabalho altamente divertido, mas que fica em sexto lugar no ranking.
Faixas destaque: Humility, Tranz e Hollywood (feat. Snoop Dogg & Jamie Principle)
5. Song Machine, Season One: Strange Timez (2020)
O nível dos trabalhos do Gorillaz é tão alto, que um dos melhores álbuns de 2020 está na quinta colocação do ranking. Último disco lançado pela banda, Song Machine, Season One: Strange Timez é apenas a primeira temporada de um projeto audiovisual que o Gorillaz está produzindo e que deve ter novos capítulos ainda em 2021. Aqui, a banda fez questão de expandir ainda mais seus horizontes em busca de misturas bizarras, incríveis e inesperadas. Por exemplo, temos uma faixa que junta Sir Elton John com o rapper 6LACK, algo que, se não fosse o grupo de Damon Albarn, não aconteceria nunca.
Muito além dos estilos que o Gorillaz, costumeiramente, coloca nos seus projetos, eles ainda fizeram questão de explorar novas vertentes, punk rock, reggae, acid house e até, acreditem, bossa nova. Mesmo na quinta colocação do ranking, Song Machine seria o melhor disco da grande maioria dos artistas com sonoridade semelhante ao da banda. O nível técnico e de escolhas do projeto é impressionante e essa autenticidade se mostra ainda mais presente aqui.
Faixas destaque: The Valley of the Pagans (feat. Beck), The Lost Chord (feat. Leee John) e Dead Butterflies (feat. Kano & Roxani Arias)
4. Humanz (2017)
Após um hiato de praticamente seis longos anos por conta de problemas internos entre Albarn e Hewlett, o retorno triunfal do Gorillaz veio em 2017 com o tão aguardado Humanz. Em cima de muita expectativa, o gigantesco álbum com 26 faixas (na versão deluxe) foi lançado e dividiu o público. A maior crítica foi a quantidade absurda de artistas envolvidos no projeto, que chegou a 21, tanto que a única música sem participação é a linda “Busted and Blue“. Por outro lado, a mistura de gêneros como soul, R&B, hip hop, dance e pop rock foi altamente elogiada, por encaixar completamente na temática do disco.
Além disso, toda a ambientação por trás do álbum é destacável, se tratando do início de uma festa no espaço, mas que acaba tendo algumas mudanças sérias. Albarn falou que esse trabalho quis entregar uma resposta emocional para as políticas dos Estados Unidos, como uma crítica de uma forma que só o Gorillaz sabe transmitir. Mesmo criticado por uma parte, até mesmo pelo tamanho, o Humanz é um disco que deveria receber maior reconhecimento pela regularidade na qualidade das músicas do início ao fim. Uma faixa melhor que a outra.
Faixas destaque: Let Me Out (feat. Mavis Staples & Pusha T), She’s My Collar (feat. Kali Uchis) e The Apprentice (feat. Rag’n’Bone Man, Zebra Katz & RAY BLK)
3. Plastic Beach (2010)
Após o sucesso estrondoso dos dois primeiros discos e o primeiro hiato, o Gorillaz tinha a responsabilidade de dar uma boa resposta aos fãs, e não poderia ter sido melhor. Mais pop que os seus precursores, Plastic Beach entrega uma estética com variações de sentimentos, grandes experimentações do início ao fim e um conceito, explicado por Albarn, focado na sua experiência diante de uma praia com plástico na areia e como tudo aquilo encaixaria no mundo atual. A maior versatilidade e flexibilidade aqui também começa a se aflorar mais, com utilização de orquestra sinfônica, artistas asiáticos, além de rappers.
O terceiro disco da banda te leva a vários caminhos, seja ele mais intenso ou tranquilo. A facilidade como as músicas transitam de sentimentos e ritmos é a grande chave de porque Plastic Beach virou destaque e indicado por muitos sites de música como um dos melhores álbuns da década de 2000.
Faixas destaque: Welcome to the World of the Plastic Beach (feat. Hypnotic Brass Ensemble & Snoop Dogg), Rhinestone Eyes e On Melancholy Hill
2. Gorillaz (2001)
Chegar em um consenso foi difícil, mas o álbum que lançou a banda britânica para o mundo fica na segunda colocação da nossa lista. Lançado em 2001, Gorillaz mostra de cara o que os caras querem atingir com esse projeto. Ainda focado, em sua boa parte, no rock alternativo, mas misturando outros gêneros numa panela que pode parecer estranho (ainda mais no início do século) no primeiro momento, o álbum chamou demais a atenção desde o primeiro segundo. Pode-se dizer, que esse disco foi um marco e mudança de chave gigante na indústria musical, não só pela sonoridade, mas o visual, até porque o Gorillaz, no início, era uma banda totalmente virtual, que se apresentava sem humanos no palco realmente.
Por mais que algumas músicas ainda parecessem cru em sua produção, isso também foi uma forma de apresentar a essência de tudo que a banda queria apresentar. Não foi tão fácil a aceitação no primeiro momento, exatamente por misturar muita coisa e deixar o ouvinte meio confuso. Porém, com o passar do tempo, a notoriedade que o álbum de estreia da banda ganhou foi algo gigantesco, e, até hoje, é um trabalho altamente aclamado por tudo que gerou na época e importância na música. E, convenhamos: de forma merecida.
Faixas destaque: Tomorrow Comes Today, Clint Eastwood e 19-2000
1. Demon Days (2005)
A responsabilidade do segundo disco numa banda, principalmente quando o primeiro foi de grandíssimo sucesso, é gigantesca. Todos esperam algo ainda melhor, pela química, amadurecimento do som e etc. E com Demon Days, o Gorillaz não poderia ter acertado mais. Com ajuda do grande produtor Danger Mouse, a banda de Damon Albarn conseguiu entregar um dos grandes discos do século em todos os sentidos, desde o storytelling, animações/video-clipes incríveis até a sonoridade, com canções melhor produzidas, arranjos melhores, artistas convidados claramente em melhor nível e a flexibilidade no som que todos conhecemos.
Tem música para todos os gostos. Para dançar, chorar, se emocionar, relaxar e tudo que só o Gorillaz sabe fazer. Em Demon Days, a banda alcançou um patamar incrível, pois o trabalho foi totalmente aclamado por fãs e crítica, garantindo o lugar dos caras entre as maiores bandas do mundo neste século, sem sombra de dúvidas.
Faixas destaque: Feel Good Inc, El Mañana e Every Planet We Reach Is Dead