ROCKNBOLD pelo mundo #2 – Français

Na segunda edição do quadro mais viajante do ROCKNBOLD, te levamos para conhecer cinco artistas que estão movimentando a cena musical francesa e belga atualmente. Confira:
ROCKNBOLD pelo mundo #2 - Français
Photos by; The Super Mat, Guillaume Laurent and Joan Hernandez Mir. CC

Atenção, todos a bordo, está começando mais um ROCKNBOLD pelo mundo! Na última edição, viajamos para a Alemanha e Áustria, na busca dos cinco artistas que mais estão agitando a cena musical da região, no idioma alemão.

Desta vez, chegamos na França e na Bélgica, para conferir quais os artistas francófonos mais empolgantes dos últimos tempos. Allons-y?

Ben. (l’Oncle Soul)

Começamos nossa viagem com o “tio do soul”, que era literalmente o nome artístico de Ben. l’Oncle Soul até 2020. O nome surgiu de uma brincadeira de seus amigos, que diziam que o cantor se parecia com o emblemático personagem da marca Uncle Ben’s, devido ao seu costume de usar gravatas borboleta. A faixa mais conhecida do artista francês, que agora atende simplesmente por Ben., é “Soulman”:

“Soulman” – Ben. l’Oncle Soul

A música faz uma mistura inusitada entre soul, pop, e os vibratos poderosos de Ben.; algo que, até seu lançamento em 2010, ainda não havia sido visto de forma tão eficaz na música popular contemporânea. Apesar de sua sonoridade inicial ter no Soul sua principal base, o cantor e compositor começou a passear também por outros ritmos ao longo de sua carreira, como o jazz, o funk e, mais recentemente, o R&B.

Apesar do sucesso quase que instantâneo na França, Ben. ficou conhecido ao redor do mundo ao lançar um cover de “Seven Nation Army”, canção originalmente da banda The White Stripes. Na versão funk, o cativante solo de guitarra da música original é tocado numa espécie de órgão, e a faixa como um todo se transforma, lembrando bastante a época de ouro da gospel music americana. Com quase 5 milhões de visualizações no YouTube, este é um dos vídeos mais assistidos do canal de l’Oncle Soul.

Vale a pena conferir o trabalho do cantor pelas melodias interessantes, que muitas vezes utilizam várias camadas de voz e corais, além de bastante instrumentos de sopro. Ben. l’Oncle Soul traz o “surf rock” e os anos 60 para a atualidade, repaginando o som típico do Motown para os dias atuais. Em trabalhos mais recentes, como na excelente “I Love This Game”, o artista se aventura no R&B, mas, como sempre, trazendo algum elemento nostálgico para suas composições.

Você também precisa ouvir:I Love This Game” , “A Coup de Rêves“, “Elle Me Dit“, e “Hallelujah!!! (J’Ai Tant Besoin De Toi)“.

ZAZ

A região de Tours, na França, parece produzir o melhor do soul francês. É que, além de Ben. l’Oncle Soul, o local ofereceu ao mundo mais uma artista talentosa no gênero musical: Isabelle Geffroy, mais conhecida como ZAZ. A cantora, compositora, e multi-instrumentista tem uma sonoridade focada no folk, French chanson (a música popular francesa), soul e jazz, mas que também é influenciada por ritmos latinos e africanos.

Na faixa “Qué Vendrá”, sentimos influências cubanas tanto na melodia quanto na letra, que inclusive tem alguns trechos em espanhol. Já em “Imagine” é possível sentir as influências que ser uma artista de rua por tanto tempo tiveram em suas músicas, já que a melodia é bem acústica, com forte presença de violão.

“Comme ci, comme ça” – ZAZ

Antes de atingir o sucesso, ZAZ teve a oportunidade de fazer shows por várias partes do mundo, como Japão e Rússia, o que provavelmente contribui bastante em seu processo de composição e na criação de ritmos tão diferenciados e criativos.

