BLACKPINK deixa gostinho de quero mais em “The Album”

BLACKPINK já impactou a forma de consumir música nos tempos atuais, mas ainda há espaço para crescer originalmente sem cair em fórmulas genéricas de sucesso

Desde que surgiu no cenário musical em 2016, BLACKPINK chama a atenção do público tanto dentro quanto fora da Coreia do Sul. Com quase trinta milhões de ouvintes mensais no Spotify, clipes com mais de um bilhão de visualizações, um feat no último álbum da Lady Gaga (que ganhou review aqui no ROCKNBOLD) e uma apresentação na edição de 2019 do Coachella, o primeiro álbum do grupo era aguardado ansiosamente não só pelos seus fãs, mas também por todos os curiosos da música pop.

No dia 2 de outubro, “THE ALBUM” chegou ao público de forma bem objetiva: oito músicas e 24 minutos de duração. Rápido, direto e sem tempo para se complicar, parece a situação perfeita para uma obra bem amarrada e consistente. Entretanto, ao tentar abraçar o sucesso de toda forma possível, a YG Entertainment fez com que o BLACKPINK acabasse caindo em uma sonoridade sem profundidade e bastante repetitiva.

Nada além de básico, o lançamento possui batidas comuns, que muitas vezes soam até reutilizadas, como se estivessem reciclando hits ocidentais da primeira metade dos anos 2010. Após quatro anos esperando o aguardadíssimo primeiro álbum delas, os ouvintes recebem pouco conteúdo e o que chega ao público é sem graça. “How You Like That”, o primeiro single da nova fase da carreira das meninas, é explosivo e chiclete, da forma que uma boa música pop mainstream deve ser. Assim, fica muito previsível o comeback do grupo vir com uma faixa que possui a mesma fórmula de seus hits anteriores como “DDU-DU DDU-DU” e “KILL THIS LOVE”.

Na sequência, veio “Ice Cream”, parceria com a cantora Selena Gomez. Um pop-rap que conta até com a participação de Ariana Grande na composição. A faixa é um balde de água fria após a impactante “How You Like That”. Mesmo possuindo performances decentes das quatro meninas e a voz de Gomez complementando bem, a música fica entediante em sua própria fofura. Seguindo a tracklist, temos “Pretty Savage”, uma ótima mistura de pop e EDM, com uma pegada também parecida com o que foi apresentado no EP “KILL THIS LOVE”. É interessante, mas nada surpreendente.

Chegando na metade do álbum, somos apresentados a mais uma colaboração, agora com Cardi B. “Bet You Wanna” seria a chance ideal de música para fazer um enorme sucesso nos Estados Unidos, principalmente, por causa da participação da rapper. Já reconhecida mundialmente por seus feats que assumiram o top das paradas, como “Finesse (Remix) ” com o Bruno Mars e “Girls Like You” do Maroon 5, Cardi B entregou uma participação fraca, com versos sem sentido e que não agregam em nada a música, só pioram ela. O resultado ruim não é culpa somente da convidada, a faixa até apresenta um vocal interessante de Rosé, com umas notas altas que chamam a atenção do ouvinte. Entretanto, “Bet You Wanna” não é bem produzida e parece uma reciclagem de algo que poderia ter sido lançado pela Katy Perry na época do “PRISM”.

“Lovesick Girls” é um dance-pop que mistura um refrão pulsante com versos emotivos. A combinação funciona bem no terceiro single do álbum, sendo as partes interligadas por uma linha de guitarra honesta para uma música totalmente voltada para as rádios. Não é um som novo, mas dentro do que o grupo apresentou no trabalho até agora, é bom ter um alívio sonoro que não seja desinteressante.

Dentro da segunda metade do “THE ALBUM”, temos “Crazy Over You”, “Love To Hate Me”. A primeira é mais uma música formulada da maneira que a YG Entertainment acredita que uma música deve ser feita para o BLACKPINK. Até possuindo momentos agradáveis e um instrumental curioso, ela soa como se tivessem juntado trechos de várias músicas diferentes. Já “Love To Hate Me” é um dos pontos altos da obra, com uma letra intrigante sobre um relacionamento que já acabou e como o parceiro era estúpido e ciumento. No entanto, a forma como a canção é estruturada parece que ela não foi escrita para as cantoras, mas como se tivesse sido alguma composição da Lana Del Rey reformulada para a música eletrônica.

Terminando o trabalho, “You Never Know” é uma faixa de encerramento sobre alcançar seus sonhos e superar os inúmeros desafios da vida. Ela se assemelha a “Flashlight”, música cantada por Jessie J para a trilha sonora de “Pitch Perfect 2”. Uma balada ao piano com o objetivo de emocionar e fazer todos os fãs cantarem juntos. A última música do primeiro álbum do BLACKPINK é um adeus muito antecipado.

As oito músicas do “THE ALBUM” parecem poucas e muito curtas para suprir a curiosidade pelo primeiro álbum do grupo feminino. Mesmo com momentos encantadores e até bem-executados, o carisma das quatro integrantes não foi o suficiente para um resultado positivo. Jennie, Lisa, Rosé e Jisoo são muito talentosas e merecem uma oportunidade melhor de terem seus potenciais explorados. BLACKPINK é uma marca enorme e que já impactou a forma de consumir música nos tempos atuais, mas ainda há espaço para crescer de forma original e sem cair em fórmulas com o único objetivo de alcançar o sucesso.

5/10

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