A constante e ousada evolução do Bring Me The Horizon

LOS ANGELES, CA – FEBRUARY 10: (L-R) Guitarist Lee Malia, Keyboardist Jordan Fish, lead vocalist Oliver Sykes, drummer Matt Nicholls, and bassist Matt Kean of rock band ‘Bring Me The Horizon’ attend the 61st Annual GRAMMY Awards at Staples Center on February 10, 2019 in Los Angeles, California. (Photo by Rich Fury/Getty Images for The Recording Academy)

Muitos artistas estão em constantes mudanças. Isso é um ciclo que muitos tomam, buscando sair da “mesmice” e da sua zona de conforto. Agradando ou não os fãs mais “xiitas”, é legal ver bandas ou personalidades musicais que buscam novos ares de maneira constante, o que necessita até de certo amadurecimento e ideias para ir para frente. Porém, nem todos conseguem sucesso com suas mudanças, principalmente aqueles que deixam de produzir um determinado estilo de música e partem para outro bem diferente.

Bom, se existe uma banda que criou uma divergência de opiniões relacionada ao seu “novo” som, foram os ingleses do Bring Me The Horizon. Pode não parecer, mas a banda liderada pelo vocalista Oliver Sykes já está na estrada há 16 anos, desde o lançamento do seu primeiro EP, o “This Is What the Edge of Your Seat Was Made For”. Seu início foi baseado unicamente em um gênero que crescia de maneira absurda na época: deathcore. Riffs poderosos e muito velozes, bateria alucinante, breakdowns em todas as canções e um vocal extremamente abusivo para a garganta de qualquer ser humano são, até hoje, marcas garantidas do gênero… e o Bring Me The Horizon entrou muito de cabeça nisso tudo.

Dois anos após o seu primeiro EP, o grupo lançou o seu tão aguardado álbum de estreia, o “Count Your Blessings” e, mais dois anos depois, o seu sucessor, “Suicide Season”. Os dois discos entram totalmente na conversa de deathcore, e os caras viraram os queridinhos do gênero no mundo, com razão, inclusive. Mas foi no terceiro disco da banda que as mudanças começaram a ocorrer.

Em 2010, a banda lançava o excelente “There Is A Hell Believe Me I’ve Seen It. There’s A Heaven Let’s Keep It A Secret” (ufa!), que deixava de lado o deathcore e entrava na onda do metalcore, gênero que ainda é muito popular nos dias atuais, e que consiste em uma mescla do hardcore punk com o extreme metal, ou seja, é mais “melódico” que o deathcore e não tão pesado. Essa mudança se deu muito por duas razões: a voz do Oliver, que já estava altamente comprometida por sua dedicação nos dois primeiros discos, e a entrada de Jona Weinhofen, guitarrista de ritmo. O som teve boas mudanças no disco, com o Oliver cantando bem mais do que gritando, riffs mais “preparados” e acompanhando bem as linhas de baixo mais perceptíveis e a bateria. Além disso, a evolução lírica foi considerável, com letras, mesmo que mais obscuras, mais maduras e importantes em relação aos dois primeiros trabalhos da banda.

(Foto: Divulgação)

Mas foi em 2013 que as mudanças ficaram ainda mais reais na banda, muito por conta de um nome em especial: Jordan Fish. Tecladista, percussionista, backing vocal e, hoje, até produtor da banda, Jordan chegou para dar uma sonoridade ainda mais diferente no genial e impecável “Sempiternal”, quarto trabalho da banda e, pra muitos, inclusive pra quem escreve, o melhor trabalho dos ingleses. As mudanças são indiscutíveis, com elementos eletrônicos ainda mais presentes do que eram no There A Is Hell, algumas leves vertentes do pop e “ambiente music”, além da maior exploração do rock alternativo e post-hardcore, mas sem perder os riffs pesados e a bateria pulsante, características da banda.

A questão da voz do Oliver também é muito importante. No There Is A Hell, sua voz ainda era comprometida em muitas músicas e isso piorou ainda mais seu vocal. Além disso, seus problemas com drogas também foram bem sérios, o que piorava todo seu corpo, não só a voz. Então, foi a importante a constante mudança para o Sempiternal, onde ele começou a cantar ainda mais, acompanhando a melodia. Claro que, no disco, ele ainda seguiu “gritando”, como em “House of Wolves”, mas de maneira mais controlada e inteligente.

Em 2015, sob produção dos próprios Oli Sykes e Jordan Fish, a banda mostrava ao mundo o aclamadíssimo “That’s The Spirit”, que irritou ainda mais aqueles tais fãs mais antigos da época deathcore, pois até dos caminhos de metalcore a banda saiu. O quinto disco do Bring Me The Horizon foi a confirmação da mudança de sonoridade mais “agressiva” da banda, partindo para algo ainda mais alternativo, eletrônico e pop. Músicas como “Follow You” e “Oh No” exemplificam a mudança e definem perfeitamente a evolução dos caras. Dá pra perceber a quantidade de coisas diferentes do segundo álbum para o quinto?

Por fim, chegamos no último disco lançado pela banda, o “amo”, que teve muitíssimas divergências, até mais que o That’s The Spirit, pois a banda não teve medo de ousar. Tem de tudo no disco. Tem riffs cativantes, músicas que tocam na rádio com muita tranquilidade por serem bem pop e até canção pra escutar numa rave com os amigos. O Bring Me The Horizon assumiu seu caráter versátil e aberto como banda totalmente no amo. Tem música para simplesmente todos os gostos e é meio que só um começo. As variações em todas as canções é incrível, com música eletrônica, riffs, bateria que chama atenção, sintetizadores, tudo. Eles não pouparam esforços pra fazer algo diferente demais e experimentar coisas novas. O próprio Oliver disse que não queria ficar na zona de conforto, e a tendência é que isso permaneça.

Mas além disso, a banda segue produzindo de maneira imparável, já que fez a fantástica “Ludens” para o jogo “Death Stranding“, além de lançar um EP no dia 27 de dezembro de 2019, chamado “Music to~Dance to~Blaze”, que tem um nome gigantesco para colocar aqui e é meio que uma “continuação” do amo, com faixas altamente experimentais e gigantescas, como “Underground Big {HEADFULOFHYENA}”, de mais de 24 minutos. Também conta com a participação de alguns artistas, incluindo a queridinha Halsey, que tem uma relação excelente com Oliver e Jordan.

(Foto: SiriusXM)

A grande questão é: o Bring Me The Horizon está em constante evolução e isso, na linha deles, é muito bom, mas até onde eles podem chegar? A banda já está trabalhando em novas músicas e a expectativa é que a pegada siga sendo essa, com uma mistura, muitas vezes maluca, de pop, rock, metal e eletrônica, talvez até algo a mais. Eles continuaram nessa pegada de muitos experimentos e criando sons mais distintos possíveis do habitual. Não adianta pedir para eles voltaram aos tempos de Count Your Blessings/Suicide Season ou até de Sempiternal, pois não é mais a vibe deles.

A criatividade deles, principalmente de Oli e Jordan, é impressionante, e por isso que não dá pra ter ideia até onde o Bring Me The Horizon vai chegar ou o que vai criar para os novos e antigos fãs. De qualquer jeito, essas mudanças gigantes e contínuas alavancaram a banda para patamares impensáveis de fomos pensar com a cabeça de dez anos atrás, um banda de moleque gritando com deathcore. Hoje, é uma banda que agrada vários públicos e isso é muito bom. Não sei onde eles vão chegar com essa evolução e experimentos, mas esse é o legal de acompanhar uma banda como o Bring Me The Horizon. Zona de conforto não é algo que você verá nos caras.

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