What Dead Men Say: Nono disco mostra toda a criatividade e solidificação do Trivium

Peso, variações, técnica, melodia e mais peso. Essas são as principais características do Trivium, banda estadunidense formada em Orlando, Flórida, no ano de 1999. O atual quarteto, que já passou por diversas mudanças de formação, é composto por Matt Heafy (vocais e guitarra), Corey Beaulieu (guitarra e vocais de apoio), Paolo Gregoletto (baixo e vocais de apoio) e Alex Bent (bateria), onde já colecionam 9 trabalhos de estúdio, tendo lançado esse nono no último dia 24, levando o nome de “What The Dead Men Say”. Tirando a parte emocional que levo por ser um fã incondicional dos caras, vou fazer uma breve análise track by track das 10 faixas que constam no álbum, e apresentar um pouco das percepções para além de gênero e conjunto.

Imagem: Capa do álbum “What The Dead Men Say

What The Dead Men Say

A faixa que abre devidamente o álbum leva o nome de “IX”, muito provavelmente pelo número representado pelo lançamento do disco. Ela é usada de gancho para a real primeira faixa, onde já se apresenta um uma variação de riffs com palhetadas, pick scrap’s e pedais duplos dignos de travar a panturrilha de um mero mortal (não o caso do Alex Bent, claro). Ao longo das variações, são apresentados tempos intercalados que casam perfeitamente com o gênero no qual a banda está inserida, o metalcore. Um pouco para a metade da música, a faixa faz uma parada no estilo marcha militar, onde o nome da música faz um pouco de sentido se você pensar em uma trincheira e soldados lutando (viajei, talvez). Não dá para não comentar sobre os blast-beats que Alex solta nessa faixa, insanos!

Para fechar a primeira música, os caras ainda soltaram um clipe que contextualiza um pouco sobre o que a letra diz. Confere ai!

Catastrophist

Essa faixa, além da primeira, saiu como single antes do álbum ser devidamente lançado, e como a anterior, também ganhou clipe. No final eu solto para vocês. Catastrophist começa logo com um riff que te joga no meio de um mosh sem você perguntar se quer entrar. A quebra para o último refrão é aquele sopro de vida que algumas músicas tem o poder de dar, fazendo você bangear involuntariamente. Além de toda a linha musical trabalhada, o que chama atenção nessa faixa é a letra que faz alusão aos tempos de tecnologia invasiva, onde as pessoas trocam sua liberdade e intimidade por qualquer coisa que posso valer um pouco mais. O clipe, que eu comentei ali em cima trata exatamente disso, da facilidade de se prejudicar para se ter o que quer, muitas das vezes sem nem necessitar tanto assim. Confere ai!

Amongst The Shadows & The Stones

Aqui a gente consegue o suprassumo do metalcore: vocal berrado puxando o instrumental, guitarras ritmadas, pedal duplo no melhor estilo metralhadora .50. As variações presentes na faixa são bem equilibradas, quebrando ela ao meio na metade com a parada que, apresenta a qualidade dos músicos, um a um, enquanto Matt Heafy puxa para o segundo ato da música: guitarras dobradas e bateria com levadas e viradas onde você pensa que a música acaba, porém não! Ainda tem mais um pouquinho de pancadaria!

Foto: Matt Heafy / Jake Owens

Bleed Into Me

Chegamos na metade do álbum com uma balada pesada. Bleed Into Me mostra o poder harmônico que o Trivium oferece, além de todo o repertório pesado de fato. Nela é possível notar a presença forte do baixo groovado do Paolo, puxando ritmo com os pedais de Alex. O ponto forte, diria eu, é o refrão da música que carrega todo o apelo sentimental da faixa, sem esquecer do solo muito bem orquestrado das guitarras. Para essa faixa os caras também soltaram um clipe, mas dessa vez numa pegada diferente. Confere ai!

The Defiant

Nessa faixa voltamos lá para os primórdios do metalcore com o riff palhetado que puxa a intro e o primeiro verso, acompanhado dos vocais berrados de Matt. A ponte trabalhada devolve um refrão lírico e cadenciado no mais puro estilo que os caras tem como marca registrada. A parada da música também foi arquitetada sutilmente para gerar mosh’s nos shows (os caras pensam que enganam a gente), apresentando pedais duplos intensos e guitarras harmoniosas puxando para um solo daqueles que arrepiam o ser humano. Algo que chamou a atenção nessa faixa é a subida de tom que os caras dão na ponte/último refrão, dobrando as guitarras e segurando até o final o ritmo.

Foto: Corey Beaulieu / Jake Owens

Sickness Unto You

Essa faixa eu separei especialmente para falar sobre o Alex Bent. Claro, não vou deixar de fora o instrumental absurdamente equilibrado e conciso dos caras, mas enfim. Alex entrou na banda em 2017 e gravou seu primeiro álbum com os caras intitulado “The Sin And The Sentence”, onde já mostrou para o que veio, deixando os fãs e os membros da banda de cabelos em pé. É notável a qualidade técnica dele, tanto em levadas mais calmas, quanto em progressões mais rápidas, onde domina com frieza a arte do pedal duplo/blast beats e viradas das mais diversas. Enfim, o cara é completo!

Foto: Alex Bent / Jake Owens

Scattering The Ashes

Lembram o lance da balada? Cá estamos nós novamente. O Trivium tem como uma de suas características, experimentar dentro dos trabalhos que lançam, e colocar músicas nessa pegada são um marco forte nesses 9 trabalhos. Das 10 faixas presentes, achei essa a mais fraca dentre elas, apesar do instrumental cativante e as dobras de guitarra. Creio que seja por conta da ponte do refrão, não sei. Enfim, quem ouvir e discordar, pode lançar o feedback ai!

Bending The Arc To Fear

Confesso que quando ouvi essa faixa pela primeira fez, a intro quase me fez sair batendo em tudo pela casa. A variação entre as guitarras e a bateria é monstruosa, simples. No decorrer da faixa, o instrumental quebrado e, mais uma vez, salientando a qualidade técnica das cordas e da percussão, são dignos de uma estatueta do Grammy (fica aí a torcida). Essa faixa carrega mais dos músicos do que as outras, digo isso por conta da letra reduzida e da escolha por focar mais nas variações musicais dentro do conjunto. Ah, e um abraço pros harmônicos do Corey!

Foto: Paolo Gregoletto / Jennas Photoworlds

The Ones We Leave Behind

Por fim, chegamos a faixa que fecha o trabalho. Com uma intro que lembra aquelas trilhas sonoras de filmes épicos, diria que tem um dedinho de power metal nela. Mas calma, os malucos não saíram da linha deles, logo em seguida entram as variações dignas do metalcore como o bem conhecemos. Esse som, eu diria que é para levar as pessoas para casa com aquele sentimento de “terminei de ganhar a noite”, pois foi isso que senti sem nem sair de casa.

What The Dead Men Say é um prato cheio para mostrar que o metalcore respira com força pelos dois pulmões. Trivium é uma banda que não peca na criatividade, logo, não peca na execução da mesma. A cada lançamento é uma nova pedrada, uma nova descoberta e uma nova forma de se apreciar música pesada. E se você ficou curioso pelo resto das músicas, tirando as presentes nos clipes, segue o álbum na faixa para vocês. Boa curtida!

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