Tá, mas por quê ouvir ZAZ?

Apesar de instrumentos de corda, principalmente o violão, serem quase sempre a base de suas músicas, que geralmente pendem mais pro acústico, a cantora consegue surpreender e trazer elementos diferentes para suas criações, como na faixa “On Ira” em que ela é acompanhada por um belo arranjo orquestral.

Além da voz rouca marcante, que muito lembra Edith Piaf e Ella Fitzgerald, a música de ZAZ se destaca pelas letras sempre cheias de significado como em “Je Veux”, onde a cantora critica o consumismo desenfreado, e “Comme ci, Comme ça” onde ela fala sobre a importância de ser fiel a si mesmo. Assim como Ben., a cantora é muito precisa em trazer ritmos mais populares no passado, como a chanson francesa, para a modernidade.

Você também precisa ouvir: Je Veux“, “Imagine“, “On Ira“, e “Les Passants“.

Lomepal

Para quem gosta de rap alternativo, a recomendação da vez é Lomepal. O artista e skatista francês de 29 anos é conhecido por misturar elementos da música alternativa, e até mesmo do pop, ao rap tradicional, e por sempre escrever letras muito honestas e abertas sobre experiências de vida, como na canção “Flash“, onde ele narra a experiência de sofrer um acidente de carro enquanto alcoolizado.

As letras de Lomepal se destacam pela sinceridade e pela visceralidade. Nada parece ser editado ou escondido, nenhum assunto parece ser evitado: o cantor se mostra como um livro aberto, ao narrar as tragédias, amores, sonhos, e decepções que já viveu. Uma das canções em que isso fica mais claro é na excelente “Le Vrai Moi” (algo como, “o verdadeiro eu”):

“Le Vrai Moi” – Lomepal
Começos & parcerias

Apesar de nascer em uma família artística, o rapper passou por algumas dificuldades, que fizeram com que ele se conectasse com a música apenas em sua adolescência: seu pai abandonou o lar e, sua avó, faleceu pouco tempo depois. Provavelmente, o ponto mais interessante de seu trabalho é perceber como as pessoas ao seu redor, e situações, influenciam tanto em sua escrita e processo criativo. Isso fica evidente já em seu segundo álbum de estúdio, Jeannine (2018), que carrega o nome de sua avó.

Antoine Valentinelli começou a carreira musical como Jo Pump, mudando o pseudônimo posteriormente para Lomepal em homenagem a um apelido que amigos tinham dado a ele, pela sua aparência sempre pálida: “L’homme pâle” = “o homem pálido”.

O artista já colaborou com rappers franceses respeitados como Roméo Elvis, Akhenaton e Nekfeu. A voz de Lomepal também traz grandes possibilidades ao parisiense, que consegue cantar de raps à baladas românticas com a mesma qualidade e maestria.

Você também precisa ouvir: Trop Beau“, “Yeux disent“, “Plus de Larmes“, e “Regarde-moi“.

Angèle

Angèle Van Laeken, mais conhecida simplesmente como Angèle, é uma cantora, compositora, produtora, dubladora, e atriz belga. Com ela, subimos um pouquinho no nosso mapa musical, aterrissando na região de Bruxelas, na Bélgica.

Filha de um cantor e uma atriz, Angèle cresceu em um ambiente familiar bastante criativo e, junto com seu irmão, o rapper Roméo Elvis, criou a canção “Tout Oublier” em 2018, que a catapultou para o sucesso assim que atingiu as plataformas digitais:

“Tout Oublier” – Angèle ft. Roméo Elvis

A cantora começou sua carreira como muitos jovens artistas, através do YouTube e das redes sociais. Apesar de se consolidar com “Tout Oublier” a cantora já havia lançado faixas bem sucedidas online como “La Loi de Murphy” e a excelente “Je veux tes yeux”.

