The Maine é pudico e “baunilha” em novo álbum lançado

“A banda que todos amam, mas poucos conhecem”. Assim foi a narrativa de identidade que a banda The Maine ganhou, quando retornou ao Brasil em 2019. E de fato, se tem algo que a banda tem de enorme valor, além de um imenso talento musical, e enorme qualidade musical, é a paixão do seu público -principalmente o brasileiro- pelo grupo. 

The Maine pode até não ter tido a sorte de ter alcançado o “topo das paradas mainstream” que muitos alcançam, mesmo possuindo uma discografia incrível. Entretanto, conseguiram formar uma base de fãs sólida e extremamente fiel, que muitas outras bandas não possuem, e nunca terão.

the maine - “XOXO: FROM LOVE & ANXIETY IN REAL TIME”
Arte gráfica desenvolvida para o álbum “XOXO: FROM LOVE & ANXIETY IN REAL TIME” do The Maine

THE MAINE E O “XOXO: FROM LOVE & ANXIETY IN REAL TIME”

Recentemente, a banda lançou seu 8º álbum de estúdio, “XOXO: FROM LOVE & ANXIETY IN REAL TIME”. Porém, antes mesmo de lançar o álbum completo, a banda já havia antecipado 4 singles. Entre esses, estão Sticky e Lips que trazem um pop bastante genérico e extremamente chicletão. Aliás, estas músicas são as que mais possuem sintonia com a identidade visual divertida, enérgica e calorosa escolhida pela banda. Dessa forma básica e simplista, The Maine conseguiu com Sticky alcançar por alguns top’s charts que rendeu bastante popularidade para a banda. Inclusive, receberam até mesmo convite para tocar em um dos jogos do Phoenix Suns na NBA. Para Lips, vamos dispensar mais comentários.

Juntamente com April 7th e Pretender, The Maine fechou o ciclo de lançamentos antes do álbum oficial. Em April 7th, o quinteto do Arizona aposta numa roupagem de balada pop rock que nada trás em novidade, e se perde em um mar de outras diversas canções iguais no gênero. Além disso, nesta canção, John O’Callaghan trás uma mensagem de bastante amorosidade, mas que passa muito, muito longe de diversos estrofes e refrãos ricos em sentimentalismo e profundidade que compôs em diversas músicas da banda. Agora em Pretender, talvez, seja o único momento que os fãs mais saudosistas vivam um resgate de algo semelhante as canções do Lovely Little Lonely ou Can’t’ Stop Won’t Stop, em que banda muda totalmente o embalo, e traz uma música bastante acelerada e enérgica.

Assim como em Lips fica nítido a inspiração em The 1975 – Girls, em Love In Real Time isso também é escancarado. A música que uma das que intitula o longo nome do álbum, traz um rock alternativo muito batido e repetitivo, explorando bastante o uso de sintetizadores, vozes reverberadas, e trazendo a canção muito para próximo do estilo lo-fi.

THE MAINE E A MELHOR CRIAÇÃO DE “XOXO: FROM LOVE & ANXIETY IN REAL TIME”

Em seguida, na quarta track do álbum, High Forever, The Maine finalmente acha o seu brilho. Com uma linha de baixo pesada, riffs muito bem distribuídos e bateria bem cadenciada, a música traz uma mistura incrível de rock alternativo com new wave. Certamente uma track diferenciada e criativa, que exala sensações de sensualidade e muito poder, se assemelhando em alguns momentos até mesmo a uma marcha imperial, guiada pela bateria de Pat Kirch e o baixo de Garrett Nickelsen.

Porém, passando April 7th, chegamos a sexta música do XOXO: FROM LOVE & ANXIETY IN REAL TIME, If Your Light Goes Out. Para o momento atual momento de pandemia, a música possui mensagem de alento e força para seguir em frente, acompanhada de um instrumental acústico que te enche de esperança e crença nestas ideias propagadas através da canção. Entretanto, em um encaixe de qualidade musical, fica devendo muito, estando longe de ser apresentada como uma boa música do The Maine. Não somente comparado a outras desse álbum, mas a todas as músicas desenvolvidas pela banda até hoje.

MATCH MUSICAL ENTRE THE MAINE E O “XOXO: FROM LOVE & ANXIETY IN REAL TIME”

Já em Dirty, Pretty, Beautiful a banda retorna com um pop rock dançante e muito empolgante, exalando uma energia digna daqueles amores de verão americanos. Finalmente, neste track The Maine acerta a mão muito cheio em tudo, e cria uma sinergia perfeita entre letra, instrumentais e conceito explorado no álbum. Desde as guitarras limpas e funkeadas, o refrão grudento, sintetizadores leves, e a produção de uma música muito comercial e de alta qualidade. Além de ser muito cara de single, poderia ser facilmente uma música do American Candy, que ganhou mais riqueza sonora com a experiência no passar dos anos.

Para finalizar, temos Anxiety In Real Time. Desde o início, as guitarras estão extremamente presente na carreira do The Maine. Sendo assim, como quase todas as músicas, Anxiety In Real Time tem vibrações de verão e referências à temporada do Arizona, como se ela pertencesse de forma cimentada a identidade da banda.

Como resultado de tudo, XOXO: FROM LOVE & ANXIETY IN REAL TIME é um desabafo dos sentimentos de luz e sombra que a pandemia trouxe. Sendo assim, como mensagem musical dessa era, entrega o que propôs, mas comparado a tudo que a banda já produziu, é superficial. Para resumir esse álbum, cabe uma paráfrase a Vanilla, música do The Maine, que diz: “Mesmo em seu melhor, ainda foi básico”. 

NOTA: 6.5/10

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