Beatles e Brian Epstein: uma parceria de sucesso

No dia 9 de novembro de 1961, Brian Epstein assistiu pela primeira vez uma apresentação dos Beatles no Cavern Club. O empresário da banda foi o responsável por lançar os garotos de Liverpool para o mundo. 59 anos depois, a parceria com Brian segue sendo uma das maiores histórias de sucesso da música mundial.

No ano de 1961, Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Pete Best formavam a banda mais popular de Liverpool. Mesmo com a fama local, o grupo pensava em voos maiores e procurava por um empresário que conseguisse para eles um contrato em uma gravadora. Naquele mesmo ano, eles terminaram a relação com seu primeiro representante: Allan Williams. Por um pouco mais de um ano, Williams auxiliou a carreira dos quatro garotos e conseguiu a primeira grande conquista deles, os shows em Hamburgo, na Alemanha.

Em agosto de 1960, os cinco integrantes da banda – Stuart Sutcliffe também estava com eles – viam poucas oportunidades em sua cidade natal e viram como uma grande chance explorar o território alemão. Em Hamburgo, eles faziam uma série diária de mais de sete horas de show, ambiente que os obrigou a amadurecerem seus posicionamentos como artistas, deixando de lado o amadorismo juvenil. De volta à Liverpool, começaram a se desentender com o empresário e decidiram cortar relações.

Brian Epstein era um grande entusiasta das artes. Aos 21 anos tentou ser ator, mas desistiu depois de um curto tempo. Querendo entrar no mundo da música, tornou-se gerente de uma loja de discos em Liverpool, que logo se tornou um dos principais locais de consumo de música dos jovens da cidade. Na própria loja, ouviu de um cliente que havia uma banda muito talentosa que estava chamando a atenção, os Beatles. Interessado, Epstein resolveu assistir um concerto do grupo e imediatamente ficou encantado pelo ritmo e humor dos rapazes. Depois, quando foi conversar com eles, teve uma segunda surpresa, cada um deles possuía um charme pessoal.  A partir de dezembro de 1961, ambas as partes começaram a discutir um contrato, que foi assinado no início do ano seguinte. Eles foram o primeiro grupo que Epstein assinou em sua carreira.

Os Beatles em sua fase inicial, como ficaram conhecidos e amados por todo o mundo, foram moldados por Brian. Querendo limpar a imagem dos garotos, que eram vistos como baderneiros, ele passou a exigir algumas regras, como não fumar e comer no palco, tomar cuidado com as palavras e também foi o responsável por fazer os jovens largarem as jaquetas de couro e adotarem os ternos e o corte de cabelo combinando. Mesmo sem experiência no ramo, o empresário conseguiu apresentar seus clientes a diversas gravadoras de Londres e foi assim que a EMI despertou interesse no grupo.

Dali em diante, a carreira deles foi direta para o sucesso contínuo. Brian era o quinto membro do grupo, enquanto eles focavam na parte musical, o empresário cuidava das aparições, apresentações, produtos a serem vendidos e gerenciava cada etapa de suas carreiras. Além de empresário, ele era um amigo e um guia para os quatro garotos, alguém com quem eles conseguiam contar.

Em 1967, Brian acabou falecendo aos 32 anos devido a uma overdose acidental. Com isso, os Beatles ficaram totalmente perdidos, sem saber como se gerenciar. Um reflexo disso foi “Magical Mystery Tour”, um dos maiores fracassos criativos do grupo. Com Epstein e inspirados por Elvis, os garotos de Liverpool emplacaram filmes de enorme sucesso, como “A Hard Day’s Night” e “Help!”.  Logo após a morte do empresário, eles decidiram gravar um novo filme, totalmente improvisado e sem roteiro. Na obra, Ringo e sua tia decidem embarcar em um ônibus sem destino, somente sabendo que a viagem será misteriosa e mágica. Mesmo com músicas renomadas na trilha sonora, o resultado foi um fracasso de audiência na televisão britânica, sendo exibido somente uma vez.

Capas de jornais anunciando o falecimento de Epstein (Foto: Reprodução)
Capas de jornais anunciando o falecimento de Epstein (Foto: Reprodução)

Claro que se pensarmos na carreira dos Beatles pós-Epstein, os acertos se sobressaem aos erros, tanto que nos anos seguintes chegou ao público discos renomados, como o Abbey Road. Entretanto, também foi o período em que as desavenças entre os integrantes começaram a se tornar mais perceptíveis, tanto que após sua morte, o grupo durou apenas mais três anos.

É muito difícil se pensar em como seriam os anos seguintes dos Beatles caso Brian Epstein estivesse vivo. A banda teria durado mais? O Álbum Branco continuaria duplo? As sessões de gravação do Let It Be teriam sido diferentes?  Questionamentos a parte, é notável a participação do empresário para o sucesso da banda, que de garotos baderneiros de Liverpool em 1962 para recebedores do título de membros da ordem do império britânico em 1965 e lotando o Shea Stadium nos Estados Unidos com mais de cinquenta mil pessoas presentes, definiram a direção da música mundial, continuando a influenciar gerações até os dias atuais.  

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