Além do pop contagiante, normalmente marcado por forte influência do piano (seu instrumento principal), muito de seu trabalho é influenciado pelo synthpop e pela música eletrônica, como em “Flou“. Algumas faixas também possuem influência do rap, como “Ta Reine“. A voz suave de Angèle pode agradar fãs de Billie Eilish, já que ambas possuem um timbre parecido.

Les nouvelles lois? (As novas “New Rules“?)

Recentemente, a francesa ficou ainda mais conhecida ao redor do mundo, graças ao lançamento de “Fever”, música de Dua Lipa, que contou com sua participação. Atualmente, o single conta com mais de 78 milhões de visualizações, só no YouTube:

“Fever” – Dua Lipa ft. Angèle

Um dos pontos fortes de Angèle e que a fazem merecer um espaço na sua playlist são as letras da cantora, que se destacam por tratarem temas sérios e pertinentes, como o feminismo e o combate ao preconceito contra a comunidade LGBTQIA+, com uma pitada de bom humor. Humor esse que pode ser percebido também em suas redes sociais.

Você também precisa ouvir: Balance Ton Quoi“, “Jalousie”, “Ta Reine“, e “Je veux tes yeux”.

Stromae

Também em Bruxelas, encontramos nossa última indicação desta edição: Paul Van Haver, ou simplesmente, Stromae. É até difícil saber por onde começar a falar sobre este cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista tão talentoso; talvez você já o conheça pelo hitAlors on Danse”, ou pela recente participação que ele teve na faixa “Arabesque” da banda Coldplay.

Mas, se você nunca ouviu falar nele, fica aqui o convite para começar, pela faixa “Tous Les Mêmes”:

“Tous Les Mêmes” – Stromae

“Todos iguais” ou “tous les mêmes” fala sobre um relacionamento tóxico; e sobre um parceiro que não participa ativamente na criação de seus filhos, temática essa que se repete na canção “Papaoutai“, nome que brinca com o som da frase “Papa, où t’est?” (“papai, onde você está?”) e fala sobre abandono e ausência paternal de forma mais intensa.

Uma característica que parece se confirmar na maioria dos artistas franceses da atualidade é a preocupação não apenas com a melodia, mas também com a letra da música e sua fluidez. São temas abordados de forma cada vez mais aberta e transparente, tornando-as facilmente relacionáveis com o público.

Stromae é mestre nisso, em músicas como “Formidable”, por exemplo, o sentimento palpável de dor causado pelo racismo, misturado aos vocais guturais do cantor, fazem com que o ouvinte não apenas ouça, mas sinta a sua dor. Ele é um excelente contador de histórias, basta sentar e ouvir.

Como se todo o seu talento lírico não fosse o suficiente, o artista ainda consegue envolver o ouvinte com suas interessantíssimas combinações de rap, dance-pop, música eletrônica, e chanson francesa. Apesar de “Papaoutai” ser seu single mais ouvido online, foi “Alors on Danse” que abriu portas para o belga, fazendo com que seu trabalho fosse conhecido até por Kanye West, que resolveu lançar um remix participando da faixa.

O que o futuro reserva para Stromae?

Em 2016, o cantor havia anunciado uma pausa na carreira para focar em sua saúde mental e em sua gravadora, a Mosaert. Desde então, ele apenas colaborava discretamente em alguns projetos de outros artistas, isso mudou recentemente, com o lançamento da ótima faixa “Santé”, o que parece indicar que seu terceiro álbum de estúdio está a caminho.

Você também precisa ouvir: Formidable“, “Carmen“, “Santé“, e “Houselellujah“.

ROCKNBOLD pelo mundo ROCKNBOLD pelo mundo ROCKNBOLD pelo mundo ROCKNBOLD pelo mundo ROCKNBOLD pelo mundo ROCKNBOLD pelo mundo ROCKNBOLD pelo mundo

Total
0
Shares
Related Posts