O último dia 13 foi uma data muito importante para os fãs de rock. A data celebra anualmente o gênero musical e ainda faz referência ao Live Aid, megafestival que aconteceu em 13 de julho de 1985.
Embora há quem acredite que o rock possa ter morrido no Brasil, a banda Flake Rock INC mostra que o gênero nunca esteve tão vivo no cenário nacional. O grupo recentemente divulgou seu mais novo single de trabalho, Bandeira Preta, que é, na verdade, um retrato da raiva e do ódio que forma a polarização em cada canto do mundo, mas principalmente na cidade de São Paulo em 2018 e que ainda se estende nas manifestações deste ano.
A música, por mais que não tenha cunho político, critica diretamente a briga binária instaurada no país e aos dois lados que remam um contra o outro, deixando o barco sempre parado. Bandeira Preta tem uma base melódica inspirada no punk de Mulher de Fases da banda Raimundos, mesclado à narrativa de urgência e praticamente atemporal que toma conta de cada um dos versos.
“Essa canção reflete como a gente saiu do trilho em tudo. Como se o mundo tivesse ficado um caos pouco a pouco, desde alguns anos para cá, ela representa o ódio das pessoas”, revela Guilherme Valerini, vocalista da Flake em entrevista exclusiva ao ROCKNBOLD. “É um ‘chega’, e por isso a bandeira preta — não tem um lado, é simplesmente uma guerra.”
Bandeira Preta nasceu em 2018 em meio às manifestações que tomaram conta das ruas de São Paulo, mas cuja letra se aplica também ao contexto atual. “Comecei a rabiscar ela durante uma aula de cálculo”, revela Ricardo Scaglioni, também chamado de Giane, o baixista da banda. “Quando eu li na camiseta de um cara a frase ‘não sinto pena de ninguém’ aí eu falei ‘puts, isso dá uma música’.”
O clipe coloca em imagens essa atmosfera de revolta criada pela letra, mesclando registros da banda em ação em um local meio abandonado e filmagens de protestos ao redor do mundo.
“Não importa o tempo que ela for lançada, o mundo sempre vai estar aqui. Sempre vai ter algo que reflete esse sentimento”, complementa Rafael Fiori, durante o bate-papo.
Quando questionados sobre a necessidade de artistas se posicionarem por meio de seu trabalho, o vocalista Guilherme opina: “é sobre saber o que você está defendendo. A bandeira que você levanta”.
“O mais importante não é nem se posicionar em rede social. Isso diz mais sobre o que você quer mostrar para os outros do que o que você é, o lance é se posicionar na vida, ser uma pessoa de caráter independente de post ou curtidas”, complementa o baixista Ricardo.
O rock nacional em 2021
“Se você pegar as playlists do spotify, vai ver que fora do país [o rock] ainda continua em alta”, reflete a banda sobre a popularidade do gênero musical dentro do Brasil.
“Depois dos anos 80 e 90, em que era o estilo mais tocado no mundo, o rock parece que foi derivando e foi se misturando a outros estilos”, opina o guitarrista Fiori. “Se o rock quiser reacender no Brasil, ele vai ter que seguir um caminho diferente e se transformar — assim como outros estilos tiveram que fazer.”
“Parece que existe uma fórmula certa que funciona melhor aqui, é uma coisa que a gente que está chegando agora e criando o nosso som tem essa responsabilidade de levar adiante”, finaliza.
“Para mim, a grande essência para uma banda ou artista de rock é a vontade de fazer as coisas acontecerem, é ter a necessidade de extravasar suas ideias e, por meio delas, tocar nas emoções das pessoas. Essa é a verdadeira mágica do que é fazer rock. Estar dentro do cenário do rock é estar sempre perto de quem gostamos, os amigos tornam-se irmãos e viramos uma família. Ter uma banda de rock é mais que um estilo de vida, é a essência para se manter vivo”, completa o baterista Fabio Ota
Futuro
Em março de 2020, com a chegada da pandemia, os integrantes decidiram finalmente iniciar os lançamentos de suas próprias composições quando disponibilizaram em todos aplicativos de música a canção Textura da Lua. Hoje, a banda conta com sete músicas autorais disponíveis, além dos clipes de Antes do Sol Sair e Bandeira Preta.
Para o futuro, a Flake Rock INC ainda possui mais quatro lançamentos planejados para 2021, sendo um deles também acompanhado de um videoclipe. Em 2022, o maior desejo do grupo como um todo é voltar para os palcos e, possivelmente, começar a trabalhar em um álbum de estúdio.
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