Músico e atualmente vocalista do The Maine, John O’Callaghan lançou nesta sexta-feira (12) o álbum I Only Want to Live Once sob o projeto que leva o pseudônimo John The Ghost. O trabalho marca seu primeiro longplay de estúdio como artista solo e traz nove faixas, sendo quatro disponibilizadas antes do lançamento oficial: LIVE ONCE, DRIVE, THE PATTERNS e Rolled Down the Window.
O projeto John The Ghost existe desde 2016, quando o músico disponibilizou seu primeiro single solo Sour Grapes, antecedendo à disponibilização do EP Sincerely, John The Ghost, de seis faixas. Em paralelo, John lançou um livro de poesias homônimo para acompanhar a produção do trabalho. Vale destacar que o lançamento ocorreu durante a composição do sexto álbum do The Maine que chegou logo no ano seguinte, Lovely Little Lonely.
I Only Want to Live Once e principalmente a persona John The Ghost traz um lado diferente de John O’Callaghan que o fã de The Maine está acostumado. Em entrevista exclusiva com o ROCKNBOLD, o músico revelou que o projeto é uma forma de “canalizar a criatividade extra” que existe fora da banda, abordando muito questões como saúde mental e quanto a vida significaria se não houvesse um ponto final.
Além da rotina como artista solo, John O’Callaghan também dividiu com a equipe como foi o processo criativo durante um ano pandêmico como foi o de 2020. De acordo com ele, o tempo confinado em casa o ajudou de alguma forma a focar e produzir suas próprias músicas. Confira a entrevista completa abaixo, e não deixe de ouvir I Only Want to Live Once, já disponível nas plataformas digitais.
Quando você olha para trás durante sua carreira musical, como você vê seu crescimento, pessoal e profissional, desde “Can’t Stop Won’t Stop”? Como aquele John se tornou John the Ghost? E se você pudesse, o que diria hoje para aquele John de 2008?
Com toda a honestidade, ainda estou descobrindo quem é o John. Se eu pudesse dizer algo para mim mesmo em 2008, seria prestar mais atenção em como a música te faz sentir e menos em como ela se parece. Esse é o problema quando se trata de estar vivo: “serias”, “deverias” e “poderias”. Eu estou muito feliz por estar aqui.
Falando um pouco mais sobre John the Ghost: Por que você decidiu fazer um projeto solo e como você criou o este conceito? Quando você criou o projeto, qual impacto e ambição esperava criar?
Todo o projeto é apenas para canalizar um pouco da criatividade extra que existe fora do The Maine. Tecnicamente falando, “John the Ghost” é para qualquer um, mas egoisticamente é para eu me libertar de ideias que acumulariam poeira de outra forma.
Conte um pouco sobre seu processo criativo em tempos de pandemia. Por que lançar esse álbum agora? A pandemia “ajudou” de alguma forma a escrever e fazer músicas por conta própria?
A praga obviamente me deu muito tempo em casa e me inspirou a me concentrar mais na criação e produção de músicas. Foi uma bênção neste período amaldiçoado de existência, e se alguma vez houve uma fresta de esperança pessoal, seria a capacidade de escrever e lançar este álbum.
Notamos uma grande diferença entre o seu EP de 2016, “Sincerely, John the Ghost” e os dois singles do novo álbum. Eles estão mais positivos agora. Sua intenção era mudar a vibe? O que fez você fazer isso? E o que mais você deseja melhorar nas próximas etapas deste projeto?
O amor me fez fazer isso. A tristeza ainda existe, mas me apaixonei e me casei desde aquele EP. Suponho que neste ponto não tenho nenhuma intenção de próximos passos quando se trata de JTG, estou apenas flutuando no éter e deixando-o existir. Veremos aonde vou chegar no futuro.
Suas letras falam muito sobre saúde mental e sobre ir de lugares escuros para lugares claros em questão de versos. Como é o seu processo criativo para colocar todos esses sentimentos e emoções no papel?
Eu apenas falo com o coração. Realmente não há outra maneira que eu saiba operar. Tive a sorte de escrever e lançar música por 14 anos, então tive muita prática. Para mim, a vulnerabilidade é fundamental.
Você sempre diz nos shows que temos que aproveitar a vida porque só vivemos uma vez, e podemos ver novamente essa ideia de “viver uma vez” na sua música, “LIVE ONCE”. Você pode falar um pouco sobre essa ideia de passar pela vida uma vez?
Quanto significaria a vida sem a morte? Isso é realmente tudo que preciso perguntar a mim mesmo para apreciar o dia de hoje.
Com a composição infinita que você produziu, por meio de quais critérios você vê que uma música tem mais caraterística do projeto de identidade de John The Ghost, ou tem mais da essência do The Maine?
Está muito claro em minha cabeça quais músicas se encaixam onde, mas também acho que é imperativo que em ambos os casos haja um certo nível de desconforto quando se trata de material. Meu maior medo é me repetir, então é muito importante que para The Maine ou JTG as coisas pareçam novas. Você pode ouvir isso do Lovely Little Lonely ao You Are OK, e de Sincerely, John The Ghost a este novo álbum completo (pelo menos eu gostaria de pensar que você pode).
De todas as músicas que você compôs e produziu para “I ONLY WANT TO LIVE ONCE”, você tem uma favorita? Se sim, por quê?
No momento, eu diria que há um empate entre HERE/NOW e 8. O primeiro me permitiu experimentar um pouco com meu amor pelo hip hop. Eu fiz a batida com a intenção de ser para outra pessoa e fiquei muito feliz por ter superado minhas próprias inseguranças e colocado no álbum. Esta última é uma música que escrevi para meu irmão e acho que é o final perfeito para o álbum.
Falando um pouco em identidade visual e capa de arte, o visual do seu álbum e dos singles foram pensados para ser minimalistas?
A capa e toda a arte é a visão do meu bom mano Rich Raun. Simplicidade estava em minha mente e ele o levou para o lugar que você vê hoje. Eu não poderia estar mais feliz com a forma como ficou!
O que há de novo para as pessoas que conhecem você de John, o vocalista do The Maine, para John the Ghost? E como você quer que as pessoas vejam você artisticamente diferente daquele John?
Como artista, você não escolhe por quais lentes as pessoas veem você, então tenho muita sorte de que as pessoas estejam olhando / ouvindo.
Ainda falando sobre as diferenças de ser um artista solo e ter uma banda: Qual é a principal diferença para você entre ser um artista solo e ser o frontman de uma banda?
A maior diferença é que a responsabilidade recai exclusivamente sobre meus ombros. Não há outro filtro além do meu cérebro. É difícil se acostumar, mas acredito que isso me ajuda quando se trata de fazer parte do Maine.
Agora falando sobre John não como um artista, mas como um consumidor de música. Você tem uma inspiração pessoal ou uma banda que ouve quando escreve para si mesmo? O que ouve em sua playlist ultimamente?
TUDO. Estou com tanta raiva de mim mesmo que demorei tanto para ouvir Golden Hour de Kacey Musgraves. Isso tem acontecido recentemente. Que momento brilhante para a música!!
Entrevista feita por: Beatriz Vaccari, Leonardo Neto e Rayane Moreira.
Nós do ROCKNBOLD agradecemos muito a Solid Music Entertainment e Carolline Guimarães por confiarem em nosso trabalho para guiar essa entrevista.