Em Sticker, NCT 127 consolida novos e velhos gêneros

Em Sticker, NCT 127 apresenta um projeto à primeira vista estranho, mas que acaba coeso.
NCT 127 em imagem promocional para Sticker

Altamente aguardados desde o lançamento de Neo Zone em 2020, NCT 127 retorna com Sticker. Desde seu debut em 2016, o NCT 127 é conhecido pelo seu esforço em inovar e experimentar com a música. O costume de entregar em suas titles ritmos excêntricos se tornou marca registrada do NCT (Neo Culture Technology) em suas inúmeras sub-units e, ao longo dos últimos anos, o grupo se tornou uma blueprint para diversos outros boygroups da nova geração. 

Com muitos acertos, como é o caso de “Kick It”, single de Neo Zone, o grupo esbarra, propositalmente, em gêneros agressivos demais para a maioria dos ouvintes, dividindo os fãs e aqueles que os ouvem casualmente. É o caso de “Sticker”.

A faixa, de mesmo nome do terceiro full-album da sub-unit de Seul, é minimalista em sua quantidade de sons. Baseia-se sobretudo em uma preponderante flauta, um grave distorcido, piano e vocais. Cada instrumento parece seguir seu próprio ritmo de uma maneira não convencional, causando estranhamento de cara aos ouvintes. Ainda assim, a música funciona, com diversos pontos a se destacar, como a forte presença vocal dos integrantes, o piano (especialmente no primeiro pré-refrão) e o contraste entre a flauta e o grave.

Claro, a faixa não é para todos os gostos e, com certeza, uma escolha arriscada para servir de apresentação de um álbum – com muitos fãs chegando a sugerir que “Lemonade”, segunda faixa de Sticker, seria uma melhor title. Contudo, a música representa muito bem o que o grupo tem buscado fazer até então no mundo do k-pop, constantemente inovando e trazendo sons experimentais para o mainstream. Além disso, o melhor lugar para uma música “estranha” – especialmente nos álbuns do NCT – é em destaque. Afinal, quão aleatório seria ter este som como uma b-side qualquer no álbum?

Ainda assim, ao longo de Sticker encontramos diversos concorrentes à “poderia ter sido um single melhor”, a começar com a favorita “Lemonade”. Composta por Rokman e Benji, antigo membro do grupo B.I.G, a faixa é recheada de momentos e batidas, com um pré-refrão agitado e com sons de motor, que dá lugar a um refrão mais calmo. Com um bom rap, um refrão divertido e diversas referências a músicas anteriores do grupo, “Lemonade” se tornou instantaneamente uma favorita entre os fãs.

Já na segunda metade do álbum, no entanto, “Far” e “Bring The Noize” são outras músicas que desenvolvem bem o estilo marcante do NCT. “Far” tem grande potencial desde o início. Assim como a title escolhida, a faixa conta com graves e o apoio (inicial) de um piano, mas suas diversas camadas parecem conversar muito mais entre si.

“Bring The Noize” é divertida e simples. Seu conceito é basicamente comparar o grupo com uma moto indo além do limite de velocidade: barulhento, sem limites e de virar a cabeça. Com graves texturizados e sons agressivos de motor a faixa é irreverente e animada, talvez uma das melhores do álbum.

NCT 127 em imagem de promoção a Sticker.
Foto promocional de Sticker

Se destacam em Sticker, também, faixas que parecem seguir a outra metade da receita do grupo. Se o som pesado metálico e o hip-hop distinguem NCT 127 de tantos outros boygroups até um certo ponto, o R&B e as baladas influenciadas pelos anos 90 contribuem para a construção da imagem do grupo. “Focus”, a quarta faixa do álbum, é exemplo dessas influências, pincelando junto do R&B e do rap uma imagem sensual e vagarosa, magnética, mas que se perde no final. 

Carregada de melancolia, a faixa seguinte, “The Rainy Night”, fala sobre a dificuldade de deixar um amor ir. Uma das canções mais marcantes do álbum, a balada é guiada pelo piano e pelo vocal dos integrantes, que transmitem o sentimento da canção tão bem. São faixas como “The Rainy Night” e “Focus” que melhor demonstram o talento e a expressividade dos membros. O mesmo pode se dizer de “Magic Carpet Ride”. Delicada e com uma vibe retrô, a faixa parece ter como intuito mostrar toda a habilidade vocal do grupo, mas se torna um pouco cansativa.

A pegada retrô se sustenta por outras músicas no álbum. Inspirada no gênero house, “Breakfast” sai um pouco da zona de conforto do grupo, mas o faz positivamente. Com um incessante número de camadas, a faixa se transforma na bridge quando a maior parte do som é abafado, dando atenção às vozes de Doyoung, Jungwoo e Haechan.  

Foto promocional de Sticker

“Dreamer” é casual e ao mesmo tempo orquestrada. Com uma camada de aparente conversa e palmas de fundo, coros e o trabalho de um trompete e de um piano, a música é extremamente vibrante. A canção apresenta, junto de “Road Trip” – uma deliciosa faixa de verão -, uma versão mais descontraída e leve do grupo que ficou conhecido pela intensidade de seu som.

“Promise You”, faixa que fecha o álbum, volta às influências retrô, com synths que entregam uma atmosfera delicada. O som inebriante complementa a mensagem de devoção e saudade do grupo aos fãs. “Eu te prometo, no dia que nos encontrarmos de novo, eu vou te abraçar”.

Apesar da title intimidadora (e controversa), Sticker finaliza como um trabalho coeso e revigorante. Com diversas emoções e estilos a serem transmitidos, NCT 127 sucede em sua maioria, nunca sendo constrangidos pela mudança que apresentam entre uma música e outra. O terceiro full-album do grupo de cinco anos é uma reafirmação da vontade e habilidade à inovação, trazendo novas facetas e lapidando as antigas.

8/10

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